Fanfic: Como tudo aconteceu. — FINALIZADA. | Tema: Portiñon, Dulce e Anahí. AyD.

POV DULCE

Eu não sabia explicar como uma coisa tão boa tinha se transformado em algo tão ruim. O meu corpo ainda estava em chamas e eu ainda queria a Anahí. Quando ela me empurrou, não entendi nada, cambaleei para trás um pouco perdida até que a figura adentrou ao quarto. Era a namorada de Anahí! O banho de água foi gelado, principalmente quando Anahí se levantou com a taça na mão e cumprimentou a namorada com um beijo nos lábios. Isso me fez sentir muita raiva e ciúmes também. Minha vontade foi de arrancar a Anahí dos braços daquela mulher, principalmente pelo modo em que Anahí falava com ela. Como se fosse uma joia preciosa!

Por Deus! Minutos atrás a Anahí estava aos beijos comigo, ainda podia sentir o calor dos seus lábios em minha boca, se a intrusa não tivesse chegado, acho que estaríamos na cama.

“Que surpresa mais agradável, amor! Eu não sabia que chegava hoje, porque não me ligou? Eu teria ido busca-la no aeroporto”. Falou Anahí com a voz doce ao colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha de sua namorada.

Controle-se Dulce Maria... Controle-se... Mas não seria nada mal se ela voasse pela varanda até o mar. Mas pensando bem, capaz de Iemanjá devolver essa oferenda.

“Eu queria fazer uma surpresa para você, baby”. Ela respondeu e sorriu para Anahí, depois para mim. É, realmente foi uma grande surpresa. “Você deve ser a Dulce, certo?”.

“Sim, sou”. Forcei um sorriso, mas a única coisa que saiu foi um tremor de lábios. “E você deve ser a famosa Lucy”.

Ela riu. “Não tão famosa como eu gostaria”.

Anahí riu. “Não seja modesta, amor. Você é famosa, sim! Tem uma legião de fãs. Eu sou a sua maior fã”.

Lucy olhou para Anahí como se ela fosse à coisa mais preciosa desse universo. Eu estava me roendo por dentro, não queria ficar parada feito uma idiota assistindo as duas trocarem carinhos e bonitas palavras.

“Vocês estavam bebendo?”. Perguntou Lucy olhando da taça na mão de Anahí para mim.

“Não. Eu estava bebendo, a Dulce acabou de chegar com a Aisha e Lana. A Lana vai dormir aqui essa noite”. Comentou Anahí, passando um olhar para mim que significa um concorde comigo.

“Ah. Porque não vamos para a praia? O tempo está ótimo, podemos arrastar as meninas, fazer uma fogueira, assar marshmallow e jogar uma conversa fora. O que acham?”. Perguntou Lucy com um enorme sorriso.

Eu não estava a fim de dividi nenhum espaço com a namorada da mulher que amo. Mas pensei nas possibilidades. Se eu não aceitasse, talvez, ela ficasse dentro do quarto com Anahí e eu nem queria imaginar o que elas fariam.

“Eu acho ótimo”. Respondi com um sorriso falso. “Vou chamar as meninas”. E sai do quarto sob olhar surpreso de Anahí.

Uma hora mais tarde, estávamos sentadas envoltas da fogueira, assando marshmallow, as crianças estavam animadas com as histórias que Lucy contava. Eu tinha que admitir que ela era encantadora. Estava num misto de incredulidade e espanto por achar isso, aliás, ela era a minha rival e não se pode achar esse tipo de coisa.

Tinha que admitir também que ela era linda, baixinha, mas bela. O que me dava certa insegurança. E se eu não conseguisse reconquistar a Anahí? Eu tinha qualidades e também era bonita, mas Lucy tinha os dois e ainda por cima era jovem. Eu estava quase uma quarentona.

Anahí estava ao lado de Lucy, mas parecia que estava em outro mundo de tão distante que se encontrava. Apenas segurava uma taça de vinho, nem assar marshmallow ela tinha se interessado em fazer. Ficava somente vagando em sua mente.

“Tia Lucy, toca uma música pra nós”. Pediu Aisha e voltou a assoprar o seu marshmallow.

“É tia, toca!”. Lana reforçou o pedido.

Lucy colocou o seu espeto de lado e pegou o violão. Sim, a maldita também tocava violão. “O que vocês querem?”.

“Toca uma sua, qualquer uma”. Disse Aisha comendo o marshmallow.

“É! Eu gosto de todas as músicas”. Lana sorriu.

Lucy tocou no joelho de Anahí e acariciou suavemente, foi o necessário para que ela acordasse dos seus devaneios. E para que os meus olhos quase saltassem, se eu tivesse o poder no olhar, aquela mãozinha seria torrada. “Oi? O que aconteceu?”. Perguntou olhando para cada um de nós.

“Tia Lucy vai tocar para nós, mamãe. Você quer alguma música em especial?”. Informou Aisha gesticulando. Eu ficava surpresa com essa menina, nem parecia que tinha sete anos, a sua oratória era perfeita.

“Qualquer uma para mim está boa. A sua voz é ótima de qualquer maneira”. Respondeu Anahí, olhando para Lucy com um meio sorriso.

“Ok... E você, Marichelo? Dulce?”. Perguntou Lucy nos olhando.

Marichelo apenas balançou a cabeça e eu acompanhei o movimento. Então, ela começou a tocar uma música que eu não sabia, mas Lana e Aisha sabiam, e desconfio que Anahí também, já que aparentemente era uma música do seu repertório. Então, a ficha caiu, essa voz... Era a mesma voz do CD que tocava no quarto de Anahí mais cedo.

Essa mulher não tinha nenhum defeito, não? O pior que a minha filha a adorava também.

Quem era ela? Uma espécie de Tinker Bell pra sair por aí enfeitiçando as pessoas?

Eu estava muito. Mas muito ferrada! Anahí não poderia ter arranjado uma namorada rabugenta que todo mundo a odiasse?

O tempo todo Anahí evitou me olhar. Tirei o meu marshmallow da fogueira e comecei a comer, quase queimei a boca, mas assoprei até ficar razoável para se deglutido.

Olhei para Marichelo que estava curtindo a música, mas os seus olhos eram fixos no mar. Era quase nítido o seu pensamento, dava para ver que pensava no Enrique. Devia ser muito triste perder o seu amor. Eu a entendia, de maneira diferente, mas a entendia.

Terminei de comer o meu marshmallow e coloquei o esperto junto da fogueira, eu não queria mais. Eu sempre enjoo facilmente. Dobrei as minhas pernas na posição de índio, e me servi de uma taça de vinho. No mesmo momento que Lucy tinha terminado de cantar, sendo aplaudida por todas. Até eu me peguei aplaudindo-a. Revirei os meus olhos automaticamente quando vi que estava fazendo.

“Mãe Dulce. Por que você também não canta? Mamãe disse que você é muito boa cantando”. Disse Aisha sorrindo.

“Ah, a sua mãe disse?”. Perguntei e olhei para Anahí que deu de ombros.

“Sim. Ela disse, não foi mamãe?”.

“Sim, meu amor. Eu disse”. Anahí sorriu para Aisha.

“Então, cante Dulce”. Lucy me ofereceu o seu violão. E eu o peguei.

Fazia muito tempo que eu não tocava violão, quando eu fiz isso era uma adolescente e ainda estava na faculdade. Mas ao receber os olhos de expectativa de minha filha, resolvi tentar. Torci para que eu não soasse extremamente ridícula com aquelas cordas. Aliás, eu tinha que ter algo pra ser a altura da pequena com os olhos de jambo.

Comecei a tocar suavemente, aos poucos a melodia ia soando. Então, pensei numa música que pudesse cantar e agradar á todos. Eu sempre gostei de música latina, então, escolhi cantar Labios Compartidos de Maná. Meio que também era uma indireta para Anahí.

“Labios compartidos... Labios divididos mi amor. Yo no puedo compartir tus lábios, que comparto el engaño y comparto mis días. Y el dolor. Yo no puedo compartir tus lábios... Ooh amor ooh amor compartido...”. Aumentei um pouco o tom da minha voz no refrão.

Anahí me olhava fixamente, numa intensidade que quase me fez cair para trás. Eu não sabia muito bem o que os seus olhos queriam dizer, mas tinha muita coisa neles. Finalmente encerrei a música. E recebi também aplausos, menos de Anahí que estava séria. A Aisha se levantou e pulou em cima de mim, me abraçando. A abracei de lado e sorrir em agradecimento aos aplausos.

“Uau Dulce, você canta muito bem. Já pensou em ser cantora?”. Perguntou-me Lucy ao pegar o seu violão de volta.

“Não. Sou feliz em ser escritora mesmo”. Respondi simpática mesmo contra vontade.

“Você é uma excelente cantora, mas como escritora, você é esplendida. Eu li o “Absolutamente sua”, é simplesmente incrível”. Comentou Lucy e eu vi o corpo de Anahí ficar tenso.

Não. De todos os livros, não comente sobre esse. Eu pedi silenciosamente. Esse livro tinha sido no momento de traição e sabia que representava exatamente isso para Anahí.

“Obrigada. Não sabia que lia os meus livros”. Respondi não tão simpática assim.

“Leio. A Any tem na biblioteca e ás vezes quando estou com insônia vou para o escritório, então, tenho os seus livros como companhia. Mas de todos, esse para mim é o melhor! A forma que retrata como se tivesse vivenciando realmente a história”.

Anahí deu uma risada sarcástica. “Deve ser porque ela realmente viveu essa história”. Então, deu um grande gole no seu vinho. “Não sei como pode gostar dessa história, Lucy. É simplesmente patética e sem escrúpulo”.

Tanto eu como a Lucy olhamos para Anahí com surpresa.

Marichelo se levantou. “Aisha. Lana. Vamos entrar? Está ficando frio e vocês tem que dormir”.

“Mas ainda está cedo, vovó!”. Reclamou Aisha. Ao seu lado, a Lana ficou calada.

“Podemos colocar alguns colchões na sala de televisão e eu deixo vocês assistirem o filme que quiser até pegar no sono. Que tal?”. Tentou Marichelo novamente.

Aisha pareceu pensar. Olhou para Lana em busca de uma confirmação e ela apenas deu de ombros. “Tudo bem. Vamos”.

“Dê um beijo em suas mães e em sua tia”. Mandou Marichelo.

Aisha deu um beijo na bochecha de cada uma de nós e foi embora, puxando a sua amiga a tira colo. Marichelo passou um olhar recriminador para Anahí e foi embora com as meninas.

Então, só restou apenas eu, Anahí e Lucy. A diferença era que eu e Anahí nos fuzilamos com o olhar, enquanto, a Lucy estava com uma expressão confusa.

“Você não pode desprestigiar o meu trabalho, Anahí. Eu sou muito competente no que faço!”. Eu disse quando as crianças estavam longe o suficiente. “Você sabe que sou boa em escrever, tanto que sempre aprova os meus livros para ser publicados”.

Anahí arqueou a sobrancelha. “Querida, não estou desprestigiando, apenas dizendo a verdade. Esse é o seu pior livro na minha concepção, porém, tive que aceita-lo visando o lucro que ele iria render para editora, é incrível como as pessoas adoram uma porcaria”.

“A porcaria é tanta que você tem na sua biblioteca. Não apenas um livro, mas como todos eles!”. Ironizei, causando uma fúria que iluminou os olhos de Anahí.

“Meu bem, se tenho algum livro teu, é por conta da Aisha! Não por mim!”. Ela disse com mais ironia ainda.

“Como você é contraditória, antigamente vivia elogiando o meu trabalho. Estava mentindo o tempo todo, meu anjo?”. Dei um sorriso de lado, forçado.

“A mentira é uma dádiva sua, Dulce e não minha”. Retrucou Anahí.

Abri a boca, mas fechei com a sua resposta. Essa resposta não tinha sido para o livro e nós sabíamos disso.

Anahí se levantou. “Vou me recolher. Essa conversa me deixou nauseada. Boa noite”.

Tanto eu como Lucy ficamos olhando a Anahí se afastar de nós.

“Não era assim que eu imaginava que a noite terminaria”. Comentou a Lucy mais para si do que para mim...

É. Eu também não.