Fanfic: Como tudo aconteceu. — FINALIZADA. | Tema: Portiñon, Dulce e Anahí. AyD.

POV ANAHÍ

Era quase quatro horas da manhã. Eu estava relaxada nos braços de Dulce. A janela estava aberta e a luz lunar iluminava os nossos corpos nus. O meu rosto estava em cima do seio direito de Dulce e ela respirava suavemente. Eu me sentia leve, feliz, realizada, completa... Única. Todos esses adjetivos que eu sentia quando eu estava com a Dulce no passado.

Quando eu estava assim em seus braços, parecia que nada no passado fosse relevante.

Fechei os meus olhos e consegui imaginar o meu futuro novamente com a Dulce, envelhecendo juntas, com nossos netos nos descabelando. Vivendo o nosso sonho de amor. Meu Deus. Eu estava sonhadora novamente com a Dulce. Mas uma parte de mim, sabia que eu não tinha perdoado a Dulce, estava apenas curtindo a vibe.

Eu não queria levantar questões que atrapalhasse o que estava acontecendo aqui e agora com a Dulce. O amanhã deixa para o amanhã, o importante é que hoje, estou me sentindo feliz, e pela primeira vez, não estou sentindo culpa de nada.

Eu não era boba. Eu sabia muito bem o que estava rolando entre a Lucy e Ian. Não que esteja de fato rolando alguma coisa, mas a química era gritante e a maneira que eles se olhavam, estava na cara que existia sentimento. Isso me incomodou, muito. A Lucy é a minha namorada, eu também amo ela... Mas também amo a Dulce.

Só que não iria dizer nada para Dulce.

Eu não iria expressar algo que eu não sabia como explicar e também como não sabia como solucionar. Eu não sei se quero terminar o meu relacionamento com a Lucy para ficar com a Dulce. Eu ainda achava que tudo isso que estava acontecendo era apenas uma nostalgia do momento. Eu ainda achava que em algum momento, eu não iria mais querer saber de Dulce.

Ela abriu os olhos e me olhou. Oh merda! Quem eu quero enganar? Apenas a Dulce conseguia causar essa reação no meu corpo e no meu coração. Nos encaramos por um longo momento. Ela colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, deslizou a mão e começou a fazer cafuné, que me deixou muito mole e também me deixou também arrepiada.

“O que você está pensando?”. Perguntou ela, baixinho.

Eu acariciei o seu seio, sem maldade, apenas deslizei os meus dedos pela sua pele.

“Na vida. Nos rumos. Nas nossas escolhas. Nas consequências”. Murmurei baixinho.

“Por que o pensamento? Você está pensando em mudar o seu rumo?”. Ela perguntou com um sorriso, mas eu via que os seus olhos estavam sérios.

“Não sei. Eu não sei de nada, Dulce. Eu não quero ter que fazer decisões precipitadas. Minha cabeça fica parecendo um redemoinho”. Confessei baixinho, ainda recebendo o cafuné de Dulce.

“O que mais tem medo, Anahí?”. Perguntou ela, ainda me olhando fixo.

“Tenho medo de perder tudo que conquistei por um deslize...”. Mordi o meu lábio inferior.

“Já pensou em algum momento que se algumas coisas acontecem novamente em nossas vidas, é um sinal que é realmente para acontecer?”.

Suspirei e pensei um pouco. Eu sabia muito bem que a Dulce estava puxando a corda para ela. Mas isso me fez balançar um pouco.

“Mas não se preocupe. Acalme o seu coração e sua mente também”. Ela disse, me aninhando mais em seu corpo. “Quando o destino quer, todos os esforços para se manter longe é inútil, acontece de qualquer maneira. Pode ser hoje, amanhã ou depois, mais acontece”.

Como eu poderia me acalmar depois desse comentário? Olhei para Dulce com serenidade. “E você acredita no destino, hum?”.

“Acredito no destino e na força do amor. O que foi unido pelas estrelas, pelo universo, ninguém pode separar”. Ela me olhou com carinho e amor. “Você pode estar com dúvidas agora, Anahí. Não a culpo, em seu lugar, também estaria. Mas, eu acredito na voz do meu coração e ele me diz que eu a terei novamente, de corpo e alma. Aliás, você nunca deixou de ser minha, apenas houve uma desviada de caminho. Hoje, você está perdida, mas o seu coração vai encontrar o caminho que é do meu. E nesse dia, estarei lhe esperando com os braços e o coração aberto. Porque te amo e te venero e sempre farei isso, até a minha última respiração”.

Os meus olhos encheram de lágrimas. As palavras de Dulce teve um efeito em mim, o meu coração deu algumas batidas mais fortes.

Inclinei-me para beijá-la. Era uma maneira de expressar o que eu estava sentindo... Enquanto, nos beijávamos, as lágrimas iam escorrendo em meu rosto.

Eu achava que era feliz, bem, eu era feliz com a Lucy, com a minha nova vida. Mas nenhuma felicidade se comparava aquela que eu sentia quando estava com Dulce, em seus braços...

Minha vida era uma ponte quebrada e para construí-la e poder atravessar para o lado do paraíso, era preciso do perdão...

O perdão que eu precisava dá a Dulce...

**

Tinha amanhecido quando retornei para o meu quarto. A Lucy dormia tranquilamente abraçada ao meu travesseiro, o seu nariz estava afundado no travesseiro e eu sabia o porquê. Ela sempre dizia que quando viajava e não podia ficar junto de mim, borrifava um pouco do meu perfume no seu travesseiro e dormia cheirando o meu cheiro. Sim, ela tinha um frasco do meu perfume consigo. Vê-la dormindo assim, me dava um aperto no meu coração.

Lucy não merecia estar no meio de toda essa confusão de sentimentos que existia dentro de mim.

Fui para o banheiro, tomei um banho longo e lavei os meus cabelos. Depois, voltei para o quarto. Me vesti com um biquíni e saída de banho. Hoje era o dia do almoço e como iríamos andar de Jet Sky, tinha que está de acordo.

Sentei-me na cama e acariciei os cabelos de Lucy. Ela parecia uma menina indefesa. Tinha uma carinha tão linda, e o corpo que ás vezes, parecia de uma criança. Desse ângulo, a Lucy parecia quebrável.

Lucy era namoradeira – muito. Não era do tipo que ficava sofrendo por amor por muito tempo. Mas no fundo, eu sabia que ela sentia mal com os términos. Só que não deixava transparecer. Ela era forte.

Só que a ideia de ter que quebrar o coração de Lucy, fazia o meu próprio coração se quebrar. Mas eu não podia continuar a embarcando em um relacionamento sem futuro.

Eu precisava de um tempo para mim. Repensar as minhas prioridades. Colocar novamente os prós e contras que um envolvimento com a Dulce causa em minha vida. Os tópicos precisavam ser levantados.

Não tinha percebido que os meus olhos tinham lacrimejado até uma lágrima deslizar pelo o meu rosto. Limpei rapidamente e continuei a acariciar os cabelos curtos de Lucy. Isso certamente seria a coisa mais difícil que eu iria fazer, porém, não poderia oferecer fel á quem me oferecia mel.

Sei também que iria me arrepender. Deus. Eu já estava arrependida! Mas era para o bem de todos. Tinha que deixar de ser egoísta e visar apenas a mim. Lucy merecia alguém melhor que eu.

Ela abriu os olhos e se espreguiçou. Sorriu para mim, mas quando viu o meu semblante fez uma careta.

“Oh não. Hoje não”. Ela murmurou com os olhos ficando tristes. Ela sabia.

O meu coração aumentou o ritmo e o nervoso tomou conta do meu sistema. Eu não sabia como começar, a minha barriga esfriava e doía com a expectativa.

“Lucy... Precisamos conversar, eu...”. Comecei, mas a Lucy levantou uma mão, me calando.

“Eu sei que precisamos. Mas precisa ser necessariamente agora?”. Ela se sentou, me olhando. “Planejei um dia divertido para nós. Podemos aproveitar isso antes de ser estragado?”. Os seus olhos umedeceram e o meu coração se apertou. “Por favor?”.

Concordei. Eu devia isso a Lucy. Iríamos passar mais um dia de casal e depois, tudo seria desfeito. Foi impossível conter as lágrimas. Uma grande parte de mim não queria perder a Lucy, mas a outra parte tinha coerência e sabia que isso era o certo a se fazer.

Lucy me abraçou e acariciou os meus cabelos. Foi aí que eu chorei mesmo. Eu não a merecia, eu a tinha traído e eu pressentia que ela sabia disso, mas mesmo assim, estava me abraçando com carinho e murmurando palavras carinhos em meu ouvido. Era difícil para ela também, a apertei mais forte em meus braços quando senti as suas lágrimas quentes em meu ombro.

Depois de uns minutos, a tranquilidade reinou. Eu já não chorava mais. Lucy se afastou de mim e segurou o meu rosto com as duas mãos.

“Independente que aconteceu ou que acontecerá. Eu amo você e o meu coração sempre vai ter um pedaço escrito com o seu nome. Você é minha sweet”.

Acariciei o rosto de Lucy, limpei os rastros de lágrimas que marcavam o seu lindo rosto. Os seus olhos esverdeados estavam mais verdes e me senti aprofundar nas águas límpidas que era eles.

“Eu te amo e metade do meu coração sempre vai ser seu”.

Ela meneou a cabeça e eu a beijei com o amor, mas o sabor do beijo foi de despedida.

“Bem. Hora de levantar e me arrumar para a folia que seria mais tarde”. Ela sorriu, e se levantou indo para o quarto.

E eu fiquei parada na cama olhando para parede. Foi à coisa certa a se fazer.

**