Fanfic: Como tudo aconteceu. — FINALIZADA. | Tema: Portiñon, Dulce e Anahí. AyD.

POV DULCE

Depois de presenciar o beijo de Anahí com a Lucy, minha cabeça e meu coração ficaram ocos. Fiquei alheia a tudo. Comecei a fazer tudo no automático, o banho, me alimentar e até mesmo ficar na companhia dos meus amigos.

Marichelo tinha chamado um médico da família... Ele me consultou e depois a Anahí. A desidratação, perda de peso, hematomas e feridas em nossos corpos eram óbvias. Também nos receitou um medicamento controlado que a Audrey foi comprar. Segundo ele, poderíamos ter dificuldade de dormir, pois, corríamos o risco de sofrer um estresse pós-traumático.

Recomendou repouso e cuidou dos nossos ferimentos, nos enchendo de recomendações.

A verdade é que nossos corpos estavam horríveis. Sabia que aquelas hematomas ficariam por um tempo. Se tivéssemos sorte, nenhum ferimento deixaria cicatrizes, além das psicológicas.

A realidade é que sempre que fechava os olhos, lembrava-me das torturas que eu sofria. O meu coração estava acelerado o tempo todo, suava o tempo todo e minhas mãos estavam trêmulas. Eu tentava esconder, mas era explicito demais.

Eu estava me questionando o tempo todo como a Yvonne pode ter feito isso comigo. Sabia que quanto mais rápido ir denunciá-la melhor. Não sabíamos se ela poderia aprontar mais alguma coisa. Mas, eu e Anahí combinamos que iríamos amanhã. Até porque a polícia viria amanhã para recolher os nossos depoimentos sobre o acidente. Eles iriam vir hoje quando Marichelo ligou para eles, mas ela conseguiu driblá-los para amanhã, alegando que estávamos muito cansadas.

A casa estava cheia. Animada até, Anahí parecia que estava se adaptando mais fácil. Ela estava o tempo todo abraçada com Aisha. Mas meio que parecia alheia ao assunto que se desenvolvia. Eu sabia que iria demorar para que nos ficássemos bem totalmente.

Para completar e afundar com o meu psíquico, uma notícia fez o meu coração parar de bater por uns segundos.

“Faleceu esta manhã, o magnata Ricardo Saviñón, vitima de um infarto fulminante. Ele foi enterrado essa tarde no cemitério das flores”. Dizia o jornalista.

Anahí me olhou depois da notícia. Eu apenas pedi licença e subi para o meu quarto. Sentei na minha cama, coloquei a cabeça entre as pernas e chorei alto. Ele era o meu pai, não éramos próximos depois que me tornei uma mulher, mas era o meu pai, sempre me tratava bem e agora estava morto! Morto!

Morto! Morto! Morto! Essa palavra girava em minha cabeça constantemente.

Anahí entrou no quarto, sentou do meu lado e puxou o meu corpo para deitar no colo dela.

Chorei como uma menina sem o doce. Eu estava sentindo uma perda muito grande. Minha vida era tão perfeita, depois se transformou nisso... Está tudo fora do controle. Eu me sentia num filme de drama.

“Por que Anahí? Por que?”. Solucei alto a minha dor. E ela me apertou mais em seus cabelos. “O pior de tudo é que nem pude ir ao seu enterro”.

Eu não entendia o porquê do meu pai não ter direito nem ao menos de um velório, simplesmente foi enterrado. Isso era coisa de Yvonne! Para se livrar logo do corpo.

“Eu sei o que está passando, Dul. Passei isso com a morte do Enrique, no início não entendi. Nós, humanos, sabemos que a morte faz parte do clico da vida, porém, nunca estamos preparados para recebê-la. Sabe o que me conformou com a perda do Enrique?”. Ela falou baixinho e acariciava os meus cabelos. Está assim com ela, já me dava um pouco de conforto, me sentia segura.

“Por que?”. Os meus lábios tremeram.

“Porque eu sei que o seu corpo descansou do sofrimento e sua alma descansou em paz. Foi melhor ele ter falecido do que padecer em cima de uma cama, o sofrimento iria ser muito maior. Entendeu, meu amor?”. Ela falou com carinho.

“Sim”. Eu me levantei de repente. “Eu quero falar com a polícia! Não. Eu quero falar com o FBI. Agora!”.

Anahí me olhou por umas frações de segundos, então, correu pra pegar o telefone.