Fanfic: Como tudo aconteceu. — FINALIZADA. | Tema: Portiñon, Dulce e Anahí. AyD.

POV ANAHÍ

Os meus olhos estavam pesados, minhas pálpebras pareciam que iriam fechar a qualquer momento, mas eu me obrigava a ficar acordada, mesmo com todos os bocejos e os meus olhos lacrimejando de sono. O pior tinha passado. Graças a Deus. O episódio Yvonne e James estava encerrado em nossas vidas. Ainda estava muito surpresa com as revelações.

A Dulce tinha sido brilhante com a ideia de que devêssemos escutar a conversa de James e Yvonne por detrás da porta. Com as confissões, a Yvonne não iria sair da cadeia nunca. Até por que... Ela tinha atirado contra o James e Dulce.

Infelizmente, o James tinha recebido um tiro na cabeça e falecido na hora. E Dulce... Bem, recebeu um tiro na de raspão na perna. Foi horrível o momento, ver a Dulce caindo depois dos disparos, quase que fazia o meu coração rasgar pelo meu peito e pular no chão. Eu fiquei aterrorizada, mas quando Dulce segurou em meu braço e disse que estava bem, o terror deu espaço à preocupação, até porque ela sangrava muito.

Ela se manteve lúcida o tempo todo durante o socorro, apesar da dor. Estive o tempo todo ao seu lado, controlando o meu choro. Eu queria ser forte para Dulce e fui, até o exato momento que ela entrar na sala de saturação. Depois desabei na sala de espera, todo o choro preso em mim, saiu como uma cachoeira. Chorei pelos dias no cativeiro e maltratados. Chorei por ter presenciado a Dulce ser torturada. Chorei por eu ter sido torturada. Chorei por tudo. O choro foi à libertação da mágoa presa em meu peito.

Depois que me senti calma, liguei para casa e informei o que tinha acontecido. Foi uma confusão, todos queriam falar de uma vez, mas eu os tranquilizei e os instruir a não vir para o hospital que qualquer novidade, eu os informariam.

Fiquei esperando por um bom tempo. Eu sabia que seria demorado, teria que limpar a área, depois suturar...

Os meus pés balançavam rapidamente em sinal claro de nervosismo, quando vi a Lucy entrando no hospital. Levantei-me, fui até ela e a abracei forte. Dando uma soluçada. Ela me aninhou em seus braços e me carregou até as cadeiras. Sentamos.

“Como você se sente? E a Dulce?”. Ela perguntou com os olhos preocupados.

“Estou exausta, Lucy. Sentindo-me como num filme de terror que nunca parece que vai acabar. A Dulce está na sala de saturação, levou um tiro de raspão e está aparentemente bem, mesmo com a perda de sangue. A Yvonne foi presa e o James morto...”. Senti a bile chegar a minha garganta, mas a engoli novamente. “Rose foi morta por Yvonne...”.

A morte de Rose ainda refletia em mim. Eu não gostava daquela mulher, mas também, não desejava a sua morte.

“E tudo por dinheiro. Ela é muito psicopata!”. Balancei a cabeça em negativo.

Lucy acariciou o meu rosto com as pontas dos dedos, os seus olhos eram gentis e amorosos.

“Passou. Esse pesadelo acabou. A Yvonne não será mais problema e James... Esse encontrou o seu caminho. Você agora tem que focar no seu presente e no seu futuro. Tudo ficará bem”.

Suspirei alto.

“Falando nisso... Por que você foi embora da minha casa? A Marichelo disse que você foi para um hotel. Por que, Lucy?”. Olhei em seus olhos esverdeados que ficaram entristecidos.

Ela suspirou e afastou a mão do meu rosto. E uma tristeza profunda me arrastou...

“Eu estava esperando um momento certo para conversávamos”. Ela começou e olhou para os lados e por último para mim. Eu já estava chorando e via que os seus olhos estavam também sofridos. “Mas parece que não terá um momento certo para isso. Anahí, você sabe que é a primeira que em envolvo e provavelmente será a última. Eu não consigo imaginar um sentimento tão lindo e puro como esse sendo direcionada para outra mulher ao não ser você”. Os seus lábios tremeram e ela sorriu suavemente, embora que uma lágrima rolava do seu olho. “Por um ano, eu vivi um doce sonho contigo, eu queria muito ir contigo até o final, mas... Nessa história, eu não faço parte”.

Eu me desesperei com as suas palavras. Porque mesmo uma parte minha ter programado o término, outra parte minha não queria aceitar que Lucy saísse da minha vida. Desabei na frente de Lucy, segurei em seu rosto, as minhas lágrimas impendia que eu enxergasse um palmo a minha frente. Balançava a cabeça em negativa. O meu peito iria explodir de dor.

“Não Lucy. Eu não quero viver sem você. Eu te amo tanto, por favor!”. Implorei entre soluços, eu tinha perdido a noção de onde eu estava.

“Anahí...”. Ela olhou para o teto e respirou fundo, piscou para dispensar as lágrimas, então, me olhou. “Eu também te amo. E eu também acredito no seu amor. Mas, você também ama a Dulce. O amor não é uma soma de três. Tem alguém á mais em seu caminho e não precisa ser muito experta para saber que eu estou sobrando”.

“Mas você é o meu amor...”. O meu queixo tremeu, fazendo com que os meus dentes batessem fortes e meus lábios ficassem incontroláveis. “Podemos ser tão felizes juntas, eu só peço que você me dê uma chance”. Eu disse em negação. “Eu dou um jeito. O que tive com a Dulce foi...”. Lucy colocou a mão na minha boca, me calando.

“Eu não quero explicação. Meu amor, não há razão quando o coração entra na briga”. Ela acariciou o meu rosto e colocou o meu cabelo atrás da orelha, depois limpou as minhas lágrimas que caiam em abundância. “Você está confusa, eu não posso continuar com você quando nem mesma você sabe o que quer”.

“Eu quero você! Você!”. Eu disse em tom alto e irredutível. Segurei-a e tentei a puxar para mim, mas ela me desvencilhou dos meus braços.

“Você está me destruindo assim, Anahí”. Ela disse com os olhos doloridos e eu percebi o quanto estava sendo difícil para ela. “Nossa história tem que ser apenas de nós duas e isso quando você decidir quem realmente quer ao seu lado. Não posso continuar tendo você apenas a metade. Eu estarei de coração aberto para esperar o seu momento. Só que... Não demore muito para tomar a sua decisão. Estou falando de coração, sentimentos não podem deixar para depois se não se perdem. E eu...”. Eu a interrompi.

“E você tem o Ian. Eu vejo a maneira que ele olha para você, assim como você também olha para ele. Eu sei também que se eu demorar muito, você irá ficar com ele. Porque você não sabe ficar sozinha”. Eu acusei, fungando o nariz.

Lucy passou as mãos pelos olhos e afastou-se de mim um pouco. “Não me culpe por isso, Anahí. Isso é um risco a se correr. Você pode voltar para Dulce e eu posso a ficar ver navios. O futuro é incerto, mas o que você decidir, eu irei aceitar”. Os seus olhos voltaram a ficar amorosos. “O meu sentimento por você, me impede sentir qualquer coisa obscura por ti”.

Ela tinha razão. Abaixei a minha cabeça, quando levantei, me aproximei dela, segurei o seu rosto com as duas mãos e beijei os seus lábios. Ela não se afastou da minha boca. Retribuiu o beijo até que o ar nos faltasse. Interrompi o beijo e lhe abracei forte, murmurando em seu ouvido. “Eu sempre vou te amar. Nunca esqueça disso”.

Ela sorriu. Então se afastou de mim. “Nunca irei esquecer. E você também não se esqueça disso”. Ela piscou, então, olhou para trás e ficou séria, mas os seus olhos continuavam doces. “Olá Dulce. Soube o que aconteceu, estimo melhoras para você”.

Eu congelei com a menção do nome de Dulce. Será que ela tinha escutado alguma coisa? Tinha sido um momento intimo entre mim e Lucy, e não queria que ninguém mais escutasse, mesmo estando em um local público. Ela respondeu algo para Lucy que eu não escutei bem. Lucy acenou e foi embora. Eu limpei os restos das minhas lágrimas e me virei para encará-la, mas ao receber os seus olhos pesados e tão apagados, eu soube que ela tinha ouvido tudo.

Tentei sorrir. “Então?”. Perguntei me aproximando dela. A sua perna estava enrolada com uma faixa.

“Limparam-me e fizeram curativo. Não suturaram, disseram que iria fechar de dentro para fora. E caso eu sinta dor...”. Ela mostrou a receita. “Analgésico”.

Respirei aliviada. “Ufa. Eu estava tão preocu...”. Ela me interrompeu.

“Importa-se de irmos embora? Estou cansada e preciso urgente de um banho e uma cama”. Ela disse, coçando o seu olho esquerdo.

O seu tratamento frio me causou um mal estar que eu preferi não me aprofundar.

“Claro”. Sorrir forçada.

E seguimos para o estacionamento...