Fanfic: Como tudo aconteceu. — FINALIZADA. | Tema: Portiñon, Dulce e Anahí. AyD.

“Por duas razões. Primeiro, vi entregar o exemplar do meu livro para que revise”. Ela colocou as folhas de oficio com uma capa mole em cima da minha mesa. “E falar sobre um assunto não muito bom, mas necessário: O julgamento de Yvonne. Você sabe que contratei uma nova advogada e ela quer conversar com você alguns detalhes. Pensei hoje em um jantar, mas o tempo é curto e o assunto é complexo”.

Suspirei. Eu nunca tinha perguntado a Dulce de fato como ela sentia com tudo isso. Ela não era de falar, mas eu sabia como estava sendo difícil para ela exorcizar os demônios.

Duda surgiu com os cafés e logo se retirou.

“Essa advogada é boa?”.

“Sim. Muito boa mesmo. Você nem imagina o quanto”. Dulce comentou distraidamente e levou a xícara de café para a boca.

Eu achei o comentário com um duplo sentido. Mas logo descartei, deveria ser coisa da minha cabeça. Provavelmente, era uma advogada velha, cheia de rugas e ranzinza.

“Não achei que você terminaria o livro tão cedo”. Falei, tocando na capa do livro, cujo nome era Sem Limites.

“Precisava manter a cabeça ocupada esses dias”. Ela colocou a xícara na mesa e encostou-se na cadeira. Fechou os olhos. “Quando fecho os olhos, ainda posso sentir cada tortura, cada palavra dita e cada coisa que o James fez comigo e com você”. Ela abriu os olhos e tinha muita dor neles. “Flaviana considera a ideia de eu fazer terapia e estou concordando com ela”.

Flaviana era a advogada, só não sabia que elas estavam tão íntimas a ponto de conversar sobre isso.

“Ás vezes, eu também posso ver na minha mente como um filme de terror, mas tento desviar os meus pensamentos”. Falei a olhando. “Mas concordo com a Flaviana, se isso está lhe afetando, hora de procurar ajuda com um profissional que possa lhe ajudar. Como está a sua perna?”.

“Bem, cicatrizada.”. Ela sorriu castamente. Então, me olhou intensamente. Não parecia que tínhamos nos vistos á seis dias atrás, parecia uma eternidade. A maneira que ela me olhava me fez lamber os lábios e isso prendeu atenção de Dulce, mas não por muito tempo. “Tem falado com a Lucy?”. A pergunta foi feita preguiçosamente, mas eu vi que os seus olhos ficaram tensos.

“Não. Estou dando um tempo de tudo que envolve o coração, lembra?”. Omiti o fato de que não estava falando com Lucy, era por que ela não queria.

Dulce meneou a cabeça e o silêncio se estabeleceu entre nós. Mas não por muito tempo. O interfone tocou e foi Duda informando que a advogada tinha chegado. Pedi para entrá-la e esperei a velha com rugas entrar.

E ela entrou depois de duas batidas na porta, quase me fazendo cair da cadeira...

Flaviana Ozanan tinha o estereótipo de mulher fatal. Os seus cabelos negros e sedosos como uma noite caiam pelos seus ombros, o seu corpo alto e com curvas sinuosas em lugares certos. Não sei, mas tive a impressão que ela tinha tirado algumas costelas para ficar com aquela cintura tão fina. Mesmo vestida de terninho, dava para ver muito bem como o seu corpo era tentador. Os seus olhos era presunçosos, lembrando olhos de águias, de cor de chocolate. Mas o que mais chamava atenção era os seus lábios carnudos pintados de vermelhos que pareciam mais um convite para obscenidades.

Droga! Ela era simplesmente linda! E pra completar, era francesa! Parecia que estava na faixa dos quarenta anos. Assisti a Dulce levanta-se com um sorriso charmoso e cumprimento-a com um beijo na bochecha, com uma breve admiração e também intimidade. O meu sangue borbulhou de raiva e eu já detestei essa advogada.

Eu me levantei, mordida de ciúmes e olhei para a advogada com altivez. Ofereci a minha mão e me apresentei:

“Sou Anahí Saviñón. A esposa da Dulce Maria”.