Fanfic: Como tudo aconteceu. — FINALIZADA. | Tema: Portiñon, Dulce e Anahí. AyD.

POV ANAHÍ

Depois que recebi o telefonema da Lucy, fiquei muito animada com a sua ligação que não pensei duas vezes em encontra-la. Depois que desliguei de Lucy, liguei para o celular do Mariano.

“Boas notícias. A Lucy vai assinar o contrato conosco”. Comemorei antecipadamente, até porque se ela estava se deslocando de Los Angeles para Havaí, era bem claro que eu teria esse contrato.

“Que ótimo, Anahí. Pra mim e principalmente para você. Se não tivesse conseguido, estaria no olho da rua”. Mariano falou simplesmente, como se fosse pura bobeira e desligou.

Fiquei olhando para o telefone sem acreditar. Então, me recordei que tinha um encontro com a Dulce. Eu não queria dizer o real motivo porque ela poderia interpretar mal, e como estávamos nos acertando, não queria estragar aquilo que mal tinha começado. Então, menti. Foi o único jeito. Amanhã diria o real motivo para ela e explicaria tudo, não queria que ela interpretasse errado.

Pouco mais da meia-noite, eu estava terminando de me arrumar quando Marichelo entrou em meu quarto.

“Vai sair filha?”.

“Vou mamãe”. Respondi, terminando de colocar os brincos. “Irei me encontrar com a Lucy”.

Marichelo franziu o cenho. “Vocês não tinham terminado?”.

“Terminamos. Mas não é um encontro amoroso, é um encontro de trabalho. Lucy vai escrever uma biografia e Mariano faz questão que seja lançado em sua editora”.

“Entendi”.

“Está precisando de alguma coisa?”. Perguntei, já pegando a minha bolsa.

“Iria chama-la para ver um filme. O Breno também saiu e o Poncho está dormindo. Só estava querendo um pouco de companhia”. Ela disse com um sorriso meio triste.

Aproximei da Marichelo e dei um beijo em sua testa. “Não demorarei. E se você ainda tiver acordada, assistimos. Ok?”.

Ela sorriu. “Cuide-se meu amor”.

Sorrir para Marichelo e fui me encontrar com a Lucy no restaurante que costumávamos a ir. Assim que cheguei, fui para a mesa. A Lucy já se encontrava, o seu rosto estava cansado e tinha algumas olheiras, foi meio estranho cumprimenta-la. Depois de uma hesitação, trocamos beijos no rosto.

Sentamos.

“Obrigada por vir, Lucy. O seu ato foi muito nobre. Eu sei que você não tinha nenhuma obrigação de se deslocar até Havaí para fazer alguma coisa para mim”. Eu disse com um sorriso.

Lucy iria responder, mas parou quando o garçom nos abordou. Pedimos dois cafés.

“Fiz o que você provavelmente faria para mim, Anahí. Eu nunca deixaria você na mão. Importo-me com você. E mesmo que não estejamos mais juntas, isso não mudou nada. Eu sempre vou querer o seu bem e ajuda-la. E também sei como o Mariano é”. Ela riu e eu também rir.

O garçom voltou com os nossos cafés.

“Um terror”. Eu respondi. “Mas novamente, obrigada. Você também é muito importante pra mim, mesmo que algumas atitudes minhas mostraram o contrário”. Murmurei, dando um gole do meu café.

“Águas passadas”. Lucy deu de ombros. Mas eu vi os seus olhos ficarem tristonhos, que rapidamente foram camuflados. Ela era uma boa atriz. “Agora me diga quando e onde assinarei o contrato. E claro, quero um bom dinheiro pela minha biografia. Porque se não, irei correr para concorrência”. Ela gracejou.

Eu rir e comecei a falar sobre o contrato, e a margem que geralmente era pago para os escritores. Lucy fez algumas perguntas, que eu respondi prontamente. Eram anos trabalhando nesse ramo, então, era fichinha.

Depois de um tempo. Ela disse. “Tudo bem. Redija o contrato que assinarei”.

Sorrir abertamente. Segurei as mãos de Lucy e falei com carinho. “Você é um anjo, Lucy”.

Lucy apertou as minhas mãos. “Você é uma excelente editora e se o meu livro vai ser lançado, quero que seja supervisionado por você. Onde posso arranjar uma editora melhor?”.

“Não se preocupe que você está em excelentes mãos!”.

Soltamos as nossas mãos e conversamos um pouco sobre amenidades. Depois, nos despedimos. Olhei no relógio, ainda era uma e meia da manhã. Entrei no meu carro e liguei para Dulce, talvez, ela estivesse acordada e pudéssemos nos encontrar.

Depois de cinco toques, a Dulce atendeu. Estava em um lugar barulhento, parecendo um bar ou boate, não sei bem.

“Dulce?”. Falei, mas acho que ela não escutou bem. Praticamente quase gritei. “Dulce, você está me escutando?”.

“O que você quer?”. Ela berrou de volta. E eu estranhei o tratamento um tanto agressivo.

“Estou ligando para a gente se encontrar... Você está em uma festa? Por que se tiver posso ir até você”. Eu disse alto.

“E sua enxaqueca?”. Sua voz continuava alta para vencer o barulho da música.

Fechei e abrir os olhos com a minha mentira, tinha esquecido completamente.

“Passou. Estou boa. Você poderia ir pra algum lugar menos barulhento? Estou tentando falar direito com você”. Eu pedi, segurando no volante.

“Posso, mas não vou. A minha vida não gira em torno de você! Se quiser falar comigo, será desse modo!”.

Franzi o cenho, sem entender nada.

“Dulce, por que está falando assim?”.

“Porque você não passa de uma manipuladora, cara de pau e sem vergonha. Você acha que pode sempre brincar com as pessoas? Usá-las como marionetes para o seu bem entender? Está muito enganada, Anahí. O seu joguinho acaba de terminar aqui. Não serei mais o seu brinquedo que você usa, descarta e depois quando está querendo brincar novamente, o pega de volta. Não serei mais isso em suas mãos!”. Ela gritou irritada.

Arregalei os olhos, com o meu coração acelerando e uma frieza passando pelo meu corpo.

“Você enlouqueceu?”.

“Não! Apenas abrir os olhos! Você não vale a pena, nesses últimos dias mostrou a sua verdadeira face que eu nunca tinha visto: É uma dissimulada que fica pagando de pudica, mas por debaixo dos panos, não passa de hipócrita que visa apenas os benefícios para si própria. Que saber? Dane-se! Você e sua existência. A única coisa que não me arrependo é de ter tido a Aisha com você, porque o resto, me arrependo amargamente de ter me deixado envolver e ficar cega por alguém tão baixa como você. Sua máscara caiu! E não me ligue mais!”. Desligou na minha cara.

Fiquei uns minutos com o celular ainda no ouvido, mesmo após a ligação ter encerrado. Eu não sabia o que tinha acontecido para essa fúria toda. Mas o peso das palavras tinha me arrasado. Depois que o choque inicial passou, liguei o meu carro e fui para minha casa num estilo zumbi, com as palavras de Dulce ecoando na minha cabeça. Eu não tinha feito nada – recentemente – para acordar essa fúria em Dulce.

Eu estava sem entender. Ontem estávamos ótimas. Na boate, depois hoje de manhã no apartamento dela. E hoje, de repente, eu me torno a dissimulada, hipócrita e manipuladora.

Estacionei o meu carro e entrei em casa. Marichelo estava na sala de televisão, assistindo filme. Assim que entrei na sala, ela me olhou com um sorriso, mas ficou preocupada quando viu o meu semblante.

“O que aconteceu com você?”.

“Foi a Dulce, mamãe...”. Comecei a falar e desabei no choro.

Marichelo abriu os seus braços e eu corri para eles. Me deitei no sofá e me aninhei no seu colo, chorando e soluçando, amargando tudo que Dulce me disse. Marichelo ficou fazendo cafuné na minha cabeça. Comecei a contar entre choros para ela tudo que a Dulce tinha me dito.

Ela me fez olhar para ela. Os seus olhos estavam amorosos.

“Filha. Você não é nada disso que a Dulce lhe falou. Jamais. Você tem uma personalidade encantadora, comete erros, sim. Assim como qualquer outra pessoa, mas nunca deixe alguém e nunca duvide do seu caráter. Você é preciosa em meus olhos, nos olhos de Aisha, do seu irmão e dos seus amigos. E não é uma pessoa que pode dizer o contrário. Eu coloquei uma filha perfeita no mundo. E eu te amo com todas suas qualidades e defeitos”. Ela deu um beijo na minha testa e me abraçou mais forte em seus braços.

E eu? Fiquei agarradinha na minha Marichelo, sentindo-me protegida. Não existe nada melhor do que abraço de mãe...