Fanfic: Como tudo aconteceu. — FINALIZADA. | Tema: Portiñon, Dulce e Anahí. AyD.

POV DULCE

O clima de Toscana estava gostoso. Num frio receptivo que exercia uma boa energia ao corpo. Eu estava morando em uma casa mediana com estrutura medieval. O que me conquistou completamente. Ao redor da minha casa, tinha um campo vasto, que eu adorava caminhar sempre durante ás tardes. Mantinha a minha cabeça leve e me proporcionava um bem-estar indescritível.

Todos os dias, sentia falta da Aisha e da Anahí. Mas, aos poucos o sofrimento que me corria ia se dispensando, ficando apenas uma dor. Eu tinha aprendido a viver com essa dor e era questão de tempo para suavizá-la.

Certa vez li que o sofrimento é inevitável, mas a dor é opcional. E para aliviar essa dor, buscava manter a minha mente ocupada. Dedicava maior parte do meu tempo às roseiras. Era o meu maior orgulho e consumia boa parte do meu tempo.

Caminhei entre as roseiras, sentindo os seus perfumes me embriagar. Ao longe, dava para ver a fumaça que saia chaminé, sabia que era minha empregada Mariana. Uma senhora de meia idade que me tratava como se eu fosse a sua filha. A receptividade em Toscana era comovente. Por muitas vezes, me senti acolhida por pessoas que nem eu mesma sabia quem era, mas que me tratavam com uma delicadeza, que me emocionava bastante.

Toscana era uma cidade romântica. O ar era romântico... Tudo soava a amor. Seria um sonho viver aqui com Anahí. Seríamos muitos felizes.

Fechei os meus olhos e inspirei profundamente. O cheiro de Anahí veio em meus sentidos e senti todo o meu corpo corresponder aquele cheiro. Eu sabia que era a minha mente pregando uma peça, mas era boa aquela sensação de sentir o seu cheiro mesmo não sendo real.

Apertei o meu cachecol, o vento frio soprou em meus cabelos. Trazendo consigo mais o cheiro de Anahí.

Anahí... Meu doce e grande amor.

Pensei. Abrir os meus olhos e virei-me para uma rosa. Segurei-a com a mão, sentindo toda a sua maciez tocar em minha pele. Mesma maciez da pele de Anahí...

Anahí é como uma rosa... Bela. Esplêndida. Sensível, mas ao mesmo tempo forte. Hipnotizante, mas poderia causar sofrimento se não soubesse como trata-la.

Toda rosa tinha o seu espinho.

Mas eu a amava. Sempre iria amar. O voto que fiz no meu casamento seria eterno. Mesmo que provavelmente nesse momento, ela deveria estar trocando votos com outra. Eu não sabia nada sobre os papéis do divórcio, eu assinei e fui bem clara a Flaviana que não queria ser informada quando a Anahí assinasse. Não queria amagar essa dor.

Limpei uma lágrima silenciosa que caiu em meu rosto. O sol estava brilhante, mas mesmo assim, os raios solares continuavam frios. Aquecia o rosto, mas não o suficiente para queimar.

Acariciei a rosa e murmurei: “Mesmo distante de mim. Ainda posso senti-la. O meu amor por ti é tão incondicional, que mesmo estando com outra, a minha única preocupação é que você seja feliz. Você seja plena”. Os meus olhos encheram-se de lágrimas. “Eu quero que você seja muito feliz, mesmo não sendo ao meu lado. O meu coração torce para que todas as manhãs a felicidade e o amor esteja contigo". As minhas lágrimas cairiam dos meus olhos e tocou na rosa. “Você sempre foi à prioridade da minha vida e mesmo longe, sempre vai continuar sendo, porque esse amor que eu sinto aqui”. Coloquei a mão dentro do meu peito. “Aqui dentro do meu peito é único. E mesmo distante, nada vai mudar entre nós. Nada. Você vai continuar em mim, viva e florescendo dentro do meu peito. Porque em meio de tantas rosas, você é a rosa mais linda do meu jardim. Você e ninguém mais. Eu queria tanto que você me perdoasse por todas as minhas infantilidades dos últimos meses. Nos magoamos tanto, e tudo sem fundamento. Formos cegas demais e a única coisa que eu queria nesse momento era passar uma borracha no passado e viver um presente doce e futuro estonteante contigo, para o resto das nossas vidas”.

“Eu te perdoo, Dulce... Por tudo, olhando para trás, vejo que tudo foi mesquinho demais e que o nosso sentimento é forte demais para se perder por mal entendidos. Um amor tão grande assim, nenhuma divergência e nenhum erro são capazes de destruir tudo que construímos. Na estrada sempre á rosas, mas devemos ter cuidado com os espinhos que estão prontos para nos ferir. Eu confio em ti, e confio no nosso amor que é indestrutível. E não vou abrir mão por desentendimentos tolos. Sim... Por que quando analisamos que estamos perdendo o amor da nossa vida por bobeira, vermos que tudo é fútil demais comparado a intensidade o amor. Nossos bons e doces momentos não podem ser destruídos por isto. Eu te conheço. Você me conhece, desde a adolescência, construímos uma vida juntas e não são momentos infames que vão destruir tudo aquilo que sempre existiu dentro dos nossos corações.  Eu sou a mulher mais afortunada por ter o seu amor...”. A voz rouca de Anahí rompeu o silêncio e as minhas lágrimas.

Virei-me para ela com os olhos arregalados. Surpresa. Sem acreditar que ela estava realmente ao meu lado. O meu coração aumentou a sua velocidade consideravelmente. Ela estava linda. Com um casaco de lã vermelho, uma saia de costura alta, meias calças negras e botas de cano longo. Os seus cabelos estavam soltos e usava uma boina preta francesa. A beleza de Anahí refletida com a imagem do fundo... A imagem natural da Toscana parecia uma linda pintura.

“Anahí...”. Eu disse com a voz afobada, ainda achando que estava perdida em um sonho. “Você está aqui?”.

Ela riu docilmente. “Sim. Estou”. O seu riso parecia cristais tilintando ao vento.

“E o que casamento?”. Eu perguntei um pouco fora de mim.

Ela se aproximou de mim. Os seus olhos fixos nos meus. Devorando a minha alma e desvendando os meus segredos. Tocou em meu rosto com carinho. Esfreguei o rosto na palma da sua mão com medo de que qualquer momento aquele contato pudesse quebrar.

“Eu já sou casada”. Ela disse emocionada. “Sou casada com a mulher que faz o meu mundo se torna um conto de fadas. Sou completamente apaixonada por uma mulher que faz o meu coração bater como se fosse à primeira vez. Amo loucamente a mulher que me faz tocar o céu com um simples olhar”. Ela chorava, mas não eram lágrimas de tristeza e sim de felicidades. “Esse amor que existe dentro de mim me faz renascer todos os dias para te amar, Dulce. Minha vida só tem sentido ao seu lado, não adianta eu tentar trilhar outro caminho, quando é no teu abrigo que o meu amor habita”. Ela se aproximou mais, deixando os nossos corpos unidos e os nossos rostos próximos. “Cometi muitos erros nesses meses, mas o meu maior erro foi ter a deixado vir para Toscana sozinha... Você me perdoa? Perdoa-me por tudo? Por todo sofrimento que eu lhe fiz passar?”.

Olhando dentro dos seus olhos azuis, o meu coração tinha apenas uma resposta: “Sim. Eu lhe perdoo com todas ás forças do meu ser. Somos apenas uma, Anahí. Apenas uma...”. Terminei de falar e beijei os seus lábios.

O nosso beijo foi lento e repleto de amor. Um beijo de recomeço. A felicidade explodia em nossos corações, porque eu podia senti o coração de Anahí responder as batidas dos meus contra o seu peito.

Terminamos o beijo com uma selada suave de lábios. Rimos aos nos olhar, bobas e apaixonadas.

“Tenho quatro perguntas para você”. Eu disse, deslizando a minha mão pelo braço de Anahí e segurando a sua mão.

“Quais?”. Ela me perguntou ainda sorrindo.

“Primeiro: O que aconteceu com Lucy. Segundo: Você veio para ficar? Terceiro: E o divórcio. Quarto e não menos importante: Onde está a Aisha?”. A curiosidade estava me correndo e não podia deixar solto.

“Desconfio que Lucy também esteja correndo atrás do seu grande amor nesse momento: O Ian”. Ela riu quando eu fiz uma cara fingida de espanto. “Sim. Eu vim para ficar. Rosewood. Havaí. Toscana. Não importa onde seja o lugar, a importância é viver ao seu lado”. Sorrimos. “O divórcio foi um plano diabólico da Flaviana para nos ver separadas”. Fizemos uma careta. “E a última pergunta: Só você olhar para aquele ponto dourado que vem em nossa direção como um foguete”. Ela apontou.

E eu olhei. A Aisha corria entre o campo com um sorriso enorme no rosto. Entre a corrida, os pulos eram constantes. Não demorou muito para que ela se jogasse literalmente nos nossos braços. Eu e Anahí caímos com o impacto e nossa filha ficou no meio no enchendo de beijinhos. Rimos e a abraçamos em coletividade.

Olhei para o céu e uma nuvem em formato de carinha como se estivesse sorrindo nos olhavam...

Obrigada meu Deus. Obrigada por me presentear com esse amor sublime.

FIM