Fanfic: Como tudo aconteceu. — FINALIZADA. | Tema: Portiñon, Dulce e Anahí. AyD.

Aisha narrando...

Acordei com a minha mãe sentada em minha cama e acariciando o meu rosto. Abri os meus olhos preguiçosamente e a olhei. Já tinha escurecido e um vento frio entrava pela janela.

“Que horas são?”. Perguntei com a voz grogue de sono, eu não tinha percebido que tinha demorado tanto no meu cochilo.

“Quase seis horas. Chegamos á um tempinho, mas você estava dormindo tão gostoso que não quis acordá-la”. Mãe Dulce falou carinhosamente. “Por que não se levanta, toma um banho e troca de roupa? Estamos recebendo visitas”.

“Visitas? Quem?”. Perguntei franzindo o cenho, geralmente quando minhas mães faziam uma social na nossa casa, me avisavam com antecedência.

“Poncho, Anthony e Aaron”. Ela respondeu e eu meio que congelei com a menção do nome do Aaron.

“O que eles fazem aqui?”. Eu perguntei com os olhos arregalados.

“Casamento da Marichelo, esqueceu?”.

“Não. Mas o casamento é daqui uns dias!”.

“Sim, meu bem. Mas, os convidados não chegaram no dia. Vem antes, até mesmo para aproveitar um pouco de Toscana e nossa companhia”. Minha mãe disse e deu uma tapinha suave em minha mão. “Não demore, a Anahí está preparando uma lasanha bolonhesa e todos estão com fome”.

Ela se levantou e saiu do meu quarto. Estranhamente, me senti muito nervosa. Fazia seis anos que eu tinha visto os meus tios e o Aaron. Levantei-me e vasculhei o meu closet, procurando uma roupa que fosse linda. Eu nem sabia por que estava querendo me arrumar, mas eu sentia a necessidade disso. Tomei um banho rápido e me vesti: Camisa comprida colada, saia de cintura alta, meias e botas. O meu estilo era muito parecido com a mamãe na adolescência. Acho que no fundo, me inspirei no seu look de mais jovem para o meu. Ela sempre se vestiu muito bem e eu adorava todas as suas roupas.

Soltei os meus cabelos, as pontas estavam onduladas em cachinhos dourados. O meu cabelo era engraçado, os fios longos e lisos, mas as pontas enroladas. Eu adorava o meu cabelo... Como não tinha hábito de usar maquiagem, coloquei o meu tão conhecido batom rosa. Estava pronta.

Com um frio na barriga, desci as escadas e preparei o meu melhor sorriso. Eu queria que o Aaron me visse bonita, mesmo que eu não tenha nenhuma intenção com ele.

Cheguei na sala e estavam as minhas mães conversando animadamente com os meus tios. Assim que me viram, os meus tios me cumprimentaram, mas que mais demorou foi o Poncho que parecia que iria me esmagar.

“Oh meu Deus, como você está linda! Parecendo um anjo na terra... E esses cachinhos, que amor!”. Poncho disse tocando em meus cabelos, como se nunca tivesse me visto na vida. Ele me tinha no snap, meu Deus!

Mamãe me olhava com um sorriso de orelha á orelha, aparentemente estando orgulhosa por mim. E eu me senti especial com aquele sorriso e olhar da mamãe, porque ela era linda, nos meus olhos, suprema. Ela se levantou e me abraçou de lado, me dando um beijo na testa. “Essa minha princesinha é muito linda mesma”.

“Mamãe!”. Reclamei, ficando vermelha, mas na verdade e por dentro, tinha uma menininha pulando de felicidade.

“Oh, ela está ficando vermelhinha, que linda!”. Poncho disse, aumentando a minha vermelhidão. “Olhando para duas, parecem irmãs gêmeas!”.

Mamãe deu uma risadinha feliz, eu fiquei mais envergonhada pelo nível de atenção recebido, Anthony estava observando quieto, mas também sorria. Mãe Dulce se preocupou em encher as taças de vinhos que estava na mão de cada um, e acabou me dando uma taça também.

“Daqui a pouco a minha filha ficará um tomate, Poncho”. Disse mãe Dulce rindo, então, encheu o meu copo. “Querida, sinto um cheiro de queimado vindo da cozinha”. Ela disse para mamãe.

“Oh meu Deus. O molho!”. Mamãe gritou e correu para a cozinha.

No final das contas, não foi nada demais, apenas o molho que estava pegando no fundo da panela. Poncho iniciou uma conversa comigo sobre os meus sonhos e minhas ambições. Eu planejava cursar Artes Plásticas. Eu gostava de desenhar e sempre fazia isso no meu tempo livre.

Minhas mães colocaram a mesa. A macarronada da mamãe estava cheirando e muito! O dom na cozinha era da mãe Dulce, mas a mamãe, ás vezes, surpreendia e essa macarronada dela já era famosa. Mamãe estava colocando uma vasilha com salada quando passos nas escadas chamaram a minha atenção.

Só podia ser uma pessoa: Aaron.

Uma expectativa tomou conta do meu corpo juntamente com um nervosismo que não me fazia tirar os olhos das escadas e deixar o Poncho falando sozinho. Percebi que eu estava sem respirar até o Aaron aparecer no meu campo de visão.

A taça de cristal da mamãe foi para o chão quando eu o vi.

“Aisha!”. Mamãe me chamou e eu ouvi a chateação em sua voz. Ela amava as suas taças, principalmente essas.

Poncho levantou-se num pulo para recolher os cacos antes que alguém se cortasse. O Anthony continuou no canto dele. Mamãe se aproximou com um pano de chão e mãe Dulce apenas observou a situação. E o Aaron? Estava com aquele sorriso charmoso que fez o meu sangue ferver de raiva e outra coisa mais.

Como sempre, a sua expressão estava divertida para o meu embaraço. Eu podia até imaginar como estava a minha cara: Olhos arregalados e boca entreaberta. Comecei a tremer quando a surpresa inicial passou e a indignação tomou conta de mim.

O canalha veio até mim. Como se não tivéssemos nos vistos mais cedo e como se ele não tivesse confiscado a minha identidade!

“Aisha. Como é bom revê-la!”. Ele disse num tom firme, mas bastante agradável e estendeu a mão.

Olhei para a sua mão e depois para o seu rosto, o fuzilando com o olhar. Cínico! Minha vontade era de pegar um dos cactos e rasgar aqueles olhos castanho-avermelhados!

“Aisha?”. Chamou mãe Dulce.

Sai do meu transe e olhei para minha mãe que tinha uma expressão esquisita, depois para o Aaron e finalmente apertei a sua mão. Senti um arrepio correr pela minha nuca e rapidamente soltei a sua mão como se tivesse levado um choque. O olhar do Aaron se tornou questionador.

Poncho e mamãe já tinha limpado a bagunça que eu tinha feito e estavam voltando da cozinha.

“Mamãe, desculpe-me, a taça escorregou da minha mão”. Disse para ela, baixinho.

“Tudo bem, querida. Você se cortou ou alguma coisa?”. Ela perguntou preocupada.

Balancei a cabeça em negativo. Depois, eu tinha percebido que molhei as minhas meias. Eu amava aquelas meias! Um motivo para aumentar a minha raiva do Aaron. Senti vontade de desmascará-lo, mas não podia fazer isso sem queimar o meu filme. Se eu contasse que tinha pegado o carro da mamãe sem permissão, ficaria o resto dos meus dias de castigo.

“Bom. Passou. O jantar está servindo. Vamos comer”. Mãe disse, apontando para a mesa.

Anthony se levantou e foi para a mesa juntamente com Poncho. Mamãe sentou-se ao lado da mãe Dulce. Sentei-me ao lado da minha mãe e para minha infelicidade o Aaron sentou-se ao meu lado. A mesa era para doze pessoas. Ele poderia muito bem sentar ao lado de um dos seus pais!

O jantar foi descontraído para os nossos pais e aparentemente, para o Aaron também que se divertia com a minha postura dura. Eu tinha uma facilidade muito grande em perder a fome, então, mordisquei um pouco de salada, mas com o olhar da mamãe, coloquei um pouco de sua macarronada para que ela não ficasse magoada.

Fui pegar o moedor de pimenta na mesma hora que o Aaron também e nossas mãos se enroscarem. Sobressaltei e puxei a minha mão, derrubando a taça de água que caiu na mesa e chamou atenção de todos.

“Aisha. O que deu em você hoje?”. Mamãe me questionou, me olhando com a cara feia.

Levantei a taça com rapidez, agradecendo mentalmente aos céus por não ter quebrado e limpei o liquido na mesa com o guardanapo. E lancei um sorriso pálido para mamãe.

“Você que ajuda?”. Perguntou Aaron numa educação fingida.

“Não!”. Respondi grossa e o olhei irritada.

“Aisha!”. Mamãe me chamou pela terceira vez naquela noite.

“Deixa ela, Anahí”. Mãe disse, tocando em sua mão suavemente.

“É amiga. Deixa...”. Poncho reforçou.

Mamãe suspirou e voltou a comer. Eu parei de olhar para o Aaron, mas estava com muita vontade de questioná-lo sobre a minha identidade e por que ele tinha feito aquilo comigo!

Depois do jantar, todos voltaram para a sala para tomar mais vinho. Eu não tomei mais. O meu limite de taça era duas. Minhas mães não me deixavam beber mais do que isso. Então, fiquei sentada no braço do sofá ao lado da mamãe e de frente para o Aaron que ria de qualquer besteira que o Poncho falava, mas vez ou outra, os seus olhos encontravam com os meus e eu o fuzilava.

“Vocês se lembra quando eram pequenos e ficavam de namoricos pelos cômodas da casa no Havaí? Eram super grudados”. Comentou o Poncho, olhando de mim para o seu filho.

Ah não. Esse assunto não, pelo amor de Deus! Eu fiquei vermelha novamente o Aaron me olhou com atenção, dando um sorriso de deus grego. O odiei mais, principalmente porque o meu coração acelerou. Que droga era aquela?

“Sim. Eu me lembro bem. A Aisha ficava atrás de mim como uma garotinha atrás do doce”. Aaron respondeu o que arrancou uns risos dos outros, menos o meu.

“Não era bem assim”. Eu rebati, revirando os olhos. “Eu era pequena e não tinha muitos amiguinhos”.

“Mentira. Você me adorava!”. Aaron disse divertido, com um sorriso provocador.

“Os dois se adoravam na realidade”. Mamãe disse. “Um vivia atrás do outro”.

“Vocês fariam um excelente casal”. Poncho disse sonhador.

Eu queria me afundar de vergonha! Eu estava constrangida, não queria ficar alimentando a diversão sádica do estupido do Aaron.

“A Lana chegará amanhã de oito da noite”. Eu disse, querendo mudar o rumo do assunto.

“Oh, sim”. Mãe falou, sacando a minha mudança de assunto. “Você sabe quando a Maite chegará?”.

“Amanhã também. Mas um pouco mais cedo”. Respondo o Poncho. “Ela viria conosco, mas parece que Maya precisava fazer mais uma provinha da escolinha”.

Eles iniciaram novamente o assunto. E eu me levantei.

“Estou cansada e amanhã tenho colégio. Vou me recolher. Boa noite á todos”. Eu disse e beijei a bochecha de cada um, menos do Aaron.

“Boa noite, filha. Durma bem”. Mamãe disse.

“E não se esqueça de colocar o despertador!”. Mãe reforçou.

“E sonhe com os anjinhos”. Poncho falou.

Apenas meneei a cabeça e subir as escadas. Minha cabeça estava quente de pensamentos. Eu tinha que falar com o Aaron, então, resolvi ficar espiando pela brecha do meu quarto, até o mesmo passar. Uma hora, ele iria passar.