Fanfic: Como tudo aconteceu. — FINALIZADA. | Tema: Portiñon, Dulce e Anahí. AyD.

Lana narrando...

Assim que fiquei sozinha no quarto, tirei o remédio debaixo da língua e o coloquei dentro do meu bolso. Infelizmente, ele tinha derretido um pouco, mas não completamente. O meu surto foi falso, claro. Eu era psicologicamente capaz, não precisava de terapia e muito menos de ansiolíticos.

Levantei-me e vi pela janela o Aaron e Aisha saindo de moto. Droga! Eu tinha que conversar com a Aisha, fazê-la me perdoar. Sabia que desta vez seria mais difícil, mas não podia tê-la como inimiga. Olhei na cabeceira da cama, á cima dela, tinha três quadros. O quadro central era uma foto de Aisha. Os outros quadros eram fotos de Anahí e Dulce juntas. Família perfeita.

Revirei os olhos. Mas tinha que admitir que a Aisha se transformou em uma linda garota... Perfeita. Suspirei apaixonadamente. Mas, dei uma tapa em meu rosto para deixar de ser idiota. Não! Isso não podia deixar isso acontecer, eu tinha que dominar os meus sentimentos!

Pensando nisso que peguei o telefone no criado-mudo e disquei o número do celular de minha mãe, que demorou um pouco para atender, mas finalmente o fez.

“Que demora!”. Reclamei irritada. “Você sabe muito bem que quando a ligo, é pra atender no segundo toque. O que estava fazendo finalmente?”.

“Filha! Eu não sabia que era você”. Respondeu ela. “Eu estava malhando, uma hora na esteira. Isso não é incrível?”. Sua voz de fato estava um pouco ofegante. “E olha que eu estava correndo”.

“Isso não me interessa”. Revirei os olhos e me sentei na cama. “Estou ligando para avisar que deu tudo certo”.

“O que?”.

“O plano. Deu tudo certo. Ou está dando certo, ficarei aqui por tempo indeterminado.”. Eu disse com um sorriso feliz. “Provavelmente, a Anahí e Dulce irão ligar para fazer pedindo permissão, não banque uma de louca e aceitei. Não as questionem, mostre total desinteresse. Eu ficando aqui, ganha tanto você como eu”.

“Lana... O que você disse para conseguir isso? Eu não sei ao certo se a quero morando em Toscana”. Sua voz parecia um pouco triste.

“Disse o que precisava. Mas não se preocupe que não terá nenhum problema para cima de você. Dei uma de filha amável e expressei o quanto queria que você me amasse e que não queria que nada de ruim acontecesse com você”. Eu disse. “E para de ser ridícula! Eu não quero voltar pra Havaí e viver nas limitações, suportando os seus inúmeros namorados tão fracassados como você. Ficarei em Toscana, terei de tudo do bom e melhor, como sempre planejei”.

“Minha filha, isso não é certo. Eu sei que nunca fui uma excelente mãe, mas você não pode deixar que a ambição lhe cegue. Você viu muito bem que aconteceu com o seu pai”.

“Não é ambição!”. Eu quase gritei. “É o justo. Eu não sou como o meu pai. As coisas tem que se manter equilibrada. Por que a Aisha pode ter tudo e eu nada?”.

“Porque a Aisha é de uma família rica. Ela não escolheu em nascer rica. Apenas aconteceu”.

“E vai acontecer deu ter tudo que ela tem. Simples e apenas acontecerá”. Respondi, sem gostar do rumo da conversa.

“Você não pode se vingar da Aisha simplesmente porque ela é hetero e não enxergar esse amor incubado que você tem por ela, Lana”. Minha mãe disse com a voz cansada.

“Não seja ridícula! Eu não me importo que Aisha não me ame ou que seja hetero, estou porque me lixando se ela está se esfregando aos cantos com o tonto do Aaron, apenas digo uma coisa: A vida é feita de escolha. Se ela escolheu ser hetero e o Aaron, pode suportar a consequência de uma vida infeliz”. Disse com rancor. “Se a Anahí e Dulce ligarem, sabe muito bem o que fazer... Por que Patrícia se você não o fizer o que estou dizendo. Eu me mato antes mesmo do avião pousar no Havaí!”. Falei ameaçadora e desliguei.

Estava feito. Coloquei o telefone na base, quando escutei alguns passos. Voltei a deitar na cama e fingir que estava dormindo. A porta abriu e eu soube quem era rapidamente: Aisha. O seu perfume invadiu o quarto. Automaticamente, o meu coração acelerou-se, mas me obriguei a ficar na mesma posição quando a mesma sentou-se na cama.

“Eu não sei o que aconteceu com você depois que fui embora do Havaí. Sei que você e Patrícia não tinham uma convivência muito boa, que ela sempre foi uma mãe meio desleixada, talvez, por isso que você se transformou assim...”. Escutei-a falar, e senti o seu cabelo tocando em meu colo, como se o seu rosto tivesse inclinado em mim. Senti sua respiração em meu ouvido, me fazendo arrepiar. “Mas saiba que você não pode mais me enganar, pode enganar as minhas mães que ainda não enxergaram quem você é de verdade. Estamos iniciando uma guerra, você ganhou uma batalha. Confesso que foi muito esperta de sua parte, agora serei obrigada a aturá-la dentro da minha casa, mas querida... Eu não irei facilitar as coisas para você. O seu suposto beijo errado em meu namorado, não me enganou. Eu sei que fez de propósito, e sei também que inventou essa mentira de sofrer abuso da Patrícia. Como sei também que está fingindo que está dormindo!”. Ela se afastou de mim, e foi impossível não abrir os olhos, as suas palavras me enfureceram.

Aisha me encarou e deu um sorriso vitorioso. “Eu sabia que não estava dormindo. É interessante como blefamos, ás vezes, temos uma resposta positiva. Surpresa? Você não é a única inteligente aqui... Em pensar que por um breve momento, senti muita dó de você e quase cai na sua mentira”.

“Você está equivocada, Aisha. Eu estava realmente dormindo, acordei com você falando em meu ouvido. Quem está surpresa sou eu, por esse pensamento que tem de mim”. Falei com a voz penalizada e camuflando o ódio presente em meu peito.

“Pare de charminho, Lana. Você não vai mais me enganar. Não precisa perder o seu tempo me dando explicações que não convencem. Pra mim, tudo que sairá de sua boca é pura mentira”. Ela se levantou na cama. “Sua máscara vai cair, e eu que vou arrancá-la”. Ela sorriu e eu fiquei olhando-a caminhar até a porta. Ela segurou a maçaneta, mas antes que abrisse se virou para mim. “E ah... Eu estou namorando o Aaron. Ele me pediu em namoro, se você ousar se aproximar dele, ás coisas não ficaram muito boas para você”. Ela abriu a porta e saiu.

Minhas mãos estavam trêmulas, e os meus olhos estavam ardendo, indiciando que eu iria chorar. Não. Eu não podia chorar. Eu tinha que controlar as minhas próprias emoções. O que estava me arrasando, não era o fato de ter sido desmascarada pela Aisha, que eu sabia que isso uma hora iria acontecer, enquanto, a Anahí e Dulce continuassem acreditando em mim, e eu daria todos os motivos para acreditarem, eu estava ainda na zona de conforto. A Aisha se achava esperta, mas não era! Ela não podia ir contra mim. Não podia e não iria. Eu era mais esperta do que ela. Isso eu tinha certeza.

Mas o que estava me arrasando por dentro era saber que ela estava namorando o Aaron, oficialmente. Afundei a minha cabeça no travesseiro e gritei, enquanto, as lágrimas escorriam estupidamente pelo meu rosto.

“Não!”. Gritei abafadamente. “Inferno. Não!”.

O amor que eu sentia por Aisha estava me destruindo por dentro e antes que tomasse uma proporção maior, tinha que mata-lo dentro de mim!