Fanfic: Como tudo aconteceu. — FINALIZADA. | Tema: Portiñon, Dulce e Anahí. AyD.

A música que comecei a cantar foi:

 A melodia do violão acompanhada com a minha voz, deixou a música bem dramática... Os meus olhos começaram a lacrimejar, principalmente quando a letra ia ganhando vida com a minha voz:

So far away, but still so near

Tão longe, mas ainda sim tão perto

(The lights go on, the music dies)

(As luzes se acendem, a música morre)

But you don’t see me, standing here

Mas você não me vê, aqui de pé

(I just came to say goodbye)

(Eu só vim aqui para dizer adeus)

I’m in the corner watching you kiss her

Eu estou no canto observando você beijâ-la

(Oh, oh, oh)

I’m givin’ it my all, but I’m not the girl you’re takin’ home

Eu estou dando tudo de mim, mas eu não sou a garota que você está levando para casa

(Ooh, ooh, ooh)

I keep dancin’ on my own

Eu continuo dançando sozinha

(I keep dancin’ on my own)

"Eu continuo dançando sozinha"

Fechei os meus olhos, sendo arrebatada pela emoção. A letra tocava em meu coração e dava mais timbre a minha voz. Eu nunca tive vergonha de cantar, eu sei que minha voz é linda, com modéstia, é claro. Mas a letra parecia que falava comigo... Era impossível não me lembra de Dulce, porque realmente eu estava sozinha, vendo-a... Tão distante ao mesmo tempo tão perto de mim. Cantei com a minha alma, deixando toda emoção aflorar e ir à pele... As lágrimas não se mantiveram mais em meus olhos e escorreram quente pelas minhas bochechas, deixando um trilho por onde passava. Coloquei a mão no peito e alcancei as notas mais altas, enquanto a melodia suave do violão me acompanhava.

Tudo que eu queria naquele momento, é que ela estivesse comigo, ao meu lado... Eu estava com tanta saudade! Saudade do seu cheiro, do seu sorriso... Do seu humor, dos seus olhos. Eu expirava e inspirava saudade. E isso me fazia chorar, minha voz saiu um pouco tremulo em algum trecho da música, mas não importava... Eu estava colocando pra fora meus sentimentos...

Em nenhum momento, Audrey parou de tocar.  E eu sou grata por isso. Com olhos fechados, não podia ver a sua expressão... Mas por trás de minhas pálpebras, eu visualizo tudo que tinha passado com a Dulce, do encontro até agora... E desejei com todo o meu ser que ela aparecesse que ela voltasse para acertar por fim a nossa história.

Essa música tinha várias formas de interpretação... Algumas pessoas gostavam de cantar em um ritmo animado, mas eu gostava desse ritmo lento... E na capela, tinha o poder de me destruir. Esse último fato, tinha constatado agora. Eu nunca imaginei que iria chorar tanto com essa música, mas as lágrimas corriam livremente.

De repente, Audrey parou de tocar... Abrir os meus olhos para saber o porquê, ela estava olhando para porta... E quando meus olhos acompanharam o seu olhar, me deparei com Dulce toda molhada segurando sua pasta na porta. O meu coração quase saiu pela boca, principalmente quando nos olhamos... Os seus olhos estavam nublados, mas mesmo assim, a energia tão peculiar me acometeu com a força daquela olhar. Enxuguei as minhas lágrimas que ainda teimavam em cair.

Eu não sei distinguir o que estou sentindo depois que olhar para Dulce por tanto tempo longe... É um misto de felicidade, amor, dor, mágoa, saudade... Era tudo, minha vontade era correr para os seus braços e lhe dar um beijo que tanto ansiei nessa semana, porém, me controlei...

Ela deu alguns passos para dentro da sala. “O diretor quer todos na biblioteca. Por medida de segurança”.

Audrey respirou fundo e levantou-se, um pouco contrariada. “Você não vem?” ela perguntou a mim, depois que devolveu o violão e estava pronta a sair.

“Vou. Daqui a pouco. Tenho que pergunta uma coisa para Srta. Saviñón”. Dei um meio sorriso ao receber o olhar dela. “Dever de casa”.

Audrey meneou a cabeça. Olhou para Dulce, e se retirou, fazendo questão de bater no ombro dela ao passar.

Dulce respirou fundo e olhou para trás. Depois voltou a olhar para mim, estava um pouco pálida, e acho que com frio, já que estava ensopada. O seu cabelo colava em seu rosto e alguns pingos caiam dele.

“Você voltou”. Finalmente, eu falei.

“Eu nunca fui embora”. Foi à resposta dela.

“Você não estava aqui”.

“Eu viajei”.

“É. Eu percebi”. Falei com ironia.

“Fui a Nova York, precisava resolver um problema de família”.

Eu dei uma risadinha sarcástica. “Família? Mesmo?”. Eu não sabia muita coisa sobre a família de Dulce, aliás, quase nada... Mas só sabia que ela não era tão apegada à família assim.

“Meus problemas”. Por fim, ela disse. “Eu precisava pensar e...”.

“Engraçado que você tenha resolvido fazer isso depois de dizer que estava apaixonada por mim”. E me fazer gozar. Concluir em pensamento.

“Eu precisava pensar sobre tudo”.

“Pensou em mim?” perguntei, com a esperança na voz, me sentindo tola por não camuflar os meus sentimentos.

“Oh Deus...” ela deu um passo à frente e soltou a pasta no chão. “Todos os dias, todas as horas, todos os minutos”, meu coração começou a bater acelerado, mas então, ela baixou a cabeça. “E também pensei nas consequências”.

Me mantive em meu lugar. Cruzei os meus braços, sentindo frio, de repente. “Você sempre se foca nas consequências, por que simplesmente não se foca no agora? No hoje? Porque tem que ser preocupar tanto com o futuro, Dulce? Porque não deixa acontecer?” atirei, com os olhos voltando a marejar.

Ela me olhou e seus olhos estavam tristonhos. “Porque a cada passo que damos, as consequências batem em nossa porta. Tive um grande problema por arrastá-la daquele jeito do baile. O diretor me questionou, e alguns professores também. A sorte que Marichelo intercedeu por mim e disse que tinha pedido”.

“Podemos superar isso. Podemos dar um jeito...” eu comecei esperançosa, mas fui desestimulada com a negativa de Dulce.

“Não. Você não enxerga com coerência porque na sua idade tudo é aventura, tudo se pode... Mas não é assim, Anahí. Eu vejo você em companhia das pessoas de sua idade e percebo que estou sendo egoísta em lhe prender a mim, quando você tem um mundo a descobrir.” Ela respirou fundo, ainda olhando para mim. “Você merece ficar com alguém que lhe possa levar para sair, andar contigo nos cantos, e não ficar limitada a um apartamento”.

“Está... Está terminando comigo? De novo?” foi à única coisa que consegui perguntar, minha voz saiu embargada.

“É o melhor para nós...” ela disse, desviando o olhar de mim.

“Fale por você”. Eu explodir, me aproximando dela, e ficando de frente á frente, procurei os seus olhos e desta vez, ela não desviou do meu. Coloquei o dedo em riste. “É melhor pra você, porque você é covarde o suficiente para não lutar por nós. Você acha que sabe de tudo, mas você não sabe de nada, Dulce. Você não sabe do amanhã e muito menos do futuro. Eu lutaria por você, porque sei que valeria a pena. Porém, andorinha sozinha não faz verão e eu não irei ficar sozinha nessa luta. Se queres assim... Ótimo. Mas só lhe digo uma coisa...” parei pra respirar e busquei forças que não sabia onde tinha e continuei a falar: “Mais tarde ou depois, não venha com suas mudanças de ideias e nem sua bipolaridade. Ou quer ou não quer. Cansei dos seus joguinhos e de sua indecisão. Quando souber o que realmente quer, me procure, se não, fique bem longe de mim!”.

Dulce aparentou surpresa, ficou me olhando completamente atordoada. Mas como eu tinha coragem para enfrentar por nosso amor... Bem, se ela quisesse... Eu tinha coragem de lhe dizer o que pensava.

“Anahí... Eu não posso”. Ela declarou derrotada.

“Ótimo”. Disse magoada.

Ela tentou pegar em meu braço, mas eu desviei e sai da sala em passos apressados, já aos prantos. Definitivamente, odeio estar apaixonada!