Fanfic: Como tudo aconteceu. — FINALIZADA. | Tema: Portiñon, Dulce e Anahí. AyD.

Lana narrando...

Eu estava muito nervosa, andando de um lado para o outro. Os meus pensamentos estavam me consumindo. Tinha adquirido coragem para falar com Anahí e Dulce sobre tudo que eu fiz com a Aisha, revelar as minhas mentiras, mas como Anahí me pediu para deixar pra depois, a minha coragem foi embora e eu me sentia acuada.

Era estranha essa nova sensação dentro de mim. Geralmente, não sentia remorso nem me importava com nada. Quando cheguei a Toscana, o meu foco era fazer muito mal a Aisha, mas nesses meses que convivi com ela, e sua família, as coisas perderam o sentido. Não achava mais graça nisso, foram sete meses de convivência que me fizeram sentir realmente o que era uma família.

Passei alguns meses achando que o real motivo para uma mudança dentro de mim, era a Ana. Mas não era, Dulce e Anahí me ensinaram o que era ter uma mãe, com os seus castigos, e elogios quando eu fazia algo muito bem. Fora o carinho, e a atenção que elas me destinavam, mesmo sem ter nenhuma obrigação para com isso. Foi a inclusão nesse ambiente familiar que começaram a me fazer ter uma nova perspectiva de vida. E eu estava com medo de perder tudo isso e ter que voltar para o mundo de futilidades no Havaí.

Eu tinha uma vida boa, já considerava a Anahí e Dulce as minhas mães, e estava bastante obstinada com os campeonatos de matemática, o meu sonho, era competir numa olimpíada mundial e ganhar ouro. E eu tinha uma boa sensação dentro de mim que iria conseguir, mas não podia manter o meu sonho, se tivesse que voltar para o Havaí, não teria isso. Fora que eu não queria perder a minha família.

Cansada de ficar andando de um lado para o outro, peguei os meus materiais e coloquei no centro da sala. Liguei à lareira, e me sentei no chão, abri o meu livro de matemática e afundei a minha cabeça nas equações. Quanto mais difícil, melhor para mim.

Não sei quanto tempo fiquei com a cabeça afundada nos estudos, até que vir a Dulce e Anahí chegarem. O meu sangue gelou, porque uma parte do meu consciente gritava comigo para que eu contasse a verdade.

“Posso falar com vocês?”.

“Querida, depois. Eu tenho que me arrumar para sair e estou quase atrasada, ok?”. Anahí lançou um rápido olhar para mim e foi para as escadas.

Olhei para Dulce.

“Tenho que descansar agora, as minhas costas estão me matando, mas podemos falar mais tarde, hum?”. Dulce sorriu e também foi para as escadas.

Apenas balancei a cabeça em positivo. Seria muito difícil falar com as duas! Quanto mais tempo durasse, mas a coragem iria embora. Dei uma olhadinha para o meu celular e não tinha nenhum sinal da Ana. Por que eu me surpreenderia? Ela era assim. Sempre tudo na hora e do jeito que ela bem entendesse. Confesso que isso irritava muito.

“O que você está fazendo?”. A voz doce de Aisha falou bem próxima de mim, o que me fez assustar.

Sobressaltei e quase derrubei o meu celular, a olhei por cima do ombro. Era novidade que ela falasse comigo, não estávamos mais no pé de guerra, desde o episódio do banheiro, mas também, não erámos mais amigas.

Ela estava com os cabelos molhados, e o cheiro do seu sabonete recém-tomado banho, me fez respirar mais fundo. Bem no fundo do meu ser, algo dentro de mim se acendeu, mas eu fiz questão de apagar.

“Estudando matemática”. Apontei o livro para ela.

Aisha deu a volta no sofá e sentou-se do meu lado. Parecia radiante, e eu sabia do motivo: Aaron. Não senti raiva, apenas o habitual ciúme que eu já estava acostumada. Ela usava uma blusa de lã e uma calça de moletom. E parecia bem confortável ao meu lado.

“Você é realmente muito boa em matemática”. Ela começou, me olhando nos olhos. Os seus olhos estavam tranquilos, quase simpáticos. “Eu estou com dúvida em média aritmética, ponderada, geométrica e harmônica. Você poderia me ensinar? Eu pediria ao Aaron, mas ele é péssimo”. Aisha fez uma carinha juntamente com um biquinho.

Ela sempre fazia isso quando queria alguma coisa. Bem, era apenas matemática. Não iria me matar por isso.

“Posso... Vou ensinar de um jeito que você jamais vai esquecer”. Eu disse a olhando, e percebi que as suas bochechas ficaram avermelhadas.

Controlei a vontade de rir. Uma pintada de malícia, ás vezes, também não fazia mal á ninguém. Peguei o livro, e o caderno e comecei a ensiná-la...