Fanfic: Como tudo aconteceu. — FINALIZADA. | Tema: Portiñon, Dulce e Anahí. AyD.

Aisha narrando...

Alguma coisa estava errada em minha casa. Ontem, a mamãe tinha saído toda arrumada, e tinha voltado bastante alheia. Mãe Dulce não parecia muito feliz, e o seu humor estava horrível. Eu estava evitando o Aaron, motivo? Nenhum. Fiquei até tarde estudando com a Lana, e tinha aprendido tudo que parecia complicado, até brinquei que ela seria a minha professora particular, faltava apenas uma prova para o fim do semestre, então, enfim ás férias.

Durante a manhã, antes de ir para o colégio, tinha chegado algumas homens. Um muito afeminado que parecia que soltava purpurina a todo o momento, era o Paulo... O decorador que trouxe os seus trabalhadores para arrumar o quarto dos bebês.

O Aaron me levou para o colégio, e assim que desci da moto, me puxou para um beijo.

“Depois do colégio, vamos para o nosso cantinho?”. Perguntou ele, me dando um beijo na jugular, o que me fez arrepiar.

“Não posso. Tenho que ficar até mais tarde na biblioteca, você sabe que as provas finais estão para chegar, e não quero me dá mal”. Disse para ele que aparentou não gostar muito.

“E você vai estudar com quem novamente? A estranha da Lana? Ontem você não largou dela”. A sua voz era irritada.

“Não chame a Lana de estranha”. Retruquei. “Sim, tenho dúvida na matéria que ela domina, e nem eu e muito menos você, não”.

“Agora está defendendo a guria que fez de tudo pra te destruir por meses? Muito me admira essa sua mudança, Aisha”. Ele disse sarcástico.

“Aaron. Não estou a defendendo, só estou pedindo para que não a chame assim. Faz muito tempo que a Lana está quieta, todo mundo merece uma segunda chance e é isso que estou lhe dando. Você pode entender isso?”. Perguntei, franzido o cenho.

Ele deu de ombros. “Por mim, tanto faz. Só espero que não quebre a cara quando ela aprontar mais uma com você”. Aaron colocou o capacete e partiu com a moto.

Fiquei com aquela frase na minha cabeça. Será que era verdade? Que a Lana não tinha mudado? Poderia ser muito bem um joguinho dela, e eu estava caindo feito um patinho. Ter esse pensamento me deixou receosa. Eu não queria ser feita de trouxa novamente. Ajeitei a minha bolsa em meu ombro, quando me esbarrei na Gabrielle.

Ia mudando o meu percurso, quando ela tocou em meu ombro. “Espere, quero falar com você!”.

“O que? Vai me bater novamente?”. Perguntei na defensiva.

“Não”. Ela sorriu nervosamente. “Óbvio que não. Eu quero me desculpar”. Quando a olhei em interrogativa, ela continuou. “Eu soube que não foi você que contou sobre mim e a Malu... Foi a Lana que contou a Milena que saiu espalhando pelo colégio todo, mas usou o seu nome para destruir a nossa amizade”.

“Aliás, o barco sempre quebra no lado mais fraco”. Retruquei, sem me impressionar com o seu pedido de desculpa. O que me interessava era outra coisa. “Como você soube disso?”.

“A Lana me contou... Ela parece àquelas pessoas frequentadoras do AA que precisam dos dez passos para pode seguir em frente ou alguma coisa assim”. Gabrielle sorriu, mas a me ver séria, o seu sorriso morreu. “Escute, eu sei que fui muito idiota com você, mas me desculpe, eu me senti muito traída e magoada que não pensei em duas vezes. Senti falta da nossa amizade todos os dias, e queria reatá-la”.

Eu dei uma risadinha. “Você nem me deu o benefício da dúvida, não me perguntou, simplesmente me acusou e me bateu. Como acha que posso resgatar uma amizade com alguém assim? Desculpe-me, Gabrielle. Mas estou muito feliz dessa forma. Com licença”. Falei e comecei a caminhar.

Eu estava muito surpresa! A Lana revelando as suas armações? Será que tem um pingo de verdade ou é só joguinho? Ah, que dúvida!

**

Passei maior parte do tempo com o pensamento longe... E pela primeira vez, em meses, não pensava em meu namorado. Pensava na mudança de Lana. Na hora do intervalo a procurei, mas não a tinha encontrado. Soube que ela não tinha vido ao colégio, e isso me preocupou.

Deixei de me importar com as provas. Senti algo ruim dentro do peito. Será que tinha acontecido alguma coisa com a Lana? Eu tinha que admitir que me importava sim, com ela. Foram anos de amizade, e mesmo que ela tenha me feito muito mal, eu não alimentava nenhum sentimento contrário. Na hora, senti muita raiva por tudo, mas com passar dos tempos, e suas mudanças, o sentimento ruim saiu de dentro do meu peito e ficaram apenas os bons.

Quando as aulas terminaram. Fui para a minha casa, queria saber o que estava acontecendo. Andei o mais rápido que podia, entrei em casa de supetão e estava as minhas mães na sala e Lana sentada com os olhos lacrimejados e olhando para as minhas mães.

Mãe Dulce parecia chocada e mamãe estava no misto de choque e também surpresa. O rosto de Lana estava de puro arrependimento. Elas me olharam assim que me viram.

“Estou surpresa com toda essa revelação, Lana. Eu não esperava uma coisa dessa vindo de você, sempre soube que você tinha um sério problema, mas não achava que iria mentir compulsivamente. Como espera que acreditamos em suas palavras diante de todas as mentiras que contasse?”. Disse mãe Dulce, voltando os seus olhos para Lana.

“Eu sei que mentir Dulce. E muito. E que os meus motivos eram totalmente errôneos, mas quando senti que estava sendo realmente acolhida e comecei a descobrir os valores de uma família, tudo foi mudando. Por favor, acredite em mim quando digo que estou muito arrependida por ter manipulado vocês e também por ter feito tanto mal a Aisha que é uma boa menina. Eu não tinha valores éticos e muito menos moral, não sabia o que era ter limite, e muito menos carácter, vocês que me ensinaram tudo isso”. Lana disse com voz firme.

“Não sei se acredito em você”. Mamãe disse, depois balançou a cabeça em negativo. “Não depois de tudo que escutei. Sempre a acolhemos, e a tivemos como uma filha. Como pode ter chegado á esse ponto, Lana?”.

Lana olhou para mamãe. “Eu não sei... Eu poderia muito bem justificar que é culpa da minha mãe que nunca soube ser uma autoridade em minha vida, ou de ausência de um pai, mas a verdade é que eu não sei. Sempre achei que podia tudo, que era superior a todos, e isso me envergonha muito. Eu queria causar dor por sentir dor também. Não importava se era inocente ou culpado, eu só me sentia feliz quando presenciava o sofrimento alheio, foi uma ideia muito errada de felicidade. E descobrir isso”.

“E o que fez ter essa mudança?”. Mãe Dulce perguntou. Ela se sentou na poltrona, e acariciava a sua barriga.

“Começou com a briga no banheiro com a Aisha...”. Lana me deu um rápido olhar, depois voltou a olhar para as minhas mães. “Depois a Anahí nos colocou de castigo, e mesmo estando de castigo e com raiva, passei a admirar a sua autoridade, em nenhum outro momento a Patrícia teria me colocado de castigo. Ela passaria a mão na minha cabeça e deixou para lá. Com esse castigo, aprendi que a vida teria que ter limite. Eu não podia fazer nada contra a Aisha, porque eu seria expulsa daqui e voltaria para o Havaí, então, me dediquei à matemática e tomei gosto, canalizei todas as minhas energias em solucionar as equações, cada nota alta, e troféu nos campeonatos do colégio, me deixava muito feliz e eu me sentia útil. Quando percebi, não fazia mais diferença em minha vida fazer a Aisha sofrer, comecei a viver quando deixei de me preocupar com a vida de Aisha. E depois, comecei a namorar a Ana... Com uma garota linda... Que me faz muito bem e me ajudou bastante também”. Ela respirou fundo ao terminar de falar.

“Como assim namorar uma garota?”. Eu perguntei, franzindo o cenho. Elas voltaram a me olhar. Eu ainda estava junto da porta da frente. “Você está querendo me dizer que não me ama mais porque ama essa suposta garota?”. Perguntei meio irritada. “Quem é essa garota?”. Quase gritei.

Lana abriu a boca para falar, mas mamãe falou mais rápido. “Isso não vem ao caso agora. Você está ciente das consequências do seu erro, não é? Não podemos deixa-la em nossa casa se a confiança foi totalmente rompida”.

CLARO QUE ISSO VINHA AO CASO. Senti uma imensa vontade de gritar sobre isso. VINHA O CASO E MUITO! De onde inferno essa garota saiu? E porque a Lana estava namorando? NAMORANDO? Só se namora quando se ama, e eu não acredito que ela está amando outra pessoa. Uma fúria foi crescendo dentro do meu peito e meus olhos começaram a inflamar.

“Por favor, Anahí. Não me mande embora daqui. Eu amo mora com vocês, eu sei que vocês devem estar pensando que tudo é uma mentira, mas eu poderia continuar mentindo, ocultando tudo que fiz. Mas não, tive a decência de contar todos os meus erros pela primeira vez na minha vida. Não me mande para o Havaí, eu não posso suportar mais viver lá... Eu faço tudo que vocês quiserem, mas, por favor, não me mande!”. Lana implorou com os olhos marejados.

Mamãe olhou para mãe Dulce. “O que você acha?”.

“Que todo mundo merece uma segunda chance. A Lana comentou erros, e está arrependida com isso. E faz meses que não estamos tendo problemas com ela. Ao contrário, a Lana está indo muito bem no seu empenho de matemática e acredito que vai muito longe assim. O importante na vida é termos humildade para confessar os nossos erros e tentarmos sermos pessoas melhores. Acho que ela merece um voto de credibilidade”.

Mamãe pensou um pouco, e ficou um momento de suspense na sala. Na minha cabeça, estava mais preocupada e me remoendo com o fato de Lana está namorando.

Quem era essa Ana?

Meu Deus. Quem é essa Ana? Eu nunca tinha visto a Lana com nenhuma garota, como está em relacionamento com ela? Será que é mentira?

“Tudo bem. Daremos mais um voto de confiança á você”. Lana sorriu, parecia que um peso tinha saído de cima dela. E estranhamente, dos meus ombros também. “Porém, com uma condição: Terá que fazer terapia. Ouviu bem?”.

Lana respirou aliviada. “Sim. Tudo bem! Eu faço, sem nenhum problema e prometo que nunca mais irei trazer problema para nenhuma de vocês”.

“E nem mentir?”. Mãe Dulce falou a olhando.

“Sim. Sem nenhuma mentira”. Lana sorriu abertamente.

“Ótimo. Irei marcar uma consulta com um psiquiatra”. Mamãe disse e pegou o telefone. “A propósito, quero conhecer essa sua namorada a Ana e...”. Mamãe ia continuar a falar, mas algo aconteceu que nos assustou.

Eu, Lana e mãe Dulce gritamos altos. Eu e Lana corremos para junto de mamãe que estava caída no chão, se debatendo. Mãe Dulce tentou se levantar, mas teve dificuldade, e não conseguiu ter êxito. Eu estava muito assustada e chorava, a Lana segurou a cabeça da mamãe e colocou de lado, já que ela estava babando, o seu corpo continuou convulsionando, enquanto, a mãe gritava pelo nome dela.

“Mamãe! Mamãe!”. Chamei alto, em desespero.

Mãe se ajoelhou e se arrastou para junto da mamãe, colocando a mão em sua perna que ainda se debatia.

“Calma!”. Pediu a Lana. “Ela está tendo uma convulsão, não vai ser capaz de responder, termos que esperar”.

A tranquilidade de Lana me deixou causou um pouco de paz, mas ainda chorava de medo, até que do mesmo jeito que começou, parou...