Fanfic: Como tudo aconteceu. — FINALIZADA. | Tema: Portiñon, Dulce e Anahí. AyD.

Aisha narrando...

O falecimento da mamãe nos pegou de surpresa. Uma desagradável surpresa. Por muitos momentos, achei que era um pesadelo. Um maldito pesadelo e que iam nos acompanhar pelo resto de nossas vidas. Estávamos inconsoláveis, mas a pior de todos, era a minha mãe Dulce que parecia que tinha entrado em choque depois da morte da mamãe.

A encontramos dentro do seu carro em histeria. Foram necessários longos minutos e uma medicação para controla-la. Foi preciso que ela ficasse internada, a sua pressão estava altíssima e precisava de cuidados reais. O velório e o enterro tinham sido resolvidos pelos meus tios e minha avó.

O médico tinha dado apenas vinte quatro horas para o velório, como era câncer, não poderia esperar muito...

“Mãe...”. Eu chamei a minha mãe que estava há duas horas com os olhos fixos na parede branca que tinha um crucifixo. Ela não falava, não piscava apenas as lágrimas corriam dos seus olhos. Engoli o meu choro, mas a dor dentro do meu peito era alucinante. “Vão enterrar a mamãe amanhã... Eu vou falar com o médico, pedi permissão para que você vá...”.

“Não...”. A voz dela saiu franca, nenhum momento tirou os olhos da parede. Suas lágrimas aumentaram. “Não vou suportar vê-la dentro de um caixão... Não vou suportar...”. Ela colocou as mãos em seus cabelos, começou a gritar e puxar. “Não vou aguentar. Não! Não!”.

Tentei detê-la sem sucesso, gritei pela enfermeira que rapidamente administrou outro calmante, e foi questão de minutos para que minha mãe dormisse...

**

O velório tinha sido na capela próxima a nossa casa, e o enterro no pequeno cemitério atrás da mesma. Foi simples, porém, comovente. Mamãe parecia que estava dormindo dentro do caixão, a sua expressão de pura paz era algo que confortava o coração, por que dava a sensação de que ela tinha descansado em paz.

Todos estavam inconsoláveis. Parecia um pesadelo... Eles vieram para o batizado dos meus irmãos, e estavam no velório da mamãe. Era surreal. Eu ainda não estava querendo acreditar.

O meu tio Breno tinha aparecido, e estava arrasado. “Perdão minha irmã. Perdão por ter sido tão mesquinho e ter passado todo esse tempo sem falar com você por uma coisa tão pequena, se eu soubesse que você iria partir, eu nunca teria ficado esse tempo todo sem falar com você...”. Ele disse para mamãe e depois foi para junto de vovó que também estava dopada de remédio.

Quando estava próximo do horário do enterro. Mãe Dulce apareceu no velório, surpreendendo á todos. Ela parecia muito fora de ar, fui ajuda-la assim que a vi, e levei até o caixão. Ela ficou tocando o rosto da mamãe com tanta ternura e devoção que era de cortar mais o coração em saber que a vida tinha sido perversa em tirar o seu grande amor. “Meu amor... Eu vou sentir tantas saudades da sua companhia, do seu cheiro, do seu sorriso, do seu olhar, de sua ternura... Até mesmo dos seus bicos quando ficava irritada ou algo do tipo. Minha vida foi completa ao tê-la ao meu lado, tínhamos tantos sonhos, alguns realizados, outros, infelizmente não tivemos tempo para isso...”. Mãe Dulce murmurou com a voz chorosa, mas sem parar de acariciar o rosto de mamãe. “... Mesmo não a tendo mais aqui, sou eternamente grata por ter compartilhado a minha vida contigo, por ser abonada de conhecer o amor ao seu lado. Você não está aqui em vida, mas está viva em meu coração... Eu te amarei até o meu último suspiro!”.

Não aguentei mais ficar perto. Sai cega pela capela pelas lágrimas. Eu busquei a minha namorada em um abraço reconfortante, mas nenhum abraço, poderia confortar o que eu estava sentido.

Mamãe era querida... Muitas pessoas vieram para o seu velório, e acompanharam o cortejo curto até o cemitério. A sensação de ver o caixão descendo a cova era sufocante, e fazia cair à ficha que tudo tinha se acabado, que nunca mais a veríamos. O desespero foi de todos aqueles que conviveram próximos dela. A Lana me sustentou, foi a minha força em todos os momentos. Eu não tinha condição psicológica de oferecer conforto para minha mãe, a Audrey estava abraçada com ela Mas, ela não suportou o momento e desmaiou, sendo socorrida e causando um alvoroço.

Graças aos anjos, tinha sido apenas uma queda de pressão. Muitas emoções juntas estavam fazendo mal para ela. Ela não precisou ficar internada.

Depois do enterro, voltei para casa com uma sensação de vazio que eu sabia que iria me acompanhar, assim como também acompanharia a minha mãe. Sentei na minha cama e fiquei com o olhar perdido no horizonte, as lágrimas caindo copiosamente.

Lana puxou uma cadeira e sentou-se em minha frente. Ela ficou calada por um longo momento até que tocou a minha mão, me fazendo olhá-la.

“Eu queria ter palavras para te conforto nesse momento, mas eu sei da sua dor. Mas se te conforto, meu amor... É que a Anahí estará sempre viva em seu coração e a acompanhará em todos os momentos em espírito”.

Fechei e abrir os olhos ao escutar as suas palavras e balancei a cabeça em negativa.

“Não é a mesma coisa. Eu perdi a minha mamãe por duas vezes, Lana. A primeira vez no Havaí quando achávamos que estava morta e agora... Como vou suportar isso?”. Eu perguntei baixinho.

“Você não precisa suportar isso sozinha, mas tem que se lembrar que a vida continua. E que você tem a mim, e também o nosso filho que está crescendo dentro de você...”. Ela disse tocando a minha barriga que tinha crescido um pouquinho.

“Eu te amo. Obrigada por estar ao meu lado”. Falei baixinho.

Ela se inclinou, segurou o meu rosto e me deu um selinho longo. Depois, levantou-se e sentou ao meu lado. Deitei-me e ela se deitou atrás de mim, me abraçando. Chorei silenciosamente, não tinha o que falar. A dor precisava ser sentida.