Fanfic: Como tudo aconteceu. — FINALIZADA. | Tema: Portiñon, Dulce e Anahí. AyD.

Cor de papel ofício. Foi à cor que eu fiquei, totalmente pálida. O sangue parecia que congelou em minhas veias, sentia o suor frio tomando conta do meu corpo, enquanto, encarava os olhos acinzentados de Audrey. Ela estava furiosa, a sua expressão estava fechada, os seus punhos cerrados, e sua respiração acelerada. Fiquei com medo que em qualquer momento, ela pudesse me bater, pelo tamanho ódio que cintilavam em seus olhos.

Olhei para os lados, quando me certifiquei que não tinha alguém próximo o suficiente para escutar, murmurei; “Do que está falando, Audrey?”.

Ela deu um passo à frente e colocou um dedo riste. “Não se faça de inocente, Anahí. Você sabe muito bem do que estou falando ou acha que não percebi que era você de mulher gato ontem? O seu perfume é inigualável. Você e essa professora de quinta podem enganar toda escola, mas a mim não!”. Ela esbravejou.

Eu fiquei sem ação. Não consegui inventar uma desculpa, fiquei parada, olhando para cara da Audrey que esperava que eu rebatesse. De repente, senti muito medo. Poderia ser um perigo se ela comentasse isso com alguém. Temi pela Dulce. Então, segurei o braço dela e a puxei mais para o canto, receosa dos outros alunos, que mesmo longo, nos olhavam com certa curiosidade.

“Audrey...” mantive a minha voz baixa e humilde “Não é isso o que você está pensando...” ela me interrompeu.

“É exatamente o que eu estou pensando” ela puxou o seu braço, mantendo uma distância de mim “Você me enganou! Deu-me falsas esperanças, enquanto, se esfregava com a professora por trás!” acusou ela, me fuzilando com os olhos, podia sentir a magoa em suas palavras.

“Não!” eu disse meio agoniada por causa mágoa a uma pessoa que foi tão legal comigo, passei a mão nos cabelos no gesto nervoso “Eu não faria isso com você... Lembra-se que sempre deixei claro que era apenas amizade?”. De maneira oculta, tinha que admitir, não tirava razão da Audrey, eu deveria ter sido mais clara.

“Não me lembro muito bem disso, principalmente depois de ter me beijado no baile da escola! Mas agora eu sei... Eu sempre tive desconfiança da professora, achava muito estranho a maneira de ela lhe tratar... Mas quem diria? Que a professora que é tão querida e admirada por todos, estava seduzindo a aluna no final das contas... As pessoas vão amar saber disso!” disse Audrey com um sorriso malvado.

“Não!” eu quase gritei, voltei a ficar gelada, olhei novamente para os lados “Eu e Dulce, simplesmente aconteceu! Não foi programado nem nada, nos conhecemos bem antes do início do ano letivo...” falei, percebendo a descrença aumentar no rosto da Audrey “Por favor... Prometa que não dirá nada a ninguém, se alguém souber disso, a vida de Dulce estará destruída”.

Audrey deu um sorriso mais malvado ainda. “Essa é a intenção. Quero ver a professorinha sair algemada daqui”.

“Não, Audrey!” estava quase chorando nesse momento, segurei em sua mão e olhei-a nos olhos “Você não pode falar nada a ninguém, eu sei que não sou merecedora em pedir nada, mas, por favor... Não faça isso, você deletando a Dulce não estará apenas destruindo a vida dela, mas a minha também. Eu... Eu a amo e não poderia suportar vê-la sendo presa por minha culpa”. Solucei, sentindo dor com a hipótese.

Audrey puxou a sua mão violentamente, seu rosto se contraiu, e eu sabia que ela estava sentindo dor. Os seus olhos se amuaram, e sua postura rebelde se esmoreceu, sua voz saiu fraca dessa vez. “Você... Você a ama?”.

“Sim. Com todo o meu ser” respondi, enxugando as lágrimas, respirei fundo para tentar me controlar “Eu não posso viver sem ela. Por favor, Audrey... Pelo o que você sente por mim, não faça nada que possa prejudicar a Dulce. Se não quiser fazer por ela, faça por consideração a mim”.

Audrey me olhou demoradamente, depois balançou a cabeça em negativa. Passou as mãos nos olhos, e depois no cabelo. “Você não pode me pedir nada”.

“Eu sei que não... Mas, por favor...” murmurei.

Audrey deu um passo à frente, mas eu segurei em seu braço e pedi encarecidamente. “Promete?”.

“Não sei. Nesse exato momento não posso prometer nada!” ela respondeu com sinceridade.

Tirei a minha mão do seu braço e balancei a cabeça em positivo, sentindo-me sufocada, o medo cada vez mais presente dentro de mim. Audrey foi para sala, e eu caminhei em direção da minha, parecendo um zumbi, enquanto os piores pensamentos me assombravam. Podia até ver a Dulce saindo algemada da escola, com todos apontando e lhe crucificando. Minha boca ficou amarga.

Estava passando pela sala dos professores, quando escuto uma voz conhecida. “Anahí venha aqui!”.

Virei-me e fui em direção da sala. Adentrei, e estava apenas Marichelo e Dulce. Fiquei mais pálida ainda, receando que Marichelo já soubesse de alguma coisa. Mas pela expressão relaxada de Dulce, não. Porém, a palidez continuou no meu rosto, deixando Dulce com expressão preocupada e Marichelo também.

“Meu Deus, filha. Você está pálida feito a morte! O que foi isso em seu rosto? Você está bem?” perguntou ela, referindo-se a minha testa. Ela tocou suavemente. “Você está fria!”.

“Calma, mãe” pedi fazendo um movimento em negativo para Dulce, o que eu não precisava desse momento, era desconfiança vinda da Marichelo. “Estou bem... Comi algo doce, e acho que minha pressão caiu um pouquinho... E isso na minha testa foi uma queda. Nada demais”. Menti sobre o doce, ela não precisa saber da verdade.

“Queda? Sua pressão? Então, vamos na enfermaria para medi-la e ter certeza!” disse Marichelo, já pegando a minha mão.

“Mãe... Não precisa... Não quero perder aula.” disse com voz baixa, sentindo-me um pouco fraca.

“Se for pela aula, não tem problema, Anahí” disse Dulce, falando pela primeira vez “Não irei colocar falta em você”.

“Mas...” tentei falar, mas a voz de Marichelo foi mais alta.

“Vamos! E obrigada, Dulce!”.

Dulce meneou a cabeça e eu fui arrastada para enfermaria, sob o olhar preocupado de Dulce...