Fanfic: Como tudo aconteceu. — FINALIZADA. | Tema: Portiñon, Dulce e Anahí. AyD.

Olhei para o relógio de parede, faltava apenas meia-hora para largar. O movimento estava tranquilo, eu estava concentrada em limpar a máquina de café. Não gostava de desorganização e o meu patrão também não! Embora que ele passava maior parte do tempo no escritório do que na livraria em si.

O Coffee Club tinha apenas três funcionários. Os horários eram divididos. O único que passava o tempo integral era o Michael... Um cara bastante inteligente e bonito que trabalhava feito um condenado para pagar a sua faculdade. Eu gostava de conversar com ele, era um bom rapaz. Lembro-me quando iniciei o trabalho, como ele ficou todo empolgado, mas logo a alegria deu lugar a desapontamento quando soube que eu era lésbica. Nos dias seguintes, o convívio fez com que ficássemos colegas.

“Soube da novidade?” perguntou Michael, parado no balcão com os olhos fixos em mim.

Terminei de limpar a maquina de café e lavei as minhas mãos na torneira. “Não. O que?” fechei a torneira e peguei um papel limpo para enxugar as minhas mãos.

“Iremos receber fardas novas”. Respondeu Michael com um sorriso zombeteiro no rosto “E a cor será laranja fluorescente. Vai ficar uma lindeza em você!”.

Eu gemi baixinho em desespero, aumentando ainda mais o sorriso do Michael. A única coisa que eu tinha odiado no trabalho era a farda, que era um macacão com o slogan do estabelecimento. “Era só o que me faltava! Agora seremos presidiários.” Disse de mal humor.

Michael riu. “Eu sabia que você iria adorar essa ideia. Mas poderia ser um saco de batata, ficaria sexy em você de qualquer forma”. Ele comentou, olhando discretamente para o meu corpo.

Revirei os olhos e joguei o papel no lixo. “Pare de olhar o meu corpo ou irei jogar café quente em você”. Mandei em tom ameaçador, fazendo-o arregalar os olhos. O que garantiu um sorriso vitorioso da minha parte.

“Você é uma chata, Portilla. Eu nem estava olhando! Que dizer... Só olhei um pouquinho, nada demais. Olhar não tira pedaço e... Ei! Ei! Ei! Calma!”. Os olhos de Michael se arregalaram e o suor juntou em sua testa a me ver pegar a cafeteira com café borbulhante.

Eu senti muita vontade de rir. Claro que eu não iria jogar café nele, mas gostava de fazer terrorismo psicológico. Retornei a colocar a cafeteira no lugar e o alivio surgiu nos olhos azuis dele. Michael tinha os olhos mais azuis que eu já tinha visto em minha vida! Às vezes, era incomodo encará-lo por muito tempo.

“Dá próxima vez, nem irei ameaçar, já irei fazer!” advertir, tentando segurar o riso, o meu celular vibrou no meu bolso, o peguei, vendo que era o Poncho, os olhos curiosos do Michael se mantiveram em mim. “Oi baby”.

“Ligando para agradecer por ter pego a Maite. Ela fez um breve drama por não ter ido busca-la, o que resultou ema bronca da minha mãe, mas não me arrependo”. Soltou o meu melhor amigo com voz cansada.

“Oh de nada... E como foi lá com o Anthony?”. Perguntei, brincando com alguns fios do meu cabelo.

“Foi agradabilíssimo! Ele queria me apresentar aos pais dele que estão na cidade. Os meus sogros me amaram. Na realidade, quem não ama?” Poncho riu, mas parou de falar e escutei uma voz no fundo que rapidamente reconheci. “Ah é... Já ia esquecendo, a Maite está lhe convidando para jantar aqui em casa em forma de agradecimento”. Disse ele com agastamento.

“Não posso. Já tenho compromisso com certa pessoa” eu e Poncho rimos “Mas agradeça a ela. Muita gentileza”.

“Vai acreditando nessa gentileza!” murmurou o Poncho “Bom, nos vemos amanhã. Cheiro delícia” e desligou o telefone.

Desliguei o telefone sorrindo. “O que foi?” perguntei ao olhar para o Michael que continuava me olhando.

“Nada. Nada, estava apenas pensando mesmo. Você pode colocar o lixo na rua? E já estará liberada. Já são 18 horas”.

O Michael era gerente do Coffee, então... Acatei a sua ordem. Coloquei o lixo no beco por trás da cafetaria e voltei-me para me trocar. Me troquei rapidamente, já que marquei de jantar com a Dulce. Assim que terminei, bati o meu cartão e passei para me despedi do Michael, que me olhou um pouco abobalhado. De repente, o comentário de Maite me veio ao pensamento... É, eu acho que arraso mesmo corações.

“Até amanhã, Mike”. Disse, já saindo sem esperar a resposta.

Sai do estabelecimento recebendo o vento frio de Rosewood. Não estava fácil aquela temperatura, então, corri para o meu carro mesmo que o apartamento de Dulce não ficasse tão longe dali. Em outro momento, se o tempo estivesse mais quente, iria andando para economizar gasolina, mas dessa forma, não tinha outra opção ao não ser indo dirigindo...

**

Vou te contar! Se dependesse de Dulce, acho que ficaria gorda rapidamente. Ela me enche de comida sempre que pode. O jantar estava delicioso, ainda mais, ela me comprou chocolate caribe. Ela sabe como adoro esse chocolate, devorei uns seis pacotes, depois tomei um copo de água para saciar a sede. Acho que eu já poderia sair embolando por uma ladeira.

Dulce parecia do mesmo modo que eu, completamente cheia. Estávamos sentadas no sofá, uma de frente para outra. “Então, como é a irmã do Poncho?” perguntou-me, devorando um pedaço de chocolate.

“Egocêntrica, mas gente é boa”. Eu respondi, ficando um pouco desconfortável com a abordagem do assunto, não queria que Dulce soubesse que Maite tinha dado em cima de mim.

“Por que a acha egocêntrica?”. Indagou Dulce com curiosidade, me olhando.

“Ela é bonita...” comecei a falar e recebi um olhar torto de Dulce “... Não me olhe assim,  estou falando a verdade. Ela é realmente muito bonita, sabe disso e esfrega isso na cara de qualquer ser humano”.

“Hum... Então, você a acha bonita? Interessante saber disso”. Comentou Dulce enciumada.

Eu sorrir. “Não precisa ficar com essa cara. Você é muito mais bonita que ela!”.

Dulce sorriu. “Acho bom mesmo”. Falou brincando, então, olhou para o relógio de parede. “Que tal irmos ao cinema? Soube que está passando um filme muito divertido, Deadpool”.

Olhei-a um pouco surpresa pelo convite. Até porque sempre evitávamos ficar em publico. “Sério? As pessoas podem nos ver...”.

“Por isso que pensei em ir ao shopping Costa. Que é em outra cidade e não tem muita chance de alguém nos encontrar. Se saímos agora, podemos pegar a sessão de vinte horas. Então?”.

Levantei-me com um pulo e sorrir animadamente. “Vamos!”.

Dulce foi ao banheiro escovar os dentes e eu fiz o mesmo que ela, já que tinha uma escova de dente e uns pares de roupa em seu apartamento. Depois, pegamos as nossas bolsas e saímos. Eu estava feliz por sair com a Dulce. Entramos em seu carro, coloquei um CD para tocar e fomos para o shopping.

Summer City era uma cidade vizinha de Rosewood. Era uma cidade grande e de rico. Era quase idêntica a Nova York, com muitas luzes e lugares atrativos. Eu amava essa cidade, porém, as coisas eram caríssimas demais para passar muito tempo nela.

Minha namorada estacionou o carro na garagem do cinema e eu fiquei surpresa com o preço do estacionamento. “Acho que isso já é um abuso. Dez dólares a hora?”. Reclamei, descendo do carro e ajeitando a bolsa no ombro.

Dulce deu a volta e passou o braço no meu ombro, me puxando para dentro do shopping. “Também acho caro, mas... Quem está na chuva é para se molhar. Eles cobram de acordo com o nível social da população e Summer é conhecida por ser a cidade dos ricos e famosos”.

“Gostaria de um dia morar aqui” suspirei, passando o braço por trás do corpo de Dulce, a abraçando de lado. “Mas claro, o meu salário teria que ser mais de trezentos mil dólares por mês”.

“Quando nos casamos, irei trazê-la para morar aqui”. Disse Dulce com convicção, dando um beijo no alto da minha cabeça.

Arrepiei-me com a hipótese de um dia ser casada com a ela. Sorrir livremente. “Iremos ganhar na loteria, então?”.

Dulce me lançou um sorriso enigmático. Adentramos o shopping. Confesso que nunca tinha vindo a esse shopping! Quando tinha a oportunidade de frequentar Summer City, ia aos shoppings mais “populares”, se assim posso dizer. Esse shopping em particular era enorme! Com quatro andares, repletos de luxo, glamour e lojas de marcas. Olhando para as lojas, fiquei admirando as peças que nem o preço tinha no mostruário!

Acompanhei os passos de Dulce que sabia exatamente por aonde ir. “Você já veio aqui?”. Perguntei curiosa.

“Sim. Muitas vezes”. Ela me respondeu. “Passei boa tarde da minha adolescência frequentando esse shopping”.

“Sério? Tinha algum amigo que morava aqui em Summer?”. Perguntei mais curiosa ainda, dando-me conta que não sabia quase nada da vida de minha namorada.

“Não. Nasci em Summer City. Fiquei aqui até passar na faculdade e rumei para Nova York”. Comentou ela, parando na frente de uma máquina eletrônica para comprar os ingressos, já que ela tinha o cartão do cinema, claro que teria! “Você vai querer pipoca?”.

“Não amor. Ainda estou com a barriga cheia”. Respondi, mordi a ponta da minha língua para não ser indiscreta.

Eu gostaria muito de perguntar se Dulce provia de uma família abonada, porém, me senti acanhada. Ela não era de falar muito de sua família, e isso me incomodava um pouco. Parecia que escondia alguma coisa.

Ela deslizou a mão até a minha e segurou firme, me puxando para a sala de cinema...