Fanfic: Como tudo aconteceu. — FINALIZADA. | Tema: Portiñon, Dulce e Anahí. AyD.

Uma semana se passou... E sabe o que aconteceu? Definitivamente nada! Nada. Era uma tortura. Eu tinha aulas com Dulce, praticamente todos os dias. Era dolorido ficar sentada, enquanto a observava ensinar... Ela ensinava tão bem, e era tão simpática com todos. Comigo também. Mas a diferença é que era apenas durante as aulas, depois, me ignorava completamente. Todas as vezes que a procurava, ela me cortava, dizia que não podia acontecer e que não iria acontecer. E isso me deixava mais arrasada, e ao mesmo tempo gamada nela... Era cedo, mas eu sabia que estava apaixonada. Tinha que admitir isso a mim mesma.

Meu primeiro pensamento e o último pensamento era Dulce. Eu ficava relembrando dos nossos beijos. Podia até senti-los! Recordava do seu cheiro... O seu cheiro, sempre que entrava na sala, o seu perfume me atingia com intensidade. Minha vontade era de abraça-la, cheirar o seu pescoço e não soltá-la mais. Porém, nada. Nada fazia. E nada acontecia.

Eu estava estranha, segundo a minha família, e meu melhor amigo. Estava mais quieta. O único assunto interessante para mim, eram quando se tratava da minha professora de inglês. Os meus pais tinha gostado desse meu entusiasmo, eles achavam que era por causa da matéria, mas mal sabia que era pela professora mesmo. Eu estudava, lia os livros passados por Dulce, apenas para ter o prazer de debatê-los com ela.

Tinha que admitir que os debates eram interessantes. Ás vezes, parecíamos que estávamos em um campo minado. A tensão tomava conta da sala, enquanto, continuávamos irredutíveis em nossas opiniões. 

Hoje foi um dia dos debates tensos. Dulce entrou em sala, parecia um pouco agitada. Eu mantinha os meus olhos no próximo livro que seria debatido na próxima aula, como eu disse, eu realmente estava adiantada.

Ela já chegou falando. “Me pergunto, há mais alguém incomodado pela hipocrisia de Atticus no final do livro?”. Eu tive que levantar os olhos para olhá-la. Do que ela estava falando afinal? Eu tinha lido diversas vezes sobre o livro que ela estava comentando, que no caso era, “O Sol é para todos”. E o tinha adorado e não a deixaria falar mal dele. Ela continuou a falar com o silêncio da turma. “Não? Ele é o Sr. Devido processo legal quando se trata de Tom Robinson, depois tão logo Bob Ewell é esfaqueado, está tentando subornar o xerife para acobertar”. 

Alfonso levantou o braço e falou. “Ele estava tentando proteger Boo Radley”.

Dulce rebateu, enfática. “Protegendo? Do quê? Do sistema judiciário? Atticus é um oficial do fórum e está conspirando para acobertar um crime. E vai deixar seu único filho assumir a culpa por algo que Boo Radley fez?”. Ela encarou Poncho.

“Foi uma troca”. Eu disse rapidamente, sem conseguir me conter. Já que Poncho ficou calado.

Ela me olhou intensamente e perguntou desafiadora. “O que foi uma troca?”.

“Sr. Ewell teria matado aquelas crianças. Boo as salvou. E Atticus ainda sentia culpa por Tom Robinson, então... Ofereceu Jem para assumir o lugar de Boo, quase como um sacrifício”. Soltei, sem tirar os olhos de Dulce.

“Muito nobre”. Disse Dulce com sarcasmo. Os seus olhos ainda se mantinham presos em mim. “Pena que Jem estava inconsciente. Ele teria uma opinião diferente?” ela me questionou ao se aproximar de mim.

Eu estava irritada com aquele sarcasmo. Eu me irritava fácil. E não admitia que ela usasse aquele tom comigo. Defendi fortemente o meu pensamento. “Não. Jem teria dito sim”.

“Tem certeza?” Ela me provocou, com sua sobrancelha esquerda arqueada, tenho que admitir que acho muitos sexy quando ela faz isso.

“Ele recebeu educação”. Respondi rispidamente.

Eu podia sentir o borbulho se formando na sala. Enquanto, eu e Dulce estávamos presas no olhar uma da outra, desafiadoras. Era uma tensão sexual intensa, que me deixava tonta, porém, não desviava o olhar. Até que o sinal tocou, nos fazendo desviar o olhar.

“Ok. Estão liberados. Não se esqueçam de ler O Morro Dos Ventos Uivantes para próxima aula”. Ela avisou.

Todos se levantaram, inclusive eu. E sai da sala, sendo perseguida pelo Poncho que estava passado com a discussão entre mim e Dulce.

“Meu Deus, amiga! O que foi aquilo? Eu fiquei passado. Quase peguei um leque para me abanar”. Disse afetado.

Incrivelmente, eu ainda estava irritada. “Nada demais. Apenas uma discussão entre mim e Du... Srta. Saviñón”. Falei, corrigindo a tempo a minha gafe. Abri meu armário e soltei meu livro dentro com um pouco de fúria, depois fechei a porta com a mesma raiva. Chamando atenção das pessoas ao redor.

“Calma. Também não precisa disso”. Poncho falou, segurando em meu braço. “Vamos almoçar, isso deve ser fome”.

Engraçado que tudo para Poncho se resume em fome. Mas desta vez, acho que ele tinha razão. Me senti um pouco melhor depois que almocei. Tínhamos uma hora de almoço. Então, fiquei jogando conversa fora até que decidi que precisava de cafeína.

“Me deu vontade de ir no Coffee Club. Quer ir comigo?” Perguntei baixinho ao Poncho.

“Sério, Any? Não! Estou paquerando o John”. Ele disse, apontando com a cabeça para um loirinho que era capitão do time.

“Certo. Nos vermos daqui a pouco”. Me levantei, peguei a bolsa e sai.

Eu tinha meia hora. Era o tempo de sobra para ir e voltar. Coffee Club era uma espécie de livraria e café da cidade. Ao menos, uma coisa legal nesse fim de mundo. Como estava de carro, em cinco minutos, cheguei lá. Pedi um café com leite desnatado, enquanto, esperava pra minha surpresa, Dulce entra no Coffee. Nos olhos se cruzarem, e percebi um leve sorriso em seus lábios, mas ignorei.

Escutei-a fazer o seu pedido. E caminhei até as prateleiras dos livros, enquanto o meu café não estava pronto. Adorava livros, principalmente os antigos. Não importava o gênero, o que importava era a leitura. Caminhei vagamente até chegar à sessão dos policiais. Procurei pelo livro “Acima de qualquer suspeita” de Scoot Turow. Fiquei muito feliz por encontra-lo. Eu tinha lido esse livro certa vez em PDF, sempre quis um exemplar, mas era complicado de encontrar.

“Esse livro é muito bom”. Fechei os olhos ao escutar a voz de Dulce.