Fanfic: Como tudo aconteceu. — FINALIZADA. | Tema: Portiñon, Dulce e Anahí. AyD.

O bom de ter Marichelo como cúmplice em meu relacionamento com a Dulce é que as coisas ficaram mais simples, por exemplo, eu tinha livre arbítrio para mexer no notebook, ao menos, sem Enrique estar em casa. E com isso, aproveitei para conversar com a Dulce pelo Facebook. Ela ficou muito feliz por eu ser selecionada e disse que me levaria para jantar na noite seguinte. Não pude me prolongar porque o Enrique tinha chegado, então, devolvi o notebook para Marichelo.

O Enrique se mostrou feliz também pela minha conquista e conversamos um pouco. Aos poucos, íamos estabelecendo novamente o vínculo de pai e filha, porém, confesso que ainda me sinto magoada pela sua forma de tratamento quando descobriu o meu romance.

Eu quase não dormir de ansiosa! Acordei cedo demais e fiquei zanzando pela casa até finalmente se aproximar do horário para o local. Me arrumei com esmero, coloquei uma calça jeans colada, uma blusa de manga comprida branca e uma jaqueta. Calcei os meus saltos, claro, não podia ficar sem. Passei uma leve camada de rímel, blush e batom. Os meus cabelos ficaram soltos dessa vez.

Peguei a minha bolsa, despedi-me de Marichelo e Enrique e fui para o local indicado.

Era um consultório médico, constatei ao estacionar o meu carro. E para minha surpresa tinha bem grande:

Consultório obstétrico e Pediátrico.

Dra. Joanna Perroni e Dra. Maite Perroni.

Sai do meu carro com o papel do endereço na mão e minha bolsa na outra. Será que eu tinha anotado certo? Bem, só tinha uma maneira de saber. Adentrei no consultório, tinha alguns pacientes e uma recepcionista já bem senhora que me sorria amavelmente.

“Bom dia... A agência de trabalho me mandou para fazer entrevista de trabalho...”. Eu falei com um sorriso.

A mulher parecia aliviada. “Graças a Deus. Nunca pensei que a agência de trabalho demoraria tanto para mandar alguém. Não aguento mais trabalho em tempo integral”. Disse ela ao se levantar. “Venha comigo, por favor,”.

A segui pelo um corredor estreito que tinha apenas quatro portas. Ela colocou a mão na maçaneta e virou-se para mim. “Quem vai fazer a entrevista é a Dra. Maite”. Eu gelei quando escutei isso. Em seguida, ela bateu na porta e a abriu. “Maite, a menina que a agência de trabalho mandou. Vai atendê-la agora?”. Escutei uma resposta positiva de Maite. E a senhora se virou para mim. “Pode entrar, minha filha. Boa sorte”.

Dei um sorriso de agradecimento e entrei na sala. Maite estava de cabeça baixa, olhava a sua agenda. Eu nunca tinha visto a Maite daquela forma: De cabelos presos em um coque, porém, alguns fios escapavam e caíam pelo seu rosto. Ela usava um jaleco que tinha o seu nome escrito no bolso, ele estava aberto, então, dava para ter a visão do seu vestido que iam à altura dos joelhos, suas pernas estavam esticadas e os saltos azuis destacavam-se embaixo da mesa. Sua maquiagem era clara e não usava nenhuma joia. Eu fiquei meio paralisada, confesso.

Maite levantou a cabeça e abriu um sorriso ao me ver. “Anahí. Não me diga que você é a jovem que a agência mandou?”.

Eu sorrir sem graça. “Sim. Sou eu mesma...”. Oh céus, a covinha parecia mais aprofundada hoje.

“Então, é uma surpresa muito agradável. Sente-se, por favor,”. Ela pediu, apontando para duas cadeiras acolchoadas á sua frente.

Caminhei até a cadeira e sentei-me. Os meus pés sem querer bateram nos pés de Maite que puxou as pernas e fixou os pés no chão. O seu olhar para mim era enigmático. Não dava para saber o que ela estava pensando e eu gostaria muito de saber. Ela parecia me analisar.

“Então... Como você sabe eu tenho experiência no Coffee e...”. Eu comecei sem saber muito bem o que falar. Mas Maite interrompeu ao levantar a mão.

“Você está contratada, não é preciso fazer nenhuma entrevista”. Ela disse sorrindo.

“Mas... Você não sabe que eu sou apta para o cargo...”.

“Isso eu verei no dia-a-dia. Mas eu sei que você é capaz. E tenho certeza que fará um ótimo trabalho. E não pense que é favoritismo porque você é amiga do meu irmão. Mas é por saber que você é empenhada. Só que tem uma coisa... O cargo oferecido foi para manhã e de manhã, você estuda”. Falou ela, batendo suas unhas grandes e pintadas de vermelho na mesa de vidro.

“Sim. Mas sobre isso eu tenho uma solução: O meu pai irá trocar o meu turno na escola e eu estudarei de tarde para poder trabalhar de manhã”. Comentei com ela, olhando-a.

Maite balançou a cabeça em negativa. “Não estou de acordo. O melhor horário para aprendemos é de manhã quando o nosso cérebro está sem preocupações e depois de uma boa noite de sono. Por isto, eu sempre estudei de manhã”.

“Mas quando se tem interesse, qualquer horário é hora de aprender”. Eu rebati, mas dei um sorriso para não parecer grosseira.

Maite encostou-se na poltrona e jogou o seu corpo para trás. Dando um sorriso de lado, quase provocador. “Não mudou meu pensamento. Continuo sem estar de acordo”.

“Isso que dizer o que? Que ficarei sem o emprego?”. Perguntei entristecida.

“Não. Que eu tenho uma ideia melhor... A ideia era que você fosse a recepcionista da minha mãe... E a Angelita, essa senhora que lhe trouxe aqui para minha sala, seria a minha recepcionista. Não sei se você sabe, mas acredito que não... Minha mãe atende de manhã e eu atendo de tarde. Podemos fazer uma troca... O que acha? Angelita ficará com minha mãe e eu com você...”. Ela usou um tom sedutor na última palavra que me fez ficar nervosa.

“Trabalhar pra vo... você?”. Perguntei trêmula.

“Sim. Assim, você não precisaria mudar o horário de sua escola”. Ela disse pratica. Parecia ser uma atitude de bondade, porém, alguma coisa nos olhos de Maite me dizia que ela não fez isso para me beneficiar.

Eu ia responder, quando bateram na porta e entraram. Era Joanna, a mãe de Maite. As duas eram parecidas, quem olhasse, diria que Joanna era a versão madura de Maite.

“Olá... Anahí, o que faz aqui?”. Joanna perguntou se aproximando e me dando um beijo na bochecha.

“Oi tia Joanna. A agência de trabalho me mandou para fazer entrevista”. Eu sorrir, eu gostava muito dela.

“E eu estava propondo uma troca para ela... Ao invés de ela trabalhar pra você... trabalhar para mim, já que assim não precisará mudar o horário da escola. Você sabe que a vaga oferecida é de manhã e de manhã a Anahí estuda. E como Angelita está há muito tempo com você, pode ficar contigo de manhã e Anahí comigo de tarde. O que acha mãe?”. Soltou Maite de uma vez.

Joanna olhou para Maite e depois para mim. Ficou um pouco pensativa. Depois olhou para Maite de novo e sorriu. “Claro. Por mim, tudo bem”.

“Ótimo. Agora só falta a Anahí me falar se concorda ou não...”.

As duas olharam para mim em expectativa. Pensei rápido, eu acho que dava para trabalhar com a Maite... Bem, eu esperava que desse. Levantei-me e respondi: “Concordo. Eu aceito o trabalho”.

As duas sorriam. Mas foi Joanna que falou: “Bem vinda ao grupo Perroni, pequena”. E me deu um abraço. Abracei a tia com carinho, com um sorriso estampado no rosto.

Maite se levantou. “Ah, eu também quero abraço...”.

Antes que eu pudesse falar, ela se aproximou rápido e me puxou para os seus braços. E mais uma vez fiquei sem graça, principalmente porque tive a impressão que ela cheirou o meu pescoço. “Seja bem vinda”. Ela murmurou contra meu ouvido.

Afastei-me sem jeito. “É... Quando começo?”.

“Amanhã. Como você é novata, não tem experiência e estar de férias, pode ficar uma semana em treinamento com a Angelita em tempo integral, para você pegar o macete. O que acha?”. Disse Joanna.

“Para mim. Está ótimo”.

“Ok. Bem, eu vou deixa-la sozinha com Maite para ela acertar a parte burocrática”.

Dei mais um beijo em Joanna e voltei-me para Maite que agora estava encostada na mesa, me olhando com bastante interesse. “Agora vamos para a parte interessante dos negócios...”.

Respirei fundo e voltei a me sentar, mas o mais longe o possível de Maite. É, talvez, eu esteja enganada... E trabalhar com Maite fosse algo bastante complicada...

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