Fanfic: Adorável Cinderela *AyA*Ponny* | Tema: Ponny,AyA

- Tinha... Ele já faleceu. E meu pai também. - comentou Alfonso, sem saber por que estava falando aquilo.

- Lamento por você. Sente muito a falta dele?

- Não nos falávamos há algum tempo. Tivemos uma briga feia por causa dos negócios. Meu pai achava que eu estava me tornando escravo do dinheiro e que isso ia acabar destruindo a minha vida.

- Mais uma pessoa com juízo na família. - brincou ela. - E você estava?

Ele não entendeu.

- Se tornando escravo do dinheiro...

- Do dinheiro, não. Do trabalho, talvez. Mas isso não arruinou a minha vida.

- Você é feliz, então? É casado?

- Sou eu acho... Feliz, quero dizer. E não sou casado. Você é?

- Tá brincando? Trabalhando deste jeito não tenho tempo pra casar!

- Somos iguais, pelo jeito. Ambos, escravos do trabalho e não temos tempo para outras coisas.

- Talvez, mas com motivações diferentes. Eu trabalho para pagar as contas. Você, pelo jeito, não tem esse problema.

Alfonso calou-se.

Não, não tinha esse problema, mas ainda assim se obrigava a trabalhar feito um louco.

Olhou a moça que manobrava o caminhão e sentiu muita admiração por ela. Batalhadora, correta, linda, levava uma vida dura dos diabos. E ainda assim tinha arrumado tempo para ajudá-los.

Claro que estava cobrando por isso, mas havia nela uma inocência e sinceridade que ele, há anos, não percebia em ninguém. Pensou nas mulheres que conhecia e nos homens com quem convivia.

Todos, invariavelmente, tinham o brilho da ambição no olhar. Anahí, não.

Era apenas alguém que lutava para viver.

Pensou em sua vida e se sentiu envergonhado. Para ela, os 200 dólares que ele estava pagando pelo transporte era muito dinheiro. Para ele, menos do que pagaria por um jantar.

De alguma maneira essa diferença o afetou.

- Se pudesse escolher outra vida, o que faria? - perguntou ele de repente.

A expressão da moça adquiriu um brilho que ele ainda não tinha visto:

- Iria para a universidade, claro! Sempre sonhei em me formar.

- E o que queria ser?

- Não sei... Quando criança, queria muito ser historiadora. Gosto de museus e coisas antigas. Agora, não sei mais.

Ele riu: Olhou-a e a imaginou dando aulas de história, usando roupas escuras e sérias e não achou que aquilo combinasse com ela.

- Vou deixar vocês na casa de Minerva e voltar pro trabalho. Se quiserem, apareçam mais tarde no bar. Loul vai tocar esta noite.

Ele sorriu. Seria ótimo ficar a sós com a velha senhora. Podia dar uma volta pelo lugar, conhecer melhor sua propriedade e tentar convencê-la a vender. E teria a chance de descobrir o que Scarllet estava fazendo em Little Spring, afinal.

- Você acha que a senhorita Willbert faria o almoço para nós? - perguntou Alfonso, sentindo o estômago roncar.

- Ela faz. Mina cozinha muito bem e gosta da casa cheia

Ele recostou-se no desconfortável banco revestido de plástico azul, cheio de buracos, e por alguns momentos sentiu algo que nem se lembrava mais que podia sentir: paz e leveza.

"Deve ser o ar do campo", pensou, enquanto olhava a paisagem em volta.