CAPITULO 26

POV Anahí

Acho que vou pirar com tanto documento nessa mesa. Céus. Era preciso revisar alguns projetos e os custos. Alfonso sempre fazia isso. Eu nunca precisei fazer, mas ele havia me ensinado há um tempo. Falava mentalmente comigo os reajustes que precisavam ser feitos no orçamento quando alguém arranhou a garganta na minha frente.

Ergui o olhar e levei um imenso susto. Meus olhos se arregalaram, e vi que ele não teve a mesma expressão. O que ele está fazendo aqui? O azul dos meus olhos se encontraram com o castanho dele. Poderia jurar que do meu saiam faíscas.

- Ora ora quem eu encontro aqui! – ele colocou as mãos no bolso das calças do paletó. – minha doce Anahí! – ele deu ênfase no minha. Pela cara que ele fez ao ver minha expressão entendeu que eu não gostei – Quando o senhor Hernandes me disse que teria que vir aqui, imaginei ser uma coroa que estaria ocupando o lugar do marido – ele riu e sentou-se numa das cadeiras a minha frente. Eu continuei o olhando incrédula – mas ele me advertiu que era uma jovem muito linda. Confesso que fiquei curioso, pois ele fez vários elogios. – disse me encarando.

- O senhor poderia me passar os papéis para que eu possa assinar, por favor? – falei indiferente. Levei uma das mãos em meus cabelos e enrolava as pontas neles. Perigo.

- Nervosa Anahí? – ele ergueu uma sobrancelha.

- Eu? Claro que não! – bufei.

- Então porque esta enrolando os dedos nos cabelos? – arregalei os olhos. Parei imediatamente. – seu silencio confirma – ele riu.  Rolei os olhos. Idiota.

- Eu posso assinar os papéis? Tenho muitas coisas pra fazer. – disse com ironia. Não queria que ele percebesse que eu estava incomodada com sua presença ali.

- Porque a pressa Any? – ele se esparramou na cadeira. Filho da puta. Quem ele pensa que é para vir com toda essa intimidade?

- Anahí pra você – fui irônica ao falar.

- Você não mudou nada – disse me analisando – continua a mesma de sempre. Linda, arisca e irônica. – piscou. Ele está me provocando.

- Está aqui para tratar de negócios Aaron, não para falar de assuntos do passado. – sorri ironicamente. – E quem gosta de passado é museu querido! - falei me recostando na cadeira, cruzando os braços.

- Mas eu fui um passado bem gostoso. – ele se levantou e eu apenas o observei - Você ficava louca quando eu te beijava no pescoço – o vi próximo a mim, atrás de minha cadeira prestes a afundar o rosto no meu pescoço.

Eu imediatamente me levantei, meio que cambaleando. Ele me segurou.

- Sai de perto de mim! – falei entre os dentes me soltando.

- Por quê? – perguntou desafiador, vindo em minha direção.

Dei alguns passos para trás e bati com as costas na parede. Fudeu. Ele se aproximou me prendendo na parede. Virei o rosto e ele segurou meu queixo fazendo com que eu o olhasse. Fitou minha boca e eu entendi o que ele queria. O vi fechar os olhos e eu cuspi na sua cara fazendo-o se afastar de mim. Voltei a sentar na minha cadeira.

- Os papéis senhor Diaz! – falei mirando a minha mesa. Ele jogou os papéis na minha mesa e eu os assinei. – agora saia – o encarei apontando para a porta.

Ele olhou e viu Maite. Voltou o olhar para mim, apoiando-se sobre a mesa.

- Se precisar de um consolo enquanto seu maridinho morre, me liga – piscou e largou um cartão em cima da minha mesa.

- SAI DAQUI AGORA! – gritei batendo na mesa de vidro.

- Eu vou adorar te ter em meus braços novamente! – continuou. Eu fechei os olhos. Quando voltei a abri-los vi que Jade parou na porta atrás de Maite.

- VAI EMBORA! – disse tentando conter o choro.

Ele não se moveu. Eu me levantei furiosa, peguei sua mala que estava na cadeira ao seu lado, fui até a porta e arremessei longe. Ele me olhava. Maite ria. Parei na porta com uma mão na cintura e outra apontando pra fora.

- ESTA ESPERANDO O QUE IMBECIL? – gritei, ele balançou a cabeça e veio em minha direção.

Parou na minha frente e aproximou-se. Eu ergui a mão que estava em minha cintura e acertei a sua face. Dei um sorriso irônico para ele. Percebi a expressão raivosa em seu rosto. Ele saiu e eu bati a porta com força. Sentei na cadeira e apoiei os cotovelos na mesa e minha cabeça nas mãos. Maite entrou e veio ate mim. Eu ergui o olhar, mirei aquele cartão. O rasguei em vários pedaços jogando no lixo. Ouvi Maite rir alto.

- Infeliz – praguejei – você viu? – pedi a ela segurando as lagrimas. Ela afirmou.

- Cretino! Adorei a cuspida – arregalei os olhos.

Ela viu. Maite começou a rir e eu a acompanhei. Peguei o telefone e logo Jade atendeu.

- Quando esse senhor voltar, diga que eu não estou. Mande-o falar com William. Se precisar assinar algo, traga a minha sala os papéis. Em hipótese alguma quero esse imbecil na minha sala. – ouvi ela confirmar e agradeci.

Maite me olhou.

- Se eu fosse você receberia, e seria totalmente fria com ele, assim como hoje – ela voltou a rir. Apenas balancei a cabeça. Não quero vê-lo.