Fanfics Brasil - 3ª FASE Capítulo 11: ÚLTIMO CAPÍTULO Dulce Problema X Christopher Solução - Adaptação

Fanfic: Dulce Problema X Christopher Solução - Adaptação | Tema: Vondy / Ponny / Meio chaverroni


Capítulo: 3ª FASE Capítulo 11: ÚLTIMO CAPÍTULO

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3ª FASE


Capítulo 11: ÚLTIMO CAPÍTULO


Dulce PDV


Pisquei os olhos, confusa, tentando descobrir de onde aquele homem havia saído. Ouvi os passos do Uckermann atrás de mim. Até que ele estacou ao meu lado. Jake me estendeu a mão cordialmente, oferecendo ajuda. Em um impulso, aceitei, ainda encarando-o.


– O-o que está fazendo aqui? – Estaria eu tão distraída com meus conflitos a ponto de não notar a chegada dele? – Olha, não é um bom momento para conversarmos. – Soltei-lhe a mão, recebendo um olhar indiferente.


– Não vim atrás de você. – Respondeu firme. – E sim, dele! – Apontou para meu namorado.


Fitei Christopher que sustentava uma expressão quase ilegível.


– Agora não, Jake! – Aquilo mais parecia uma ordem do que um pedido. Seu amigo se limitou a esboçar um sorriso desafiador.


– Calma, vim em paz. Quero discutir aquelas idéias sobre pegas nas proximidades de Dartmouth, Sabe como é, a polícia está começando a ficar no meu pé aqui na Europa. Ainda está procurando parceria?


Meio atônita, observei meu namorado bufar.


– Estou... mais não quero falar sobre isso agora.


Por um momento, esqueci toda a minha confusão e me concentrei na possibilidade de Christopher está se metendo em algo arriscado.


– Está linda, Dulce. – Black esbanjou sorrisos.


– Estou namorando! – Apontei pro Uckermann, em uma reação totalmente idiota e sem necessidade. Definitivamente, estava fora de mim.


– Sei... – Ele coçou o queixo e notei um rastro de rancor atravessar seu olhar negro. – Tipo, juntos de verdade? – Riu de uma piada que eu desconhecia. Então, encarou Christopher. – Mas você já não tinha uma namorada na faculdade? Não foi o que me disse quando nos reencontramos aqui em Verona?


De olhos arregalados e provavelmente pálida, dei um passo atrás, me distanciando do homem que eu julguei conhecer. Tentei raciocinar rápido, mas minha mente estava presa às palavras acusadoras de Black.


– Namorada? – Minha voz saiu em um sussurro.


– Opa... desculpa aí! – Zombou, irônico. – Er... é melhor eu ir, te ligo amanhã, cara, para combinarmos tudo. – Jake, percebendo que o tempo estava se fechando, saiu de mansinho, certamente, deliciando-se com minha cara de trouxa. No entanto, foi bom ele ter feito isso. Afinal, quem mais me contaria tal fato? Os Uckermanns idiotas?


Nem eu, nem Christopher nos despedimos dele. Nos limitamos a encarar um ao outro.


– Eu posso explicar. – Disse ele, dando um passo à frente.


Aquela frase foi o suficiente para eu entender que Black estava falando a verdade. Me afastei, sentindo um espasmo violento no peito.


– Você já tem uma namorada? NAMORADA? – Enfatizei. – E eu, o que sou? – Balancei a cabeça negativamente, esperando acordar a qualquer momento.


– Não é bem assim... eu... quero dizer... – Franziu o cenho, engolindo seco.


Perfeito, típica reação de quem tem culpa no cartório.


Não tinha que ficar ali ouvindo ele gaguejar. Nada que conseguisse dizer mudaria o fato de que me enganou todo esse tempo. Quem era Christopher Uckermann? Eu realmente o conhecia?


Fui obrigada a admitir a verdade, repleta de dor.


– Sou só o casinho de verão, não é?


Meus olhos fecharam-se e lá estava eu correndo novamente, fugindo novamente. Sentia o vento contra o meu rosto enquanto amaldiçoava a mim mesma por ter sido idiota e cega. Por que não quis enxergar o óbvio? Claro que ele tinha alguém nos EUA! Por que um cara como ele ficaria solteiro? Christopher, provavelmente, terminaria, seja lá o que tivesse comigo, e, no início das aulas, voltaria para sua “garota de faculdade”. No momento em que abri os olhos, notei já estar próxima à entrada da grande casa. Mais rápido do que eu imaginei ser possível, Christopher se pôs à minha frente, bloqueando a passagem.


– Precisamos conversar.


Não deu mais pra suportar, a raiva explodiu dentro de mim. Fechei o punho e, com toda a minha força, tentei socar o rosto do imbecil. Infelizmente, ele me deteve, aprisionando meu braço.


– Ótimo, me socar agora vai resolver tudo! – Reclamou, enquanto eu tentava puxar o braço de volta. Socar era pouco, queria matá-lo.


– ME SOLTA! – Gritei. Quando ele me largou, cambaleei para trás.


– Pode me ouvir? Por favor?


– Ouvir o que? – O choro ficou preso na garganta. – Uma desculpa qualquer? O que espera que eu diga? Que estou feliz por ter sido enganada? – Pressionei as pálpebras, sem querer encará-lo. – Quer saber? Acho que, no fundo, esperava algo assim, sabia que ia ser decepcionada. – Coloquei minha melhor máscara de indiferença. – Isso de namorar e se apaixonar é pra tolos. Pessoas carentes e dependentes demais pra viverem sozinhas. Não pra mim! Eu vou ficar... muito bem sozinha. É isso... é assim que vai ser. Que se fôda o resto. Me deixe em paz! – Meu corpo todo tremia.


No momento em que o Uckermann agarrou meus ombros com força, abri os olhos, assustada.


– Pára com isso! Quando Jake me perguntou no bar após o racha se eu não tinha alguém, mencionei o nome dessa garota. O que temos não é bem um namoro... apenas ficamos juntos com freqüência.


– Ela está à sua espera? – Murmurei, contendo-me.


– Sim. – Respondeu baixíssimo.


– Então me diz como isso não pode ser um namoro? Quem está querendo enganar? A mim ou a você? – Empurrei as mãos dele para longe de mim. Sentia minha cabeça girar como se estivesse no centro de um tornado. – Você é um estúpido, me arrependo muitíssimo de ter confiado em um... – O olhei dos pés à cabeça, com falso desprezo. – ...um Uckermann.


– Bem típico de você! – Riu, sem humor.


– Como?


– Está jogando toda a culpa pra cima de mim, porque é uma medrosa! – Sua expressão agora era acusatória. E o tom de sua voz estava altíssimo.


– Medrosa? – Cerrei o punho mais uma vez.


– Relacionamentos não dão certo sozinhos, Saviñón! Exigem cumplicidade e compreensão. Coisas que você já mostrou não conhecer, porque fica aí toda amarrada a esses seus problemas, vivendo de uma falsa rebeldia. A quem está tentando enganar? Todo mundo sabe que não passa de uma menininha mimada. – Gesticulou em minha direção, com desdém. Me preparei pra responder, mas não consegui. A voz ficou presa na garganta. – Caramba! E daí que eu te decepcionei? Me desculpe, não fiz de propósito. Isso não significa que vou ser um cretino sempre. E você consegue enxergar isso? Claro que não! Porque insiste em ficar focada no passado! – Christopher, outra vez, agarrou meus ombros com força, totalmente alterado. Agora, parecia já não se referir ao novo acontecimento, e sim, à minha iniciativa em fugir dele antes da chegada de Jacob. – ...Sua mãe morreu já faz bastante tempo, supere isso, ...aprenda a lidar com perdas, porque, de um jeito ou de outro, elas sempre existirão... Não complique, olhe pro seu futuro, poxa!


– Que futuro? – Indaguei com esforço.


– Eu... – Murmurou, soltando-me. – Não dificulte ainda mais! Seja uma adulta!


Coloquei o dedo rente a face dele, pronta pra lhe responder à altura, mas meus argumentos pareciam ter evaporado no ar. Lentamente, baixei a mão e só aí percebi que toda a família assistia nossa briga, perplexos, próximo à porta.


Envergonhada, baixei a cabeça e sussurrei, magoada, para o Uckermann.


– Não preciso das suas lições de moral. Não sabe como é ser eu, não me conhece!


Direcionei-me para dentro da casa com passos firmes, enquanto todos abriram caminho, lançando-me olhares curiosos e cheios de pena. Já não suportando a dor aguda no peito, corri para o quarto e lá me tranquei.


Christopher PDV


Victor me encarava friamente. Não sabia o quanto da discussão ele presenciara. Mas, pelo visto, fora suficiente para ele tirar suas conclusões nada favoráveis a meu respeito. A cobrança em seu olhar me lembrou de minha promessa. Fechei os olhos e suspirei, sentindo o peso das minhas palavras. Todo o meu discurso do dia anterior, pedindo permissão para namorar sua filha, foi em vão, diante da lastimável cena de incompatibilidade.


Sem falar nada, fui até a garagem, dei a partida em minha Suzuki e saí daquele lugar o mais rápido que pude. Enquanto dirigia pelas ruas de Verona, o rosto da pirralha seguia-me como um fantasma, como o meu objeto de afeto e desejo. Tudo o que queria era que, no dia seguinte, Dulce e eu, pudéssemos voltar ao que éramos antes, mas, após tantas alfinetadas e palavras duras, duvidava que isso acontecesse facilmente.


Avril Lavigne - Nobody's home


Dulce PDV


Já passavam das 10h da manhã. Fiquei sentada ao pé da cama, olhando para o rádio-relógio, toda a madrugada. A aflição me corroía por dentro. Por várias horas, não soube o que fazer, mas, conforme o dia ia chegando, minha mente começava a trabalhar, fazendo-me refletir sobre os acontecimentos. Por que não podíamos ficar juntos sem maiores complicações? Por que o verão tinha que acabar?


Caminhei até o espelho e desarrumei o cabelo. Ainda estava com o vestido azul que Maite me dera e o colar de minha mãe pendurado no pescoço. Pra ser sincera, eu não reconhecia a pessoa refletida ali. Não sabia quem eu era. Seria a garota que o Uckermann descrevera ou a casca grossa que não ligava pra sua má reputação? Talvez fossem as duas, ou nenhuma.


Não queria me separar de Christopher, necessitava do seu cheiro, do seu abraço. A atitude dele no meu aniversário me machucou muitíssimo, porém, ficar longe dele, machucava muito mais. Fui até a porta e abri, disposta a conversar. Eu não era boa em me expressar, mas a ponta de esperança dentro de mim, me motivou a tentar. Quem sabe, tudo não se resolveria como em nossas outras brigas? Eu podia dizer que era o frango dele, ele riria e seria um grande passo para a reconciliação. No corredor, avistei Anahí saindo do quarto de Poncho. Ela estava com olheiras tão tenebrosas quanto as minhas.


– Ei, Fofolete! Christopher desceu pro café? – Indaguei, me aproximando.


– Bati na sua porta várias vezes ontem. Por que não abriu?


– Estava querendo ficar só. – Respondi, sem lhe dar detalhes. – Então, cadê o babaca?


– Dulce, é melhor ir falar com seu pai primeiro. – Anahí estava estranha, parecia nervosa.


– O que aconteceu?


– Vamos lá pra baixo, vamos comer alguma coisa. – Tentou me puxar pelo braço, mas me desvencilhei.


– Fala! O que aconteceu? – Minha respiração ficou suspensa, sentia que algo havia acontecido. – FALA, PELO AMOR DE DEUS!


– Christopher foi embora.


– Não. – Tentei rir, sem crer, me direcionando ao quarto dele.


Ouvi Anahí gritar o nome do meu pai. Ignorei, adentrando o quarto do meu namorado, com as mãos geladas.


A cama estava arrumada e todos os objetos pessoais dele que costumava ver ali, haviam sumido. Corri para o closet e me deparei com ele vazio. Haviam apenas cabides jogados e caixas vazias.


– ANAHÍ! – Gritei e logo ela já estava ali, com Victor.


– Dulce, acalme-se. – Pediu meu pai, me vendo tremer.


– O que aconteceu?


– Christopher achou melhor partir alguns dias antes de nós, voltou pra casa. Ale foi junto, mas logo ela nos encontrará em Forks. – Ele puxou do bolso um pedaço de papel e o estendeu para mim.


Minha mão quase não conseguiu agarrar o bilhete. O abri e li.


“Nós desafiamos o destino e não conseguimos vencê-lo.


Lamento. Você sabe aquilo que eu não consigo escrever e que você não suportaria ler.


Felicidades...


CHRISTOPHER.”


A folha deslizou de minhas mãos e caiu no chão. Meu Uckermann havia me deixado. Era o fim.


Victor e Anahí tentaram se aproximar. Com a palma da mão erguida, os impedi, querendo um pouco de espaço. Meu estômago embrulhou e só tinha vontade de gritar.


– Não acredito... – Murmurei.


Olhei à minha volta, sentindo minhas forças me abandonarem covardemente. Caí de joelhos no chão, com o rosto úmido. Com a ponta dos dedos, toquei minhas bochechas e lá estavam elas. As lágrimas que, por tanto tempo se recusaram a jorrar, agora molhavam-me a face. Eu estava chorando.


Os soluços eram tão altos que não se podia ouvir nada além deles naquele quarto. Era a primeira vez que isso acontecia desde a morte da minha mãe. Coloquei as duas mãos no peito, sentindo a dor terrível e dilacerante da angústia. Victor baixou-se para ficar junto à mim, mas, querendo poupá-lo daquilo, me arrastei debilmente até um canto de parede, numa tentativa frustrada de esconder minha dor. Por mais que eu quisesse chorar baixinho, não conseguia. Com as mãos cobrindo a face, gemi, por Christopher e pela perda tão difícil de aceitar. De repente, já estava chorando por vários acontecimentos que me causaram sofrimento. Algo rompeu dentro de mim, como um ciclo que chega ao fim. Sentia-me como a menina de anos atrás, com sentimentos fluindo livremente. Braços conhecidos envolveram-me. Sabia que era meu pai, e seu carinho apenas intensificou a crise de choro. Por mais que ele quisesse me consolar, nada no mundo poderia. Pois nada, nem ninguém havia me preparado para aquele momento. Me apeguei a ele, agarrando a camisa alinhada e molhando-a com minhas lágrimas.


Avril Lavigne - Nobody's Home (tradução)


Ninguém Em Casa


Eu não saberia te dizer


Porque ela se sentia daquele jeito


Ela se sentia assim todos os dias


E eu não pude ajudá-la


Pois só a via cometer os mesmos erros novamente


O que está errado, o que está errado agora?


Problemas demais, demais


Não se sabe onde é o lugar dela, onde é o lugar dela


Ela quer ir pra casa


Mas ninguém está em casa


É onde ela fica


Despedaçada por dentro


Sem lugar pra onde ir


nenhum lugar para ir


Despedaçada por dentro


Abra seus olhos


E olhe lá fora


Descubra o motivo pelo qual,


Você foi rejeitada


E agora você não pode encontrar


O que deixou pra trás


Seja forte, seja forte agora


Problemas demais, demais


Não se sabe onde é o lugar dela


Onde é o lugar dela


Ela quer ir pra casa


Mas não tem ninguém lá


É onde ela fica,


Despedaçada por dentro


Sem lugar pra onde ir,


nenhum lugar para ir


Despedaçada por dentro


Seus sentimentos ela esconde


Seus sonhos não consegue achar


Ela está perdendo a cabeça


Ela está andando pra trás


Ela não consegue achar seu lugar


Ela está perdendo a fé


Ela está caindo em desgraça


Ela está completamente perdida (yeah! )


Ela quer ir pra casa


Mas ninguém está em casa


É onde ela fica,


Despedaçada por dentro


Sem lugar pra onde ir,


sem lugar pra ir


Despedaçada por dentro


Ela está perdida por dentro, perdida por dentro


Ela está perdida por dentro, perdida por dentro


(Tradução Site Terra)


Christopher PDV


Hoobastank - The Reason


Não conseguia ficar sentado na poltrona do avião. Sentia-me sufocado. Olhei para o lado e notei que minha mãe havia adormecido. Sutilmente, levantei-me e fui até o banheiro. Lá, me tranquei. Abri a torneira e lavei, rapidamente, o rosto tenso. Encostei-me na parede, onde bati a cabeça com força, fitando o teto.


Ainda não acreditava que eu havia deixado a pirralha. Fechei os olhos e pude visualizá-la perfeitamente. A garota problemática e absurda que eu amava. Pressionei as pálpebras e uma lágrima desceu pelo meu rosto. Estava pra invadir a cabine do piloto e obrigá-lo a voltar pra Itália. Para não fazer isso, me forcei a lembrar dos motivos pelos quais eu havia deixado ela.


### FLASHBACK ###


Rodei quase toda Verona em minha moto. Quando voltei pra casa, já passavam das 2h. Me sentia bem melhor, o vento no rosto e a velocidade me ajudaram a raciocinar. Tudo o que eu queria naquele momento, era invadir o quarto do meu frango pela janela e beijá-la até que nossas bocas ficassem dormentes. Tinha a esperança de que, na cama, abandonássemos as implicâncias e acusações. Estava louco para lhe confessar o quanto era importante e única para mim. Lucy ou qualquer outra mulher de Dartmouth, não era, sequer, empecilho para nós.


Ao adentrar a garagem pra guardar a Suzuki, dei de cara com minha mãe, sentada no capô do carro de Victor.


– Está tudo bem? – Perguntei, curioso.


– Eu é que pergunto.


Estacionei o veículo, e me encostei no carro, ficando ao seu lado. Pensei em mantê-la longe dos meus problemas, porém, Ale me conhecia bem demais. Um simples “está tudo bem” não lhe satisfaria.


– Eu não sei... – Confessei. – Dulce e eu estamos sempre brigando. Não sei onde isso vai parar.


– Mas eu sei. Irão discutir e se reconciliar várias e várias vezes até que, um dia, um de vocês ou ambos irão desistir. Não tem amor que resista a tanto conflito. Já vi isso acontecer antes. – Ale pôs a mão no meu ombro.


Suspirei alto.


– Algum conselho? – Ri, tentando parecer mais bem humorado.


– Ela já disse que te ama?


– Não... acho que não somos esse tipo de casal. – Cruzei os braços, cerrando os lábios. Eu não tinha muita certeza de que tipo éramos.


– Então, precisa deixá-la, filho.


– O que? – A encarei, confuso.


– Me escuta... – Ale desceu do carro e ficou à minha frente. – Há um jeito de resolver todos os problemas de vocês, só que o preço é bastante alto e arriscado.


– Do que está falando?


– Sou uma ótima observadora, sabe disso. Já percebi, faz tempo, que Dulce é muitíssimo apaixonada por você, ela não consegue disfarçar, apesar de parecer lutar contra. Ouvi o que disse durante a discussão com ela, concordo totalmente. A menina está travada, por causa dos traumas e medos. Ela precisa quebrar essas correntes que a envolvem ou nunca conseguirá ser feliz. Isabella precisa se confrontar e decidir o que é mais importante, a redoma que criou em volta de si ou os sentimentos por você. Pensa comigo, e se a garota tivesse que lutar por algo que é realmente importante? Focada em um único e árduo objetivo, acabaria por considerar banais todas as outras coisas, como meu noivado com Victor e a rebeldia desnecessária. – Minha mãe lançou um olhar cúmplice. – Nós sabemos que tudo o que é conquistado com dificuldade é mais valorizado.


– Mas pelo que, exatamente, ela lutaria?


– Por vocês. – Respondeu, segura.


– Isso é loucura. – Balancei a cabeça, achando meio estranho.


– Talvez não tanta. Se a deixar, Dulce sofrerá a princípio, mas ela te ama, é determinada, não irá desistir facilmente. Quando precisar te reconquistar, vai aprender a priorizar as coisas certas. Depois de tudo que fizer pra, finalmente, te ter de volta, estará amadurecida o suficiente para valorizar o namoro. As dificuldades que enfrentarem dali em diante vão parecer insignificantes, pois, saberão que o mais importante é estarem juntos.


– Eu não sei. – Passei as mãos pelo cabelo.


– Christopher, você pode arriscar tudo nesse plano ou esperar que seu namoro definhe lentamente. Considere uma estranha terapia. – Ale sempre lia livros a respeito. Não me admirava esse tipo de opinião.


Até parecia um bom plano, pois, assim, estaria cumprindo minha palavra diante de Victor e apostando minhas fichas no amadurecimento do meu frango. Porém, temia que a pirralha não gostasse de mim tanto assim para fazer todas as coisas descritas por minha mãe.


– Mas e se ela não quiser lutar por nós? – Questionei.


– Ela vai, Dulce, e, se não, é porque não te ama.


Esse era justamente o meu medo.


– Digamos que eu fizesse isso. Quando saberia o momento de parar de resistir à ela?


– Dulce tem dificuldades em verbalizar qualquer sentimento de afeto. Se ela conseguir dizer que te ama... – Ale me abraçou. – ...Essa história terá um final feliz!


Suspirei, dividido.


– Você sabia que estávamos juntos antes de todos os outros, não é? – Sorri.


– Claro, dá pra notar como se gostam. É como se existisse um imã atraindo um para o outro. Confesso que eu não fazia idéia das tatuagens. – Riu. – Querido, se decidir seguir meu conselho, o apoiarei, pois sei que será algo extremamente difícil pra você.


– Preciso pensar. – Olhei em direção ao jardim.


Em poucos dias, as férias teriam um fim. Já não podia fingir que nosso namoro não andava sobre a corda bamba. Talvez fosse chegado o momento de arriscar tudo.


##‪#‎FIM‬ FLASHBACK ###


Hoobastank - The Reason (tradução)


A Razão


Eu não sou uma pessoa perfeita


Há muitas coisas que eu gostaria de não ter feito


Mas eu continuo aprendendo


Eu não pretendia fazer aquelas coisas com você


E então eu tenho que dizer antes de ir


Que eu apenas quero que você saiba


Eu encontrei uma razão para mim


Para mudar quem eu costumava ser


Uma razão para começar de novo


E a razão é você...


Eu sinto muito ter te magoado


É algo que eu devo conviver todos os dias


E toda a dor que eu te fiz passar


Eu gostaria de poder retirá-la completamente


E ser aquele que apanha todas as suas lágrimas


É por isso que eu preciso que você escute


Eu encontrei uma razão para mim


Para mudar quem eu costumava ser


Uma razão para começar de novo


E a razão é você...


E a razão é você...


E a razão é você...


E a razão é você...


Eu não sou uma pessoa perfeita


Eu nunca quis fazer aquelas coisas para você


E então eu tenho que dizer antes de ir


Que eu apenas quero que você saiba


Eu encontrei uma razão para mim


Para mudar quem eu costumava ser


Uma razão para começar de novo


E a razão é você...


Eu encontrei uma razão para mostrar


Um lado meu que você não conhecia


Uma razão para tudo que eu faço


E a razão é você


(Tradução Site Terra)


Anahí PDV


Após vermos, tristemente, Dulce se desmanchar em lágrimas, Victor a levou de volta para seu quarto, garantindo-lhe que no dia seguinte, assim que possível, partiríamos de volta aos EUA.


Fui em direção à sala onde Poncho, Maite e Christian esperavam-me.


– Então? Como ela está? – Perguntou May, demonstrando interesse.


– Mal... não sei como isso vai se resolver. – Respondi, caminhando até meu loirinho e segurando-lhe a mão.


Após assistir o que aconteceu com minha prima, de certa forma, me senti grata por Ponchito bebê e eu ainda estarmos juntos, mesmo com nossos problemas. Se o mesmo tivesse acontecido comigo, talvez não suportasse. Queria fazer algo para confortar Dulce, mas, infelizmente, não sabia o que. Droga! Sou inútil!


Meu amor me lançou um olhar cúmplice, apoiando-me. Sorri fracamente, aceitando a oferta.


De repente, um grito familiar assustou a todos.


– MUNDO CRUEL, VIDA CRUEL... HOMENS CRUÉIS! – Era o Marius que acabara de chegar, se arrastando pelo chão, todo dramático.


Christian PDV


Parecia que o viado escolhia as piores horas pra aparecer! O meu susto foi grande ao ver aquela coisa esguia se esticando no chão, parecendo uma sucuri, e gritando sem parar. Como todo mundo tava pasmo, eu resolvi quebrar o silêncio:


– Quê que foi isso, desgraça? Ô, pelo menos, avisa quando resolver assombrar! Que saco!


– MATEM-ME, MATEM-ME! – Implorou ele, abrindo os braços e chacoalhando as canelas secas.


– SÓ SE FOR AGORA! – Eu ouvi direito? Notícia boa assim, a gente geralmente só acredita quando tira a prova. Então, não perdi tempo e peguei logo um vaso de flores, que tinha uns dez quilos só de porcelana, pra arrebentar a cabeça da bicha.


– Não! – Me impediu o voador, de olhos arregalados.


– O que aconteceu, Marius? – Indagou Maite-Bandida.


– EU FUI ENGANADA! CRUELMENTE ENGANADA! – Choramingou, rolando no chão. – MEU CHOCOLATINHO ME ROUBOU TUDO!


– O que? – Disseram os panacas em côro. Eu ignorei e me joguei no sofá, já que nada de ruim estava acontecendo mesmo.


– Conta isso direito. – A bandida tava toda interessada.


– Tá bom... – A criatura fez biquinho, sentando-se. – O chocolatinho soube que, rica é minha vozinha e não, eu. Eu tinha apenas uma polpuda economia no banco e jóias. O nego roubou tudo! Tudo!


Gargalhei alto.


– Como pôde deixar ele administrar sua conta? – Disse Anahí, incrédula.


– Raxas, acho que ele se aproveitou da minha inocência. – O sem pregas enrolou um cachinho de cabelo no dedo, tímido.


– Como você foi burro! – Meu mano não conseguiu segurar a língua e eu caí na risada. – Fica quieto, Christian, você não é mais inteligente! – Fechei a cara.


– E agora? ...Quero dizer... não tem mais nada? – Maite se aproximou da vítima do michê.


Ele colocou as mãos no rosto e murmurou.


– Eu sou uÓ, estou pobre, não tenho nem um Euro pra pagar o táxi... – Ergueu a cabeça, com olhar pidão, pras meninas. – ...que, aliás, está esperando lá fora.


Não dá vontade de mandar um desses ir tomar naquele lugar? Se bem que, se fizesse isso, era capaz de ele gostar!


A anãzinha, cheia de pena, correu para fora da casa pra pagar o táxi da desgraça.


Por que ele não veio a pé? O maldito já estava dando prejuízo.


– Por que não vai passar a lábia na sua vozinha morta-viva? Ela não é montada na grana? – Perguntei.


– Gente, a velha me detesta, não me daria um centavo. Nem sequer colocou meu nome no testamento. E sou o único parente vivo.


– Aquela lá deve detestar o mundo inteiro. – Murmurou pelo canto da boca, Poncho.


– EU NÃO SEI O QUE EU VOU FAZER! – Lá se foi ele berrar novamente. – COMO VOU VIVER SEM GLAMOUR, ROUPAS DE GRIFE E JÓIAS? – Fiz careta pra tamanha frescura. – SER POBRE É O FIM, É O uÓ! NÃO QUERO SER MUNDIÇA!


– Calma... – Anahí, que acabara de voltar, o puxou pela mão, levantando-o do chão. – Tudo irá se resolver. Só tem que trabalhar.


– O QUE? – Arregalou os olhos e, em seguida, se jogou no piso novamente. – ME MATEM! ME MATEM, NÃO HÁ ESPERANÇA, MINHA VIDA CHEGOU AO FIM!


– Isso mesmo, Marius, precisa viver por conta própria, agora. – O voador incentivou.


– VOCÊ ME OUVIU GRITAR ME MATEM? – Ergueu uma sobrancelha, zangado. – Além disso... eu não sei fazer nada. Ao menos, nada que seja tipicamente ralé pra ser considerado um atributo de trabalhador. – Fez cara de nojo no final da frase.


– O seu negão não deixou pistas? Talvez, você consiga recuperar sua grana e nos deixe em paz. – Questionei, só pra ele parar de gritar.


– À essa altura, ele deve estar tomando tequila no México! – Disse a biba, aborrecida.


– Sério, Marius! Não tem nada que você saiba fazer? Realmente, vai precisar trabalhar ou acabará como traveco de esquina. – Maite insistiu.


Ri só de imaginar a bichona rodando bolsinha.


– Vire essa boca pra lá, sebosa, nesse corpinho divino, ralé nenhuma põe a mão. – Defendeu-se. – Mas... eu entendo de moda... – Pareceu refletir, se é que isso é possível. – Será que um estilista famoso me daria um emprego? Adoro aqueles modelos da Calvin Klein... HU! ... OHOHOHOHOHOH.


– Menos, Marius... menos! – Anãzinha cortou as asas da mariposa do inferno, deixando-o novamente deprimido.


– Anahí, você não vai cursar estilismo e moda em Darmontt? - Interronpeu poncho. – Será que você não conhece ninguém lá que consiga um emprego pra esse doido aí?


A namorada estranha do meu irmão remexeu a boca, olhando pro teto. Então...


– JÁ SEI! – Berrou e eu sobressaltei.


– Tenho planos de criar uma grife. Pode me ajudar, Marius, você tem muita influência aqui na Europa, conhece os gays mais chiques. Toda grife que se preze tem que ter um gay fashion como estilista.


Um brilho bizarro atravessou o rosto dele.


– Espera, eu é que tive a idéia de abrir uma boutique primeiro. Tenho esse projeto, faz tempo. – A bandida ficou chateada.


– Não se preocupe, prima, não vou roubar sua clientela. – Anahí provocou, sorridente.


– E com que dinheiro tu vai abrir essa negócio gay aí, maluca? – Perguntei na lata.


– Ah... é... – Azedei a anã.


– Maite tem o dinheiro, certo? Victor não te dá de tudo? – Poncho indagou.


– Sim. – Respondeu ela, cheia de si.


– Por que não juntam as idéias da Anahí com a verba da Mai e a influência e experiência do Marius? – Arregalei os olhos pro voador.


QUE IDÉIA IMBECIL!


– Eu tenho muita e-x-p-e-r-i-ê-n-c-i-a... HU! ... OHOHOHOHOHO! – Tudo ele tinha que levar pro lado da sacanagem!


As três estranhas encararam-se, pensando no assunto. E, para minha surpresa, abraçaram-se, gritando feito gatos no cio. Fiquei puto com isso!


– VAI DAR CERTO, VAI DAR CERTO! – Berrou Anahí, entusiasmada.


– NÃO VOU TER QUE RODAR BOLSINHA! – A bicha alegrou-se.


– Onde vamos abrir a boutique? Los Angeles? – Disse Mai.


– Não! – Anahí fez carinha do gato de botas do Shreek. Pequena, mas letal. – Tem que ser em Hanover, é lá que vou estudar.


Então, os olhares voltaram-se para mim.


– Que foi? – Ergui uma sobrancelha.


– Como é Hanover? – A baixinha chata falou.


– O MÁXIMO! – Afirmei. Porém, Poncho me olhou como se eu estivesse passando uma informação errada. Que se dane! Tô nem aí pra isso.


Dulce PDV


Assim como prometido por Victor, partimos de volta para os EUA, o mais cedo possível. Me encolhi em uma poltrona afastada dos demais, olhando através da janela do avião. Silenciosamente, me despedi da Itália. Passei a amar e, ao mesmo tempo, odiar aquela terra. Quando a aeronave levantou vôo, senti um aperto forte no coração, era como se estivesse deixando uma parte da Dulce ali. Os raios solares iluminavam meu rosto e, mesmo sem sentir o seu calor, fiquei um pouco mais confortada. Cheguei naquele país, forte e determinada e agora, o estava deixando, totalmente despedaçada. Quanta ironia! Pedi, mentalmente, a Deus, que me ajudasse, pois era difícil até mesmo respirar. Verona, abaixo de mim, se tornava pequena e as poucas nuvens me lembravam Forks, em seus dias mais chuvosos. Me esforcei ao máximo para não chorar, não queria ficar exibindo minhas fraquezas. Já estava cheia dos olhares de pena, vindos de Anahí e meu pai. Se eles me perguntassem como eu estava me sentindo mais uma vez, com certeza, daria um jeito de saltar daquele avião. Porém, eu sabia que, por mais que mentisse e escondesse a dor da angústia, eles podiam perceber a verdade, através dos meus olhos, mãos trêmulas e da quantidade de calmantes que tomei para tentar relaxar.


Não tinha a menor noção do que faria quando chegasse em Forks. Tudo o que eu queria era ir para casa, abrir a porta do quarto e me jogar, ali mesmo, no chão, sozinha, até que minhas lembranças da Itália se dissipassem, a tal ponto de serem confundidas com um sonho.


Durante as várias horas de vôo, não comi, não bebi. Apenas, me limitei a segurar o choro. Algumas lágrimas escorreram em minha face e foram prontamente enxugadas. Por mais que eu tentasse fugir das lembranças, elas me cercavam covardemente. Revivi, mentalmente, vários momentos com Christopher. Alguns bons outros, nem tanto. E, quando isso se tornava insuportável, afundava o rosto no travesseiro.


Após uma longa e torturante viagem, chegamos à fria e nebulosa Forks. Arrastei a mala até meu quarto, alegando que estava perfeitamente bem. Meu pai não pareceu acreditar. Mesmo assim, me deu espaço.


Quando entrei no quarto, tudo estava exatamente igual. Os móveis e meus objetos pessoais, intocados. Tranquei a porta atrás de mim, então, fiquei parada no meio do cômodo, esperando voltar a me sentir a mesma Dulce que saíra dali, cheia de planos para destruir o noivado de Victor. Infelizmente, a desejada sensação não veio à tona. Eu não era a mesma pessoa e, foi nesse momento, que percebi: minha vida nunca mais seria a mesma. As coisas que passei na Europa foram intensas e significantes. Seriam lembradas para sempre.


Exausta, sentei-me no chão. Tirei do bolso do casaco, meu celular, na esperança de ver alguma mensagem do Uckermann. Nada havia. Não adiantava tentar ligar para ele. O número parecia não existir. E mesmo que eu conseguisse, não saberia o que lhe dizer. As emoções dentro de mim não conseguiam moldar-se em palavras. E, se tentasse, provavelmente, seriam frases humilhantes, pedindo para que voltasse a gostar de mim. O medo de uma nova rejeição me impediu de fazer qualquer tentativa.


Do outro bolso do casaco, puxei o colar de minha mãe. Acariciei o pingente rapidamente, sabendo que ainda não era digna de usá-lo. Não daquele jeito em que me encontrava, fraca e covarde. O coloquei em cima da cama, torcendo para que, um dia, voltasse a usá-lo. Talvez, quando eu fosse uma pessoa da qual Reneé se orgulharia.


Sentindo-me adoentada, deitei-me lentamente no chão, esperando que meu corpo cedesse ao efeito do cansaço. Fechei os olhos, esforçando-me para respirar.


3 SEMANAS DEPOIS...


Desci as escadas em direção à sala, segurando minha agenda vermelha, minha única companheira durante o tempo que passo enclausurada em casa. Ali, estavam as diversas composições que fiz, no auge de minhas noites melancólicas.


Ouvi vozes vindas da sala que, geralmente, era extremamente silenciosa. Rapidamente, me escondi embaixo da escada, um local com pouca iluminação, mas com uma boa vista para a sala.


Reconheci, de imediato, a voz de Ale. Ela deveria ter acabado de chegar. Não tive notícias suas por muito tempo. Ela e meu pai estavam sentados no sofá, de costas para mim.


– Como Maite e Anahí estão se adaptando a Hanover? – Perguntou Carlisle.


– Estão muito bem. Anahí não encontrou dificuldade nenhuma em cancelar sua inscrição em Yale e se matricular em Dartmouth. Está animadíssima em fazer parte da equipe de estilistas de Marius. – Ela riu ao pronunciar o nome do pavão.


– Acha que esse projeto da grife dará certo? – Meu pai não escondeu o tom de desconfiança.


– Olha, no início, achei tudo meio bagunçado. Os três não paravam de discutir, cada um queria seguir uma linha diferente, mas parece que, agora, chegaram a um consenso. Estão reformando um local para a inauguração da boutique.


Boutique? Grife? Nossa! Como eu estava desinformada!


– E os rapazes? – Victor disse, interessado. Dei um passo à frente, a fim de ouvir melhor.


– Voltaram às suas rotinas. Afinal, eles não são mais calouros, né, meu amor? Poncho, como eu lhe falei outro dia no telefone, conseguiu entrar em contato com o proprietário do apartamento que fica de frente pro deles. O local estava meio abandonado. Fizeram uma pequena reforma e agora, as meninas e Marius já estão acomodados. Gostei de lá, é bem aconchegante. E fica bem próximo ao campus.


Estava meio chocada. Me distanciei tanto das pessoas nas últimas semanas, até mesmo de Anahí, que as palavras ditas pela mosca morta pareciam até surreais. Eu deveria ter conversado mais com a Fofolete, achei que as ligações telefônicas dela eram apenas pra ficar tentando me consolar. Por isso, raramente as atendia. Me fechei em meu sofrimento, esquecendo-me de todos, exceto de Christopher. Até a pronúncia mental desse nome, machucava. Me obriguei a voltar a atenção para a conversa na sala.


– Christian está lidando bem com o fato de ser vizinho do Marius? – Meu pai riu.


– Não! – Ale gargalhou. – Estão iguaizinhos como eram na Itália.


Tapei a boca rápido, prendendo a risada. A bichona deveria estar tocando o terror na pequena Hanover.


– E Christopher? – Falou Victor, receoso.


Imediatamente, meu súbito bom humor sumiu.


– Bem... daquele jeito que te falei no outro dia... – A voz dela tinha uma certa tristeza. – Queria poder fazer mais... porém, me sinto de mãos atadas.


Engoli seco, frustrada pela falta de detalhes.


– Eu sei, meu amor. – Meu pai beijou-lhe a testa. – Tudo se resolverá, vai ver. Visitaremos eles com freqüência assim que Dulce melhorar. Agora, precisa descansar da viagem.


Percebendo que a conversa não se estenderia, sutilmente, voltei ao meu quarto com a ponta dos pés.


A noite não demorou a chegar e, era durante ela, que caminhava pela casa vazia, mergulhada em pensamentos e melodias fracas soando em minha mente. Canções à espera de letras. Fui até a cozinha, de pijama. Acendi as luzes e me direcionei à geladeira. Tirei de lá uma travessa com um resto de torta de chocolate. Era uma das poucas coisas que eu comia. Fiquei triste por só haver um pedaço. Depositei a travessa na mesa e fui até o armário, buscar um garfo.


Demorei um pouco, absorvida pelas lembranças, enquanto analisava o reflexo nebuloso do talher. Ao me virar, sobressaltei diante da presença imperceptível de Ale.


– Desculpe. – Falou ela, percebendo que havia me assustado.


Enruguei a testa, ao vê-la com meu pedaço de torta nas mãos.


– Isso é meu!


– Você não o quer o suficiente. – Sorriu sarcástica, pegando uma lasca da torta com o dedo e depois, colocando na boca.


– Devolve! – Ordenei, estendendo a mão.


– Você o quer tanto assim? Lutaria por ele?


Fiz careta, confusa. Aquela mulher queria ser estapeada por causa de uma torta?


– Pode ter certeza que sim! – Respondi, segura.


Não gostei da risadinha que ela soltou.


– E pensar que cheguei a ter medo de você... – Deu de ombros, fitando a travessa.


– Do que está falando?


– Antes, você era determinada, cheia de fibra. Fazia o que queria sem se importar com as conseqüências. Mas, agora... – Analisou-me.


Pensei em ficar ali e discutir, só que não tinha ânimo nem pra isso. Caminhei para fora da cozinha.


– Ainda bem que o namoro de vocês não deu certo.


Virei-me, lentamente, em direção à voz provocativa. A raiva começou a brotar. Sem conseguir conter a curiosidade, indaguei:


– Está feliz com isso, não é?


– Lógico que sim. Não quero que meu filho fique com alguém que não o ame.


Rapidamente, me aproximei, indignada.


– Não conhece meus sentimentos. Não sabe nada a meu respeito! Como ousa...


– Então, o que está fazendo ainda aqui, Dulce? – Interrompeu, com voz levemente alterada.


– Caso não saiba, ele que me deixou! – Carrancuda, a encarei, sem conseguir disfarçar a mágoa.


– Bem... até onde sei, quem desistiu foi você. Não lembra-se? Eu estava lá, na noite em que discutiram, te ouvi dizer: Eu vou ficar muito bem sozinha. É isso, é assim que vai ser. Que se fôda o resto. Me deixe em paz!


Lembrei-me das palavras ditas no momento da ira e, agora, conseguia perceber o quanto elas foram duras e desnecessárias.


– Mas... – Confusa demais, me esforcei a raciocinar. – ...Mas ele me deixou um bilhete. – Murmurei.


– Victor e eu vimos o bilhete. Ali era só uma despedida. Repito, foi você que o afastou, ele apenas acatou seu pedido. – Ale franziu os lábios, parecendo lastimar.


Coloquei a mão na testa, aturdida. Era isso? Meu Uckermann achava que eu o queria longe?


– Uma coisa te posso garantir, ele ainda está magoado com você. Pois se esforçou para convencer Victor a permitir o namoro e... O que você fez pra ajudar? Nada! Pelo contrário, mostrou a todos que não estavam preparados para a relação.


– Ele tem uma namorada! – Acusei, sem muitos argumentos.


– Não seja tola! Estive lá todo esse tempo e não vi namorada alguma. Christopher só estuda e sai, às vezes, com Jake.


Jake? Estranhei. Preferi não pensar nele, afinal, minha cabeça já estava suficientemente cheia. Sentei-me na ponta da mesa.


– Acha que, se eu ligar para o Christopher, talvez ele... ? – A frase saiu sem querer.


– Não vai adiantar, como eu falei, existe a mágoa. Vocês dois são bastante orgulhosos. – A mosca morta me olhou intensamente nos olhos. – Escuta, Dulce, vai deixá-lo ficar com a razão? Vai deixar todos acharem que é fraca e medrosa? Olha pra você, aqui, escondendo-se. – Tentei responder, porém, não sabia como. – Pare de sentir pena de si mesma e lute, guerreie por sua felicidade!


– Como? – Pisquei os olhos, tentando assimilar. – Pelo que disse, ele não vai querer me ver! – Já havia me arrependido antes da maldita discussão, mas não tanto quanto naquele momento.


– Aí é que está! Concentre-se, arme-se de força de vontade, vá lá e pegue o que é seu! Oh Dulce! Há esperança, eu sinto! – Ale falava com um entusiasmo contagiante. – Quando decidiu infernizar meu noivado com seu pai, eu desisti? Lógico que não! Continuei lutando e lutarei o quanto for necessário. É assim que tem que ser. É a sua vida, é a sua felicidade. Precisa agarrar com unhas e dentes, pois ninguém irá te dar de bandeja. – Ela pegou minha mão e virou a palma para cima. – Está aqui em suas mãos, é você quem decide se vai continuar sua vida lamentando os erros que cometeu, ou se vai lá provar pra ele que não é a garotinha mimada e imatura que ele pensa. Não rasteje atrás dele, não peça perdão, e sim, o faça te querer loucamente, o deslumbre com sua determinação e vontade de acertar. Assim, Christopher perceberá imediatamente que caiu em si. – O discurso da mosca morta entrava em meu peito como se fossem raios de sol rompendo a escuridão. Sim, eu conseguia visualizar tais ações e agradava-me muito. Podia sentir a adrenalina correndo por minhas veias.


– Sabe de uma coisa... – Sorri, rendendo-me. – Você tem razão, não vou deixá-lo ficar com a última palavra. Eu posso ser melhor do que ele imagina. – Me pus de pé. – Não vou permitir que ele saia tão facilmente da minha vida, esperei tempo demais pra encontrar alguém como Christopher. – Cerrei o punho, vendo os olhos de Ale brilharem. – Vou ser tão maravilhosa, que ofuscarei o brilho de qualquer outra garota de Hanover. – Prometi a mim mesma em voz alta.


– É assim que se fala! – Ela abriu um largo sorriso.


– Preciso da sua ajuda. – Pedi, sem pensar duas vezes.


– Estou aqui pra isso! – Bateu continência, totalmente brincalhona. Eu nunca havia reparado esse aspecto nela.


– Me prometa que ele não saberá dessa conversa que tivemos.


– Juro, não contarei absolutamente nada. – Havia mais sinceridade em seu olhar do que eu imaginava.


– Tem outra coisa... – Fiz uma pequena pausa. – Quero que me conte umas coisas. – Fiquei chocada comigo mesma. Mas, deixei aquilo passar, afinal, era por uma boa causa.


– O que quiser. – Respondeu, animada.


– Tenho que saber mais sobre o Christopher, não o conheço tanto quanto imaginava. Quero saber da infância, as coisas que odeia, medos, preferências... enfim... tudo que puder me ajudar na minha caçada.


– Caçada? – Ela ergueu as sobrancelhas.


– Força de expressão... quero dizer que vou atraí-lo sutilmente para mim e, quando ele perceber, já não terá mais volta. – Sorri, presunçosa.


– Gostei da idéia. – Ale riu. – Ok, vamos sentar, te contarei tudo que quiser saber.


Sentei-me, animada com o meu novo objetivo. Quando a mosca morta colocou a travessa no meio da mesa, com o garfo, peguei um pedaço da torta e o pus na boca. Em seguida, larguei o talher próximo a Ale para que ela pudesse desfrutar do mesmo. Eu estava absorvida pelas explicações dela sobre a personalidade do UCKERZINHU.


Então algo me ocorreu.


– Espera, por que está me ajudando? Qual seu interesse? – Franzi o cenho. – O que quer em troca?


– Calma... – Ela ergueu as mãos, rendendo-se. – Quero apenas uma coisa.


– Já sei... – Virei o rosto, meio chateada. – Quer que eu pare de me impor contra seu noivado. – Murmurei, sem vontade.


– Não! – Balançou a cabeça como se aquilo fosse absurdo. Então, voltou a sorrir. – Quero que prove para Christopher que ele está errado a seu respeito. Ele se acha muito dono da verdade, não sabe como isso, às vezes, é irritante, mesmo quando tem razão.


Não agüentei e gargalhei, sendo seguida pela mosca morta.


– UCKERZINHU é muito metido mesmo. – Concordei.


– Sempre foi. – Afirmou, revirando os olhos.


Novamente, rimos juntas.


Bon Jovi - Lost Highway


Ficamos na cozinha conversando por horas. Ale contou coisas das quais eu não fazia idéia e até me deu o endereço de seus filhos, na nova cidade. Guardei o máximo de informação possível.


Quando terminei a conversa, fui até meu quarto e vasculhei minha escrivaninha, em busca das cartas de aceitação das universidades. Tinha me inscrito em várias, inclusive Dartmouth, porém, não me matriculei em nenhuma. Desejava cursar música, só que, antes, almejava viajar por vários países com grande influência musical, para me aperfeiçoar, aprender. Mas meus planos haviam mudado e, agora, Dartmouth me parecia o melhor lugar para estudar música.


Peguei minha mochila velha e, lá, coloquei alguns objetos pessoais e roupas. Não pretendia levar muita coisa, pois a maioria das minhas roupas já tinham me cansado.


Fui até o closet de Maite, o maior da casa. Aquele lugar mais parecia uma loja abarrotada de roupas. Mesmo que ela quisesse levá-las para seu novo endereço, certamente, não teria onde guardá-las. A maioria das peças não me agradava. Felizmente, achei uma bela jaqueta de couro preta e botas da mesma cor, cano longo, que combinavam perfeitamente. Corri para o banheiro da sebosa (agora, a chamava assim por puro hábito). Lá, troquei de roupa. Coloquei calça jeans, regata branca e as peças roubadas do closet de minha irmã. No banheiro, achei um conjunto de maquiagem largado. Ria sozinha, enquanto abusava do lápis de olho preto, rímel e um brilho labial tão suave que confundia-se com a cor natural de meus lábios. Confesso que adorei o efeito. Fiquei realmente bonita. Joguei a maquiagem dentro da mochila e encarei o espelho.


O dia estava quase nascendo quando deixei uma carta para meu pai em cima da escrivaninha de seu escritório, garantindo-lhe que estava bem, que, assim que chegasse em Hanover, o telefonaria, e, lógico, pedindo que enviasse um cheque para a reitoria de Dartmouth. Desejava me despedir adequadamente, mas teria que abrir mão daquilo, pois, se Victor soubesse que eu estava prestes a viajar sozinha de moto, certamente enlouqueceria.


Empurrei minha Ducati desligada até fora da propriedade, na tentativa de sair sorrateiramente. Já na rua, ajustei outra vez a mochila, presa na parte traseira da moto. Com o case da guitarra nas costas, subi na Ducati e dei a partida.


Seriam horas na estrada até meu destino, Hanover, New Hampshire. Eu não me importava, estava louca para pegar a auto-estrada, acelerar na potência máxima minha coleguinha, sentir a velocidade e a liberdade.


Em pouco tempo, já estava fora dos limites de Forks. O vento passando pelo capacete negro, a estrada me convidando para uma aventura solitária... sim, eu estava adorando pegar as rédeas da minha vida! Agora, tinha 18 anos, universitária e ninguém ia me deter!


Christopher Uckermann me deu aulas de como conquistar Jake, alegando que ambos tinham preferências similares. Nada poderia ser mais perfeito. O feitiço iria se virar contra o feiticeiro! Pois, eu iria usar tudo que ele me ensinou e muito mais! Afinal, no amor e na guerra vale tudo, não é?


Christopher PDV


– Me solta, já falei que não vou! – Esbravejei para Christian e Poncho, que me puxavam pelos braços para fora de nosso prédio, tarde da noite.


– Cabeçudo, só uma cerveja. Deixa de ser bichinha. – Disse o bisonho.


– É, cara, a gente não te agüenta mais. Você nunca esteve tão chato! – Não culpava Jazz por aquilo. Eu estava realmente chato.


Tentei, por semanas, disfarçar minha tristeza, passando horas na biblioteca e correndo, imprudentemente, nos rachas organizados por mim e Jake. Cada dia que passava longe da pirralha, mais sentia-me deprimido e solitário. Nunca havia me sentido daquela forma antes, já estava quase perdendo as esperanças de tê-la de volta. Infelizmente, o plano de minha mãe dava sinais de falha. Apostei todas as minhas fichas e perdi. Conforme os dias iam passando, duas teorias dominavam meus pensamentos. A primeira era que Dulce não me amava e a segunda era que amava, porém, seu orgulho e teimosia eram maiores. De qualquer forma, as duas deixavam-me distante dela.


– Por favor... – Me desvencilhei deles, já na calçada, louco pra voltar para o apartamento. – Não estou a fim de ir pro bar agora.


Meus irmãos sabiam a causa do meu desânimo, eles até sabiam sobre o plano de Ale, mas ninguém ousava tocar no assunto. Os fiz jurar que não contariam a ninguém, pois me sentia um idiota sempre que lembrava de ter topado aquela loucura. Às vezes, tinha vontade de procurar meu frango, mas sabia que ela estava me odiando.


– Podemos ir pro clube de stripper agora? – Meu mano mais velho falou, e eu já estava cheio daquela maldita pergunta, pois tinha que ouvi-la todos os dias. Ignorei, revirando os olhos.


Ouvi o ronco de um motor atrás de mim, a luz dos faróis iluminou os rostos dos meus irmãos. Não dei importância. Se fosse Jake, lhe diria que, hoje eu não estava a fim de correr.


– Christopher... – Murmurou Poncho, parecendo ver um fantasma.


– O que?


– SAMARA! – Gritou Christian, surpreso, apontando.


Virei-me rapidamente e dei de cara com Dulce em sua Ducati, com o capacete nas mãos. Engoli seco e pisquei os olhos só pra ter certeza de que não estava tendo uma alucinação. Ela sorriu e percebi que era real. A felicidade e confusão deviam estar estampados em meu semblante.


A pirralha desceu da moto, pegou uma mochila e, com a guitarra nas costas, passou por nós, dando uma piscadela. Eu não era o único com cara de bobo, meus manos também estavam embasbacados. Meu frango estava ainda mais linda do que da última vez que a vi. Existia um brilho diferente nela que eu não conseguia saber o que era.


De fora do prédio, conseguimos vê-la pegar o elevador e, logo que sumiu de vista, encarei, atônito, os caras. O bisonhento riu alto e disse:


– É HORA DA...


– DANÇA DA VITÓRIA! – Completei feliz.


Nós fizemos nossa típica e boba dancinha, ali na calçada! Até o voador entrou no embalo!


(Continua...)


***


FIM DA TERCEIRA FASE







Tuts Tuts Tuts Ate a terça gatas comentem 


 



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Autor(a): Anna Uckermann

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4ª FASE Capítulo 1: ESCONDE-ESCONDE Dulce PDV Assim que as portas do elevador se fecharam, comecei a gargalhar, contente. Meu coração tripudiou dentro do peito. Rever o rosto do Christopher foi revigorante. Sentia imensa saudade, mas não pretendia deixar isso transparecer. Com o endereço de Anahí e Maite nas mãos, and ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 247



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  • loucas Postado em 14/12/2016 - 23:05:23

    Essa fanfic é perfeita demais pra ficar abandonada então por favor postaaaa mais

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 11:13:34

    posta por favor

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:37:22

    posta amore

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:37:10

    ENTÃO VE SE POSTA LOGOOOOOOOOOOOOO

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:36:56

    chantagem? BEM DOIDA, não seria capaz ^_^ MENTIRA! SIM! É UMA CHANTAGEM!

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:36:08

    se postar de novo deixo você com 280 coments ^_^

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:35:41

    comentei bastante linda agr pode postar hehuheuheuheuheuehuehe

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:35:14

    possta

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:35:05

    postta

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:34:56

    postaa


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