Fanfics Brasil - 4ª FASE Capítulo 2: YAMAHA x SUZUKI Dulce Problema X Christopher Solução - Adaptação

Fanfic: Dulce Problema X Christopher Solução - Adaptação | Tema: Vondy / Ponny / Meio chaverroni


Capítulo: 4ª FASE Capítulo 2: YAMAHA x SUZUKI

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4ª FASE


Capítulo 2: YAMAHA x SUZUKI


Dulce PDV


Andei em volta da mesinha de centro branca, na tentativa de fazer meu estômago vazio parar de embrulhar. E se eu não ganhasse a corrida? E se fosse lá apenas pagar um mico gigantesco, o qual o zombador UCKERZINHU não me deixaria esquecer nunca? Pior! E se eu perdesse toda a grana e ficasse no zero? Fitei os pedaços do cartão de crédito no chão e o arrependimento veio com tudo.


NÃO! Esse não era o momento para ser covarde. Eu havia decidido que seguiria com meu plano original até o fim. Com as mãos suadas, avistei um bilhete largado na mesinha. Em cima dele, havia um chaveiro com o nome Poncho, cravado em uma placa de metal. Sem precisar mover o chaveiro, li o bilhete.


[ Any, amor, seus livros estão no meu quarto. Te ligo no meu intervalo. Beijos. Poncho.]


Quase dei um pulo vendo a sorte me sorrir. Os Uckermanns tinham ido para Dartmouth e o apartamento estava livre para ser espionado. Com as chaves de Poncho, planejei sondar o terreno da presa e sair de lá sem ser notada. Antes de pôr o plano em prática, vasculhei minha bolsa até achar o frasco de perfume.


Pouquíssimo tempo depois, já estava dentro do apartamento dos rapazes. Sorri ao perceber que não era nada do que eu imaginava que fosse. Sofás de couro preto na sala, causando um contraste interessante com as paredes brancas, janelas grandes de vidro e o pequeno bar no canto direito me chamou a atenção. Sem dúvida, eles deviam fazer suas festinhas com as vaquinhas universitárias ali. Não querendo perder tempo, corri pelos cômodos, querendo terminar logo o trabalho. Cozinha, área de serviço, banheiro... a estrutura simples parecia com a do nosso apartamento, apenas a decoração diferenciava-se, sem toque feminino e meio bagunçado. O suposto maconheiro devia lutar arduamente para tentar deixar aquilo sempre limpo. Com Christian e um porco morando ali, me admirei em não ver um chiqueiro e muita lama.


Finalmente, fui para o corredor e as três portas dos quartos estavam diante de mim. Resolvi tentar uma por uma. O primeiro quarto era tão limpo e branco que, na hora, constatei ser do maníaco por limpeza. Depois, segui para a segunda porta. Tomei um grande susto quando o Toicinho saiu de lá correndo. Passou por mim feito uma bala em direção à cozinha. Ouvi o barulho de panelas caindo no chão e ri baixinho disso. A terceira porta só podia ser o quarto de Christopher. Devagar, girei a maçaneta. O local estava mal iluminado e silencioso. Logo de cara, reparei no corpo deitado sobre a cama, coberto por um edredom azul. Congelei. O cara não deveria estar em Dartmouth? Por que o Uckermann ainda estava dormindo?


Cansei das perguntas e, mesmo sendo arriscado, me aproximei. Ele dormia profundamente, ressonando tranqüilo. No criado mudo, havia muitas latas de cerveja vazias e o celular estava próximo ao seu rosto, em cima do travesseiro.


Estaria esperando o telefonema de alguma garota? A tal ficante, talvez? O ciúme me fez estender a mão para pegar o aparelho. Infelizmente, Christopher moveu-se gemendo. Dei um passo atrás, tensa. Era hora de correr? Paralisada, continuei ali, incapaz de raciocinar. Após alguns segundos, me afastei, percebendo o tamanho de minha insensatez. Estava pondo em risco meu plano de reconquistá-lo, invadindo seu quarto. Do que adiantaria ele saber que eu ainda era absolutamente louca por ele? A dúvida que ele tinha sobre meus sentimentos era minha melhor arma, pois o atiçaria e não me faria parecer desesperada.


Dei um tapa em minha testa, obrigando-me a focar o objetivo. Com o frasco de perfume nas mãos, borrifei, cuidadosamente, pelo ambiente. Aquela era uma idéia estranha, mas, de certa forma, bem eficaz. Queria fazê– lo sentir meu cheiro no ambiente, produzindo um falso delírio. Christopher se perguntaria o porquê de estar sentindo meu cheiro, minha marca e, se tivesse sucesso, ele passaria o resto do dia pensando em mim, involuntariamente, incapaz de se desligar totalmente da fragrância. Sem falar que era um repelente feminino, se ele ousasse levar alguma garota para aquele quarto, certamente, meu cheiro o incomodaria. Perversa? Não... determinada!


Ri da minha própria loucura.


Borrifei mais um pouco de perfume perto da cama e o Uckermann gemeu outra vez, totalmente alheio à minha presença. Ele estaria sonhando com o que? Dei uma última analisada no quarto. Aquele local sim, era como eu imaginava. Muitos CDs, livros, escrivaninha cheia de projetos e alguns objetos que eu já vira em Verona. Sai sorrateira, antes que ele ameaçasse acordar.


Assim que cheguei ao apartamento da Barbie, pus de volta a chave de Poncho perto do bilhete destinado à Any.


Bastou eu olhar pro meu capacete em cima do sofá pequeno para o nervosismo voltar a me perturbar. Precisava de um plano “B” caso perdesse minha grana no racha.


Tomei banho e troquei de roupa, estudando as escassas possibilidades. Por fim, cheguei à conclusão de que era hora de arrumar um emprego. Lembrei-me de ter visto um jornal ao pé da porta quando fui atormentar meu namorado. Então, fui buscá-lo. Era um jornal local com matérias chatas e pacatas. Folheei as páginas até chegar à sessão de anúncios. Continuava a me sentir com sorte. Havia ali, três ofertas de emprego. Alguma coisa tinha que me servir. Fui para a cozinha comer algo, antes de sair.


Estaquei na entrada do cômodo. Meus olhos arregalaram–se e minha boca se abriu, diante da esquisitice. Todas as portas e gavetas do armário estavam abertas. Um súbito calafrio percorreu minha espinha.


– Dulce!


Sobressaltei assustada, incapaz de gritar. O medo foi substituído pelo alívio, assim que percebi que a voz era de Any, que acabara de chegar, acompanhada por May e Marius.


– O que foi? Por que está tão pálida? – Questionou a sebosa.


– Algum de vocês fez isso? – Apontei para o armário.


– Não! – Responderam os três ao mesmo tempo.


– Não foi você? – A fofolete enrugou a testa.


– Não! – Afirmei.


Pela reação deles, pude notar que pensaram a mesma coisa que eu. Porém, só a bichona teve coragem de verbalizar.


– Foi um fantasma! Eu vi isso acontecer no filme o sexto sentido! – Ele tremia, com os olhos saltando para fora.


– AAAAAAAAHHHHHHHH! – Gritou minha prima. Rapidamente, tapei-lhe a boca.


– Não tem fantasma, sua idiota! – Sussurrei, já não conseguindo acreditar nas minhas próprias palavras. – Deve ter uma explicação lógica para isso.


Ela murmurou algo contra minha mão, o que fiz questão de ignorar.


– Alguém tem que ir lá fechar as portas e gavetas. – May mostrou-se temerosa.


– Vai você, Marius! – Pedi.


– BEM DOIDA! – O covarde saiu correndo. E nós o seguimos.


– Gente, calma. Deve ter sido só um vento. – Falei quando chegamos à sala.


– Um vento do além. – O viado plantou a histeria. – EU QUERO VOLTAR PRA ITÁLIA! – Berrou. – Odeio tudo aqui! Odeio! – Bateu o pé no chão. – Até os fantasmas de Hanover são uÓ!


– O que é isso? – Indaguei, apontando para as sacolas nas mãos dos babacas.


– Ah... – Any sorriu, esquecendo-se do acontecimento sinistro.


– São nossas primeiras peças, as costureiras terminaram hoje. Quer dar uma olhada?


Fiz careta, sem interesse. Mesmo assim, eles já estavam desempacotando tudo.


– Olha esse! – Minha irmã jogou uma roupa qualquer pra cima de mim.


– Não, não! Tem que ver esse vestido! – Anahí quase esfregou a peça no meu rosto, mal consegui ver.


E foi nesse momento que Marius empurrou as duas, jogou tudo que eu tava segurando pro lado e disse, orgulhoso:


– Eu que desenhei o modelito, é o último grito da moda!


Fiz cara de nojo para a horrível saia, feita com penas de pavão.


– Com certeza, o último grito DE AGONIA da moda antes de morrer! – Minhas palavras pareceram ofendê-lo.


(Com essa eu morri kkkkkkkkkkk niih morri kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk )


– Você não entende nada de alto costura, sua Draga! – Arrebitou o nariz, ajeitando os cachinhos de seu cabelo engraçado.


– Por que você não prova? Queremos ver como essas roupas vão ficar em alguém de carne e osso. – Fofolete pediu, animada.


– Mais osso que carne. – Murmurou Marius, pelo canto da boca, afastando-se.


– BEM DOIDA! – Esbravejei sem querer. Os olhos, já grandes da bichona, arregalaram-se em choque.


– Eu é que falo assim! – Reclamou ele. – Plágio é uÓ,aff!


Minha nossa! Alguém me costure a boca se eu falar “BEM DOIDA” novamente!


Peguei o capacete da minha moto, coloquei o jornal embaixo do braço e me preparei pra ir atrás da droga do emprego.


– Aonde vai? – Minha prima intrometida perguntou.


– Procurar emprego! – Disse-lhes, enquanto brincava com a chave da Ducati.


As gargalhadas ecoaram pela sala. Marius abanou-se com uma revista, passando mal.


– Sério! O que vai fazer, raxa? – O pavão enxugou uma lágrima no canto do olho, ainda rindo.


– Já disse, vou procurar emprego. – Dessa vez, falei pausadamente.


O local ficou ridiculamente silencioso. Até que Marius bateu três vezes na madeira da mesinha.


– Não fale isso aqui dentro de casa, dá azar! – Murmurou pasmo.


– Por favor, Dulce, vai trabalhar em que? – May desacreditou sarcástica. – Luta livre?


– Talvez no circo de horrores. – O viado estava querendo apanhar.


Respondi da forma que eles mereciam, mostrei o dedo do meio. Em seguida, saí, batendo a porta.


Christian PDV


Estava saindo do campo de futebol, quando avistei meu irmão cabeçudo correndo em minha direção. Despedi-me do time e fui em direção ao maluco.


– O que foi? Está com dor de barriga? – Perguntei alto.


Christopher parou, colocou as mãos nos joelhos e me fitou suplicante.


– Cadê... o...Poncho? – Quase colocou os bofes pra fora.


– Eu sei lá! Nasci grudado nele? Então... tem banheiro lá naquele prédio. – Apontei. O Zé Ruela ficou constrangido quando umas garotas que passavam riram dele.


– Cala a boca, bisonhento! Preciso achar o Poncho, estou tendo uma crise violenta de SAD.


– Comeu frango? – Revirei os olhos. – Cheirou uma galinha?


O babaca fez cara de incrédulo. O que eu tinha falado de errado?


– Cara, é sério! Acho que estou delirando. Juro que posso sentir o cheiro da Dulce. Até mesmo em minhas roupas. É verdade, cheira aqui! – Pediu, todo viado, aproximando-se.


Uns colegas do time, que me observavam de longe, riram.


– Christopher, se você me pedir para eu te cheirar mais uma vez, vou te dar uma sabugada! – Murmurei pelo canto da boca, disfarçando. – Tá aprendendo a ser gay com aquele sem prega, é?


– Droga, Christian! Não estou brincando, estou tendo alucinações! – Rosnou, sentando-se num banco. – Olha aquilo. Acho até que estou vendo um pôster com a foto do seu porco naquele poste! Além de sentir coisas estranhas, agora também estou vendo? – Apontou.


– Eu inscrevi o Toicinho para a eleição da nova mascote de Dartmouth. VAI, TOICINHO, VAI! – Gritei, erguendo o punho. O cabeçudo ergueu as sobrancelhas, abriu a boca para falar, mas, logo em seguida, desistiu. – O que? – Não entendi a reação dele.


– Tem certeza que não viu o Poncho por aí? O celular dele está sempre ocupado.


– Eu tenho uma solução para o seu problema. – Coloquei uma mão no ombro do pobre viciado. – Vai para casa, já te encontro lá.


– Tem certeza? – Questionou, cheirando a camisa.


– Absoluta! – Sorri.


Christopher PDV


Estalando os dedos compulsivamente, permaneci sentado na sala. Evitei, a todo o custo, meu quarto, pois era lá onde se concentrava o agradável cheiro de Dulce. Por um segundo, tentei raciocinar de forma lógica, mas não achei nenhuma explicação plausível para explicar o acontecido. Provavelmente, o voador estava certo, eu tinha o tal SAD, e a chegada de Dulce devia ter desencadeado as alucinações.


– Cara! –Christian empurrou a porta da frente e colocou a cabeça para dentro. – Tenho uma surpresa para você.


Levantei-me e dei um passo atrás. Da última vez que ele falou aquilo, havia trazido um porco para nossas vidas.


– Eu não sei se quero ver. – Ergui uma mão, temeroso.


– Vai me agradecer quando ver, é exatamente o que precisa. – Sorriu largo, exibindo os grandes dentes.


– Não quero ver... – Virei o rosto.


– Tcharãm! Sua nova Samara! – Berrou ele.


Não resisti e olhei. Me arrependi de imediato. Juro que meu queixo caiu de espanto quando o vi, segurando uma boneca inflável de cabelos escuros.


– QUE MERDA É ESSA?! – Gesticulei, embasbacado.


Ele ficou atrás da boneca bizarra, mexendo os braços dela como se a própria estivesse viva e, o pior não era nem isso e, sim, a imitação patética da voz do meu frango.


– UCKERZINHU, me dá um beijinho... vem, vamos pimbar!


Minha paciência estava esgotando. Ele correu, ainda usando o maldito brinquedo sexual como fantoche e fez a mão de plástico roçar em meu rosto.


– O que eu vou fazer com essa porcaria?! – Falei, irritado.


– Mano, isso tudo é falta de sexo, então... quer eu explique ou faça um desenho?


– Oh, meu Deus! – Surpresos, viramos os rostos em direção à voz. Any, que estava na porta, passou por nós, fazendo careta.


– Não quero atrapalhar a festinha, só vim pegar umas cervejas emprestado. – Foi pra cozinha. Empurrei o bisonho e sua boneca para longe.


– Any, não estamos nos...


– Prefiro não saber. – Ela me interrompeu, voltando da cozinha com as mãos cheias. – Aconteceu algo de diferente aqui no apartamento de vocês? – Perguntou baixinho.


Devia lhe dizer que estava ficando maluco?


– Não! – Menti.


– No nosso, aconteceu algo bizarro. Um fantasma manifestou-se e bagunçou nossa cozinha, igualzinho ao filme o sexto sentido. Estou morrendo de medo. – Ela parecia assustada.


– Fantasma? – Christian ficou branco. Então, me encarou. – Posso dormir com você essa noite? Mamãe não está aqui! – Agarrou-se à boneca feia.


Bufei.


– Não deve ter sido um fantasma. Quem sabe, um rato? – Tentei acalmá-la.


– Um rato não abriria porta e gavetas. – Respondeu, estremecendo. Any parou, analisou a boneca e, então, disse. – Engraçado, parece um pouco com a Dul.


Meu mano burro abriu um sorriso grande para mim, achando-se um gênio.


Dulce PDV


– DROGA! – Xinguei, empurrando, com força, minha moto rua acima, com a roupa toda molhada por causa da garôa.


Estava andando há mais de uma hora, tentando chegar em casa.


A porcaria da bateria da Ducati tinha ido pro espaço. Me arrependi profundamente de não ter feito uma revisão quando cheguei na cidade. A longa viagem de Foks até Hanover, certamente tinha provocado o defeito. Tentei ligar para o único mecânico da cidade, mas sua esposa me informou que ele estava em Manchester. Nenhum dos caipiras inúteis me ajudou, deviam achar que eu era algum tipo de arruaceira da cidade grande e me ignoraram. MALDITOS! Típico, as pessoas me julgavam pela aparência. Confesso que minha expressão assassina não colaborou.


Quando estacionei a moto na calçada do meu novo lar, achei que desmaiaria ali mesmo. O pior é que nem sequer tinha conseguido chegar ao restaurante, nos limites da cidade, para me oferecer à vaga de emprego disponível.


Entrei no prédio me arrastando. Quando parei em frente ao elevador, o berro saiu involuntariamente.


– PORRA!


Só podia ser brincadeira. Ali havia uma placa de alerta escrito: fora de uso.


Olhei para os lados, na esperança de alguém surgir e me socorrer, pois teria uma síncope a qualquer momento.


Desisti de ficar ali parada e fui encarar os quatro andares de escadas.


Cinco minutos depois, eu já não conseguia subir mais nenhum degrau. Toda a minha energia tinha sido consumida pela caminhada, empurrando a pesada Ducati.


Desabei nos degraus para descansar.


O universo estava contra mim? Que puta falta de sorte era aquela? Como eu ia correr à noite sem moto?


Puxei o celular do bolso e liguei para o Jake. Ele, dessa vez, não demorou a atender.


[– Fala,Dul! – Disse ele, risonho.


– Estou ferrada! – Murmurei e Black gargalhou.


– Qual o problema?


– Minha moto quer me matar de raiva. Não vai dar para correr hoje!


– Vai desistir?


Por que aquilo estava sendo tão divertido para ele?


– A menos que uma boa moto surja, milagrosamente, em frente ao meu prédio, vou. – Respondi, ofegante.


– Posso providenciar isso! Não vou correr hoje, pode usar minha Yamaha. – Fez uma longa pausa.


Vibrei silenciosamente. Estava de volta ao jogo!


– Obrigada, Jake!


– Te pego aí as 22:30h.


– Valeu!


– Valeu? – Gargalhou. – Você vai ficar me devendo uma. – Ele desligou.]


Onde eu estava me metendo?


Encostei a cabeça na parede, exausta. Fechei os olhos por alguns segundos, só para recuperar as forças. Ia precisar muito delas em algumas horas.


Christopher PDV


Saí de casa com a cabeça cheia, precisava passar no dormitório onde morava um colega e tentar saber o conteúdo das aulas que perdi durante o dia. Aborreci-me quando li o aviso: “fora de uso” no único elevador. Frustrado e sem alternativas, me direcionei às escadas.


Enquanto descia os dois primeiros andares, tentei me concentrar em saber o porquê de Christian ser tão... Christian. Ri sozinho, imaginando se algum dia iria descobrir. E foi ali, entre o terceiro e segundo andar, que estaquei, confuso. Pisquei os olhos fortemente, só para ter certeza de que estava realmente vendo Dulce, largada nos degraus.


Caraca! Agora, eu pirei de vez! Espere... mas acho que, dessa vez, é real! O que ela fazia ali?


Ao me aproximar, notei que estava dormindo. Abaixei-me, curioso e passei a mão rente ao seu rosto, só para checar se ela estava consciente.


– Dul... acorda.


 


A garota nem se mexeu. Suspirei, tentando imaginar o que tinha lhe acontecido. As roupas estavam úmidas e, seu semblante, apesar de sereno, denunciava certa exaustão.


Nick Lachey - Whats Left Of Me


Cuidadosamente, a tomei nos braços. Saviñón aninhou-se em meu peito como uma criança sonolenta. Subi os degraus lentamente, tentando não acordá-la.


Ao chegar no corredor, parei e troquei olhares entre o apartamento dela e o meu. O correto seria colocá-la no sofá das garotas, mas, fiquei com pena do meu frango. Cansada do jeito que ela aparentava estar, seria uma tortura dormir no pequeno sofá. Evitei pensar nas conseqüências e entrei em casa, com a intenção de levar Dulce para o meu quarto.


Passei pela porta e a empurrei com o pé, para que fechasse. O estalo não acordou Dul, que dormia feito uma pedra. A depositei suavemente em minha cama. Ela rolou, deitando-se de lada. Larguei as coisas dela em cima da cadeira da escrivaninha.


Suspirei alto, cruzando os braços, enquanto fitava a dorminhoca. O que eu deveria fazer? E se ela acordasse e me enchesse de perguntas? Eu conseguiria fingir que a tinha levado até ali por solidariedade? Nós mal havíamos nos falado desde que chegou. Forcei-me a questionar todas essas coisas, só para me distrair da alegria de tê-la diante dos meus olhos.


Lentamente, fui até ela e tirei seus sapatos, deixando-os cair ao pé da cama. A pirralha ainda usava a pulseira com pingente de frango no tornozelo. Toquei o presente que lhe dei no dia dos namorados. Senti uma saudade dolorosa daquele dia. Outra vez, suas roupas úmidas e amarrotadas me chamaram a atenção. Deveria despi-la? Cocei a cabeça, na dúvida.


– Dulce... – Sussurrei. – Tudo bem se eu tirar a suas roupas molhadas? – Ela continuou em silêncio, ressonando. – Vou considerar isso um sim. – Balancei a cabeça negativamente, não crendo no tamanho da minha ousadia.


Passei, cuidadosamente, o braço por suas costas, fazendo-a sentar, enquanto eu lutava para lhe arrancar a camiseta branca. Saviñón balbuciou palavras que não entendi e pendeu sobre o colchão, sem abrir os olhos. A primeira etapa foi concluída, faltava a calça. Abri o zíper e o botão, em seguida, puxei com força a peça até que, inconscientemente, ela me ajudou a livrar-me do jeans.


Passei as mãos pelo corpo dela para checar se as peças íntimas também estavam molhadas. Para o bem do meu juízo, não estavam. Não consegui tirar meus olhos de Bella, e, realmente, tentei. A visão daquela mulher era o suficiente para aquecer o meu corpo e intensificar a saudade de seu toque, de sua pele, seus beijos...


Fechei os olhos, com força, para que a voizinha dentro da minha cabeça parasse de me chamar de tarado.


Sentei-me junto dela e fiquei analisando-a. Cada traço de sua face era exatamente como eu me lembrava. A tonalidade do seu cabelo, a cor dos lábios, as partes lindas de seu corpo. Nada fisicamente nela tinha mudado desde a última vez que a vi. Porém, no momento em que coloquei meus olhos nela, quando chegou em Hanover, notei algo diferente, uma mudança além da minha compreensão, além do que os olhos podiam ver. Sempre ficava me perguntando o que lhe teria acontecido desde que fui embora de Verona. Teria ela sofrido tanto quanto eu? Mais? Eu não sabia, a culpa me atingiu cruelmente. Balancei a cabeça para dissipar os pensamentos. Eu tinha feito a escolha arriscada, era necessário conviver com isso. O importante era que ela estava ali, perto de mim, me dando esperança de que a idéia incomum de Ale tivesse o resultado desejado.


– Dulce, está tudo bem? – Não resisti à pergunta. Toquei-lhe o rosto.


Em um ímpeto, deitei-me na cama, de lado, a centímetros dela. Se Dulce acordasse naquele momento, levaria um grande susto. Prendi a risada. Encarei meu frango tão quieta e calma, inconsciente. O som de sua respiração era quase inaudível. Totalmente hipnotizado, fui incapaz de impedir que meu rosto eliminasse os poucos centímetros de distância entre nossos rostos.


Imprudente, fechei os olhos e, então, meus lábios tocaram os dela suavemente. Não me movi, apenas desfrutei da sensação dos lábios quentes contra os meus. Uma onda de emoções chocou-se contra mim. Lampejos de lembranças da nossa primeira vez passaram pela minha mente, me submergindo em um passado recente e inesquecível. Nossos corpos unidos, conectados, a profundeza dos olhares, o prazer...


DROGA,CHRISTOPHER!


Minha consciência me alertou, me fazendo recuperar a sanidade. Afastei-me tão rápido que acabei por cair da cama. Me levantei o mais rápido que pude, torcendo para que a pirralha não tivesse acordado com o barulho. Para o meu alívio, ela apenas agarrou um travesseiro e continuou a dormir.


Nervoso, passei as mãos pelo cabelo. Em seguida, saí do quarto rapidamente, antes que colocasse novamente tudo a perder. Eu havia ido longe demais com meu plano, retroceder depois de tanto sacrifício seria o pior erro da minha vida. Resistir era necessário, ir até o fim, era preciso. Tudo ou nada. Obriguei-me a recordar o discurso de minha mãe, como incentivo para continuar com a “estranha terapia”.


Dulce PDV


Abri os olhos lentamente, sonolenta e me espreguicei. Estranhei o ambiente, onde estava? Rolei na cama. Só aí a ficha caiu. Sentei-me tão rápido que minha cabeça girou.


MERDA! O que eu estava fazendo no quarto do Christopher?


Olhei à minha volta, em pânico. Nem sinal dele. O rádio relógio, no criado mudo, me fez saltar, ao notar que já eram 22h.


De pé, embasbaquei ao perceber que estava semi-nua.


CACETE! Dormi com ele? Um nó se formou na minha garganta. Como aquilo aconteceu? Coloquei a mão no peito, com medo do meu coração sair pela boca.


Ok, Ok...calma...calma...você só transou com Christopher e não se lembra! Só isso!


Colocar as coisas sobre esse ângulo não ajudouem nada. Não tinha tempo para pensar em uma explicação razoável, então, me cobri com um lençol, peguei minhas roupas e objetos e saí correndo, aflita.


Empurrei a porta do apartamento das meninas com força. Elas e o viado, que assistiam TV na sala, olharam para trás, espantados.


– VIU, SÓ? ATÉ A DRAGOA SE DIVERTE MAIS QUE NÓS! – Esbravejou Marius, apontando para mim.


– O que aconteceu? – Anahí me fitou dos pés à cabeça.


Fingi não ouvir.


– Vou participar de um racha, não tenho tempo, nem nada para vestir! Preciso de ajuda. – Falei tudo de uma vez, antes que perdesse a coragem. Os olhos deles brilharam de uma forma estranha e eu me arrepiei.


– Não se preocupe, raxa, vamos te deixar poderosa, uma J-Lo da vida... – A biba analisou meu corpo, fazendo careta. – Uma J-Lo sem bunda! Lógico! HU!...OHOHOHOHOHOHOH!


(...)


Eu estava acompanhada dos estilistas malucos quando Jake estacionou uma Yamaha preta em frente ao prédio.


– Como estou? – Sussurrei pelo canto da boca.


– Fashion...fashiosolhos e sai correndo! – Zombou a bichona.


A opinião do lunático era duvidosa. Pois eu estava me sentindo uma super heroína. Calça de couro preta, extremamente colada ao corpo, botas da mesma cor e jaqueta aberta para poder exibir o corselet vermelho que moldava minha silhueta. Foi um pouco difícil, no início, respirar com aquilo tão apertado, mas eu começava a me acostumar, valorizava meu busto, por isso valia muito a pena.


May quase saiu no tapa com Any, para decidir quem me maquiaria. Por fim, Marius fez algo de útil e me maquiou, usando sobras de tonalidades escuras, muito lápis de olho preto e bastante rímel.


Black tirou o capacete e logo notei a diferença em seu visual.


– Ei... – Sorri. – Cortou o cabelo! – Apontei.


Ele riu da minha reação.


– Ei... – Imitou o meu tom. – Uau! – Gesticulou em minha direção. Ruborizei de imediato. – Vamos, estamos atrasados. – Estendeu a mão para que eu subisse em sua moto. Tentei refletir se era uma boa idéia. As garotas me abandonaram na calçada, correndo para o carro de minha irmã.


Dei de ombros. Era só uma carona, ele estava sendo bacana me emprestando a Yamaha, não ia lhe fazer uma desfeita.


Lá estava eu, colocando meu capacete e passando um braço em volta da cintura de Jake. Quem diria que isso um dia iria acontecer?


Não demorou para chegarmos no local do racha. Havia muitos carros e motos espalhas pelo local, iluminado por faróis. Ficava nas proximidades de Dartmouth, por isso, a maioria das pessoas ali eram estudantes querendo diversão, já que a cidade era minúscula e chata.


Avistei Christopher em sua Suzuki, exibindo-se em acrobacias perigosas, acompanhado por dois rapazes. Ele reconheceu, de longe, Black e, impaciente, pilotou até nós.


A Suzuki fez barulho quando estacionou ao meu lado.


– Por que demorou tanto? – Indagou ele para o amigo.


Foi nesse momento que tirei o capacete, chacoalhando a cabeça para que meus cabelos caíssem sobre os ombros.


Tive o prazer de ver a expressão atônita do Uckermann. Desci da moto, sem falar nada.


– Já volto. – Jake arrancou com o veículo, deixando-me a sós com meu namorado.


– Que... está fazendo aqui? – Perguntou, hilariamente chocado.


– O que você acha? – Sorri, presunçosa.


– Veio me ver correr? – Ergueu as sobrancelhas.


Gargalhei alto.


– UCKERZINHU... – Toquei sua bochecha. – O mundo não gira à sua volta.


Ele engoliu seco, com os olhos vidrados no meu decote.


– Er... – Ele pareceu lutar para conseguir falar. – Por que veio com o Jacob?


– Carona.


Um rapaz passou por mim e assobiou, em uma tentativa nojenta de paquera. No entanto, gostei de ver Christopher fazer uma careta, revoltado.


– Fecha a jaqueta. – Ordenou.


– Como? – Pisquei os olhos, não acreditando na cara de pau dele.


– Sou quase seu meio irmão, mesmo assim, não vou ficar te defendendo dos engraçadinhos. – Desviou o olhar, estalando os dedos.


– Como se eu precisasse ser defendida. – Ironizei. – Me economize. – Ri.


– Por favor, me obedeça.


Como diária Marius: BEM DOIDO!


O encarei por um segundo, então, só de birra, tirei a jaqueta, exibindo, ao máximo, o corselet.


Ele bufou tão alto que precisei prender o riso.


– Sobe aqui, vou te levar para casa. – O cara estava irritado.


Eu podia morrer de frio, ou ser paquerada pelos homens mais asquerosos da face da Terra, ainda assim, nada tiraria o prazer de ver Christopher alterado e mordendo-se de ciúmes. Era divertido demais!


Black veio em minha direção.


– Mandei darem uma olhada rápida na moto, logo vão liberar ela para a corrida. Está pronta?


– O QUE? – Finalmente UCKERZINHU estava usando o cérebro. – Vai participar do racha?


– Edward não é inteligente? – Brinquei.


– Não vai correr! – Esbravejou.


– Você não disse que não ia me defender? – Contraí os lábios. Estava prestes a cair na gargalhada.


Ele passou as mãos pelos cabelos, sem saber o que dizer.


– Calma, cara. – Jacob interveio.


– Escondeu isso de mim? – O Uckermann fuzilou o amigo com os olhos.


– São apenas negócios. – Meu comparsa deu de ombros.


Uma veia parecia que ia estourar na testa do maluco.


– Vejo vocês na linha de partida. – Falei, antes de me afastar.


Vi as garotas e os babacas dos Uckermanns, encostados no carro da minha irmã, bebendo cerveja. Aproveitei a distância para me exibir, a fim de fazer meu namorado enfartar de raiva e ciúme.


Caminhei o mais graciosamente possível, como, um dia, ele me ensinou na Itália. Notei que muitas cabeças viraram para me analisar. E podia jurar que, tanto Christopher como Jake atrás de mim, fitavam–me.


E foi justamente nesse momento que o salto da bota entortou, ficando preso num buraco. Meu corpo foi ao chão. Caí de joelhos e tive vontade de morrer, quando ouvi as risadas irritantes. Levantei-me o mais rápido possível, tirei o cabelo do rosto e continuei o trajeto, mais vermelha que um tomate.


Cerca de quinze minutos depois, enfileirei a Yamaha de Jake na linha de partida onde Christopher e mais dois caras já estavam posicionados. Não fiquei nem um pouco preocupada com o motoqueiro do meu lado esquerdo ou o sujeito ao lado do Uckermann. Meu único adversário ali era Christopher. Vi o que ele fez em Verona, e sabia que seria difícil ultrapassá-lo, quando ele decidisse usar toda a potência da Suzuki. A Yamaha era páreo pra ela, pórem, eu não tinha experiência em rachas. Qualquer deslize poderia ser fatal. Talvez por isso, UCKERZINHU, com o visor do capacete levantado, encarava-me com os olhos cheios de ódio. Sua expressão dura me fez lembrar de nossas muitas brigas na Itália, quando éramos nada mais que inimigos.


Lancei um rápido olhar para Any, May, Marius e os irmãos Uckermanns, que incentivavam ao longe, com gritos e palavras que eu não consegui entender, por causa do barulho ensurdecedor à minha volta.


Acenei para eles, tentando passar confiança, e isso era algo totalmente inexistente em mim naquele momento. Minhas mãos frias e suadas delatavam isso. Tirei do bolso da calça um par de luvas de couro, para que o suor não me distraísse. As coloquei rapidamente e agarrei o guidom, com força.


Estremeci no momento em que recolhi o descanso, girei a chave na ignição e coloquei na primeira marcha. Torci o acelerador e o motor rugiu feito um leão, tremendo abaixo de mim.


Bon Jovi - Have A Nice Day


Black, finalmente, se colocou diante de nós, no meio da pista. Ele fez uma linha no asfalto com óleo de motor e um de seus colegas jogou um palito de fósforo aceso. O fogo alastrou-se em um piscar de olhos pela marca improvisada no chão, criando uma linha de partida literalmente quente.


O ronco, já conhecido da Suzuki, sobressaiu em meio aos outros. Encarei séria, Christopher. Percebi que ele estava chamando minha atenção em uma última tentativa de me fazer desistir. Balancei a cabeça negativamente. Eu não estava disposta a desistir, por mais nervosa ou temerosa que estivesse.


Voltei a olhar para Jake que, no meio da pista, ergueu um braço, segurando a mesma pistola prateada que vira em sua mão, em Verona.


Fechei, com força, o visor do meu capacete, sentindo meu coração disparar em batidas frenéticas e descompassadas. Dependia somente de mim, ninguém mais podia me fazer vencer aquele racha. Minha vida, meus objetivos, tudo estava em minhas mãos. Eu só precisava dominar aquela moto, fazer com que fôssemos uma só.


Flashes dos dias sofridos que passei em Forks, quando Christopher me deixou, atravessaram meus pensamentos. Centenas de imagens lampejando como raios em questão de segundos. Uma fúria inexplicável explodiu dentro de mim, fazendo a adrenalina queimar minhas veias.


Assim que meus olhos abriram-se, ouvi o estampido do tiro. Quando dei por mim, já estava atravessando a linha de chamas. Acelerei sem olhar para o painel da moto. Meu corpo estava projetado para frente, usei toda a minha força muscular para manter o guidom estável. O som do vento passando pelo capacete era tão alto que mal podia ouvir o ronco da Yamaha. Olhei pelo retrovisor e sorri ao ver os dois motoqueiros que decidi ignorar, ficarem para trás. Mas... onde estaria o Uckermann?


Fitei o meu lado direito e lá estava ele, dominando a pista do jeito dele. Estratégico e meticuloso.


Analisei o painel iluminado e notei que ambos estávamos passando dos 220 km/h. Já podia ver os cones no final do percurso onde deveríamos guinar. A estrada era uma reta, e, só por isso, me permiti olhar mais uma vez para Christopher.


Ele já me encarava através do capacete. Nenhum dos dois ousou olhar para a frente, em uma arriscada disputa de coragem. Se surgisse algo inesperado na pista, como um animal, certamente nos acidentaríamos. Ainda assim, mantive minha cabeça virada na direção dele, mostrando-lhe que ele não era o único com sangue frio ali.


Só quando ele voltou a focar os cones, tirei meus olhos dele. Diminuíamos a velocidade e, em uma sincronia inacreditável, freamos. Giramos a moto, usando o pé para mantê-la estável. Os pneus traseiros queimaram no asfalto, levantando fumaça.


Irritei-me quando arrancamos juntos. Iria conseguir deixar Christopher para trás?


Foi nesse momento que ele acelerou a Suzuki. O som produzido era semelhante a um trovão e isso tirou parte da minha concentração.


Vi o Uckermann se distanciar de mim, provavelmente, comemorando a vitória. O espaço entre nós tornava-se maior a cada segundo. Cerrei os olhos e me obriguei a esquecer Christopher, o dinheiro, os dilemas interiores e tudo o que me dividia.


Guiada somente por instintos, usei toda a força do meu braço, acelerando. A Yamaha liberou sua potência. Como um projétil, voei em duas rodas. Não precisei olhar para o painel para saber que estava atingindo os 300 km/h. Pois via apenas borrões dos dois lados da pista. A única coisa que enxergava claramente era a linha de chegada e somente ela me interessava.


Com a adrenalina fervilhando em meu corpo, atravessei a linha, ainda em chamas. Eu não sabia onde estava Christopher ou quem tinha vencido a corrida. Por alguns segundos, aquilo não importou, pois eu estava entorpecida pela esfuziante sensação de poder e coragem. Era incrível, nada se comparava ao prazer de pilotar em alta velocidade. Aquilo só perdia para o sexo, óbvio.


Diminuí a velocidade até a moto parar por completo a poucos metros da linha que ultrapassei. Desci da moto, retirei o capacete e liberei todo o ar dos meus pulmões.


Minha audição, levemente afetada, recuperou-se e pude ouvir os gritos vindo da multidão. Notei que estavam todos correndo em minha direção e foi nesse momento que percebi. Eu havia vencido.


– BELLA! BELLA! VOCÊ CONSEGUIU! – Berrou Any, uma das primeiras a me alcançar. O corpo esguio chocou-se contra o meu, em um abraço apertado.


A princípio, mal consegui reagir, devido ao choque. Um alvoroço se formou em volta de mim, rostos conhecidos e desconhecidos sorriam em meio a aplausos.


Quando o choque se dissipou, soquei o ar, gritando entusiasmada.


– Ei! – A voz rouca foi ouvida. Algumas pessoas afastaram–se, abrindo um buraco em meio à multidão. Então vi Jake parado, fitando-me a uns dois metros de distância. – Hoje você é o cara! – Sorriu.


A alegria dentro de mim não podia ser contida e, em uma atitude, no mínimo, impulsiva, corri até ele e lhe dei um grande abraço de gratidão, pois, sem a ajuda dele, dificilmente teria conseguido participar. Um dos amigos de Black entregou-lhe um capacete abarrotado de dinheiro. Ele nem sequer olhou para as notas, apenas o estendeu em minha direção. Minhas mãos quase vacilaram quando peguei o capacete. Para minha surpresa, Jake agarrou minha cintura e ergueu-me no ar, exibindo-me para os expectadores. A galera que foi lá para ver pneus queimando no asfalto, comemorou, pois havia sido um show e tanto. Levantei o capacete acima da cabeça e me dei ao luxo de ser, mais uma vez, aplaudida. Após dar o que eles queriam, uma demonstração de vitória, pedi:


– Jake, me põe no chão!


Ele obedeceu.


Olhei em minha volta e nem sinal do Uckermann.


– Onde está o Christopher? – Berrei ao pé do ouvido da fofolete.


Ela apenas apontou para a figura afastada do alvoroço, de braços cruzados e carrancudo. Não fui até ele, esperei que viesse até mim.


– Parabéns! – Murmurou, oferecendo a mão em um cumprimento.


Entreguei o capacete com o dinheiro à Any e aceitei seu aperto de mão. Dei um curto passo em sua direção, ainda apertando-lhe a mão. Então, falei:


– Foi uma corrida justa!


Uma brisa forte fez as pontas dos meus cabelos ondularem sobre a face alva dele. O senti estremecer sutilmente. CHristopher pôs a boca perto do meu ouvido e, rouco, sussurrou:


– Eu sei.


Nossos olhares se encontraram, meu corpo implorou pelo dele, mas resisti.


Ouvi o som trovejante de muitos motores. Isso me tirou do quase transe, Christopher enrugou a testa, encarando algo por sobre meu ombro. Largou minha mão de imediato. Confusa, virei-me para checar o que estava havendo.


Avistei uma formação em V de cinco motos vindo ao nosso encontro.


Os estudantes que estavam aglomerados próximos a nós, espalharam–se na pista, abrindo caminho para os recém chegados. Apenas as garotas e os irmãos de Edward vieram ficar ao nosso lado.


– São eles? – Perguntou Jake, sendo o último a se aproximar.


– Sim. – Respondeu Christopher, tenso.


Como se já os conhecessem, os expectadores permaneceram em silêncio e eu não conseguia entender.


As deslumbrantes motos estacionaram a poucos metros de nós. Todos desceram delas, quando um deles gesticulou.


Quatro homens e uma mulher caminharam até nós, com os capacetes em mãos. Olhei para os lados, sentindo que aquilo não era uma visitinha amigável.


– Quem é responsável por isso? – Indagou o homem alto, olhos azuis, cabeça raspada e traços faciais perfeitos. Percebi que ele era o líder dos motoqueiros.


– Eu! – Responderam Christopher e Jake, ao mesmo tempo.


Ele nos estudou e eu não gostei daquilo. A única mulher do grupo sorriu para o Uckermann, como se já o conhecesse. Sua beleza era um soco na auto-estima da maioria das garotas, inclusive na minha. Pele morena, cabelos ondulados e sorriso brilhante.


– Christopher. – Cumprimentou, piscando o olho.


– Lucy. – Respondeu sério.


Se alguém me desse um tapa na cara, eu nem ia perceber, de tão bestificada que estava. Aquela era a tal “ficante”? Tentei não parecer incomodada, embora estivesse explodindo de ciúmes.


– Quem ganhou a corrida? – O líder perguntou.


– Eu. – Respondi de imediato.


Ele riu como se eu tivesse contado alguma piada. Seus companheiros agiram da mesma forma.


– Vejo que é nova por aqui. – Me olhou dos pés à cabeça. – Meu nome é Vincent. E o seu? – Tentou ser gentil, mas sua expressão era estranha.


– Dulce.


– Muito bem, Dulce, parece que seus amigos ignoraram o fato de que todas as pistas dentro de Hanover são minhas.


– Não vejo seu nome nelas. – Christopher falou duramente.


– Uckermann, se queria tanto correr, por que não aceitou minha oferta no ano passado? – Sorriu ele, zombeteiro.


– Só corro para mim mesmo, você sabe muito bem disso.


Vincent riu alto.


– Vou fingir que o evento de hoje não existiu, já que são novatos nesse ramo. Se voltarem a pôr seus pneus por aqui, vou considerar uma afronta pessoal. – O líder metido deu as costas e foi em direção à sua moto.


– Quem está chamando de novato? – Jake perguntou alto, dando um passo à frente.


Vincent o fitou por sobre o ombro e indagou:


– Quem é você?


– Jacob Black.


A gangue de motoqueiros, que antes ria baixo, silenciou-se. O líder virou-se para nós, surpreso.


– Não brinca! – Lucy riu, incrédula.


Não entendia porquê eles estavam reagindo assim ao Black. Era como se ele fosse uma celebridade.


– Jake Black? O cara que ganhou a corrida do deserto em 2008? – Questionou um dos motoqueiros.


Vincent e sua gangue alinharam–se à nossa frente, nada amigáveis.


– Vou repetir. Se houver mais um racha aqui, vou considerar uma afronta.


Any, a sebosa e Marius distanciaram–se, percebendo que o clima estava esquentando.


Aquele playboy era muito metido, não gostava do jeito que ele achava-se dono de tudo. Christian estalou o punho como se avisasse pro irmão que estava disposto a apoiá-lo. Até mesmo o suposto maconheiro manifestou-se, pondo uma mão no ombro do UCKERZINHU. Os rapazes juntaram–se a Jake, imitando o alinhamento da gangue.


– Vem pra cá, sua raxa maluca! – Marius murmurou de olhos arregalados.


Ignorei-o totalmente e me aproximei dos rapazes. Eu não era nenhuma mocinha indefesa. Por isso, posicionei-me entre Christopher e Jake. Se eles iam brigar pelo território, teriam um punho a mais para contar.


(Continua...)


***






Mas um gats


 



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Autor(a): Anna Uckermann

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4ª FASE Capítulo 3: 1ª DIA EM DARTMOUTH Dulce PDV Os motoqueiros pareciam esperar apenas por um movimento de Vincent, uma ordem silenciosa para atacar. Quão patéticos eram! Mesmo preocupada com o líder, não consegui tirar meus olhos de Lucy. Se era para bater em alguém, ela, com certeza, ia ser a primeira a ver estrelas! ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 247



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  • loucas Postado em 14/12/2016 - 23:05:23

    Essa fanfic é perfeita demais pra ficar abandonada então por favor postaaaa mais

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 11:13:34

    posta por favor

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:37:22

    posta amore

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:37:10

    ENTÃO VE SE POSTA LOGOOOOOOOOOOOOO

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:36:56

    chantagem? BEM DOIDA, não seria capaz ^_^ MENTIRA! SIM! É UMA CHANTAGEM!

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:36:08

    se postar de novo deixo você com 280 coments ^_^

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:35:41

    comentei bastante linda agr pode postar hehuheuheuheuheuehuehe

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:35:14

    possta

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:35:05

    postta

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:34:56

    postaa


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