Fanfics Brasil - 4ª FASE Capítulo 5: TORTURA Dulce Problema X Christopher Solução - Adaptação

Fanfic: Dulce Problema X Christopher Solução - Adaptação | Tema: Vondy / Ponny / Meio chaverroni


Capítulo: 4ª FASE Capítulo 5: TORTURA

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4ª FASE


Capítulo 5: TORTURA


Christopher PDV


O copo de whisky quase deslizou da minha mão no momento em que vi Dulce entrar no local, acompanhada por Vincent. Ele sorria, cumprimentando sua gangue de puxa-sacos. Ela apenas analisava o local.


Deixei Christian falando sozinho com seu porco e fui até lá. Tentei parecer relaxado, ao passar pela mesa onde estavam Poncho, as garotas e Marius. Foi preciso convencer meu irmão mais velho a ficar longe da bichona, ou teríamos um homicídio.


– Uckermann. – Sorriu Vincent, debochado, e eu ainda estava a um passo deles.


– Carter. – Cumprimentei, carrancudo.


Meus olhos logo voltaram-se para a saia de pregas desnecessariamente curta da Saviñón. Não consegui me conter.


– Esqueceu o resto da saia em casa? – Cruzei os braços. – Por que não volta pra buscar?


– Minha saia e eu não somos da sua conta, UCKERZINHU! – Franziu o cenho.


Passei uma mão pelo cabelo, sendo forçado a ver Carter envolver o ombro dela com seu braço.


– Sou seu irmão mais velho, esqueceu? Então, tecnicamente, é da minha conta sim. – Não acreditava que estava apelando para aquilo.


Dulce piscou os olhos, confusa. Algo em minhas palavras fez seu rosto endurecer.


– Não sou sua irmã! – Suspirou. – Se manda! Sai da minha cola! – Ordenou, irritada.


A encarei, irado.


– É assim que você quer?


– Sim. – Respondeu, fria.


Tomei o copo de vodka que estava em suas mãos e o virei de uma só vez. Em seguida, joguei o copo, sem cuidado, em direção a Vincent, que precisou se esquivar para pegá-lo, antes que chegasse ao chão.


Marchei de volta ao meu irmão, que ria, descontrolado.


– Você é tão gazela! – Quase berrou quando me encostei na parede, derrotado.


– Não enche! – Pedi, mal humorado.


– Está dando o que ela quer.


– Como assim? – Fiquei curioso.


– Olha pra você, com dor de cotovelo, na maior manguaça, enquanto a Samara tá se divertindo. O que tu espera? Que ela fique com peninha? Mulheres gostam de provocar, acredite em mim! Christian vê, Christian sabe! Reaja, soldado! – Pôs uma mão no meu ombro. – O amor é um campo de batalha!


Estava passando tempo demais com o bisonho, ou a filosofia brega dele estava começando a fazer sentido?


Christian me empurrou em direção ao banheiro masculino, dizendo:


– Vá lavar o rosto! Está um bagaço e cheio de olheiras! Só saia daí quando conseguir honrar o que carrega no meio das pernas!


Cambaleei para dentro e encarei o espelho, decepcionado comigo mesmo. Estava agindo feito um imbecil viciado, um mendigo de afeto.


– Chega, Christopher! Chega! – Joguei água sobre o rosto.


Passei semanas deprimido e, nos últimos dias, até tive alucinações e recaídas. Como meu mano disse, era hora de agir feito homem. Não ia mais deixar uma pirralha pisar em cima do meu orgulho e sanidade. Se Dulce me quisesse, ia ter que pagar caro. Ela gostava de me provocar ciúmes? Vamos ver o que ela acha de ser vítima do mesmo!


Fechei os olhos, concentrando-me, focando na pessoa que era antes de ir para a Itália. Precisava resgatar o meu outro “eu” que estava soterrado em sentimentos e dilemas. Essa noite, me liberaria daquilo e me permitiria um pouco de diversão. Se a Saviñón conseguia, eu também poderia fingir que não tínhamos uma ligação tão forte. Além disso, sabia que minhas próximas atitudes a deixariam louca. Ri baixinho. Era minha vez de provocá-la.


Dobrei as mangas da camisa preta até o cotovelo, abri alguns botões, puxei a gola para cima e, com as mãos úmidas, desarrumei o cabelo, deixando-o ainda mais estiloso.


Saí do banheiro, sentindo-me outro. Nem sinal de Christian. Olhei em direção à mesa do pessoal e o vi sentando o suíno na cadeira próximo à Any. Assobiei alto e o maluco veio correndo me encontrar.


– Então? – Perguntou, animado.


Antes de responder, fitei Dulce ao longe, no bar, lendo um folheto e Vincent, perto dela, papeando com os amigos, como se estivesse exibindo sua nova conquista.


Encarei, sorrindo, o bisonhento e, então, disse:


– Eu sinto a necessidade...


Ele arregalou os olhos, entusiasmado, pois sabia exatamente o que eu ia falar. Era algo que fazíamos antigamente, sempre que íamos para a balada.


– NESSECIDADE DE EMOÇÕES! – Falamos juntos. Ergui a mão e ele bateu sua palma na minha, em um cumprimento.


Pobre Christian, deveria mesmo sentir falta daquilo. Como eu era o cérebro da parceria, o cara sozinho só se dava mal. Mas, juntos, éramos imbatíveis.


– Vou deixá-lo escolher. – Mostrei-lhe o ambiente repleto de opções femininas.


Feito criança no playground, ele pulou com as mãos no rosto, sem saber quem abordaríamos primeiro.


– Aquelas! – Disse, apontando para três calouras perto do bar.


Não podia ser mais perfeito. Saviñón, com certeza, nos veria em ação.


Fui em direção às vítimas e meu mano me seguiu.


Dulce PDV


Lia repetidas vezes o folheto em minhas mãos.


[Precisa-se de guitarrista para as noites de Country Music. Duas vezes por semana.]


Country? Nunca me imaginei tocando aquilo. Meu estilo era outro, rock. Mas eu podia tocar qualquer coisa, desde que me pagassem... acho. Olhei para o palco do Hippy Shake, não era grande. Uma banda de apenas três integrantes tocava pop rock e um DJ esperava para assumir. Tinham vários instrumentos enfileirados atrás deles. Pelo que notei, o bar oferecia apresentações de diferentes estilos musicais durante a semana. Isso explicava o piano no canto direito do palco, que, certamente, era paras as noites de Jazz e Blues. Deveria arriscar? Só de me imaginar tocando em público, meu estômago embrulhou.


Guardei o folheto com o telefone para contato dentro da minha mochila e, foi nesse momento que ouvi:


– Oi, sou Christopher Uckermann e esse é meu irmão Christian... – Girei no banco, confusa. Atrás de mim, estavam as duas figuras sorridentes, junto a três biscas. Pasma, o ouvi continuar, como se nem me conhecesse. – Já colocaram o nome dos veteranos escolhidos no pote?


QUE ESCOLHIDOS? QUE POTE? TOU PERDENDO ALGO!


– Sim. – Riu a morena. – Nós já temos nossos preferidos.


– Vou fingir que nem sei quem é! – Christian exibiu o os músculos. O que despertou a risadinhas escrotas.


– É bom saber que já estão por dentro das tradições. – O Uckermann perdeu a noção do perigo? Queria ficar sem os olhos da cara? – Adoro tradições! – Deu aquele sorriso torto que um dia odiei.


A ira e o ciúme percorreram todas as terminações nervosas do meu corpo. Ia dar um chilique daqueles! Levantei-me e, imediatamente, uma mão pesada no meu ombro me obrigou a sentar.


– Oi. – O dono da mão se pôs à minha frente e quase engasguei com a fumaça do cigarro.


– Jake? – O nome saiu em um murmúrio de frustração. Ele estava tapando minha visão da cena ridícula do Chrisgayzinho há alguns metros de mim.


– Tudo bem? – Perguntou, analisando a bebida no balcão, quase não tocada por mim.


– O que está fazendo aqui?


– Ajudando uma amiga. – Respondeu. – Trás uma cerveja, valeu?! – Pediu ao barman.


– Eu? – Coloquei a mão no peito, feito boba.


– Não. – Abriu a garrafa de Heineken. – Ela! – Apontou para Any que acenava para mim, na mesa rodeada de colegas do suposto maconheiro. Um fato me chamou a atenção. Não podia avistar em lugar algum, May e Marius. Onde estariam? Balancei a cabeça, voltando à linha de raciocínio mais ou menos racional.


– Amiga? Any?


– Está ficando com o idiota do Vincent?


POXA, VINCENT! ESQUECI DELE!


Meus olhos vasculharam a entrada do bar e lá estava o imbecil, perto de um pote adornado com emblemas do time de futebol, rindo a valer com sua gangue.


– Aquele ali não durou nem o primeiro tempo. – Disse-lhe, revirando os olhos. – O que quis dizer com amigo da Any?


– Falando de mim? – Sobressaltei quando ela se materializou, berrando perto do meu ouvido.


– Olá! – Black deu-lhe um beijo na bochecha.


Inclinei o rosto, achando que, depois de ele cumprimentá-la, seria a minha vez. Bem, essa é a regra de boas maneiras, certo? ERRADO! Ele me deu um tapinha no braço.


PÁRA O MUNDO QUE EU QUERO DESCER!


– Obrigada por salvar a pátria. – A fofolete sorriu.


– Tudo bem. Suas mensagens de texto pagam o favor, já que são tão engraçadas.


– Do que estão falando? – Nunca me senti tão por fora da conversa.


– Deixa de ser débil, Dulce! Olha a loucura que tu ia fazer, atrapalhando o momento EU ACHO QUE ESTOU NO COMANDO do Ucker. – Minha prima fechou a cara para mim. – Eu sou cega? NÃO! Você saindo com o Vincent e Christopher de papinho com a mulherada? Por favor, né? Acham que são os pioneiros? Ex-namorados sempre ficam nesse joguinho bobo de EU TE SUPEREI. OLHA COMO EU ESTOU NUMA BOA!Minha experiência diz que está jogando errado.


– Não sei do que está falando! – Joguei o cabelo pra trás. Ela e Jake caíram na gargalhada. Senti-me ainda mais deslocada. Não agüentei. – Dá uma licencinha! – Sorri amarelo pro Black e arrastei Any para um canto menos barulhento.


– O que foi aquilo? – Gesticulei em direção a Jacob que, quieto, estudava o playboy e sua gangue.


– Aquilo o que?


EU JURO QUE VOU DAR NA FOFOLETE!


– Que história é essa de amizade? Vocês se falaram... o que?... Duas ou três vezes em Verona?


Ela suspirou.


– A história é longa.


– Manda ver! – Cruzei os braços, interessada.


– Era nossa primeira semana em Hanover. Você estava em Forks, fugindo da realidade. May, Marius e eu estávamos famintos, só que a comida do hotel era um lixo. Então, saí sozinha para comprar o jantar num restaurante próximo, e foi aí que tudo aconteceu...


### FLASHBACK Anahí ###


Já passavam das 20:00h. Na mão esquerda, carregava a pesada sacola com refeição suficiente para alimentar um batalhão. Marius estava deprimido e me obrigou a escolher metade do cardápio. Caminhei, despreocupada, pela avenida pouco movimentada. Parei um minuto para trocar a música que tocava alto no Ipod. Ajustei a bolsa, a qual insistia em deslizar pelo meu braço direito.


Olhei para os lados, antes de atravessar a avenida. Não havia nem sinal de veículos nas proximidades. Curtindo a música, atravessei despreocupada. A porcaria da alça da bolsa deslizou totalmente do braço, caindo no chão. Meu humor não mudou. Ri da situação, baixando-me para apanhar a bolsa. O refrão da minha canção favorita soou pelos fones de ouvido. Cantarolei e, exatamente nesse momento, quando me pus de pé, ergui a cabeça e vi a grande figura vindo em minha direção, em uma velocidade que me paralisou.


O gigante se chocou contra mim e nossos corpos caíram pesadamente no chão, rolando pela pista. A dor foi neutralizada pelo susto. Esticada no asfalto, observei o caminhão passar, veloz, perto de nós. Minha bolsa foi esmagada pelo enorme pneu e, só aí, percebi o que estava acontecendo.


De boca aberta e trêmula, nem consegui respirar. Arranquei os fones do ouvido com um grito preso na garganta.


– Você está bem? – Indagou Jake, ainda em cima de mim.


Balancei a cabeça negativamente. Ele analisou meu rosto atônito. Então, disse simplesmente:


– Vai sobreviver.


Jake levantou-se e me puxou junto facilmente. Demorei para conseguir juntar forças em minhas pernas e sustentar o corpo.


– Eu... eu... ia ser atropelada! – Falei, incrédula e gelada.


– Deveria prestar mais atenção. – Arrancou o Ipod que eu segurava e o jogou longe.


Nem tive coragem de reclamar. O cara salvou minha vida! Dei dois tapinhas nas bochechas para sair do choque, enquanto ele foi buscar o que restava da minha bolsa.


– Acho que isso é seu! – Estendeu para mim, o bagaço.


– Oh... – Sorri, sem jeito. – Muito obrigada, Jake. Isso poderia ser eu agora.


Deu de ombros, arrumando as mechas compridas de cabelo que escapavam do rabo de cavalo.


– Minha nossa! Só de pensar que poderia estar morta agora... caramba... – Ofeguei. – Mil vezes obrigada... eu queria... .


Enquanto ainda falava, ele me deu as costas e saiu andando. Estranhei.


– Ei, espera! – Não havia acabado de agradecer, então, fui correndo atrás, com a bolsa estragada no ombro e a sacola de comida chacoalhando.


O rapaz andava rápido e a passos longos, minhas perninhas precisaram ser rápidas.


– Falei algo de errado? – Questionei, ofegante. Não respondeu. – Que mal educado! – Esbravejei e ele estacou, encarando-me, surpreso. – O que foi? Você está mesmo sendo mal educado, Sr. Black! Sua mãe não lhe ensinou boas maneiras?


A expressão de surpresa rapidamente foi substituída por impaciência e raiva. Bati o pé no chão, antes de continuar a perseguição.


– Eu quero só agradecer, poxa!


– Não precisa. – Respondeu secamente.


– Mas eu gosto de agradecer até cansar. – Ri.


E outra vez parou para me encarar.


– Já cansou!


Sabia que ele era o tipinho badboy, mas aquilo não me intimidava nem me incomodava. Todas as pessoas têm seu lado bom e ruim, temos apenas que respeitar e apreciar as personalidades como são.


– Como me salvou? Quero dizer, eu nem vi o caminhão se aproximando.


Bufou, mas respondeu.


– Estava caminhando, então vi você lá, distraída... não pensei muito... só agi. – enfiou as mãos no casaco de couro.


– QUE DEMAIS! – Não me contive. – Estou feliz por estar viva! Obrigada! – Ri.


Ele enrugou a testa, certamente, achando-me estranha e voltou a caminhar.


Nem liguei, o segui sorridente e aliviada.


– Como posso agradecer?


– Parando de agradecer!


– Você já comeu? – Perguntei, sabendo que ele estava morando sozinho. Ouvi Jasper e Christopher conversarem outro dia. Meu cunhado explicou que o Sr. Black era um lobo solitário e provavelmente não ficaria muito tempo em Hanover, pois odiava permanecer na mesma cidade por mais que 6 meses.


Após alguns segundos, finalmente, o homem respondeu um simples e vago:


– Não!


– Perfeito, venha, vamos comer no hotel com todo mundo.


– Não!


Michelle Branch - All You Wanted


Tinha toda paciência do mundo e não ia desistir.


– Deve odiar comer sozinho todos os dias. – Murmurei, com pena. Achei que ele nem ouviria, mas, para a minha surpresa, virou-se, me olhando como se eu tivesse acabado de ler seus pensamentos.


– Quem está no hotel?


– Hum... eu May e Marius.


– É verdade que Dulce está em Forks?


– Sim. Ela não anda bem esses dias.


– Por quê?


– Acho que não estou autorizada a comentar sobre isso. – Imaginei que minha priminha rabugenta me mataria se contasse pro lobo seus problemas pessoais.


Ele ficou fitando o vazio por alguns segundos, então, falou baixinho:


– Não estou a fim de jantar com aquela loira antipática e muito menos com o fresco.


– Fala como se fosse superior. – O reprovei alto e percebi algum choque em sua expressão. Certamente, ele não era acostumado a ouvir a verdade nua e crua na cara. – Vamos, até os lobos maus precisam comer. Nunca leu a historinha? – Puxei o gigante pela mão, andamos um pouco até chegarmos ao hotel. Ele ficou em silêncio o tempo todo e, como eu não curto silêncio, cantarolei minha canção favorita durante todo o trajeto.


Na entrada do prédio, Black parou e eu cruzei os braços, contrariada.


– Agradeço o convite, mas não vou subir.


Suspirei, tentando entender o lado dele. Deveria ser difícil para Jake ficar à vontade perto de nós. Se ao menos Poncho e os rapazes estivessem ali. Pensei em deixá-lo ir, porém logo abandonei a idéia. O cara havia me salvado, o mínimo que podia fazer era obrigá-lo a jantar. O homem era o tipo de pessoa carrancuda que tem escrito na testa “preciso de ajuda. Sou infeliz”. Lógico, não podia ignorar aquilo. Nunca fui egoísta, gosto de ajudar as pessoas, mesmo que elas, a princípio, não valorizem. Cada um deveria dedicar ao menos uma hora de seu dia ao semelhante, há tantas maneiras de ajudar o próximo. Às vezes, ser gentil com alguém mal humorado ou despertar o sorriso das pessoas à sua volta, é suficiente para enriquecer sua própria alma. O mundo seria bem melhor se parássemos de nos importar tanto com nós mesmos. Odeio gente que se importa só com o próprio umbigo!


Não vejo a vida cor de rosa e sim, colorido, com tons claros e alegres, escuros e sombrios, os dois lados da moeda. Mas, eu, por exemplo, pinto todos os meus dias com o máximo de cores alegres possíveis. Isso ajuda a manter os tons escuros longe. Depende de nós, mantermos o ânimo e a esperança para enfrentar a vida como ela é. Essa é minha filosofia de vida e, acredite, vou ser sempre aquela que enxerga o copo quase cheio e não, quase vazio.


Ele não ia subir? Tudo bem, eu dou meu jeito.


– Vem! – O puxei pelo braço, com toda a minha força.


O levei até as escadas, subimos um lance, nos distanciando da movimentação no hall. Ninguém passaria por ali, já que os dois elevadores do hotel estavam funcionando perfeitamente. Tirei, do que sobrou da bolsa, um lenço de seda e o estendi pelos degraus. Retirei da sacola, duas embalagens pra viagem com refeições já frias.


– Mesa pra dois? – Gesticulei em direção à minha idéia.


Jake revezou olhares entre mim e o jantar improvisado. Então, pela primeira vez naquela noite, riu.


– Está falando sério?


Sorri, sentando-me e abrindo uma das embalagens que continha um espaguete convidativo. Com o garfo descartável, enfiei um bocado na boca. Isso respondeu a pergunta dele, que sentou-se ao meu lado.


– Bom! – Murmurei, de boca cheia. Riu outra vez e o clima ficou, subitamente, mais leve. – Come! – Ordenei, empurrando a embalagem.


Achei que ele fosse enrolar, mas, contrariando minhas expectativas, pegou um garfo e passou a comer da embalagem que estava na minha mão. Não me importei, desde que comesse.


– Como agüenta morar sozinho? Eu morreria de tédio. – Falei do nada.


– Estou acostumado. – Disse, olhando para frente.


– Está nada! – Torci a boca, em desagrado. – Aposto que se sente muito sozinho. – Não era difícil adivinhar.


Black piscou os olhos para mim, aturdido. Depois, voltou a olhar pra frente.


– O que é mais chato? Dormir sozinho ou comer sozinho?


Mastigou vagarosamente, até responder:


– Quase nunca durmo sozinho.


– Seu promíscuo! – Fiz careta. Ok, era para eu ter filtrado aquilo!


Relaxei assim que ele começou a gargalhar. Isso me deu passagem para continuar. – Comer sozinho é mesmo chato. Eu odeio porque não consigo ficar sem conversar. – Comentei.


– Percebe-se! – Falou baixo. – Também não gosto, mas, nessa vida, é preciso se acostumar com o desagradável.


Suspirei, com dó dele.


– Talvez, se fosse simpático, tivesse mais amigos.


– Só sou simpático quando quero.


– É aí que está seu erro! Deve ser sempre! Não pelo outros, mas por você mesmo. Alegria atrai alegria, Sr. Black.


– É sempre tão intrometida? – Me encarou, mastigando.


– Sim! – Sorri, orgulhosa.


– E seu eu for grosso, vai parar de ser assim tão... – Balançou a cabeça, procurando uma palavra. – ... meiga?


– Não! Aí é que serei mais! – Estava falando sério. – Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. Sua cara de badboy não me assusta e seu jeito rude não me incomoda. Quem tem medo do lobo mau?


A gargalhada alta dele ecoou pelo ambiente. Ponto pra mim!


Quando já estávamos partindo para a torta de maçã que comprei de sobre mesa, disse-lhe:


– Deveria cortar esse cabelo.


– Não! – Retrucou de imediato.


– Sim! Está fora de moda e te deixa com cara de selvagem e anti-social.


– Sou selvagem e anti-social!


Virei-me para ele, analisando as mechas escuras. Estendi as mãos para tocá-las e Jake se esquivou, fechando a cara.


– O que foi? – Ri. – Tem ciúmes desse cabelão? – Não o esperei responder, mexi pra lá e pra cá nas madeixas, tentando visualizar um bom corte.


– Pode parar com isso, por favor? – Pediu.


– Calma. – Mexi mais um pouco, então, larguei. – Corte, vai fazer o maior sucesso com a mulherada!


– Não me interessa ficar bonitinho.


– Então vai ter que nascer de novo, porque você é bonito, fato! – Meu Deus do Céu, por favor, faça com que eu não tenha dito aquilo. Ruborizei. Na minha cabeça, aquela frase não tinha sido formulada com tanto galanteio. – Quer mais torta? – Mudei de assunto.


– Quero! – Ele comia pra caramba.


– Por que veio para Hanover? – Questionei, séria.


– Estava cansado da Europa. Durante o tempo que passei na França, pensei em muitas coisas. Queria sentir uma emoção diferente, além da adrenalina habitual dos rachas. Então, me lembrei que Christopher queria promover uns rachas por aqui... Mesmo correndo o risco dele achar que eu estava vindo por causa da Dulce, arrisquei. Apesar de tudo, o cara é meu melhor amigo, achei que poderíamos nos divertir como nos velhos tempos. – Jake parou de mastigar, fitando o vazio, como se estivesse surpreso com suas próprias palavras. Talvez, ele não esperava ser tão sincero e direto.


– Também achei que tivesse vindo por causa dela.


– Christopher e eu sempre disputamos garotas. Ele conseguiu conquistar Dulce. No início, fiquei meio ressentido. Depois, saquei que era só frustração de perder, porque eu nunca perco. Ficaria com ela facilmente, é maluca, gosto disso... mas, não sei... faltava mesmo alguma coisa. Christopher tem bebido muito nos bares comigo essa semana e ele não precisa estar bêbado para eu notar que gosta muito mais dela do que eu. Então... vou deixar a história com Dulce no passado. – Sorriu. – Não sou tão sangue-de-barata como imaginam. Não tenho muitos amigos, mas prezo os que tenho.


– Uau! Subiu no meu conceito, Sr. Black. – Ele estava se revelando melhor pessoa do que eu esperava. Então, convidei, meio sem pensar. – Vamos almoçar amanhã, assim você não terá que comer sozinho. – Era estranho, mas eu podia dedicar uma hora do meu dia a um novo amigo. Principalmente a um tão necessitado.


– Hum... não acordo antes do meio dia. – Dificultou.


– Vou lá deixar um pouco de comida pra você, preguiçoso. Me dá seu endereço.


Jake riu.


– É uma das criaturas mais estranhas que já conheci. Começo a ter medo de você.


– Acredite, não é a primeira pessoa a me dizer isso.


– De onde vem toda essa energia? – Questionou, gentil.


– Eu sou uma Power Ranger! – Gargalhei.


### FIM FLASHBACK Anahí ###


Dulce PDV


– Desde então, passamos a nos ver quase todos os dias. É divertido. Principalmente, no horário das refeições. Agora, somos muito bons amigos!


MINHA NOSSA! COMO O MUNDO PODE MUDAR EM TRÊS SEMANAS?


– Estou besta! – Meu queixo devia estar chegando ao chão. – Jake e você, melhores amigos? Me dá um tapa para eu acordar! – Não é que a fofolete me bateu mesmo? – Aíííí, sua sádica! – Reclamei, esfregando a face.


– Ele, por trás daquele jeito intimidador, é um cara super bacana, engraçado, atencioso, carente de família e amigos.


– Seu maconheiro sabe dessa história?


– Sim... – Desviou o olhar. – Ok, Não! Mas eu vou contar, é que Poncho é tão ciumento! Tem ciúmes dos próprios irmãos! Estou esperando o momento certo.


Ambas voltamos nossa atenção para Poncho, ainda na mesa, papeando com uns skatistas estranhos.


– Tem certeza que sabe onde está se metendo? – Indaguei.


– Sim.


– Quer saber o que eu acho?


– Não!


Marius PDV


Assim que retornamos ao Hippy Shake, bati a porta do carro da draga loira.


– Marius, tenho que admitir, sua idéia foi brilhante, não sei como não pensei nisso antes. – Falou a gobira, ajeitando o decote do vestido vermelho do tipo vem-nim-mim-que-sou-facim, que ela mesma desenhou.


Nós havíamos voltado em casa e vestido nossos modelitos mais luxuosos e incopiáveis para exibi-los na festa da mundiça.


– Não existe propaganda mais eficiente do que usarmos nossos corpinhos sarados e puros... – Fiz biquinho, ironizando o “puros” e a catiroba devassa riu. – ... para desfilar, trajando os modelitos luxupurinados da grife nessa festinha. Isso, minha amiga, se chama marcar território. Com essa onda de clonagem fashion, o jeito é se jogar! HU... OHOHOHOHOHO!


– Falou e disse!


– Como estou? – Rugi, fazendo garrinha, enquanto ela examinava minha calça colada com estampa de onça e minha blusa prata, ou seja, LUXO AO CUBO!


– 100 % tigresa! E eu? – Ajeitou o cabelo.


– Na galáxia!


– Como? – Ergueu as sobrancelhas. Ô, Loira burra!


– É, raxa! Nas alturas! Explodindo, BOOM! – Bufei. – Deixa pra lá, não vamos cansar sua cabecinha, né?!


– Está pronto? – Perguntou, passando o braço em volta do meu.


– BEM DOIDA! Pronto e servido. É só comer! HU!... OHOHOHOHOHOHO!


De narizes empinados e sorridentes, adentramos o bar abarrotado de ralé até a borda. Os plebeus foram abrindo caminho, nos olhando dos pés à cabeça. Me senti uma diva num filme em câmera lenta. Tinha até ventinho soprando nos meus cabelos crespinhos, totalmente glamurosa, uma estrela piscando no céu, até que...


– AINDA NÃO É NATAL, BAMBI! – Gritou o carecão feioso.


Pronto, meu momento Gisele Sei Lá das Quantas acabou aí! Ô, meu pai! Me pipoquei de raiva. VOU DISKATITAR!


– Calma, Marius. – Pediu May.


Soltei o braço dela, andei elegantemente até o monstro, e, abusando da minha classe européia, falei:


– O que você disse, ogro?


– NÃO É NATAL, BAMBI! – Repetiu vagarosamente, com os amigos em volta rindo.


– Está querendo que meus poucos por centos de homem reajam?


– RÁ! RÁ! – Zombou.


Olhei refinadamente para as minhas lindas unhas cor de rosa, e, sem que ele esperasse, agarrei com força o saco da mundiça.


– AAAAAAAAHHHHHHH! – Gritou, sendo amassadinho.


– Quem é a bicha mais escândalo, mais fashion, mais fecha-boteco do mundo? – Exigi.


– O que? – Gemeu com a voz fina.


– FALA, DESGRAÇA uÓ! – Apertei ainda mais o tico-e-teco.


– É VOCÊ! – Cedeu, já ficando vermelho.


Larguei a tronchura, e saí saltitante, sendo fortemente aplaudida.


– Marius... – Mai passava mal de rir. – Você está na galáxia!


– Minha filha, sou uma estrela! EU PISCO! HU!... OHOHOHOHOHOH!


– Vamos PISCAR em outra freguesia. – A draga me rebocou.


Christopher PDV


As calouras riam da confusão armada por Marius. Christian, ao meu lado, encarava seu admirador com os olhos semi-cerrados, como se arquitetasse algo.


– Se o despacharmos no mar, será que ele flutua? – Murmurou pelo canto da boca.


– Não sei. O que tem em mente?


– Nada! – Chacoalhou a cabeça, provavelmente, dissipando a visão. Então, voltou a tagarelar. – Como eu estava dizendo... – Virou o resto da bebida. – O que o ponto disse quando foi barrado na festa exclusiva para asteriscos? Deixa eu passar moço, é que tô de gel!


Revirei os olhos.


Por mais absurdo que pareça, as moças riram, sendo mais simpáticas e receptivas do que eu esperava. Estava sendo fácil chamar a atenção delas. E isso me deixou meio entediado, tinha que pensar em algo para me divertir e...


Meu raciocínio foi interrompido no momento em que mãos taparam meus olhos. A pessoa atrás de mim pigarreou.


Meu frango! Foi a primeira pessoa que me veio à cabeça.


Sorri, virando-me para encará-la. Minha expressão modificou-se ao perceber que era Lucy.


– Surpreso? – Perguntou, contente.


– Sim.


– Te liguei o dia todo. Por que não retornou?


– Desculpa, estive com a cabeça cheia. – Tentei ser educado.


– Hum... por causa da sua meia-irmã problemática? – Foi direta.


Poxa, isso estava estampado na minha cara?


Assim que voltei de férias, Lucy veio ao meu encontro. A conversa que tivemos aquele dia foi curta e sincera. Não havia muito o que explicar a ela. Então, me limitei a dizer que estava envolvido com outra pessoa. Lucy, com poucas palavras, conseguiu arrancar de mim muitas outras coisas. Ela era boa nisso. Certamente, se tornaria a melhor psicóloga do estado, talvez do país.


– Não deixo meus amigos na mão. Vem! Está tenso, vou te ajudar a relaxar! Deixa seu ex-problema de lado uns minutos. – Disse, já me arrastando para a pequena pista de dança.


Shakira - La Tortura


Dulce PDV


Precisei segurar nos ombros de Any e May ou iria cair para trás.


TORTURA! TORTURA!


– O que foi, raxa? Já está bebinha? – Perguntou Marius.


– Fedeu! Christopher está dançando com a ex. – Sussurrou a fofolete, percebendo meu choque.


– É AGORA, VOU LÁ! – Esbravejei, pulando num pé só, ao tentar arrancar minha bota para jogá-la na cara do Uckermann.


– Calma! – A sebosa me deteve. – Brigar por homem em público é baixo.


Bem capaz mesmo de eu ter que ouvir aquilo, justo dela.


Engoli seco, observando meu Chrisgayzinho quase colando o corpo ao da bisca, ao som das batidas frenéticas da música.


– Vou pra casa, não vou ficar nessa tortura. – Dei as costas para a cena.


– O que você veio fazer aqui em Hanover, Dulce? – Minha irmã me paralisou, segurando meus braços.


– É difícil de adivinhar? – Cuspi as palavras, aborrecida.


– Então não seja amadora, pelo amor de Deus! Conquista é uma arte. Ou você aprende a ser uma artista ou jogue a toalha e saia da luta!


Minha cabeça girou com tantas metáforas.


– A aguada tem razão. – O viado se intrometeu. – Você tem que estar na galáxia! – Ergui uma sobrancelha.


Dulce PDV


Fazia um tempo que eu não dançava e estava gostando. Lucy havia proferido a palavra “amigos” e isso foi suficiente para me fazer relaxar e não ficar preocupado com maus entendidos. Éramos apenas dois colegas...


As batidinhas no meu ombro esquerdo desalinharam meu raciocínio. Olhei para trás, curioso.


– Preciso de ajuda. – Falou May, nervosa.


– O que aconteceu?


– Falei para ela ter cuidado com aquele salto, agora está lá no banheiro com o tornozelo machucado. Por favor, você é quase um médico, faz alguma coisa!


Corri até o banheiro feminino. Lucy e May me seguiram. Ao chegar lá, quem encontro, sentada na ponta da pia gigante de mármore?


– Aí... – Gemeu Bella, descalça, balançando o pé direito.


– Como foi isso? – Indaguei, pondo-me de joelhos, já segurando seu tornozelo.


– Foi tudo muito rápido, quando percebi, estava no chão. – Respondeu tão prontamente, que estranhei.


– Não me parece nada. Vai ficar bem logo. – Lucy aproximou-se, tentando tranqüilizá-la.


– AAAAAíííííííí! – Saviñón gemeu muito alto. Devia estar com muita dor.


– Onde dói? – Apertei-lhe o pé, cuidadosamente.


– Mais em cima. – Murmurou, chorosa.


– Aqui? – Pressionei a panturrilha.


– Mais em cima. – Respondeu, tapando o rosto com as mãos, provavelmente, para esconder a dor. Seu corpo, estranhamente, tremeu. Se não soubesse que estava com dor, podia até jurar que estava rindo.


Minhas mãos deslizaram até o joelho.


– Que parte, afinal, você machucou? – Lucy se impacientou.


– Aíííííí... – Meu frango queixou-se de dor.


– Vou levá-la ao pronto socorro. – Afirmei, preocupado.


– NÃO! – Disse alto. – Está doendo muito, faz alguma coisa agora! – Implorou, aflita. – O joelho dói!


– Não tinha sido o tornozelo? – Lucy perguntou para May.


– Torci o tornozelo e caí de joelhos! – Respondeu Bella, de imediato.


– Preciso de gelo! – Pedi, olhando em direção à loira.


– Ah, claro! – Ela foi até a porta e puxou a maçaneta. – Pode nos fazer esse favor, Lucy?


Minha amiga lançou-me um olhar estranho. Em seguida, saiu a passos largos.


– É melhor eu ir com ela, né? – May suspirou, preocupada. – Só para garantir que o gelo venha logo.


E quando dei por mim, estava sozinho, no banheiro, com as mãos quase na coxa da acidentada.


– Noite difícil. – Reclamou ela.


– Nem me fale! – Concordei, voltando a atenção para o machucado.


– Como está?


– Bem. – Respondeu. Quase sorri. – MAL! – Do nada, gritou, como se lembrasse de algo. – Estou bem mal... Aíííííí!


– Relaxa, vai melhorar! – Consolei.


– Diz isso porque não está doendo em você.


– Não exagere, não tem um arranhão. Talvez seja só uma luxação mínima.


– Não está massageando direito. – Reclamou, acomodando-se melhor na pia, onde permanecia sentada. – Se ficar de pé, acho que melhora.


Obedeci. Ao erguer-me, acabei ficando entre as pernas dela. Com a mão esquerda, pressionei o local machucado, com força.


– Hum... bem melhor. – Fechou os olhos e me senti aliviado. A dor, afinal, devia estar amenizando.


Em silêncio, tentei, a todo custo, ignorar as reações da minha pele em contato com a dela.


TORTURA! TORTURA!


Fitei a coxa da pirralha e não contive a pergunta:


– O que aconteceu com sua saia? – A barra havia sumido, como se alguém tivesse rasgado-a, diminuindo ainda mais o comprimento da peça. Lógico que isso me irritou.


– A bichona gostou do tecido, então, dei um pedaço para ele... você sabe, pra ajudar no lance da grife.


Meu olhar voltou-se para o rosto de Dulce. Sua expressão era um misto de ingenuidade e simpatia. No momento em que encarei outra vez sua saia, podia jurar que ouvi um risinho.


– Esse gelo não chega nunca. – Comentei.


Saviñón mexeu a perna e minha mão, súbita e inexplicavelmente, deslizou até a coxa.


ALERTA VERMELHO! VOU PERDER O CONTROLE!


– CHRISTOPHER!


Não sei quem berrou, mas meus colegas de classe invadiram o banheiro.


– Cara, estão chamando você no palco. Seu nome foi escolhido! – Nick, bêbado, falou rindo, enquanto os outros me puxavam para longe do meu frango. Confuso pelo barulho, fui arrastado para fora.


– Não, me solta! – Reclamei, tentando voltar para ajudar Dulce. Ainda estava preocupado com o machucado dela.


Meus esforços para voltar foram inúteis. Literalmente, a galera da Medicina me carregou até o palco.


Dulce PDV


Corri para fora com as botas na mão. Aturdida e me metendo no meio do alvoroço, precisei dar uns pulinhos para enxergar o Uckermann no palco. Ao seu lado, estavam Christian e Vincent.


O QUE ESTAVA ACONTECENDO, AFINAL?


Saí empurrando os alunos até chegar à mesa onde o pessoal estava.


– O que é aquilo? – Berrei.


– Olá, meus amores! – A voz fina e irritante veio da loira vestida como uma líder de torcida, no palco, com microfone na mão. – Para quem não me conhece, sou Cindy, a capitã da torcida do UMass!


A platéia aplaudiu e vibrou como se estivessem em um estádio. BABAQUICE!


Demorou quase um minuto para os alunos se conterem. Então, a capitã voltou a tagarelar:


– Sejam bem vindos, calouros! Essa noite vai ser quente! – Se abanou, toda oferecida, fitando os rapazes perto dela. – Vou explicar o evento, principalmente, para as novatas sortudas. É tradição do UMass, disponibilizar nosso lendário pote... – Ergueu o objeto adornado. – ... durante a calourada. A galera coloca, dentro dele, os nomes dos alunos mais populares. Entre outras palavras, MAIS GOSTOSOS, para o leilão anual do beijo. Quero enfatizar que todo o dinheiro arrecadado é doado para ajudar a torcida organizada doUMass. – A mulherada em peso se esgoelou. – Esse ano, temos três veteranos de tirar o fôlego aqui. Então, garotas, preparem suas carteiras!


E foi só nesse momento que a ficha caiu.


– PORRA! CHRISTOPHER VAI SER LEILOADO! – Me desesperei, socando o ar.


– Não sabia da tradição? – O suposto maconheiro indagou como se eu fosse anormal.


– Como é que eu ia saber?! – Irei-me.


Ele apontou para as faixas vermelhas nas paredes, onde estava escrito.


[LEILÃO ANUAL DO BEIJO]


Ok, eu sou anormal e desligada! Aflita, me foquei no que a líder de torcida galinha estava dizendo.


– Nosso primeiro garanhão de raça é o já conhecido Vincent Carter. – O babaca riu acenando e a gritaria descabida quase me deixou surda. – Ele é um excelente partido. Estudante de Música, 22 anos, guitarrista e um extraordinário piloto. O lance inicial é de 100 dólares.


– 100! – Gritou a voz feminina. Nem consegui saber quem era.


– 150!


– 200!


– 400!


Pasmem, eu estava perdida. Mandei tudo às favas. Me concentrei em Christopher, que permanecia quieto, como se estivesse totalmente alheio à realidade. Qual é? Ele não estava percebendo que ia ser vendido como gado?


– VENDIDO POR 850 DÓLARES! – O grito no microfone me assustou, tirando-me do quase transe.


– O que aconteceu? – Perguntei para minha irmã.


– Vincent foi vendido. – Riu.


Olhei para o playboy. Uma garota mais velha subia no palco, desesperada, com o dinheiro na mão. O que veio a seguir me chocou. Eles se agarraram na frente de todos, em um beijo obsceno do tipo, desentupidor de pia. A galera de Dartmouth fazia um barulho infernal, intensificando o clima de pura sacanagem.


Isso só serviu para me alertar de que logo seria a vez do UCKERZINHU e eu ia ter uma síncope a qualquer momento.


Enquanto o casal promíscuo ainda se beijava, a capitã da torcida continuou o leilão.


– O próximo garanhão é o nosso capitão Christian Uckermann ...


Christian PDV


QUERO SACANAGEM! EITA! E É BOM!


– ME COMPREM, SAFADAS! – Gritei perto do microfone.


A mulherada se esgoelou. EU ESTAVA NO CÉU!


Dulce PDV


É UMA BESTA MESMO!


– Christian tem 23 anos... – A líder de torcida deu continuidade. – ... estudante de administração, considerado um dos melhores atletas do estado. Um verdadeiro touro! O lance inicial é de 100 dóla...


A garota nem conseguiu terminar de falar e alguém gritou:


– 200!


– 290!


– 500! – O berro foi próximo à mim. Encarei, surpresa, Marius. – Quinhentinhos pelo bonequinho!


– Ficou louco? Você não tem nem 50 centavos! – A fofolete interveio, tentando baixar as mãos do viado.


– EU SEI, MAS EU QUERO MEU BOFE ESCÂNDALO! – Choramingou.


– 550! – Disse uma voz meio grossa.


Há poucos metros de nós, a criatura chacoalhava as notas. Não fui a única a ficar bestificada.


– MAX? – Disseram as garotas em coro. Logodepois, cuspiram no chão, em protesto ao nome do mal-caratismo em pessoa.


– PÁRA, PÁRA, PÁRA! QUE VIADO uÓ! TOQUE NO MEU BONEQUINHO, TOQUE! TU VAI FICAR DESDENTADA! – Manifestou-se o rei do barraco.


– 600! – Uma moça ofereceu e, logo em seguida, para a sorte do bisonho, veio outro lance.


– 700!


– 800! – O pavão enlouqueceu e Alice pôs as mãos na cabeça, sem saber o que fazer.


– 850! – Respondeu o gay loiro, ladrão da boutique.


Como eu já esperava, Marius perdeu o controle:


– SAI DA MINHA FRENTE QUE EU JÁ ESTOU ME TREMENDO TODINHA DE RAIVA! SUA LADRA, SUA BONECA DE VUDU! NESSA HISTÓRIA SÓ TEM LUGAR PARA UMA BICHA E ESSA SOU EU! – O lunático subiu em cima de uma cadeira, pronto pra peitar o rival.


– 850. Alguém dá mais? – A garota do leilão estava prestes a vender o serial killer.


– ALGUÉM ME COMPRE, PELO AMOR DE DEUS! – Christian gritou e todos olhamos pro palco.


– 900! – May levantou a mão. Rápido, foi vasculhar sua bolsa.


– Compra, raxa, compra antes que eu caia mortinha aqui! – Pediu a o pavão.


– Só tenho uma folha de cheque! – Respondeu ela, nervosa. – Tudo que tenho no banco são mil dólares para pagar o restante da obra na loja. Papai não vai liberar mais a grana, porque disse que já gastamos demais.


– 1.000! – O viado de megahair estava comprando uma briga pra vida toda, quando deu seu lance.


Se eu fosse Emmett, começava a rezar.


– 1.000 DÓLARES! ALGUÉM DÁ MAIS PELO CAPITÃO DO TIME? – O leilão ia ser encerrado.


Marius e a sebosa trocaram olhares, de mãos dadas.


– DOU-LHE UMA, DOU-LHE DUAS...


– 1.050! – Pasmem, quem gritou foi Poncho! – Anda, é tudo que eu tenho! – Tirou 50 da carteira e entregou a sebosa.


– 1.050! DOU-LHE UMA, DOU-LHE DUAS, DOU-LHE TRÊS! VENDIDO POR 1.050! – Disse Cindy. O público foi ao delírio.


Com o cheque e o dinheiro nas mãos, May saiu correndo em direção ao palco.


– CORRA, RAXA, CORRA COMO O VENTO! – Berrou Marius, aliviado por não deixar seu rival ladrão levar a melhor.


Esfreguei os olhos para acreditar que o serial killer e minha irmã estavam se beijando. Aquilo era algo que eu nunca imaginei ver na vida.


Infelizmente, a pior parte estava por vir. Meu coração acelerou.


– Nosso último garanhão é praticamente um mustang. Christopher Uckermann, 21 anos, estudante de medicina... – A cachorra o fez girar no palco, como se fosse um objeto. – ... ótimo pianista e um dos partidos mais bem cotados de Dartmouth. Lance inicial, como os outros, 100 dólares.


Meu estômago se revoltou. VOU TER UM AVC!


(Continua...)


***


 


 


 


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Autor(a): Anna Uckermann

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4ª FASE Capítulo 6: FANTASMA Dulce PDV – 150! – Alguém berrou ao longe. Fitei Christopher, que me encarou e, em seguida, desviou o olhar. Um nó se formou em minha garganta. O dilema estava presente. Se eu desse algum lance por ele, estaria colocando todos os meus planos a perder. Além de que seria constrangedor me esgoelar por ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 247



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  • loucas Postado em 14/12/2016 - 23:05:23

    Essa fanfic é perfeita demais pra ficar abandonada então por favor postaaaa mais

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 11:13:34

    posta por favor

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:37:22

    posta amore

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:37:10

    ENTÃO VE SE POSTA LOGOOOOOOOOOOOOO

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:36:56

    chantagem? BEM DOIDA, não seria capaz ^_^ MENTIRA! SIM! É UMA CHANTAGEM!

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:36:08

    se postar de novo deixo você com 280 coments ^_^

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:35:41

    comentei bastante linda agr pode postar hehuheuheuheuheuehuehe

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:35:14

    possta

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:35:05

    postta

  • lalavdlove Postado em 18/02/2016 - 01:34:56

    postaa


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