Fanfic: Feiticeiros da Lua | Tema: Vondy

◊Versão da Kat:

  Eu n sentia meu coração, parecia que ele tinha ficado caído naquela floresta junto com Josh e eu n podia fazer nada. Os Lunares levaram seu corpo pro forte e n me deixaram ir junto, me chamaram de traidora e que eu era a culpada por ele estar morto, que podíamos ter perdido a guerra mas ela podia estar vivo se eu n tivesse lhe traído, eles tem razão, é minha culpa.

  É minha culpa mas ela o matou, eu coloquei a corda em seu pescoço e ela empurrou a cadeira sem se importar com os meus sentimentos e nem com a sua promessa de mantê-lo vivo por mim, todos nós agimos como covardes hoje. Dulce quase perdeu o Ucker por causa do Josh e eu o perdi por ele tentar fazer o que achava certo, todos estávamos errados, mas doía tanto e suas últimas palavras ficavam ecoando como se zombassem de mim.

  ‘’Desculpe, eu n vi você até hoje.’’

Essas palavras me acertaram como uma flecha e eu quase fechei os meus olhos com ele.

  N me viro quando ouço passos se aproximando, n me mecho quando Dulce se senta ao meu lado e nós duas observamos o vazio em silêncio. Eu tinha ouvido enquanto ela contava a Marcos o que tinha acontecido, ouvi os gritos de vitória e os mensageiros se espalhando para contar a todos do nosso mundo as novidades, vencemos a guerra, o líder dos Lunares caiu e seu ‘’exército’’ se rendeu. Pra mim nós perdemos, eu perdi e ela sabia disso, eu perdi a pessoa que mesmo depois de tantas burradas eu amei, a mesma pessoa que me salvou á tantos anos atrás foi traída por mim, eu realmente me sentia um lixo.

  -Eu n podia deixar que ele continuasse com isso, ele nunca iria parar de tentar nos ferir, ele iria fazer qualquer coisa pra isso- a voz da Dulce n passa de um sussurro, mas um sussurro sério e firme.

  Eu quero dizer que ela está errada e que ele iria mudar, que a chance de viver em outro lugar e ter uma chance de fazer as coisas certas dessa vez fariam com que ele se arrependesse, mas seria mentira.

  -Eu n me arrependo por fazer o que eu fiz, eu me arrependo por fazer isso na sua frente e por n te deixar se despedir- ela diz e uma lágrima traidora foge do meu olho mas eu também n me mecho para limpá-la.

  Ficamos em silêncio durante vários e vários minutos, sei que ela quer uma resposta mas eu n a tenho, me sinto vazia e destruída, do mesmo modo que ela estaria se o Ucker estivesse morto.

  -Me desculpe Kat- ela diz com a voz rouca e se levanta pra ir embora.

  -Eu vou pra Veneza- as palavras fogem da minha boca antes que eu as empeça e Dulce se vira pra mim surpresa- Amanhã!

  A ideia surge na minha cabeça no mesmo momento que a lembrança de um dia de inverno volta a mim. Eu e Josh. Risadas e doces. Sonhos e desejos. Vontades e promessas.

  -Josh disse que quando tudo isso acabasse nós dois íamos viajar juntos pra Veneza, eu sempre amei Veneza! A guerra acabou,… então eu vou pra Veneza!- ela me olha sem dizer nada, apenas com um pequeno sorriso no rosto e concorda com a cabeça e se afasta sem se virar.

  Nós duas sabemos que eu posso nunca mais voltar, que quando eu voltar nada será igual e que pode demorar anos. Mas ela sabe que eu a perdoei apenas a comunicando dos meus próximos passos, esse é o nosso adeus, se é pra sempre? Eu n sei, mas Dul é uma das pessoas que me fazem querer voltar.

◊Versão da Kris:

  -DUL!!- grito animada quando a vejo entrar na tenda de Marcos e corro para seus braços, eu estava tão preocupada com ela.

  -Você vai me esmagar um dia baixinha- diz rindo e me apertando mais com mais força, como em uma competição de abraços apertados.

  Tinha sido chato e angustiante ficar esperando nessa tenda sem poder fazer nada enquanto ela estava toda fodona lá no campo lutando contra os Lunares, era um pecado eu estar entediada ali.

  -Bem?- pergunta nos separando e eu concordo a fazendo sorrir e dar um passo pra trás para me olhar de cima a baixo antes de me olhar bem no fundo dos meus olhos- Bom. Lembra quando conversamos sobre a sua memória? Sobre como ela pode nunca voltar?- pergunta e eu bufo em resposta.

  -Bela escolha de tema mana- digo irônica e ela revira os olhos.

  -Continuando. Você n pode ficar sozinha e por mais que eu te ame você é capaz de fazer coisas que nem mesmo eu entendo- ela diz com a voz triste e meu coração se aperta quando eu lembro dela falando dos sonhos que eu me comunicava com ela mesmo estando em um tipo de ‘’coma’’.

  -O que você quer dizer com isso?

  -Vem, quero te apresentar a alguém- diz evitando a minha pergunta e me puxa pra fora da tenta e me leva para uma tenda roxa vibrante a poucos metros da que estávamos, quando chegamos lá ela abre uma fresta e espera até que eu entre.

  Olho em volta e é o mesmo estilo da tenda de Marcos, só que muito mais vibrante e colorida. Em uma mesa no canto está uma senhora curvada jogando sudoku, seu rosto está concentrado mas sua expressão é doce, quando entramos seus olhos se movem para gente e acontece.

  Um lampejo.

  Um pequeno fragmento de memória.

  Rodas de dança.

  Roupas coloridas e vibrantes.

  Risos.

  Magia.

  Pisco surpresa com o que vejo e me concentro naquela senhora que agora está a poucos centímetros de mim me olhando com carinho evidente.

  -Kris, essa é a vovó Clary, ela...cuidara de você durante um tempo- Dulce diz com a voz vacilante e eu me viro pra ela surpresa.

  -O que?

  -Eu vou te ensinar a usar os poderes que você tem criança, eles são raros, faz muito tempo que eu n os vejo- antes que Dul fale a senhora toma a palavra e eu me viro pra ela de novo com desconfiança e depois pra Dul.

  -Você n está tentando se livrar de mim está?- pergunto com a voz falha e ela cai na risada e me abraça apertado ainda rindo.

  -Nunca! Eu vou te visitar todos os dias baixinha, e vai ser só até descobrimos o que você pode fazer- diz e me olha com seus lindos olhos confiantes que me enchem de confiança e felicidade.

  -OK!- digo e as duas sorriem e a Dulce me dá um beijo singelo na cabeça.

  -Eu vou deixar vocês conversando agora- diz animada e sai da tenda nos deixando sozinhas.

  Olho de novo pra vovó Clary que me olha com saudade? Bom, rodas de dança voltam a mim e n sei por que, mas ela me vem a cabeça dançando em um lindo vestido cigano azul royal.

◊Versão da Marina:

  -O que foi?- pulo de susto ao ouvir a voz de Marcos e me viro assustada, respirando fundo coloco o celular de volta na mesa.

  Nada.

  Ninguém tinha atendido.

  -Só quero que isso acabe e quero nossa menina aqui, com a gente de uma vez por todas- digo cansada e com várias lágrimas escorrendo pelo meu rosto e sinto Marcos me abraçar forte, é tão difícil ficar longe dela, ficam longe da nossa menininha de olhos castanhos e de boquinha vermelha, da menininha que gostava de brincar com os animais e que apostava corrida com carros que nem sabiam que estavam em uma competição.

  Mas eles nos tiraram dela.

  Nos separaram.

  Nos destruíram.

  Mas ela já devia estar de volta, o acordo foi cumprido, mas...aonde está a nossa menina?

  -Ela vai voltar Ma, fizemos um acordo com eles- Marcos tenta me consolar mas eu nego, no fundo eu tenho o medo irracional de que eles n cumpram com a sua palavra, mas antes que eu diga isso alguém entra, outra menininha de olhos castanhos, o motivo do nosso acordo.

  Dulce.

  -Desculpa interromper vocês nesse momento- diz envergonhada e Marcos nega nos separando e limpando minhas lágrimas com o polegar e me dando um beijo no nariz que me faz ficar vermelha, eu e Dulce na verdade.

  -Tudo bem querida, precisa de alguma coisa?- pergunta prestativo e ela nega rapidamente mas muda de ideia e concorda.

  -Na verdade sim, eu queria que vocês me escutassem por um momento- pede e aponta para as poltronas com a cabeça e nós dois nos sentamos ansiosos- Primeiro de tudo, me desculpa pelo mal que eu causei para sua família.

  Marcos tenta falar algo mas ela levanta a mão com um olhar triste e ele fica em silêncio e eu chocada.

  -Antes de eu fugir de shadow falls vovó Clary me contou algo, algo sobre uma menina de lindos olhos castanhos e um dom maravilhoso, mas… mas essa menininha tinha sumido misteriosamente deixando seus pais desesperados e confusos, então eles receberam um bilhete anônimo dizendo que a filha deles só voltaria se eles ajudassem uma garota a seguir o seu destino. Eu sou essa garota- ela fala de modo confiante mas eu n vejo nem um palmo a minha frente por conta das lágrimas, pelo modo que Marcos aperta minha mão sei que ele está do mesmo jeito.

  Limpo minhas lágrimas o máximo que posso e Dulce espera até que eu possa lhe enxergar de novo.

  -Foi culpa minha essa menininha ter sumido e eu queria tanto fazer alguma coisa. Eu invadi o seu escritório Marcos, achei a carta de três anos atrás e nela estava um número de telefone, a pessoa que me atendeu só me levou a sério quando eu disse que se ele n devolvesse aquela garotinha eu iria fugir pra bem longe e deixaria que essas pessoas lutassem por uma causa, só que sem mim. Eu pedi ajuda ao Ucker mas depois que eu fugi eu perdi o número de telefone dele e Ucker cuidou disso pra mim, então eu n posso levar muito crédiro.

  -Dulce?- pergunto sem folego e me levanto puxando Marcos e ela se levanta também.

  -Me desculpa por ser o motivo da família de vocês terem ficado tanto tempo separada. Luna?!- quando ela pronuncia esse nome, essa pequena palavra de suas sílabas, meu coração para novamente. N, ele n para, ele volta a bater depois de três anos parado.

  N pisco nenhuma vez quando Ucker entra, em sua mão direita está uma pequena mãozinha morena cheia de pintinhas que dá lugar a um braço e depois a um corpo inteiro. Ouço Marcos engasgando mas eu n me mecho nenhuma vez.

  Pele morena.

  Cabelos tão negros como carvão.

  Lábios vermelhos.

  Nariz arrebitado.

  Olhos castanhos.

  Os meus olhos castanhos.

  O meu pedacinho particular do céu.

  -Mamãe?Papai?! - sua vozinha é mais do que eu posso aguentar e eu desmorono em lágrimas salgadas, eu registro tudo depois disso.

  Marcos e eu correndo.

  Luna correndo pros nossos braços.

  Ucker e Dulce saindo da cabana.

  Lágrimas de felicidade.

  Beijos e abraços apertados.

  Mais lágrimas.

  Meu coração batendo contra a cabeça da minha menina.

  Tudo perfeito.

  Tudo junto.

  Nenhuma peça da família faltando.

◊Versão da Dulce:

  Eu tinha três coisas importantes pra fazer antes de qualquer outra coisa.

  1- Me desculpar com alguém, o que se tornou um adeus.

  2- Encaminhar alguém para seu futuro, o que virou um até logo.

  3- Reunir uma família, esse n teve complementos, foi perfeito.

  Junto com o meu amor eu fiz coisas incríveis, mas também algumas coisas vergonhosas, mas todas essas coisas foram perfeitas e eu vou me lembrar delas todos os dias em que eu abrir os meus olhos. Vou me lembrar de como eu fui escolhida, de como meus pais ( que eu n sei que são mas os amo) me deram para outras pessoas que me amaram de um jeito contraditório, mas me criaram com amor. Vou me lembrar de quase matar meus amigos quando os conheci, de como foi o aniversário mais louco do mundo pra mim, vou me lembrar de como eu e Ray descobrimos o amor e de como n deixamos de nos amar como irmãs, de como eu ainda posso acabar com ela em qualquer jogo de baralho.

  Vou me lembrar de cada farpa trocada com a May, de cada olhar apaixonado da Annie e do Poncho, das besteiras do Chris e do amor paternal do Marcos. Vou respirar melhor sabendo que n vou matar ninguém com os meus poderes, vou agradecer por ter fugido e ter encontrado uma irmã e outra melhor amiga, vou amar o meu amor verdadeiro apelidado de totó e vou tomar chá com a vovó. Vou ir no casamento da Annie e do Poncho e vou segurar a filha deles, vou ouvir piadas horríveis do Chris pela décima vez, vou ver os meus pais e abraçá-los e n vou perguntar sobre os meus pais biológicos por que eu sei que estamos melhor assim. Vou amar, vou viver, vou aprender e vou levantar garotos ‘’sem querer’’ a metros no ar com meus poderes.

  Vou fazer tudo isso com os olhos bem abertos para n perder nada, para quando eu fechar os meus olhos pela última vez será eles que eu vou ver, as pessoas que eu amo e que me amam de volta. Vou lutar por eles e com eles, pois somos feiticeiros, servimos a lua e no momento mais importante da minha vida, se eu estiver com medo eu vou olhar em seus olhos e dizer:

  -Eu aceito!- e haverá luz de novo.

                          FIM.