A porta dos fundos se abriu, e um cara que se parecia bastante com o Ucker entrou. Era Riley, seu irmão mais velho. Ele era um pouco mais baixo que o Ucker, um pouco mais largo, mas os dois tinham o mesmo nariz, os mesmos olhos.

— Você está bravo com a mamãe? Qual é a novidade, porra? — Ele estendeu a mão e bateu o punho fechado no do Tyler. — E aí, cara, qual é? — Depois bagunçou o cabelo do Easton. — E aí, carinha.

O Ucker ganhou um tapa na nuca. Com força. Ele se levantou, claramente preparado para desafiar o irmão mais velho, os dois rindo, como se aquilo fosse normal. Mas o Riley tinha voltado a atenção para mim e para a tigela.

— Ei, o que é isso? Tem uma garota aqui e ela está cozinhando? Alguém chama a polícia, tenho certeza que é uma fugitiva do hospício.

— Oi — falei, desarmada pelo Riley. Ele era mais agitado que o Ucker, seu sorriso era mais superficial.

— Essa é a Dulce, minha namorada — disse o Ucker. — Então não seja um babaca.

— Eu? — Riley colocou as mãos no peito num falso protesto. Quando tirou a jaqueta de flanela, vi que ele tinha uma tatuagem idêntica à do Ucker no bíceps. Ele estendeu a mão. — Prazer em te conhecer, Dulce. Eu sou o Riley.

— O prazer é meu. — Estendi a mão e ele apertou com força, parecendo não notar ou não se importar com o fato de que eu era uma mulher. Eu não tinha certeza se gostava ou não disso.

— O que você está fazendo?

— Torta de abóbora. — Acrescentei as especiarias à mistura. O queixo dele caiu.

— Sério? — Ele deu um sorriso na direção do Ucker. — Caramba, cara, você se deu bem.

Ucker pareceu dividido entre ficar feliz e irritado.

— Você tem uma amiga pra me arrumar? — Riley me perguntou. — Que saiba cozinhar? De preferência loira?

— Não responde — disse o Ucker. — Nenhuma das suas amigas merece se sujeitar a esse cuzão.