Elas acenderam o abajur, que lançou um brilho fraco pelo quarto, o que aumentava minhas chances de ser descoberta ali. Fiquei debaixo das cobertas, com os olhos fechados, e tentei não me mexer, respirando o mais devagar possível. Eu estava curiosa para saber qual era a opinião real delas sobre o assunto. Especialmente a da Anahi. Eu tinha dormido quase imediatamente depois que Ucker me deixou em casa, o que me surpreendeu, e por causa disso eu não tinha a menor ideia de que horas eram. Acordei com tanta facilidade que achei que devia estar dormindo havia algum tempo e que já era quase de manhã. Elas obviamente achavam que eu ainda estava na casa do Christian, aninhada na cama com Ucker. Até parece. Eu tinha dormido sozinha, como sempre.

— Pois é. Eu também não achei que ela ia até o fim. Ela estava meio surtada comigo no banheiro. — Que exagero. Eu só queria ter certeza de que a Any não se importava. A voz dela parecia cansada e quase tão embolada quanto a da Maite, o que me fez pensar que ela havia bebido depois da pílula de hidrocodona.

— Droga, meus pés estão inchados.

Ouvi Anahi afundar na cama, que formava um L com a minha. Eu sabia que ela ia me notar ali a qualquer momento. Provavelmente o único motivo para ela não ter me visto ainda era que eu dividia um beliche com Maite, e minha cama era a de baixo, por isso eu estava nas sombras.

— Eu queria que mais pessoas percebessem como a Dulce é inteligente e legal, porra. Ahhh. — Isso era gostoso de ouvir. Eu estava prestes a rolar e anunciar minha presença quando Maite disse: — É mesmo. Mas eu realmente acho que esse negócio que a gente armou com o Ucker vai melhorar a autoconfiança dela. — Fiquei paralisada e reprimi uma respiração surpresa. O que ela queria dizer? Não gostei de ouvir a palavra armou. — Ela vai relaxar depois que superar esse papel de “sou uma garota virgem e tímida”. Porque eu acho que essa aí não é ela. Quer dizer, a parte da virgindade sim, até hoje. Mas a parte da timidez, é disso que eu estou falando.