— Você pegou um formulário de emprego pra mim? — Tyler perguntou ao Ucker.

— Não, cara, desculpa, esqueci.

— Eu preciso de um emprego, Ucker. Como é que eu vou fazer a minha tatuagem? — Ele deu um tapinha no bíceps, que definitivamente não estava na mesma forma que os do Ucker. Ele tinha a tonicidade muscular baixa que a maioria das crianças com Down parece ter.

— O que você quer tatuar? — perguntei. Tolerar era fácil de conversar, fácil de gostar.

— A mesma coisa que o Ucker e o Riley. Família TRUE. — Ele deu outro tapinha no braço. Meu coração se derreteu no peito e se transformou numa enorme massa de gelatina líquida. — Isso seria legal.

— O Tyler acha que a tatuagem vai ajudar com as garotas — disse Ucker, dando uma piscadela para o irmão. — Né, bro?

Tyler percebeu que Ucker estava provocando e disse bem alto, num tom contrariado:

— Bom, funcionou pra você! Você conseguiu a Dulce, não conseguiu?

— Você acha que a Dulce só gosta de mim por causa das tatuagens? — Ucker me deu um olhar divertido e pegou a garrafa para dar um longo gole.

— Por que outro motivo ela ia gostar de você? Você não tem pau grande nem nada.

Meu garfo e meu queixo caíram. Oi? A cerveja do Ucker saiu pelo nariz com a declaração do Tyler, e ele bateu no peito, engasgando e rindo.

— Como é que você sabe se eu tenho pau grande ou não? — Depois ele levantou a mão, ainda ofegando e rindo.— Não importa. Não responde. A gente não devia falar essas merdas na mesa do jantar. Não são boas maneiras.

— Não? — perguntou Tyler.

— Não. Os genitais não devem aparecer na mesa do jantar. Certo, Easton?

O irmão menor deu de ombros, ainda mastigando a mesma cenoura. Devia estar parecendo papinha de bebê na boca dele agora.

— Você vai dormir aqui hoje? — perguntou Easton a Ucker, com a cenoura já em forma de purê escapando pelos lábios enquanto falava. A pergunta parecia inocente, mas havia medo em seus olhos escuros.