Fanfic: ♦ Paixão Inesperada ♦ | Tema: Vondy - Adaptada

Quando abro a porta do prédio e saio para o ar gelado da noite, vejo Poncho alcançando Annie e a fazendo olha-lo segurando em seu braço e virando-a para ficarem frente a frente.

Vou correndo até eles e paro alguns passos longe com medo de invadir o espaço dos dois.

— Me solta, Poncho. — Annie grita tentando se livrar das mãos fortes de Poncho. O rosto dela está coberto de lágrimas.

— Não, você tem que me ouvir, por favor, meu amor.

— Não me chame mais assim, nunca mais me chame assim. Deixe-me em paz.- Annie está descontrolada, não para de chorar.

— O que você quer dizer com “nunca mais”? — Poncho pergunta e posso ouvir medo em sua voz, ele vai lentamente soltando os braços de Jane.

“Será que devo interferir? Ir embora? E se eu precisar me meter no meio dos dois?”

— Você entendeu perfeitamente, Poncho. Está tudo acabado entre nós.

Caralho!

— Não! — Poncho diz soltando um gemido de dor ao mesmo tempo em que fala.

— O que está acontecendo? — Pergunto, mas os dois me ignoram.

— Annie, por favor, não faça isso comigo. Eu te amo. — Poncho diz parecendo pronto a cair de joelhos e implorar.

Annie solta uma risada sem humor nenhum, repleta de magoa e dor, os mesmos que eu observo em seus olhos que brilham e estão vermelhos por causa das lágrimas.

— Não minta mais para mim, Poncho. Se você me amasse não estaria dando uma festa que mais parece uma orgia. Se você me amasse não estaria beijando aquela garota seminua no seu quarto. — A voz de Annie falha no final da frase e ela leva a mão até a boca para segurar os soluços.

“Opa, espera aí! O que ela falou que o Poncho estava fazendo? Devo ter entendido mal, não pode ser.”

— Meu amor, não é assim, você tem que acreditar em mim. Aquela mulher apareceu no meu quarto, ela se jogou em cima de mim. — A voz de Poncho está desesperada assim como a expressão em seu rosto.

Annie solta uma risada de escárnio como quem não acredita.

— Essa desculpa já é velha, Poncho. Pelo menos seja homem suficiente e admita o que você fez.

— Mas eu não fiz nada. Eu te amo e só quero você, meu amor. — Ele tenta levar sua mão até o rosto dela, mas Annie recua um passo.

— Não me toque. — Ela diz com uma cara de nojo e vejo uma dor profunda se estabelecer nos olhos de Poncho.

— Annie, pelo amor de Deus, me deixe explicar. Eu sei o que parece...

— Sim, eu também sei o que parece. Parece que eu me enganei com relação a você, você não é quem eu achava que era. Você é egoísta, você só pensa em sexo, em diversão, você é...Você é...Você é igual a ele. — Ela aponta rapidamente para mim e me lança um olhar de nojo misturado com pena. O que me faz recuar um passo.

Poncho nem faz menção em se virar para mim, ele olha para Annie fixamente e só para ela.

— Minha linda, não fala assim, você me machuca. Eu te amo, eu juro por tudo que é mais sagrado que a única mulher que eu quero é você. Eu não fiz nada com aquela mulher e nem com nenhuma outra depois que eu conheci você. Eu não sabia dessa festa, na verdade eu sabia mas não era para ser uma festa assim, era para ser só uma pequena comemoração, as coisas saíram do controle, meu amor. Acredite em mim.

— Como eu fui burra. Fui tão burra em achar que você na faculdade, com todas aquelas mulheres gostosas lá, iria ser fiel a mim, uma garota do ensino médio. Eu sou mais uma dessas garotas que se tornam tolas por estarem apaixonadas, que não enxergam o óbvio. Mas eu não vou mais ser assim. — Ela diz secando as lágrimas e parecendo ter acabado de tomar uma decisão interna.

— Annie, por favor...

— Não, Poncho. Chega. Se é isso que você quer, se é assim que você quer viver... — Ela faz um aceno com a cabeça em direção ao nosso apartamento. — Então seja muito feliz foden/do qualquer uma por aí. Por que eu quero um homem que queira só a mim, quero um homem que me ame e que queira se casar comigo, não quero alguém que só pensa no prazer e não percebe que existem coisas mais importantes do que sexo. Eu não quero falar com você nunca mais, e muito menos te ver. Esqueça que eu existo, vá viver a sua vida desregrada e me deixe em paz. Adeus. — Ela se vira e começa a caminhar para longe, Poncho está meio curvado, como se estivesse sentindo uma dor muito forte no peito.

— Não, pelo amor de Deus, não vá embora meu amor. Não me deixe. — Poncho vai até Annie e tenta segura-la, mas ela se esquiva violentamente e olha para ele com fogo nos olhos.

— Já disse para não me tocar, não quero suas mãos em mim, Deus sabe onde elas estiveram e o que fizeram. Deixe-me em paz, Poncho. Acabou tudo entre nós e eu não quero mais saber de você. Eu vou sofrer no começo, mas sei que vou superar, eu vou te esquecer. Vai ser fácil, vai ser só lembrar do que eu vi hoje.

Poncho solta um grunhido que vem do fundo do peito, um grunhido de quem está com a alma quebrada. Ele cai de joelhos na frente de Annie a agarra suas pernas, ele chora igual a uma criancinha. Diante de tamanho desespero, sinto meus próprios olhos umedecerem.

— Não, Annie. Por favor, não faça isso comigo. Não sei viver sem você, meu amor. Eu sou quem você sempre achou que eu era, eu sou o homem certo para você, eu quero me casar com você...Deus, eu quero viver o resto da minha vida com você, então não me deixe.

Annie coloca as mãos no rosto e seu corpo começa a tremer violentamente.

— Eu te amo tanto, Poncho. Por que você fez isso comigo? — Sua fala é quase inteligível devido a quantidade de soluço e choro que ela produz.

— Eu também te amo, meu amor. Eu não fiz nada, nada, eu juro. Acredite em mim. — Poncho se agarra firmemente as pernas de Annie e chora enquanto implora que ela não vá.

Olho ao redor do estacionamento, mas não vejo mais ninguém observando a cena. Sinto-me um invasor, não deveria estar aqui, isso é intimo demais, mas não sei o que fazer. Talvez Poncho precise de um ombro amigo, talvez eu possa ajudar de alguma forma