Fanfic: Inferno Em Teus Braços || Vondy (Concluída) | Tema: Vondy

Lutando contra a náusea que lhe virava o estômago, Dulce voltou à mala e, com dedos trêmulos, guardou outra vez o vestido verde de lã que escolhera. Depois de uma rápida procura, encontrou o provocante conjunto de camisola e penhoar que a mãe lhe comprara, todo em rendas, de um branco virginal. Christopher não tinha se movido, mas ela sentia seu olhar duro como aço.

Oh, Alfonso!, seu coração chamava. Mas foi com a cabeça erguida que foi até a porta e entrou no banheiro. Para sua surpresa, Christopher deixou-a tomar o banho em paz. Receava que ele a seguisse e aumentasse sua humilhação, obrigando-a a se despir e tomar o banho na frente dele.

O calor da água afastou um pouco o cansaço da viagem, mas nada, nem mesmo o perfume suave do sabonete caro, ou a enorme toalha felpuda, ou o luxo oriental daquele banheiro, podia diminuir a dor em seu coração e o medo que tomava seu rosto branco como mármore. Depois de ter escovado os dentes, passou um brilho nos lábios ressecados e, envolta em seda e rendas, voltou ao quarto.

Christopher estava de pé, ao lado da janela, olhando a noite lá fora. Quando pressentiu sua chegada, virou-se e olhou-a com insolência.

— Agora vou eu tomar uma ducha. Seu quarto de vestir fica naquela porta ao lado. — Dulce pendurou os vestidos e guardou as sofisticadas e luxuosas roupas de baixo que Blanca havia comprado. Não se espantaria se ainda encontrasse as roupas de Maite por ali, mas não havia nenhum sinal da outra.

Enquanto arrumava suas coisas, seu olhar foi atraído pela imagem que o espelho refletia, no outro lado do quarto. “Não tão bonita como Anahí", ele dissera, e tinha razão. Seus olhos eram grandes demais e os traços, nada regulares. Realmente, o que mais impressionava nela eram os cabelos e o contraste com os olhos intensamente amendoados e a pele muito branca.

"Preciso cortar os cabelos", pensou, desgostosa. Alfonso gostava deles assim compridos e soltos, adorava passar os dedos pelos fios sedosos, mas agora isso não tinha mais importância, não havia mais razão para satisfazer os gostos de Alfonso. Agora pertencia a Christopher Uckermann, como uma mercadoria. Seria melhor pensar em Alfonso como se ele tivesse morrido.

A mão, onde uma aliança grossa de ouro brilhava como uma algema, refletiu no espelho, e o rosto que a olhava mostrava uma dor intolerável. Pouco a pouco, usando toda a força de vontade, ela transformou a angústia numa máscara inexpressiva e controlada.

Voltou ao quarto, onde seu marido já estava, todo vestido de preto. Será que ele escolhera de propósito a cor do luto e do terror? Era muito provável, da mesma maneira como a estava humilhando, obrigando-a a usar roupas que revelavam sutilmente os contornos do corpo jovem e desejável.

Quando entrou no quarto, ele a olhou outra vez com intensidade, submetendo-a a um insultante exame.

— É eficiente também — comentou, pegando a mala vazia e jogando aos pés da cama. Depois, com suavidade: — Vem cá.
A náusea voltou, mas ela obedeceu, ficando imóvel, quando ele segurou seu rosto.

— As coisas não precisam ser assim — disse Christopher, inesperadamente.

Dulce sentiu a revolta substituir a náusea. Como ele ousava pensar que... que havia algum jeito de ela esquecer que estava casada com um bárbaro?

— Precisam, sim! — respondeu, com altivez. — Oh, não tenha medo, não vou reagir, não vou gritar, não vou fazer nenhuma bobagem. Você está pagando por mim, e sei como o preço é alto. Serei sua esposa submissa. Mas é tudo que serei.

Ergueu os olhos para ele, revelando seu ódio, mas Ucker deu um sorriso diabólico e disse, rouco:

— Então, que seja assim, minha beleza. Vamos descobrir se seu preço foi alto demais! — E puxou-a para si.

Um raio de luar entrava no quarto, chegando até a mesinha ao lado da cama, clareando o vaso com belas rosas que alguém havia colocado ali, ao lado do relógio de esmalte rosa e branco, uma verdadeira obra de arte. O olhar desesperado de Dulce pousou no mostrador, e viu que já eram duas da manhã.