Fanfic: Inferno Em Teus Braços || Vondy (Concluída) | Tema: Vondy

— Pode ser uma qualidade frívola, — comentou Blanca, ao admirar as salas de flores, tudo impecavelmente arrumado — mas sei instintivamente como receber meus convidados e deixá-los à vontade.

Olhou orgulhosa para as filhas, que estavam realmente lindas. Blanca sempre havia sido muito exigente, se esmerando na educação das duas. Dulce era quase um palmo mais baixa do que a bela irmã, o corpo esguio e bem feito, cabelos castanhos claro, pele clara, olhos de um amêndoa intenso. Anahí, alta e loura, tinha olhos azuis-claros e herdara os traços clássicos e perfeitos da mãe. Naquela noite, usava um vestido dourado e estava mais linda do que nunca.

Olhando para a sala cheia de flores, Dulce sentiu o coração leve. O ano passado no exterior tinha sido fascinante, mas sentira imensa saudade de casa.

Agora, depois do exílio forçado, recebia sua recompensa. Estava finalmente de volta, à espera dos amigos. E de Alfonso?!

Logo a casa estava cheia de música, de risos e de conversa. E Alfonso, a seu lado. Feliz, ela se movimentava entre os convidados, encantadora, vivaz, sorridente.

Depois de cumprir seu papel de anfitriã, dançou com Alfonso.

— Tive tanta saudade — ele sussurrou em seu ouvido.

— Humm...

— É só o que tem a dizer? — reclamou Alfonso, fingindo zanga.

— O quer que eu diga? — perguntou, provocante. — Se eu dissesse tudo que quero, acho que assustaria você. Deus do céu! Esse ano parecia não acabar mais!

— O pedido de sua mãe para não escrever um ao outro podia ser sensato, mas, querida, foi um inferno para mim!

Dulce ficou impressionada com a intensidade do amor dele; mesmo assim, quis ter certeza.

— Pelo que Any me escreveu, você estudou tanto que nem teve tempo para pensar em mim.

— Nunca tirei você do pensamento. E tudo que fiz foi por você... por nós. 

Era o mais perto que ele tinha chegado de um pedido de casamento. Feliz, ela levantou os belos olhos amendoados para ele, e os dois continuaram dançando, esquecidos de tudo a sua volta. Então Alfonso desviou o olhar e sua expressão mudou.

— O que foi? — perguntou ela.

— Entrou um homem, e ele estava olhando muito firme para nós. Agora, está conversando com sua mãe.

— Mas quem é?

— Não sei, mas o rosto me é familiar. — Girou, para que ela pudesse ver o desconhecido. — É aquele ali. Conhece?

Dulce o reconheceu imediatamente. Nem que vivesse mil anos, se esqueceria daquele rosto que vira pela primeira vez aos dezesseis anos. Aquele rosto frio, controlado, bonito e implacável. Os olhos castanhos-claros contrastavam com a pele morena, e a gelaram imediatamente, fazendo com que perdesse o ritmo da dança e tropeçasse.

— Querida, o que foi? Dulce...? — perguntou Alfonso, olhando para o rosto lívido da namorada.

— Aquele é Christopher Uckermann.

— Christopher Uckermann? O mesmo...?

— Sim, o mesmo Christopher, cuja mulher eu matei quando tinha dezesseis anos.

Ele ficou calado, acompanhando mecanicamente o ritmo da música, enquanto Dulce sentia o corpo se transformar em um pedaço de gelo. A única realidade naquele instante eram os olhos frios e acusadores de Christopher Uckermann.

— Más que diabo ele está fazendo aqui? — perguntou Alfonso, irritado. — Sua mãe o convidou, ou ele veio se intrometer?

— Ela não me disse nada.

— Mas não parece estar surpresa de vê-lo. Vamos tomar alguma coisa. Você precisa de uma bebida forte, para se recuperar do susto.

Deu a ela um pouco de conhaque e levou-a até o terraço. Ficaram apreciando a bela vista da cidade de Christchurch que se via lá em baixo, uma cidade luminosa, espremida entre as montanhas e o mar.