Fanfic: A Ordem do Prazer | Tema: Once upon a time

Eu sei que foi só um selinho, e que foi à pedido dos fotógrafos, mas era impossível não ficar mal ao ver aquilo. Ver Emma com outra pessoa, e ainda beijando tal, doía além do suportável.

Eu sentia como se o certo fosse que eu quem estivesse alí, ao lado de Emma, era a mim que ela deveria estar beijando em frente aos fotógrafos. – Ri comigo mesma. – Doce ilusão.

– Relaxa, isso é pura encenação 'pra mídia. – ouvi, pela primeira vez naquele evento, a voz da Ashley.

– Como você consegue ficar calma com isso? – questionei.

– Eu só já estou acostumada. – notei seu olhar triste, porém, conformado.

– Bem corajosa você. – falei, um tanto impressionada com aquilo.

– Tenho que ser. – respondeu simplesmente. Voltei a olhar para  Emma, que sorria para os fotógrafos.

– Eu entendo sua situação. – falei.

– Não é fácil lidar com isso, mas eu sei que não vou receber mais dela do que já tenho, é uma situação aceitável. – sorriu. – É bom ter algumas vantagens como, por exemplo, saber que esse casamento é uma farsa, mesmo não sabendo o motivo. – pelo jeito, ela estava na mesma situação que eu.

– Você é exclusiva? – perguntei.

– Não tenho a mesma sorte que você. – vi um brilho triste em seus olhos. – A Lily se diverte com várias outras. A única garantia que eu tenho é que, no final, ela sempre volta 'pra mim. – ela falava tudo com muita naturalidade, e acabei invejando um pouco sua autoconfiança. Era algo que eu realmente queria ter.

Todo aquele ambiente estava se tornando desconfortável para mim, por isso, resolvi ir ao banheiro. Fechei a porta com a  chave, encostando-me na mesma. Por sorte, não havia ninguém alí.

Rezei para que não aparecesse ninguém, mas, alguns minutos depois, ouvi alguém bater na porta.

– Regi, abra. Eu sei que você está aí. – droga! Era a Emma. E agora? Eu abria ou não? – Anda, Regi. Abra logo isso. – suspirei frustrada. Rodei a chave devagar e me afastei da porta. Logo Swan entrou no banheiro, trancando a porta novamente. – Eu sei que você viu. – falou.

– Você beijando sua esposa? Nada de anormal nisso, Emma. – dei de ombros não querendo encará-la.

– Você sabe que aquele beijo não significou nada. – tentou se aproximar mas eu recuei.

– No hotel a gente conversa, Swan, não aqui. – apoiei-me com as duas mãos no lavabo, encarando-me pelo espelho. Eu conseguia ver Emma através dele.

– Você não pode me culpar por aquilo. Eu não... – a interrompi.

– Eu já disse, Emma. Não vou falar sobre isso aqui! – subi o tom de voz.

Swan me puxou pelo braço, agarrou-me pela cintura e colou nosos lábios um ao outro antes que eu pudesse ter qualquer reação. Começamos em um beijo urgente que, aos poucos, foi ficando lento e apaixonado. Me apoiei em seus braços enquanto a beijava, sentindo todo meu corpo corresponder àquele ato, empurrou-me até as minhas costas encostarem no balcão do lavabo, pressionando seu corpo contra o meu. Quando o ar se fez necessário, cessamos o beijo.

– Esse... É o único beijo que me interessa, Regi. – falou ofegante. Olhou-se no espelho, tirando o excesso de batom que ficou em sua boca e saiu do banheiro, deixando-me atônita alí.

                                  ~

Ruby e eu tomávamos uma taça de champagne enquanto observávamos todo o evento, que estava transcorrendo a todo vapor. Emma e Graham conversavam com alguns empresários enquanto Lily e Ashley... Bom... Deveriam estar se pegando em algum canto escondido por aí.

Emma foi gentilmente convidada a fazer o discurso de abertura do evento e fez isso divinamente. Logo depois fomos nos acomodar na mesa destinada ao Graham e convidados. Bebidas e petiscos eram servidos à vontade enquanto rolava discursos, leilões, apresentações de projetos e premiações. No final, mais fotógrafos e entrevistadores rápidos até que, finalmente, fomos embora.

 

                                ~x~

 

Entramos no quarto em um silêncio incômodo. Emma foi tomar banho primeiro, logo depois fui eu.

Eu estava terminando de vestir a camisa do pijama quando senti Emma se aproximar, envolvendo minha cintura por trás, depositando vários beijos em meu pescoço.

– Faz amor comigo. – pediu, e era muito difícil não me entregar quando Swan pedia daquele jeito, mas eu precisava.

– Emma, espera... – resisti, tentando me desprender de seus braços.

– Esperar o quê, Regi? – me segurou firme, prendendo-me ao seu corpo.

– A gente precisa conversar. – minha voz já falhava um pouco por sentir suas mãos em mim.

– Depois a gente conversa. – voltou a beijar meu pescoço.

– Não, Emma. Agora. – insisti.

– Eu quero você, Regi. – prendeu-me mais a sí.

– Mas eu não! – falei alto, me arrependendo no mesmo instante. É claro que eu a queria, mas as coisas não se resolviam daquele jeito.

Emma me soltou abruptamente, virei-me e, ao ver sua expressão, me arrependi ainda mais do que eu havia falado. – A gente não vai resolver as coisas com sexo. – tentei amenizar o clima tenso que tinha se instalado naquele quarto.

– Não foi sexo que eu te pedi, mas agora nem importa mais. – sua voz transparecia raiva.

– Fazer sexo ou fazer amor, no final, é tudo a mesma coisa, Emma. – falei cruzando os braços.

– Você sabe que não é. Sentiu muito bem a diferença na nossa primeira noite aqui. – foi aí que eu percebi que Emma tinha feito aquilo de propósito naquela noite.

– E porque você fez daquele jeito? – perguntei.

– Não sei, eu... Aquele cara na recepção ficou te olhando daquele jeito, sei lá, eu perdi a cabeça, fiquei fora de mim... – a interrompi, pois já tinha ouvido o suficiente.

– Você 'tava com ciúmes de mim, Emma? – arqueei a sobrancelha, questionando-a. Swan se sentou na cama e pareceu pensar por um tempo.

– Talvez. – confessou sem me encarar. – Agora vamos esquecer isso, 'ta bom? – pediu, mas eu ainda não sentia que aquela conversa estava acabada, tinha muita coisa entalada na minha garganta que eu precisava falar. Emma acabou percebendo que eu ainda estava incomodada com algo. – Você vai continuar assim por causa da porra de um beijo insignificante?

– Não é só por conta do beijo, Emma. É toda essa situação. Eu não sei mais se consigo ou se quero continuar nisso. – falei cabisbaixa.

– Não! – falou com o semblante assustado, levantou-se da cama andando de um lado para o outro com as mãos na cintura. – Você não vai fazer isso, não vai me deixar de novo. Você prometeu! – eu pude perceber o medo na voz de Emma.

– Você não pode considerar tudo que eu digo na hora do sexo, Emma. – quando analisei novamente minhas palavras foi que me toquei da grande merda que eu tinha dito. Swan sorriu irônica, mas pude ver o brilho de decepção em seus olhos.

– Bom saber disso, Srta. Mills. Pelo jeito, eu que estou sendo a idiota nessa história, não é? – droga! Não! Porque que eu fui falar aquilo? É claro que tudo que eu dizia a Emma quando fazíamos amor era verdade.

– Emma, não é isso. – ia me aproximar dela, mas seu olhar deixou bem claro que eu não fizesse aquilo

– Não se preocupe, eu não vou mais lhe incomodar, Srta. Mills. – ela pegou apenas uma calça jeans e vestiu, pois já estava com uma regata branca, e saiu do quarto em passos firmes.

Emma conseguiu virar completamente o jogo, e no final eu nem estava mais me importando com aquela droga de beijo.

Não dei a mínima para a roupa que eu estava usando e saí em disparada para a porta da suíte, vendo Emma passar direto por Ruby que estava no corredor e entrar no quarto de Lily sem ao menos bater na porta, que estava aberta por sinal.

Ruby me olhou com a cara mais confusa do mundo e veio até mim.

– O que aconteceu com ela? – perguntou.

– Eu e minha boca grande. – falei triste.

– Não vai dizer que você contou 'pra ela que 'ta apaixonada?! – me olhou apreensiva.

– Claro que não, idiota. Falei umas merdas na hora da raiva que nem ao menos eram verdade. – suspirei arrependida.

– Ah, não. Agora você vai me contar tudinho o que aconteceu. – me arrastou pra dentro da suíte.

Sentamos na cama e eu contei a minha amiga tudo que havia ocorrido desde o evento até agora.

– Olha, desculpa, Gina. Mas por mais que a Emma tenha um parcela de culpa nessa história, você vacilou feio, amiga! – falou.

– É, eu sei. Mas agora não faço a mínima ideia do que eu devo fazer. – disse chateada.

– Agora é esperar ela se acalmar e tentar falar com ela amanhã. – sugeriu. – Eu posso ficar aqui com você, se quiser. O Graham não vai se importar.

– Não, não precisa. Pode ficar lá com ele. Eu vou apenas dormir. – sorri para ela, tentando passar confiança.

–  Você tem certeza? – perguntou.

– Tenho sim. Pode ir. – falei.

Quando Ruby saiu foi impossível não me entregar às lágrimas. Chorei até o sono finalmente me levar.