Fanfic: A Ordem do Prazer | Tema: Once upon a time

Eu via nos olhos de Emma que o que estava acontecendo alí não era nada bom. Minha chefe simplesmente não falava, só intercalava seu olhar entre aquela mulher ruiva e eu.

– É melhor você dizer logo, porque se eu descobrir sozinha vai ser bem pior! – falava se aproximando da mesa de Emma.

Pânico, era o que eu sentia naquele momento. Eu sentia como se Swan estivesse encurralada e nem sabia o por quê daquela sensação.

Mas minha chefe não respondia, nada falava e aquele clima era sufocante. Me perguntei onde estava a Emma imponente, fria e toda cheia de sí. Era como se aquela mulher a sua frente a conhecesse muito bem.

A ruiva virou seu rosto em minha direção e fitou-me nos olhos. Eu via um misto de raiva e tristeza em seu olhar. Eu não conseguia entender nada daquilo.

Seu olhar intercalou entre meus olhos e um ponto fixo abaixo do meu pescoço, e foi aí que o pânico aumentou. O pingente com o cisne deixava tudo ainda mais óbvio depois dos olhares receosos que Emma me lançava.

O sorriso que a ruiva deixou escapar de seus lábios foi totalmente maligno. Ela deu o primeiro passo em minha direção e fechei os olhos esperando o que aquilo iria dar.

– Me solta! – escutei a voz da mulher em um  grito. Então tive coragem de abrir os olhos, e o que vi foi Emma segurando com força a mulher entre os braços enquanto ela tentava se soltar. Mas era em vão.

– Você não vai tocar um dedo sequer na Regina ou eu acabo com a sua vida! –  Swan falou puxando aquela mulher para o mais longe possível de mim. A ruiva se debateu nos braços da minha chefe até que ela finalmente a soltou, porém, prestando atenção em cada movimento da mulher.

– Aproveite bastante a Emma enquanto pode, porque isso não vai durar muito tempo! – ameaçou dirigindo-se a mim. Logo depois saiu da sala em passos largos.

Swan levou uma das mãos à nuca e a outra à cintura. Parecia nervosa e me olhava de canto. É claro que eu queria saber o que foi aquilo tudo, e Emma iria ter que dar uma boa explicação.

– Já pode ir me explicando o que foi isso aqui. – falei, levantando-me da minha cadeira, indo até ela e cruzando os braços. Emma respirou fundo e pôs as mãos nos bolsos de trás da calça.

– Tem uma coisa que eu preciso te contar. – disse, evitando me olhar nos olhos.

– Sou toda ouvidos. – falei. Swan indicou o sofá do outro lado da sala e fui até ele, sentando-me no mesmo. Logo ela se sentou em frente a mim no outro sofá. Fique esperando que ela se pronunciasse, o que não demorou muito.

– É, então... Aquela era a Ariel. – disse tenebrosa.

– 'Ta, mas... Quem é Ariel? – perguntei já um pouco sem paciência.

– Bom, lembra que eu te contei sobre minha ex, que me deixou a onze anos atrás? – perguntou e vi que cada vez ela ficava mais nervosa, mas não precisou que ela falasse mais nada, já entendi tudo.

– Sua ex voltou do nada e você não me contou?! – gritei, levantando-me do sofá com ódio. Como que Emma não me contou aquilo? E eu sabia muito bem que isso não ia ser nada bom.

– Regi, me escuta. – pediu já vindo até mim, tentando me segurar, mas desviei do seu toque.

– Quando ela apareceu? – perguntei tentando conter minha raiva.

– Sábado. – disse fitando o chão.

– Entendi tudo! – meu sangue ferveu ao lembrar do que aconteceu nesse dia. Tudo começou a ficar bem claro na minha cabeça. – Então toda aquela palhaçada de pedido de namoro foi por isso? Você acha mesmo que vai conseguir me convencer de continuar com você por causa de um pedido de namoro idiota? Eu deveria ter desconfiado que tinha alguma coisa por trás. Se bem que aquele pedido não deve ter tido nenhuma importância. – falei dando as costas para Emma, sem conseguir segurar as lágrimas.

– Não! – segurou-me pelo braço fazendo-me virar para ela ela novamente. – Não diga isso! É claro que aquele pedido teve importância, Regi! – disse com os olhos suplicantes.

– Eu não vou competir com o único amor da sua vida, como você já deixou isso bem claro antes. – falei levando a mão ao colar que Swan tinha me dado, iria tirá-lo de qualquer jeito, não me importava com aquilo. Mas Emma segurou minha mão antes disso.

– Por favor, não faça isso. – vi os olhos de Emma marejaram e por um momento não soube o que fazer, aquilo, de alguma forma, tocou minha alma de um jeito que eu não sabia explicar. Fiquei paralisada esperando que ela continuasse a falar. – Eu não amo mais a Ariel, Regi. Eu tive mais certeza disso agora que ela voltou. Eu juro que não te pedi em namoro 'pra garantir que você ficaria comigo. Mas não posso negar que a Ariel teve certa contribuição nisso, pois ela me fez ver que é com você que eu quero ficar. Eu sei que você sabe disso. – falou segurando-me pelos braços junto a sí.

– Eu não sei, Emma. Não sei se consigo acreditar nisso. – falei sem conseguir olhar em seus olhos. Ela suspirou frustrada e parecia tentar criar coragem para falar algo.

– Ela me beijou. – assim que ouvi aquilo minhas pernas fraquejaram, Swan me segurou pela cintura para que eu não desabasse naquele momento. Só de imaginar Emma beijando outro alguém que não fosse eu, já me sentia horrível! Eu estava tonta e sentia como se fosse desmaiar. Eu sabia que minha pressão havia baixado de repente, e com certeza Emma também já tinha percebido isso, é tanto que me pegou no colo e deitou-se comigo no sofá, deitando-me sobre seu peito e me envolvendo com seus braços enquanto acariciava meus cabelos. – Eu não gostei do beijo. – continuou. – Eu só conseguia pensar em você no momento e no quanto eu estava sendo idiota se continuasse com aquilo. – algo em mim sabia que o que Emma falava era verdade, por isso não questionei. – Eu nunca vou trocar você pela Ariel ou qualquer outra, entendeu? – segurou em meu rosto fazendo-me encará-la.

Selei seus lábios demoradamente em resposta, mas depois iria querer todos os detalhes da volta dessa Ariel. Arg... Só o nome daquela mulher já me enojava.

POV. Emma Swan

Combinei com Lily de irmos até um pub que tinha perto do hospital à tarde para conversamos. Dentre os assuntos da conversa havia a questão da volta da Ariel e o pedido de namoro que fiz a Regina.

~

Depois de um milhão de avisos para que eu tivesse cuidado com a Ariel e uma hora de sermão por ter deixado tão óbvio que Regina era a mulher que estava "fazendo minha cabeça" (o que achei isso bem ridículo), entramos finalmente no assunto do pedido de namoro.

– Você 'ta se arriscando muito, loira. – falou Lily já começando com o sermão.

– O que eu posso fazer? Você sabe que eu gosto dela. Quero que ela fique segura disso, a Regi merece isso da minha parte. – falei convicta.

– Você 'ta deixando ela muito mal acostumada e isso é perigoso, Emma. Você sabe! – disse alertando-me.

– Eu sei que você me entende. Você mesma já tem a Ashley como exclusiva a um bom tempo, mesmo ela não sabendo disso. Eu já percebi bem seus olhares apaixonados 'pra sua "amante". – fiz aspas com os dedos deixando óbvio a ironia.

– Pelo menos eu não me arrisco como você. E olha que não sou eu a mais interessada em conseguir concluir nosso objetivo. – falou um pouco mais baixo, para que ninguém lá no pub escutasse.

– Me arriscar um pouco 'pra ver aquele sorriso lindo no rosto da Regi vale a pena, Lily. Você não faz ideia o quão bom é ver aquela garota feliz. – disse lembrando do sorriso lindo da minha morena.

– iiih, pelo jeito isso aí não tem mais volta. – brincou, fazendo-me rir.

~

Depois de um tempo conversando, Lily foi embora pois tinha que se encontrar com a Ashley. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para a Regina.

"Ta em casa?" – enviei rapidamente. Avistei, encostada ao balcão já fazia um tempo, uma garçonete de cabelo ruivo natural, fiz um sinal com a mão para que ela viesse até a minha mesa e pedi um whisky com gelo, logo ela o trouxe. Senti o celular vibrar no bolso da minha calça e foi impossível não sorrir, pois eu já sabia muito bem de quem era a mensagem.

"Sim, acabei de tomar banho e resolvi ler um pouco. Onde você ta?" – li a mensagem e fui logo respondendo.

"To no Fairview Pub, vim com a Lily conversar sobre algumas coisas importantes." – enviei já sabendo que a ela ficaria com um pouco de ciúmes. Não demorou nem 10 segundos e logo ela respondeu.

"Hum, entendi." – como eu imaginei, ciúmes.

"Eu adoraria estar aí com você." – enviei já ansiosa pra saber o que ela responderia.

"Outra hora. Pode voltar pra sua conversa importante." – não teve como não rir.

"Ela já foi embora, linda. E de qualquer forma, eu poderia deixar a conversa importante pra depois. Eu só queria te ter agora. Tô morrendo de saudade!" – suspirei enquanto escrevia e isso já estava se tornando bem constante na minha vida ultimamente. Alguns minutos depois a resposta chegou.

"A gente transou hoje na sua sala, Emma." – para quê eu fui inventar de incentivar o ciúme dela? - pensei.

" Regi! Para com isso, minha linda! Ciúmes da Lily? Sério?" – eu já sabia até qual seria sua resposta.

"Eu não to com ciúmes!" – ri comigo mesma.

"Ta sim, e aposto que ta com a carinha de raiva mais fofa do mundo agora." – eu só atiçava ainda mais a fera.

"Emma! Eu ja falei que não to com ciúmes!" – teimosa como sempre.

"Então fala, diz que você também ta louca de saudades de fazer amor comigo." – comecei a reconsiderar o que Lily me falou. Não era de hoje que eu já tinha notado que eu estava muito melosa. Regina demorou um pouco mais para responder dessa vez.

"Você saber que eu to morrendo de saudade disso." – sorri ao ler.

"Dorme lá em casa hoje" – pedi, eu sabia que Regina não ia negar aquele pedido, mas com a irmã dela em sua casa, as coisas se complicavam mais.

"Sua sorte é que a Zelena vai sair com meus amigos hoje, sem hora pra voltar." – respondeu.

"Eu vou te buscar às 20hrs. Okay?"

"Okay. Até mais tarde, então."

"Até" – encerramos a conversa via mensagem e logo guardei meu celular.

Peguei o copo de whisky sobre a mesa, no qual o gelo já estava quase todo derretido e tomei o líquido de uma só vez. Levantei-me e fui até a bancada. Paguei a conta e quando ia dar o primeiro passo, senti uma tontura forte. Minha cabeça deu voltas e voltas. Voltei para a mesa onde eu estava, apoiando-me nela, depois me sentei no sofá acoplado à parede e pus as duas mãos na cabeça. A tontura só aumentava e junto com ela um sono profundo me invadia. Pisquei os olhos algumas vezes e logo depois tudo escureceu.