Fanfic: A Ordem do Prazer | Tema: Once upon a time

POV. Regina Mills.

 

 

Era por volta das 8 horas da manhã quando acordei, era minha primeira manhã do ano e eu estava com um humor ótimo. Emma ainda dormia, então desci do quarto para a cozinha encontrando Mary, Tinker, Robin e Ruby preparando o café da manhã que David colocava na mesa. Cumprimentei todos com um bom dia e me dirigi a geladeira pegando um maçã, minha fome falava mais alto por isso quis comer algo antes do café.

– Tinker, não vai querer cortar essas frutas em cima desse balcão. Nunca se sabe o que já fizeram sobre ele... – disse Ruby ao ver Tinker colocando as frutas, prontas para serem cortadas, sobre o balcão.

Arregalei os olhos ao lembrar da noite passada. Mas não, impossível Ruby ter visto alguma coisa entre Emma e eu. Ou pelo menos eu esperava que fosse impossível.

Ah, qual é?! Ruby tinha subido para o quarto exausta na noite anterior!

Ela evitava contato visual comigo, o que me deixou intrigada e receosa.

– Rubs, a gente 'ta numa cozinha. O que mais fariam sobre esse balcão a não ser comida? – Tinker questionou. Tive vontade de rir, pobre Tinker, mal sabe ela o que se dar para fazer sobre um balcão como aquele. Ou sabia mas se fez de desentendida, sei lá.

– Pergunta 'pra Gina, ela deve saber mais do que eu. – disse Ruby dando de ombros.

Ela viu! 

Era só o que consciente repetia em minha mente. Mas que droga! Eu disse a Emma que alguém podia aparecer, e de fato apareceu. Segurei Ruby pelo braço e sai puxando-a até a sala onde ninguém pudesse nos ouvir.

– Que merda é essa, Ruby? 'Ta querendo me ferrar na frente da mãe da Emma? – a repreendi.

– Eu não disse nada lá na cozinha 'pra você ficar bravinha desse jeito. – disse rindo.

– Eu entendi que você viu Emma e eu na cozinha noite passada, mas será que não dava 'pra ser mais discreta? 

– Você acha mesmo que eu iria perder a oportunidade de zoar com você? E olha, amei ver a bundinha perfeita da Emma. – no mesmo momento dei um tapa forte em seu braço. – Ai! Isso dói, Gina! – disse massageando o local do tapa.

– Jura? – falei com ironia. – Vê se para de prestar atenção no corpo da MINHA namorada então! 

– Nossa que ciumenta! Você sabe que o único corpinho que me interessa é o do Graham. – cruzou os braços.

– Eu sei. Mas você não ajuda muito com as coisas que diz. – falei.

– E você sabe muito bem que eu nunca vou deixar de implicar com você. – sorriu.

– É, sei. – sorri também.

~

Depois do café da manhã, Emma, Robin e eu fomos ajeitar tudo na cozinha enquanto os outros subiram para os quartos para ajeitarem as malas já que voltaríamos para Vancouver à tarde.

Quando Já estava quase tudo organizado na cozinha, pedi para Emma ir adiantando a arrumação das nossas malas. Enquanto isso eu terminava de lavar a louça enquanto Robin a secava.

– Posso te perguntar uma coisa? – meu amigo quebrou o silêncio que nos rondava.

– Claro. – falei.

– Gina, é que... Como eu posso explicar? – pensou por alguns segundos. – Bom, eu sinto que nossa amizade não é mais a mesma, é isso. 

– Por que você acha isso? – perguntei.

– Ah, Gina, não é mais a mesma coisa. Antes nós eramos mais unidos, nós contávamos tudo um ao outro, saiamos mais juntos. De uns tempos 'pra cá a gente mal se fala, você prefere ficar mais com e Emma e as meninas do que comigo. – desabafou.

– Com "de uns tempos 'pra cá" você quer dizer "desde o dia que você disse todas aquelas coisas 'pra Emma no AuBar"? – larguei a louça na pia e o encarei de braços cruzados.

– Gina...

– Não, Robin! O que você esperava? Me fala. Queria que tudo continuasse flores depois do que aconteceu? – falei já sem paciência. – Você chamou a minha namorada de "coisa", de anormal! Você não faz ideia do que suas palavras causaram nela. Você teve a coragem de chamar a mulher que eu amo de aberração, Robin! 

– Me desculpa, eu... – o interrompi.

– Eu não consigo mais aceitar suas desculpas. Você não tem o mínimo de respeito pela Emma, pelo relacionamento que eu tenho com ela.  Você não tem o mínimo de respeito por mim! – falei tudo o que eu estava guardando há muito tempo, e aquilo estava me sufocando. – O tempo todo você fica implicando com a Emma, o tempo todo fica tentado fazer com que eu não fique com ela, e ainda quer que eu continue te tratando como antes?

– E-Eu só acho que ela não é a pessoa certa 'pra você.

– E quem é? Você? – ri irônica. – Cai na real, Robin. Você só pensa em sí mesmo, fez questão de dar um jeito de acabar com todos os meus relacionamentos passados e eu não vou deixar você fazer isso de novo!

– Então é isso? Você vai acabar com a nossa amizade por causa da Emma? – perguntou sem acreditar.

– Eu não preciso acabar com a nossa amizade, você mesmo fez isso. – respondi e dei as costas para ele indo de caminho a escada.

Subi rapidamente os degraus e entrei no quarto um pouco afobada vendo Emma terminando de arrumar as malas. 

– Aconteceu alguma coisa? – perguntou preocupada vendo meu estado.

– O Robin e eu, a gente brigou. – falei ainda caindo a ficha do que tinha acontecido na cozinha.

– O que aquele idiota fez? – sua feição mudou instantaneamente para brava. Veio até mim segurando minhas mãos às suas.

– Nada, é só que... Acho que a nossa amizade acabou no momento em que ele se apaixonou por mim. Eu tentei fazer com que isso não afetasse nossa amizade, mas é impossível evitar o inevitável. – Emma me abraçou no momento em que minhas lágrimas começaram a cair. Me permiti chorar em silêncio.

Eu odiava ter que me afastar do Robin, odiava aquela situação. Mesmo com tudo o que aconteceu eu ainda tinha um carinho muito grande por ele e aquilo me partia o coração.

 

                                                             ~x~

 

Já estávamos no aeroporto, prestes a embarcar no jatinho quando Zelena recebe uma ligação. Era a nossa mãe. Vi minha irmã falar sorridente ao celular até que seu semblante começou a mudar para algo como horrorizado. A partir dai tudo começou a passar em câmera lenta. Vi ela deixar sua bagagem cair no chão ao encerrar a chamada. 

– O que aconteceu, Zel? – fui até ela preocupada.

– Nosso pai, Gina... Nosso pai 'ta morrendo. – ela disse já com lágrimas nos olhos. Era impossível descrever exatamente o que eu senti ao ouvir aquilo. Senti um aperto no peito que me impediu de respirar direito. – A gente precisa ir 'pra Boston agora. 

Apenas assenti, pois não conseguia pronunciar uma palavra sequer.

– Regi, eu vou com vocês. – Swan se pronunciou atrás de mim tocando-me os ombros.

– Sra. Swan, é melhor eu ir com elas. – falou Tinker. – Você tem um hospital 'pra administrar e já passou muito tempo longe dele, tem muita coisa 'pra fazer.

– Não, eu vou com a Regina! – minha namorada insistiu.

– Tinker tem razão, Emma. – finalmente consegui falar me virando para ela. – O hospital precisa de você.

– Mas, Regi... 

– Por favor. Eu prefiro assim. Meu pai precisa de mim e da Zelena, e eu não quero te preocupar mais. Vá 'pra Vancouver com sua família, okay? – pedi.

– Então eu vou falar com o piloto 'pra vocês irem no jatinho, é mais rápido e seus amigos, minha família e eu podemos pegar um voo comercial 'pra Vancouver. – sugeriu.

– Obrigada. – falei a abraçando.

~

Depois de tudo pronto, me despedi de todos, especialmente de Emma que foi a mais difícil de deixar, e embarquei no jatinho junto com a minha irmã e a Tinker.

Zelena ligou para a nossa mãe apenas para avisar que estávamos indo.

A viagem durou cerca de 6 horas até desembarcarmos no aeroporto de Boston nos Estados Unidos às 19 horas. Pegamos um táxi para a casa dos meus pais e, ao chegarmos lá, Nossa mãe nos esperava. Doeu muito ver minha mãe em prantos e não consegui controlar o choro.

– Cadê o papai? – fui logo perguntando.

– Ele 'ta lá em cima, no quarto. Filhas, o pai de vocês foi diagnosticado com oligodendrogliomas maligno, e agora entrou em processo de falência múltipla dos órgãos vitais. Ele 'ta respirando por aparelhos então não pode falar. Também corre o risco de morte cerebral. – cada palavra dita era uma lágrima que rolava no rosto de cada uma alí. – Aconteceu tudo rápido demais, até semana passada ele 'tava bem mas agora...  Acho importante vocês saberem que ele pode ter só algumas horas de vida, é bom irem logo ver ele.

Corremos para o quarto e o que eu senti ao ver meu pai deitado naquela cama com todos aqueles aparelhos ligados a ele não dava pra descrever exatamente. Foi uma mistura de dor, tristeza e uma enorme agonia. 

Era meu pai alí, o homem que sempre acreditou em mim, meu porto seguro. E agora estava nos deixando. Era tudo tão confuso, até algumas horas atrás eu pensava que meu pai estava bem e agora... Eu estava sem chão.

Tinker ficou em pé perto da porta junto com a nossa mãe enquanto Zelena e eu nos sentamos uma em cada lado da cama ao lado do nosso pai. Ele nos olhava com lágrimas nos olhos, aquilo doía tanto!

– Pai... Por que o senhor não nos contou isso antes? – minha irmã questionou mesmo sabendo que não obteria resposta.

– Ele não queria preocupar vocês. – minha mãe se pronunciou. – Ele queria que a última lembrança que vocês tivessem dele fosse diferente do que estão vendo agora. – concluiu.

– A gente te ama, pai. Sempre vamos lembrar dos momentos bons que passamos com o senhor. – falei.

Ele nos encarou e seu olhar foi mais que uma resposta. Seu olhar mostrou o quanto ele nos ama, o quanto se preocupa com a gente. Seu olhar mostrou carinho e compreensão.

Foi então que escutamos aquele som estridente dos aparelhos que estavam conectados ao meu pai, o som que era a última coisa que queríamos ouvir. E aos poucos o vimos fechar os olhos.

Nosso pai tinha nos deixado.