Fanfic: A Ordem do Prazer | Tema: Once upon a time

Auxiliar na cirurgia neurológica foi uma das melhores experiências desde que comecei o estágio, e o Dr. Colter deixou-me fazer boa parte do processo sob supervisão do mesmo.  

Depois que o meu turno acabou, eu já estava pronta para ir para casa quando encontro o Dr. Colter mais uma vez perto da saída do hospital. Ao me ver, deu um sorriso largo, vindo em minha direção. 

– Gostou da cirurgia? – perguntou ao se juntar a mim, acompanhando-me até sairmos do hospital.

 – Digamos que foi uma experiência muito boa. O senhor me deixou fazer boa parte da cirurgia, isso foi muito legal da sua parte. – parei, ficando frente a ele e sorri amarelo, um pouco constrangida em sua presença.

– Me chame de "você". – pediu sorrindo de forma um pouco contida. – Gostaria de conversar mais à vontade com você, me acompanha em um drink? Soube que tem um pub bastante interessante aqui perto. 

– Claro. – aceitei.

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– Então você se interessa por neurocirurgia? – perguntou. 

Estávamos agora sentados frente ao balcão do pub, enquanto tomávamos uma dose de whisky.

– É uma das áreas que me identifico. – respondi.

– Eu estava pensando em ter um interno exclusivo em minhas cirurgias, e você seria perfeita 'pra isso. – disse. – é claro que você pode auxiliar nas cirurgias de outras áreas, mas nas minhas você seria a única. – concluiu.

– É claro! – falei animada. Essa seria uma ótima oportunidade.

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Quando finalmente cheguei em casa, agora no novo apartamento super espaçoso, tomei um banho e me sentei no sofá da sala para assistir alguma coisa na TV. Eu nem estava acreditando na oportunidade que o Dr. Daniel Colter havia me dado! Eu estava há oito meses de terminar o primeiro ano de internato, e aquilo iria elevar minha experiência além do esperado. 

Fui tirada dos meus devaneios pelo toque do meu celular, e o atendi sem ao menos olhar quem era.

– Alô? – falei ainda alheia.

– Gina? – a pessoa do outro lado da linha disse e acabei reconhecendo a voz.

– Lily, é você? – perguntei.

– Sim, sou eu. Como você 'ta? 

– Eu 'tô bem, mas... Aconteceu alguma coisa? A Emma 'ta bem? – perguntei um pouco afobada, me arrependendo da minha última frase.

– Não, Gina, ela não ta bem. Na verdade, ela não ta nada bem desde que você a deixou. – disse.

– Lily, na boa, se você me ligou 'pra falar isso perdeu seu tempo. – falei, mas com o coração apertado.

– Regina, você mandou a Emma embora sem deixar ela explicar o que aconteceu, tenha dó, ela merecia que você, pelo menos, a ouvisse. – insistiu. 

– Traição não tem explicação, Lily. Simples assim. – retruquei. 

– Você ainda a ama? – perguntou direta, me deixando sem fala por longos segundos. – Não vai responder? 

Respirei fundo. É claro que eu ainda amava a Emma, eu não tinha dúvida disso. 

– Sim, sim. É claro que eu ainda a amo. – respondi.

– Então fale com ela!

– Eu já falei tudo o que eu tinha que falar com a Emma, Lily. – falei sem muita paciência.

Acabei escutando na chamada, ao fundo, uma voz que eu conhecia bem, pronunciando nitidamente um "isso não vai adiantar", e era perceptível que falava com Lily. A partir daí percebi que a ligação estava em viva-voz. 

Era a Emma, aquela voz eu nunca esqueceria. 

– Emma? – pronunciei até um pouco exaltada.

– Regi.. – sua voz ficou claramente mais calma e, pelo volume, mais próxima do celular. 

Soltei o ar que eu nem havia percebido que estava prendendo, e respirei fundo mais uma vez, recobrando boa parte da sensatez. Eu não poderia fraquejar logo naquele momento.

– Você não se cansa nunca? – coloquei uma raiva falsa na voz. – Lily, você poderia, por favor, entregar o celular a ela e, Emma, tire do viva-voz. – falei com certa autoridade. Ao perceber que fizeram o que eu pedi, pude finalmente falar mais à vontade. – Pare de me perseguir! – pronunciei alto. – Eu não quero ouvir uma palavra de você! Será que não deixei isso bem claro antes?

– Eu te amo, Regi. – sua voz era chorosa, e precisei me segurar para não ceder.

– Não, Emma. Você não me ama. Se me amasse realmente, não teria me traído! – fui direta.

– Eu não te traí! – disse com firmeza. – Tecnicamente não. – dessa vez percebi que contia dúvida em sua voz.

– Ah não, Emma? – falei irônica. – Então me responde apenas uma coisa: Você transou com a Ariel? – falei pausadamente, tendo que engolir à seco cada palavra que eu dizia.

– Sim. – sua voz foi um sussurro quase inaudível, mas consegui escutar. Tive que respirar fundo para aguentar a dor dilacerante daquela afirmação mais uma vez. – Mas não é como você 'ta pensando! 

– Você me traiu com a Ariel, não haveria pior forma de você ter feito isso, Emma. 

– Regi, eu...

– Não! – a interrompi. – Chega, Emma. Para de tentar me fazer sofrer mais do que já fez. E, por favor, me esquece! – concluí e desliguei a ligação, me permitindo desabar finalmente. 

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Alguns dias se passaram e o Dr. Colter e eu estávamos cada vez mais próximos, cada vez mais amigos. Eu já o chamava de Daniel normalmente fora do hospital, e ele era uma ótima pessoa, uma pessoa encantadora, eu diria. 

Já estava virando rotina irmos ao pub perto do hospital depois do expediente, e mais uma vez estávamos lá, tomando um drink enquanto conversávamos animadamente.

Passamos umas boas horas alí, e a conversa nunca cessava. Daniel sempre tinha um novo assunto para discutirmos, indo dos assuntos mais banais aos assuntos mais complexos. Eu me sentia mais leve quando estava em sua presença.

– É melhor a gente ir embora, já passa das duas da madrugada, e a gente tem trabalho mais tarde. – falei.

– Verdade! – concordou olhando seu relógio de pulso. – Eu nunca percebo o tempo passar quando 'tô com você. – disse com um sorriso de canto, me deixando encabulada.  – Vamos, eu te acompanho até o seu carro. – me estendeu a mão, a segurei e seguimos até o meu carro.

– Bom, é isso. Nos vemos mais tarde? – perguntei.

– É claro! – disse me abraçando. E, ao se desfazer do  abraço, ele se afastou de mim apenas um pouco, deixando seu rosto perigosamente perto do meu. 

Não sei quem tomou a iniciativa, apenas sei que, quando me dei conta, já estávamos nos beijando alí mesmo. Foi algo calmo e rápido também, e ao cessar o beijo, ele apenas sorriu um pouco sem jeito para mim. Fiz o mesmo e entrei no carro sem dar uma palavra, apenas dei um tchauzinho para ele ao dar a partida no carro. 

Não sei explicar o que senti naquele beijo, porém, não foi algo ruim, longe disso. Eu tinha um carinho especial por Daniel, só não sabia qual era a natureza desse sentimento. 

Emma não saia da minha cabeça, mas será que aquela era a forma certa de esquecê-la? Eu não sabia, nem ao menos sabia o que iria se suceder depois daquele beijo entre Daniel e eu. Decidi não me preocupar com isso, melhor deixar acontecer o que tiver que acontecer.