Fanfic: They Don`t Treat Me Like You Do | Tema: fifth harmony, camren
- LAUREN MICHELLE JAUREGUI MORGADO!
Senti um peso em cima de mim e empurrei o corpo da pessoa para o lado, não precisando olhá-la para saber que era Ally.
Eu odiava quando me acordavam, principalmente gritando em cima de mim. Ally sempre fazia isso, mesmo quando eu não estava atrasada, ela fazia questão de pular em cima de mim e me arrastar para a escola apenas para segurar vela para ela e Troy. Eu deveria ser uma boa amiga e acompanhar a senhorita vergonha de livre e espontânea vontade para ela ficar com o namorado/não namorado dela. Isso até poderia acontecer, se não fosse sete horas da manhã em plena segunda feira.
- Vamos, você tá atrasada – Ally puxou minha perna e eu caí no chão.
Ela podia ser pequena, porém era forte para o seu tamanho e parecia que sua força crescia quando ela queria me acordar. Levantei rosnando enquanto andava até o banheiro, fazendo um gesto com a mão para que ela parasse de rir do meu mau humor matinal. Ally parou no mesmo instante e começou a mexer em qualquer coisa na estante do meu quarto. Até mesmo ela sabia quando era melhor parar de me perturbar e eu agradecia a todas as entidades divinas por isso.
Prontamente retirei as roupas e as joguei no cesto de roupas sujas, entrando no box logo em seguida. Senti a água gelada se chocando contra o meu corpo e rosnei. Eu definitivamente odiava tomar banho gelado, o que somado ao fato de um ser extremamente pequeno ter me acordado contra a minha vontade me deixou extremamente irritada. Por isso, não demorei muito e logo estava desligando o chuveiro e me secando. Enrolei a toalha em volta do meu corpo e voltei para o quarto. Ally levou a mão ao peito e se jogou para trás como se “estivesse tendo um ataque cardíaco”. Fiz uma careta para aquilo e Ally revirou os olhos, percebendo o meu mau humor.
Caminhei até o armário e fiquei o encarando, como se alguma roupa fosse pular em mim e eu não fosse precisar escolher. Acabo pegando uma calça jeans preta, uma camisa cinza com mangas pretas que iam até o começo de meus cotovelos e minha jaqueta preta. Calcei meu Vans preto e coloquei minha touca preta com “STAY WEIRD” escrito na mesma.
- Vai para a escola ou para a iniciação da Audácia? – pergunta Ally arqueando uma sobrancelha em diversão.
Revirei os olhos e Ally riu. De alguma forma, me encontrei rindo também. Não que eu tivesse achado alguma graça em sua brincadeira, mas porque o meu mau humor era engraçado. Bom, pelo menos do meu ponto de vista. Não que isso faça muito sentido, embora.
- Você precisa parar de ver esse filme – rio novamente e ela me lança um falso olhar de repreensão.
- O que eu posso fazer?! É bom! – a baixinha cruza os braços com uma expressão divertida.
- Claro que é – reviro os olhos. – Vamos logo!
Seguro seu pulso e praticamente arrasto Ally pelas escadas. Quando chegamos no penúltimo degrau, a baixinha me empurrou e eu tombei para frente, segurando no corrimão para não cair. Quando olhei para trás, Ally ria enquanto apertava sua barriga, provavelmente sentindo aquela dorzinha desconfortável de quando a risada quase te rasga por dentro. Resmunguei irritada e subi alguns degraus para alcançá-la, já que ela havia se afastado, temendo pela minha reação.
- Vamos, você tá atrasada – digo imitando sua voz e arqueio as sobrancelhas.
Ela nega novamente com a cabeça ainda com a mão na boca, seu riso se perdendo pelo ar pela falta de oxigênio em seus pulmões. Segurei seu pulso e comecei a descer, fazendo com que Ally tropeçasse nos próprios pés e acabasse nos derrubando no chão. Pisquei algumas vezes, atordoada com o que tinha acabado de acontecer, e fiz uma careta de dor por minhas costas terem atingido diretamente o chão, o que só piorou somado ao peso do corpo de Ally sobre mim. A pequena me encarou com os olhos arregalados e eu acabei rindo com aquilo.
- Eu sei que você deseja o meu corpo nu, – digo. – Mas meus pais estão aqui. Mais tarde nós resolvemos isso, baby
Pisco e Ally revira os olhos, levantando de cima de mim rapidamente. A pequena ajeita a roupa enquanto eu me levanto segurando as costas, com uma expressão de dor tatuada em meu rosto. Ally olhou para mim e riu escandalosamente do meu estado, fazendo eu resmungar e empurrar seu ombro. Eu estava realmente ficando velha para essas coisas.
Ally se desculpou com meus pais pelo tumulto e eles prontamente disseram que não havia com o que se preocupar, alegando que ela já era de casa. Eu pude ver o rosto da pequena ficando vermelho com aquilo enquanto ela prontamente correu para pegar minha mochila e me encarou com um pedido mudo para que eu tirasse ela dali o mais rápido possível. Era incrível como mesmo depois de anos Ally ainda ficava envergonhada em ouvir coisas daquele tipo.
Guio Ally pelo pulso até a porta e vejo ela suspirando em alívio com isso. Antes que eu possa fecha-la, meus irmãos aparecem correndo. Thay praticamente me empurra para abrir a porta e poder passar e eu não me surpreendo quando Chris apenas para atrás dela e fica encarando seu celular.
- LAUREN! – Thay diz ofegante e eu arqueio as sobrancelhas. – Pode nos dar uma carona? Estamos atrasados
- O carro é de Ally, tampinha – digo bagunçando seu cabelo e ela me olha com um olhar fulminante. – Estou surpresa que ele queira estar em um lugar fechado e pequeno junto comigo – digo acenando com a cabeça na direção do meu irmão. – Creio que Ally não goste de guerras dentro do carro e é exatamente isso o que vai acontecer se ele for. Lembre-se que uma guerra pode até mesmo ser muda
Olho para Chris mas logo desvio o olhar. Ele estava com uma camisa escura esfarrapada e uma calça jeans que eu não duvidava que estivesse abaixo da sua bunda. Seu cabelo estava completamente bagunçado –o que já tinha se tornado comum. Na verdade, parecia que ele tinha apenas levantado da cama, pegado sua mochila e estava de pé aqui na porta agora. Suas mãos estavam nos bolsos enquanto ele se negava a olhar na minha direção.
- Deixa de ser infantil, Lauren! – Thay disse irritada.
- Você realmente tá me dizendo isso? – pergunto irritada e Taylor se encolhe com o meu tom de voz.
Esse assunto me tirava do sério e sempre acabava sobrando para minha irmã –que ao invés de ser inteligente o bastante para apenas ficar quieta, me chamava de infantil e coisas do gênero. Ela achava que estava ajudando fazendo isso, mas tudo o que ela está fazendo é me irritar e piorar as coisas. Bom, se é que dá para piorar...
- Claro que posso levar vocês – Ally disse apressadamente, tentando evitar uma possível briga. – Vamos, estamos todos atrasados!
Sem me dar a chance de fazer ou responder alguma coisa, Ally me puxou para dentro do carro e fechou a porta quando praticamente me empurrou para cima do banco. Meus irmãos entraram no banco de trás e Ally no lado do motorista. Chris prontamente encostou a cabeça no vidro enquanto mordia a parte inferior da bochecha. Agora além de um irmão sem falar comigo, eu tinha uma irmã enfurecida. Thay estava bufando no banco de trás enquanto batucava com os dedos na porta. Esses iam ser os quinze minutos mais demorados da minha vida.
O caminho todo até a escola fomos em um total silêncio e eu estava apreciando isso. Ally tentava puxar assunto com Chris, que continuava com a cabeça apoiada no vidro da janela e não respondia nada, até que a baixinha simplesmente desistiu e começou a cantarolar uma música qualquer que tocava na rádio. Thay estava mexendo no celular e eu com a cabeça encostada no encosto do banco do carro, fazendo o possível para não dormir.
Mesmo contra a minha vontade, eu não conseguia impedir meus olhos de teimosamente olharem de relance para Chris. Fazia um bom tempo que eu não trocava uma palavra com meu irmão. Na verdade, fazia um bom tempo que ninguém lá em casa conversava com ele. Chris sempre chegava, ia direto para o seu quarto e se trancava lá; saindo apenas para pegar algo para comer e para ir para a escola.
A última vez que tentei falar com ele havia sido há três semanas atrás.
Chris havia chego em casa e foi direto para o seu quarto, se trancando lá como ele sempre andava fazendo. Eu estava na sala com meus pais e minha irmã –algo realmente raro de acontecer, pois eu sempre estava no meu quarto compondo ou apenas cantando. Como havia um bom tempo que ele vinha fazendo isso, e como sou a mais velha, meus pais falaram para que eu fosse conversar com ele. Não que eu estivesse muito animada em fazer isso, mas fui assim mesmo.
Quando bati na porta do seu quarto, ele não abriu. Isso não me surpreendeu. Eu disse que não iria sair dali até que ele abrisse e então, sentei encostada na porta. Alexa não parava de me mandar mensagens e aquilo estava me tirando do sério. Por que é tão difícil para as pessoas entenderem quando um relacionamento acaba? Cada um segue sua vida e acabou! Não tem nada de complicado nisso. Bom, talvez isso seja muito complexo para a cabecinha dela...
Não sei dizer por quanto tempo fiquei ali, mas meus pais e Thay já haviam ido dormir quando ouvi o som da tranca da porta sendo aberta. Abri a porta lentamente, temendo o que eu fosse encontrar ali. Mas a única coisa que meus olhos captaram foram um quarto completamente revirado e Chris deitado na cama, encarando fixamente o teto como se ele fosse a coisa mais interessante do mundo.
- O que você quer? – ele pergunta com a voz ríspida.
- O que você pretende com isso? – retruco.
Sento na cama ao lado de seus pés, mas Christopher não move um músculo sequer, apenas continua com o olhar fixo no teto e não diz uma palavra. Seu rosto estava abatido e suas olheiras entregavam que ele não dormia há bastante tempo.
- Christopher, o que tá acontecendo com você?!
- Sai daqui – ele disse simples.
- Você abre a porta e agora está falando para eu sair?! – levanto da cama e o encaro. – Que porra tá acontecendo com você, Christopher?
Chris levanta e fica encarando a porta, de costas para mim. Seus punhos estavam cerrados com força e eu não conseguia entender o motivo de tanta raiva. A única coisa que eu sabia era que eu não iria sair daqui sem que ele me falasse alguma coisa.
- Me responde! – caminho até ele e o viro para que ele olhe para mim. Assim que nossos olhares se encontram, fico confusa com o brilho obscuro e raivoso contido em seus olhos. – Pela terceira vez, o que está acontecendo com você?
- Pra que quer saber? – ele desvia o olhar para baixo, mas logo volta a me encarar. – Você não se importa
- Claro que me importo, você é meu irmão!
- E desde quando isso é sinônimo de que você se importa, Lauren? – ele pergunta com o rancor sambando em sua voz e eu franzo o cenho.
Pelo modo como ele estava falando e a julgar pela mágoa em sua voz, parecia que eu havia feito alguma coisa para fazê-lo pensar desse jeito. Eu buscava incessantemente na minha mente alguma coisa que eu tenha feito ou falado para deixá-lo tão bravo, mas eu simplesmente não conseguia encontrar nada.
– Você só liga para você mesma e para essas vadias dessas suas amigas! – ele ri sarcasticamente. – Ah, claro! Para a sua namoradinha também. Mas bem, o que eu poderia esperar de uma lésbica como você, não é? Eu tenho nojo de ter você como irmã, Lauren
Uma careta apareceu em seu rosto assim que ele pronunciou a palavra "namoradinha". Agora eu estava começando a entender. Agora tudo fazia sentido. Christopher não aceitava minha condição sexual. Ele tinha nojo. Raiva. O que quer que seja. Ele estava tentando me punir por ser do jeito que eu sou. Eu não posso acreditar que meu próprio irmão tinha vergonha de mim por causa de um motivo tão besta como esse!
Senti meu sangue fervendo enquanto eu encarava seus olhos com toda a determinação que eu tinha. Christopher não aguentou a intensidade e logo desviou o olhar. Para me insultar e insultar minhas amigas ele tem toda a coragem do mundo, mas para simplesmente olhar para mim ele é um completo covarde. Não sei porque ainda estou me dando ao trabalho de continuar de pé aqui.
O empurrei pelos ombros e saí do quarto a passos firmes, fechando a porta com tanta força que ela quase soltou do batente. Notei a luz do quarto dos meus pais acendendo e prontamente entrei no meu quarto, trancando a porta atrás de mim e apagando a luz. Lentamente escorreguei para baixo na porta e senti meus olhos ardendo enquanto as lágrimas se formavam. Isso me irritava. Por que raios de motivo essas lágrimas estavam aqui? Era algum tipo de brincadeira?
Não havia doído o simples fato de ele ter me chamado de lésbica.
Quando assumi tanto para mim quanto para a sociedade a minha sexualidade, claro que houveram problemas. Algumas “amigas” se afastaram de mim, achando que a qualquer momento eu poderia agarra-las. Pessoas preconceituosas apareciam por toda parte. Na verdade, eu sofri de auto-preconceito por um certo tempo. Mas agora eu estou bem com isso. Estou bem com a pessoa que eu sou, do jeito que eu sou. O que havia doído, foi o desgosto, o nojo e o ódio com que ele havia falado essa palavra. Saber que meu irmão tinha nojo de mim pela minha opção sexual era o que estava causando essas merdas dessas lágrimas.
Desde então, não nos falamos mais e ele não parece se importar muito com isso.
Eu sabia que além desse preconceito imbecil estava acontecendo alguma coisa com ele. Alguma coisa grave e que estava transformando ele numa pessoa que ele não é. Christopher nunca foi fechado desse jeito. Nós sempre fomos muito próximos. Na verdade, eu sempre fui muito mais próxima dele do que sou da minha irmã. Mas se ele quer assim, não há nada que eu possa fazer.
Assim que chegamos na escola, Thay agradeceu Ally pela carona e saiu correndo em direção a porta de entrada. Chris apenas saiu do carro e foi andando lentamente com as mãos no bolso em direção a porta de entrada, sem dizer uma única palavra. Ally até que tentou falar com ele, perguntando se ele precisava que fossemos falar com o professor do primeiro período dele para explicar o atraso, mas tudo o que ele fez foi ignora-la. Ally e eu saímos do carro e corremos até a escola. Após cumprimentarmos e passarmos pela expectora -que já estava fechando o portão de entrada-, corremos até a sala da aula de literatura. Quando chegamos na sala, o Sr. Stromberg nos olhou com um olhar de decepção e soltou um longo suspiro. Apenas revirei os olhos e fiz meu caminho até uma cadeira vazia no final da sala. Ally prontamente me seguiu e sentou em uma cadeira ao lado da minha.
- Você e Chris ainda não estão se falando? – Ally sussurrou, olhando discretamente para mim, e eu apenas neguei com a cabeça.
- Não vou atrás dele de novo – sussurro de volta. – Quando ele parar de ser babaca, pode vim conversar comigo
- Lauren...
- Srta. Jauregui e Srta. Brooke, o que vocês têm a dizer sobre o poema do autor? – o Sr. Stromberg pergunta caminhando até sua mesa. – Acham que ele reflete o que ele estava passando durante a guerra civil?
Resmungo e desvio o olhar dele. Ainda posso sentir seu olhar me queimando, o que apenas me incomodou mais ainda e fez com que eu me remexesse na cadeira. Eu odiava ser o centro das atenções, isso significava que estavam invadindo meu espaço e sabendo de coisas que eu não iria querer que soubessem. Se isso não fizer sentido, pelo menos na minha cabeça faz.
Ally me encara em desespero e encara suas mãos em cima da mesa. Eu realmente não fazia ideia de que poema ele tinha recitado e muito menos o que isso refletia. Mas eu sabia que o Sr. Stromberg não iria me deixar em paz enquanto eu não respondesse sua pergunta. Então, soltei um longo suspiro antes de voltar a olhar para o professor e reconstruir minha melhor pose de inatingível, o que arrancou um sorriso do Sr. Stromberg.
- Bom, minha opinião deve ser guardada somente para mim – digo. – E não acho que devemos opinar sobre se isso reflete ou não o que ele estava passando
Um murmúrio começa e até mesmo o professor tenta prender a risada, mas é quase em vão. Ally me lança um olhar desnorteado e eu apenas dou de ombros. O sr. Stromberg olha na minha direção, mas não diz uma palavra por um longo tempo. Percebo Jennifer encarando ele com uma caneta na boca, tentando chamar a atenção dele, mas se frustrando por ele não tirar o olhar de mim. Na verdade, eu estava bastante incomodada com isso. Nada contra o professor, ele é até charmoso... para quem gosta.
- Você sabe que estamos em uma aula, certo, Srta. Jauregui? – ele pergunta arqueando as sobrancelhas e eu assento tediosamente com a cabeça. – Então, sim, você tem que opinar a partir do momento em que eu pedi para que fizesse
- Me obrigue, Sr. Stromberg – digo esboçando um sorriso sínico.
O professor começa a caminhar lentamente na minha direção, ignorando todo o murmúrio que havia se formado na sala. Percebi Jennifer me encarando com ódio em toda aquela cabeleira loira dela. O Sr. Stromberg apoiou as mãos na minha mesa e se inclinou para baixo, ficando com o rosto a poucos centímetros do meu. Encostei na cadeira, em uma tentativa de me afastar o máximo que eu pudesse dele. Antes que ele pudesse dizer algo, o sinal tocou e todos começaram a deixar a sala. O Sr. Stromberg sorriu de canto, mas continuou na mesma posição que estava. Pude ver Ally se levantando da cadeira com suas coisas e me lançando um olhar curioso.
- Srta. Brooke, eu gostaria de conversar com a Srta. Jauregui um instante. Ela já te encontra
Ally olha para mim e eu apenas reviro os olhos em resposta. O que quer que seja que o Sr. Stromberg tenha para falar comigo, eu não estava nem um pouco interessada. Ela diz que irá me esperar no corredor e eu assento com a cabeça antes de voltar minha atenção para o professor, que estava mais perto do que devia.
- Sabe que dizendo que não expressaria sua opinião, na verdade você estava expressando, certo? – ele pergunta com as sobrancelhas arqueadas.
- Você me prendeu aqui para isso? – pergunto. – Você está mais perto de mim do que eu deixo qualquer pessoa ficar
Um sorriso nojento aparece nos lábios dele e eu tive vontade de vomitar naquele momento, mas apenas continuei encarando ele, esperando que ele entendesse a mensagem e se afastasse. Wesley Stromberg é um homem jovem, por volta dos 24 anos. Era até mesmo estranho chamá-lo de "Sr. Stromberg". Sua pele é bastante corada, como se ele vivesse na praia. Seus olhos são castanhos porém mudam de acordo com a luminosidade. Seus cabelos pretos são levemente bagunçados e jogados para frente. Eu até entendia porquê as garotas da escola tinham esse grande precipício por ele e tenho certeza de que seu físico estilo surfista contribuía bastante para isso. Mas infelizmente eu não era uma dessas garotas.
- Bom saber que sou diferente
- Isso não é uma coisa boa – digo firme e ele se afasta com uma cara de assustado pelo meu tom de voz. – Se me der licença, tem uma anã me esperando no corredor
Levanto da cadeira e pego minhas coisas antes de esbarrar em seu ombro e passar por ele. Ouço Wesley rindo, mas apenas continuo andando até a porta. Eu odiava esse tipo de aproximação com pessoas que eu não realmente queria isso. Ele podia fazer isso com qualquer garota aqui da sala que era capaz de elas abaixarem a calcinha pra ele só de ele olhá-las, por que porras ele resolveu me aporrinhar?
- Sabe, talvez eu estivesse apenas tentando ter algum assunto com você – ele disse, me fazendo parar em frente a porta.
Uma careta apareceu no meu rosto e eu saí da sala sem dizer uma única palavra. Eu tentava com todas as minhas forças acreditar que meus pensamentos estavam errados, mas eu seria muito imbecil se fizesse isso. Eu estou ficando louca ou meu professor de literatura acabou de dar em cima de mim?
Ally estava encostada na fileira de armário em frente a sala, me encarando com um olhar curioso. Apenas lancei um rápido olhar para ela e comecei a fazer meu caminho até o refeitório. Ally não precisou de nenhum comando e logo estava ao meu lado. A baixinha não parava de me perguntar o que o Sr. Stromberg queria, mas eu apenas resmungava qualquer coisa e continuava andando. Assim que chegamos no refeitório, avistei Mani acenando alegremente em nossa direção. Aquela menina tinha um entusiasmo inesgotável e eu não pude deixar de sorrir com isso.
- Jauregay! – Mani diz animadamente, me abraçando de lado enquanto eu me sentava ao seu lado e Ally na nossa frente. – Allycat!
- Mani! – Ally pisca para ela.
- Veronica gostosa – Vero disse convencidamente enquanto se sentava ao lado de Normani.
- Esse graveto em forma de gente acha que é gostosa – Mani olha para Vero com um olhar de nojo e ambas caem na gargalhada.
- Você me quer, Mani – ela pisca para Mani. – Aliás, quem não quer?
- Nos seus sonhos, querida – Normani retruca, comprimindo os lábios em um sorriso.
Eu não sei o motivo do meu mau humor, mas aquela interação estava me tirando do sério. Eu estava até mesmo resmungando coisas inaudíveis sem nem ao menos perceber. Era certo que eu não tinha um humor muito bom pela manhã, mas hoje era realmente melhor que eu me trancasse dentro do armário e só saísse amanhã.
- Lucy – digo, desenhando distraidamente com meu dedo na mesa.
- O que? – Vero pergunta, claramente não tendo me ouvido propriamente. – O que tem ela?
- Ela não te quer – dou de ombros. – Irônico, não?
- Acabou a graça – Vero me encara séria e eu apenas reviro os olhos. – O que te deu hoje?
Ela continuou me encarando por um bom tempo e nenhuma das meninas falava nada. Ally negava com a cabeça, sabendo que o que eu tinha falado não era nem um pouco certo. Principalmente hoje. Principalmente dessa pessoa. Eu deveria saber, eu deveria ao menos pensar antes de sair falando qualquer coisa, mas minha mente tem uma ligação direta com a minha língua e eu não consigo controlar. Eu sabia que aquilo tinha atingido Vero e odiava essa sensação de que eu tinha que pedir desculpas.
- Eu não devia ter falado isso – digo, fazendo uma careta. – Não me faça falar aquela palavra. Isso deve ser o suficiente
Vero me encara por alguns segundos, antes de levantar e começar a bagunçar o meu cabelo. Aquilo definitivamente não foi nada inteligente da parte dela. Como se já previsse o que eu ia fazer, Vero começou a correr para longe da mesa e eu prontamente a segui, correndo furiosamente em sua direção. Eu podia ouvir sua risada e acabei sendo contagiada. O que antes era uma perseguição furiosa, virou mais uma brincadeira idiota entre duas pessoas que eram mais idiotas ainda. Eu sabia que ela faria algo para afastar meu humor azedo nem que fosse um pouco e Vero nunca falhava nisso.
Quando finalmente voltamos para a mesa, as meninas tentaram parar as risadas e eu mesma tive dificuldades para fazer isso. Minha barriga doía, por mais que eu pressionasse ela. Mas era uma dor boa até. Elas começaram a conversar sobre qualquer coisa, mas não prestei muita atenção. Fiquei olhando em volta do pátio, tentando achar alguma coisa de interessante mesmo que eu soubesse que não haveria. Até que meus olhos pararam em uma linda garota com cabelos escuros, uma franja jogada para o lado esquerdo e pernas cumpridas. Essa era a melhor maneira que eu poderia descrever, pois minha mente tentava aceitar que aquela visão era real. Ela usava um laço branco na cabeça e estava vestindo uma camisa vermelha, com uma jaqueta azul clara dobrada até a altura de seu cotovelo, uma calça jeans clara e um All Star branco. Um lindo sorriso estava no seu rosto enquanto ela conversava com uma garota morena e bastante alta.
Fiquei um tempo a encarando, sem conseguir desviar meus olhos por nenhum segundo. Ela parecia tão... inocente. Quase como uma criança, na verdade. Eu nunca tinha visto essa garota por aqui antes. Com toda certeza se eu já tivesse visto, eu me lembraria. Claro que meu estado não passou despercebido pelas meninas. Elas começaram a perguntar o que eu estava olhando e porquê eu parecia tão entorpecida, mas eu simplesmente não conseguia responder. Sabe aquela sensação de que sua mente não consegue processar nenhuma palavra? Era exatamente isso.
Vero começou a esfregar um guardanapo no meu queixo e eu finalmente saí do meu transe, lançando um olhar confuso para ela. Ela me encarou séria por alguns segundos, mas logo explodiu em uma risada –assim como Mani e Ally.
- O que você tá fazendo?! – pergunto irritada.
- Secando sua baba – ela dá de ombros. – Quem é ela?
- Eu não estava babando!
- Quase – ela sorri maliciosa. – Quem é ela, Jauregay?
Desviei meu olhar de volta para a garota do laço branco novamente e Vero fez o mesmo, soltando um "oh" de surpresa. Ela e a garota morena estavam agora conversando com o conselheiro da escola, o Sr. Garret, o que eu tinha quase certeza que indicava que elas haviam acabado de se transferir para Northon High. Alexa entrou no meu campo de visão e sorriu de canto na minha direção, antes de andar até um grupo de jogadores de basquete. Revirei os olhos e voltei minha atenção para o meu celular, que começou a vibrar no bolso. Soltei um suspiro cansado quando vi que era apenas uma mensagem da minha mãe, dizendo que ela e meu pai iriam sair essa noite, então eu teria que ficar de babá dos meus irmãos.
- Não estou babando por ninguém – arqueio uma sobrancelha e do um pequeno sorriso de canto. – Ao contrário de você, Iglesias. O que será que Lucy diria se eu contasse isso para ela?
Vero volta seu olhar para mim com o cenho franzido. Por sua expressão, eu tinha certeza de que ela estava arquitetando mil formas de me matar nesse exato momento. Mani chutou minha perna por debaixo da mesa e eu fiz uma careta. Elas achavam que mencionar "Lucy" iria abalar Vero, mas a Iglesias era forte o suficiente para aguentar isso. Se não fosse, passaria a ser.
- Vai se foder, Jauregui!
- O.k., meninas. Não comecem de novo – Ally disse pacificamente. – Vocês parecem duas crianças
Vero começou a tentar se defender da baixinha, mas Ally lançava aquele olhar de "fica quieta que agora eu estou falando" e descartava qualquer coisa que saísse da boca da Iglesias. Eu praticamente não prestava atenção no que elas estavam falando, estava ocupada demais olhando a garota do lacinho. Tinha alguma coisa diferente em sua aparência. Alguma coisa que me chamou a atenção. Comecei a ficar irritada por não conseguir desviar o olhar dela, mas nem isso fazia com que meus olhos me obedecessem.
O sinal do término do intervalo toca e as pessoas começam a liberar o pátio. Não estava com vontade alguma de ir para a aula de física. Eu não entendia nada daquilo e não suportava o cheiro de enxofre do Sr. Hasting. Por mim, eu sairia daqui agora mesmo e iria para a praia, mas eu tinha uma pequena pessoa chamada Allysson Brooke na minha vida e ela logo tratou de, literalmente, me arrastar para a sala para se certificar de que eu iria mesmo para lá. Ally tinha aula de biologia avançada agora, somente eu, Mani e Vero compartilhávamos do mesmo período.
Mesmo que o professor ainda não estivesse em sala, eu já podia sentir o cheiro de enxofre e acabei fazendo uma careta por isso. Bons eram os tempos em que a Srta. Monroe lecionava aqui. Eu continuava não entendendo absolutamente nada de física, mas ela tornava a matéria um pouco mais interessante. E eu não era a única que pensava assim.
Sentei nos fundos da sala, ao lado da janela, e Vero sentou ao meu lado, deixando a cadeira atrás de mim para Mani. Nós ficamos conversando e dando risada de qualquer coisa. Vero começou a falar de Lucy, dizendo que elas estavam ficando já havia um tempo e que ontem finalmente transaram. Não que isso fosse novidade para mim, eu já sabia disso antes mesmo de Vero saber. Mas quando ela acordou, percebeu que Lucy já não estava mais em sua casa. Vero tentou falar com ela na escola, mas ela disse que elas agora teriam que se afastar e fingir que ontem nunca havia acontecido.
A verdade é que Lucy era completamente dentro do armário. Nem ela mesma aceitava o fato de que ela gostava de estar com Vero. O que era uma pena, pois eu nunca vi Vero ficar tanto tempo com alguém ou gostar disso. Qualquer um é capaz de dizer que a Iglesias está completamente apaixonada por Lucy. Ela não faz nem questão de tentar esconder.
Normani começou a dizer que Vero deve ser muito ruim de cama para Lucy querer se afastar dela depois de finalmente ter acontecido. A tentativa dela de mudar o clima pesado que havia se instalado foi legal, mas em vão. Vero até forçou uma risada, mas ficou parecendo mais com a risada do Chuck.
Minha mente repassava imagens da garota do laço branco a todo momento. Eu nunca tinha visto ninguém nem ao menos parecido com ela. Era uma beleza tão... única. Aquele sorriso parecia tão inocente e genuíno. Isso é uma coisa difícil de se encontrar. Principalmente nessa escola.
Talvez eu devesse entrar para o comitê de boas vindas...
O Sr. Hasting entrou na sala com todo o seu cheiro maravilhoso e não tardou a começar a anotar a matéria no quadro. Logo depois, a garota morena que estava conversando com a garota do lacinho no refeitório entrou apressadamente, sentando-se na frente de Vero. Peguei meu caderno e fiquei encarando aquelas páginas em branco enquanto rodava a caneta distraidamente entre meus dedos. Foi então que senti meu celular vibrando no bolso e o peguei discretamente, lançando um olhar para a frente da sala e vendo o professor de costas para a turma enquanto continuava escrevendo no quadro.
“Vou descobrir sobre a gostosa do lacinho pra você. De nada xX –Vero.“
Olhei para trás e Vero arqueou as sobrancelhas como se pedisse permissão. Me limitei apenas a dar de ombros. Eu sabia que mesmo que eu me opusesse, ela faria do mesmo jeito. Já falei que eu e Veros fomos provavelmente separadas na maternidade? Pois não é possível que duas pessoas se pareçam tanto. Um sorriso malicioso se formou em seus lábios e ela prontamente se inclinou para frente e começou a puxar assunto com a garota, que parecia muito simpática e nem um pouco incomodada em respondê-la.
Tentei voltar minha atenção para o Sr. Hasting, que agora estava explicando alguma coisa na frente da sala, mas isso se tornou difícil quando eu estava com uma puta curiosidade de saber o que Vero estava falando com a garota morena. As duas pareciam realmente envolvidas em uma conversa, o que fazia minha curiosidade aumentar ainda mais.
Mani balançou meu ombro, pedindo que eu emprestasse meu caderno a ela, e empurrou de leve minha cabeça quando eu disse que não havia copiado nada. Notei a garota morena olhando para mim de soslaio e rindo. Engoli em seco, imaginando o que Vero estava falando sobre mim para ela.
O resto da aula foi completamente monótona –como já era de se esperar de um primeiro dia de aula, é claro. Vero conversou com a amiga da garota do laço branco durante todo o período. Mani estava dormindo em cima dos braços e eu estava quase indo pelo mesmo caminho que ela, se o sinal não tivesse me despertado, é claro.
Acordo Mani e nós pegamos nossas coisas para sairmos da sala. Após algum tempo, Vero se aproximou de nós junto com a amiga da menina do lacinho. Ela se apresentou para nós como Dinah, mas logo se despediu, pois teria que ir para sua próxima aula. Percebi Vero olhando para a bunda dela enquanto ela se afastava e não consegui segurar uma risada. Reparando agora, ela realmente tinha uma bela comissão de trás.
- Gostou da visão, Iglesias? – pergunto arqueando as sobrancelhas.
Nesse momento, Lucy passou por nós com mais duas meninas ao seu lado. Pude ver Vero prendendo a respiração quando ela olhou em sua direção. Lucy suspirou quase que imperceptívelmente e desviou o olhar, continuando a fazer seu caminho pelo corredor. Mesmo depois que a garota já havia se afastado, Vero não conseguia tirar o olhar da direção dela. Ela estava exatamente com aquela expressão embasbacada que filmes adolescentes fazem questão de mostrar e eu revirei os olhos com aquilo. Nunca iria imaginar Verônica Iglesias dessa maneira.
Vero piscou várias vezes antes de voltar sua atenção para nós e mais algumas vezes para conseguir formar uma frase.
- Bom... hum... eu--
- O que você conversou com Dinah? – Mani interrompeu a tentativa falha de Vero.
- Nada, realmente – Vero suspirou derrotada. – Ela não falou muito sobre a garota do lacinho. Nem ao menos o nome. Toda vez que eu me referia a ela, Dinah dava um jeito de mudar o assunto
Soltei um longo suspiro e percebi Vero e Mani me encarando com olhares desconfiados. Eu sabia o que elas estavam pensando. Elas achavam que eu esperava que Vero conseguisse alguma informação sobre a garota do lacinho. Mal sabem elas que elas estão completamente certas. Eu apenas não conseguia entender porquê Dinah fugia do assunto quando se tratava de sua amiga. Será que elas eram mais do que amigas e ela temia que Vero estivesse a fim dela? Fofocas de que Vero fica com todas as pessoas que ela desenvolve interesse correm soltas pelos corredores da escola, mas não passam disso, fofocas. Não há nenhum rastro de verdade ali. Mas não haveria como Dinah saber disso se ela acabou de se transferir para cá.
Minha vontade de conhecer a garota do lacinho estava ainda maior agora.
Olá, pessoal. Sou nova nesse site, mas já posto a fanfic há um tempo no Socialspirit e no Wattpad.
Dependo do feedback de vocês para saber se posto o resto dos capítulos aqui ou não, então se vocês comentassem seria maravilhoso :x
Espero que tenham gostado! -VP
Autor(a): sweetasshole
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Loading...
Autor(a) ainda não publicou o próximo capítulo