Fanfics Brasil - O perfume que nunca mais foi sentido O peixe que nunca amou o aquário

Fanfic: O peixe que nunca amou o aquário | Tema: Original, Yaoi, Romance, Drama, Bissexualidade


Capítulo: O perfume que nunca mais foi sentido

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Já fazia um tempo que eu não ouvia o barulho da água. Muito tempo. E, claro, já fazia tempo desde que eu pulei para um mergulho alguma vez.


— Droga. Eu nem trouxe uma roupa de banho — Estava um pouco frio. Ou seria impressão? — Mas acho que isso não importa muito.


Caminhando por aquela estrada eu pude me sentir nostálgico, como se a cada vez que o vento me tocasse, uma parte de mim viajasse para pequenos pontos em meu passado. A cada piscada, um pouco de tudo o que aconteceu me vinha à mente. Passagens de como foi conhecê-lo, vivê-lo e morrê-lo. Meus braços estavam cruzados, suavemente apertados contra minha barriga. Meus pés doíam. Eu sabia que aquele chinelo me machucava. Mas não estava em posição de me julgar por escolher algo que me machuque. E novamente me vinha ele na mente.


— Já não me lembro quantos dias se passaram desde que eu senti seu cheiro pela última vez — Olhei adiante e avistei uma pequena ponte — Mas eu me lembro perfeitamente do seu cheio.


Acelerei meus passo até o local. Incrivelmente belo. O sol estava nascendo ainda, mesmo que a claridade fosse perceptível. Todas aquelas árvores ao meu redor. O rio correndo logo em baixo da ponte. Bem. Muito mais para baixo. O som dos animais pela manhã.


— Talvez eu não devesse ter voltado — Sorri de lado, enquanto me apoiava contra as barras de proteção da ponte. — Eu não estaria sendo eu se não tivesse voltado.


A manhã daquele dia começara estranha. Eu havia acordado disposto. Meu pai me chamou para que fossemos renovar minha carteira de identidade, que já tinha se estendendo fazia um tempo porque eu não tinha horário para ir. Geralmente eu demoro para me arrumar, mas por incrível que pareça, não me demorei. Peguei as coisas que precisaria e entrei no carro. Não consegui almoçar em casa, meu pai já estava buzinando lá fora. Chegamos a tempo.


Pensei que ele me daria uma carona para a universidade, mas não aconteceu. Chegando lá, quase em cima da hora de começar meu treinamento profissional, achei melhor não arriscar de ir. Eu tinha que estudar para dar a aula na monitoria. Que acabou que nem precisei.


Na biblioteca eu encontrei com ele. Na verdade, ele me encontrou. Ele me viu sentado e veio conversar. “Nossa, não acredito”. Aquele sorriso era o sorriso mais lindo que eu já tinha visto. Não importa quanto tempo passe, eu me lembraria perfeitamente. E olha que ele é o futuro dentista. “Se marcássemos, jamais teríamos nos encontrado”. Eu sorri. Mas no fundo eu sabia que era verdade. Havíamos tentado nos encontrar diversas vezes desde tudo o que aconteceu, mas nenhum êxito. Ele apertou minha mão, foi buscar um livro e se sentou.


Conversamos um pouco sobre matéria. Eu estava estudando para a aula de tecido epitelial de revestimento glandular que eu teria que dar na monitoria de histologia. Ele estava esperando a monitoria de bioquímica na qual tiraria dúvidas. Falamos sobre um acidente que havia acontecido na universidade. Falamos sobre o tempo. Mas não falamos sobre nós.


Eu me sentia enjoado de estar perto dele, não conseguia controlar meu estômago. Minha mente parecia não focar mais na matéria que estava na minha frente. Mas eu sabia que ele não se sentia da mesma forma. E talvez eu demonstrar, poderia deixá-lo desconfortável.


Terminei meus estudos e disse que já havia dado minha hora. Faltavam quinze minutos para a aula. Jéssica, minha amiga e também monitora, já havia me mandado mensagem. Percebi que tinha esquecido o jaleco, então fui buscar um emprestado. E pensei naquele sorriso.


Peguei o jaleco e enquanto ia para o laboratório de histologia, pensei no tempo em que ficamos longe. Pensei no que fizemos na última vez que nos vimos. Pensei em como era inadmissível, depois do que passamos, depois do que ele e eu passamos, depois do que eu passei, sair de lá sem um abraço ao menos. Eu sentia falta daquele abraço.


Enviei uma mensagem qualquer para ver se conseguiria pedir para ele sair da biblioteca para poder abraçá-lo, mas ele não visualizou. Fiquei no corredor por alguns segundos, até que me decidi e fui correndo até onde ele estava. Quando cheguei, ele não estava mais lá.


Naquele momento, quando eu não o vi, percebi o quanto o amava e faltava.


Depois de olhar melhor, vi que ele estava na sala ao lado, dos computadores. Através da divisória de vidro, sinalizei para que ele saísse e me encontrasse. “Ei, o que foi?”. Antes que ele pudesse falar algo mais, com o corredor passando gente, eu o abracei. Rapidamente, mas abracei. Rapidamente, mas senti seu cheiro, que não mudara desde quando estivemos juntos. Claro, o corredor tinha gente, ele não retribuiria, ele não deixaria passar uma imagem errada do que estava acontecendo ali. Na hora eu entendi.


Depois de um abraço rápido, mas que para mim foi como se o mundo tivesse parado por uns segundos, comecei a descer as escadas. “Ei, depois eu te mando mensagem, vamos marcar algo”, Eu voltei alguns degraus e sorri. “Vamos sim”. Não íamos. Não fomos. Não iremos. Eu sabia.


Corri para a minha monitoria. Eu estava atrasado, mas tinha valido a pena. Eu precisava de ao menos um abraço. De pelo menos uma despedida. De pelo menos um toque que não fosse parte daquela noite.


Mandei uma mensagem pedindo desculpas por ser tão impulsivo, mas dizendo que não seria eu se não tivesse voltado e feito aquilo. Ele disse que eu não precisava me preocupar. Desliguei meu celular porque a bateria estava terminando e fui dar a monitoria. Eu não podia ter deixado terminar apenas num aperto de mão. Eu não teria me perdoado. Eu devia, a mim mesmo, um abraço.



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Autor(a): leozevedo

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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