Fanfics Brasil - A intimidade que nunca deveria ter surgido O peixe que nunca amou o aquário

Fanfic: O peixe que nunca amou o aquário | Tema: Original, Yaoi, Romance, Drama, Bissexualidade


Capítulo: A intimidade que nunca deveria ter surgido

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Andamos um pouco e conversamos sobre o ex dele. É estranho como ele parece confiar em mim de uma forma tão profunda mesmo tendo tão pouco tempo de intimidade. Tudo bem que nos conhecemos há meses, mas só nessa semana que realmente começamos e nos relacionar e o principal: só hoje que nos vemos pela primeira vez.


Eu não preciso nem comentar sobre como eu evitava olhar diretamente para ele. Ele foi quem mais falou. Claro, precisava conversar, mas em momento algum eu consegui olhar nos olhos dele. Eu sempre desviava, olhava para cima ou mesmo olhava para algum ponto além dele, só para dar a entender que eu estava olhando para ele. Até porque, na única vez em que eu olhei para ele, diretamente em seus olhos, eu me senti quase como se estivesse pelado. Como se ele pudesse me ler. Me ter. De uma forma tão fácil. E devido a situação eu não queria que isso fosse para frente, eu precisava primeiro ir me convencendo de que não havia nada para acontecer entre nós dois.


Ele me contou sobre ele e o ex. Me disse o quanto amava ele, o quanto ainda o ama, que é de fato perceptível pela forma como ele fala. Eles chegaram a ficar, pelo que parece, dois anos juntos. Moraram juntos e praticamente tiveram uma vida de casados. Eles se conheceram na cidade deles, parece que tinham os mesmos amigos. Com o tempo, eles foram se aproximando e sentindo que algo estava acontecendo entre eles. Mas nunca chegaram a de fato fazer alguma coisa, dar algum movimento. Os dois são bem discretos e mesmo tendo passado tanto tempo juntos, os amigos nunca desconfiaram. O Pedro chegou até a me dizer que pareceu coisa de filme a maneira como se aproximaram e começaram a ficar. Eles tinham gostos semelhantes, conversavam muito e mesmo no grupo de amigos, pareciam estar sempre mais perto, trocando olhares. Conhecer a história quase perfeita deles me fez perceber o quanto eu deveria me colocar no meu lugar e estar ali para ajuda e não ser apenas mais um que está afim dele.


O Pedro chegou até a me contar as intimidades deles, como eles dormiam juntos, como foi a primeira vez hilária deles e como eles cresceram juntos enquanto casal. De certa forma, eu realmente queria ajudar eles a ficarem juntos de novo, porque pela maneira como o Pedro me contava que eles eram, realmente existe amor.


Ao que parece, eles se distanciaram devido a algo que o Pedro preferiu não me contar, por achar que talvez eu tivesse uma imagem errada dele. O ex foi para o exterior, Austrália, sendo que ele havia comentado que além de aproveitar a oportunidade para crescer profissionalmente, queria também aproveitar para não ficar mais preso à relacionamentos. Não queria encontrar ninguém novo.


O Pedro me contou que a princípio ele ficou feliz com isso, porque pensou que talvez eles acabassem voltando. Ele até mesmo chegou a ir para a Austrália, o que eu achei incrivelmente corajoso da parte dele. E no fundo, tive um pouco de inveja, porque eu sei que ninguém nunca faria isso por mim. Só que ele descobriu que lá o ex dele começou a se envolver com um cara e parece que realmente sentiu algo. Chegou até mesmo a continuar usando o cordão que ele ganhou do cara. Eu me coloquei no lugar do Pedro e pude sentir o quanto isso deve ter deixado ele triste. Não por haver outro, mas no sentido do ex ter se envolvido tão intimamente com outra pessoa, sendo que teoricamente estavam apenas dando um tempo. Nenhum dos dois tinham terminado para valer.


— Cara, cê nem mesmo olha pra mim quando estamos conversando, tem algum problema? Se quiser eu paro de falar sobre o Leo — Ele meio que deixou a frase terminar no ar. Eu sei que no fundo ele não queria isso.


— Não, não. Não tem problema, só estou com a cabeça um pouco longe. Mas você, ein. Depois de tudo isso, tem que se decidir quanto ao que quer com ele. Não pode cobrar se você não fizer sua parte — Não acredito que ele esteja fazendo. Até porque, ele foi curtir a vida dele, mesmo que por tristeza ou decepção, ele deveria procurar outra forma de lidar com tudo.


— Cara, o que eu fiz ou deixei de fazer não tem nada a ver com o que eu sinto pelo Leo, eu ainda amo muito ele — Essa frase saiu como se fosse uma facada, mas eu não podia demonstrar — Eu sei que eu cometi alguns erros, ninguém é perfeito. Se você soubesse o que eu fiz pra ele, me julgaria muito, talvez até entendesse o porquê de ele se afastar. Só que eu não errei por mal.


Eu fiquei pensativo. Ele dizer que não errou por mal acabou me trazendo na memória a situação entre ele e o Pablo. Não tinha parado para pensar que o Pablo conseguiu ficar com ele. Com tudo aquilo, eu diria. De brincadeira. Mas mesmo assim, em circunstâncias não foram nenhum pouco legais.


— Você não pode sair arrastando pessoas pro meio das suas incertezas e indecisões.


Chegamos numa praça que ficava perto do lugar onde seria a festa. Ainda faltava bastante para abrir a casa, então decidimos ficar por ali um pouco.


— Como assim arrastar pessoas? Cê tá falando de você? Porque se não estiver querendo que eu fique falando, é só me dizer, não estou obrigando não. Eu sei que posso ser bem chato sobre o Leo — Eu procurei olhar para ele, mas ele estava de cabeça baixa.


Como alguém como ele poderia ter feito aquilo com o Pablo de propósito? Está mais do que na cara que ele não conseguiria, mas ainda estava me deixando um pouco inquieto, eu precisava falar com ele.


— Não, não é nada disso. Eu fiquei sabendo de algo que você fez. Com um conhecido meu. E isso acabou me deixando com uns pensamentos sobre você.


— Como assim? Algo que eu fiz? Agora eu quero saber. Por isso então você mal tem olhado pra mim ou mesmo se aproximado. Tava até achando que tinha te feito algo.


— Não, deixa pra lá, é tipo algo que você fez, mas agora to tendo certeza de que não tem nada a ver, que foi sem intenção de ser babaca.


— Que? Cara, explica isso melhor, para de enrolar.


Então eu expliquei a situação do Pablo. Que acabei descobrindo sem querer por juntar os pontos. Ele até ficou um pouco surpreso, mas realmente entendeu o porquê de eu ficar esquisito com a situação. Claro que eu não disse que já fui afim do Pablo, mas ele viu que eu estava preocupado por saber que o Pablo é meio imaturo ainda, que com certeza iria correr atrás por algo que eu falei, sendo que se eu soubesse da situação, não teria indicado. Que alguém poderia se magoar.


— Então cê conhece o João também? — Depois que conseguimos resolver a situação, ele ficou curioso sobre eu conhecer o João V.


— Sim... Você conheceu ele por onde por falar nisso?


— Naquela rede social, de chats com pessoas anônimas aleatórias e você?


— Ah, sei qual você está falando. Eu conheci ele lá também, já tem uns anos. Muito tempo, agora que parei para pensar.


— Ele me acha feio, por causa do meu nariz. É que nem você, que fica pegando no meu pé por isso também.


Estávamos sentados em um degrau que havia na praça, quando eu resolvi olhar para ele devido a esse comentário, de maneira a tentar me defender.


— Não te acho feio por causa do seu nariz, nunca falei isso — Nesse hora ele me encarou e nossos olhos se encontraram.


— Nossa. Que olho bonito, verde — Ele comentou rapidamente — Mas então, cê me acha feio por quê? — Eu fiquei encarando ele por alguns segundos, até que me dei conta de que não havia respondido. — Ou não me acha feio?


— Isso não importa — Eu disse rapidamente, apoiando os braços no joelho e encarando o chão.


Depois de suspirar, levantei e empurrei ele, fazendo com que ele acabasse caindo de lado no degrau. Depois que nos levantamos, começamos a caminhar para perto do local em que seria a festa e vimos que logo em baixo tinha uma igreja.


— Que irônico, não é? Uma igreja em baixo de uma casa de festa meio que voltada pra um público gay. Fico pensando em como as pessoas devem encarar.


— Pra mim nem fazem diferença. Não tenho crenças mesmo, sou ateu.


Eu estava do lado dele e encarei. Notei que meu ombro é um pouco mais baixo que o dele e como provavelmente conseguiríamos nos encaixar tranquilamente num abraço. Rapidamente vi que ele estava olhando fixo para frente. Quase como se procurasse algo.


— Pensando no seu ex? — Eu perguntei com uma voz um pouco abafada.


— Não — Ele me encarou. — Você podia ter me falando antes sobre o Pablo e eu teria resolvido essa história. Em vez de ter ficado pensando coisas.


— Ah, deixa pra lá, não importa — Eu olhei para o chão até ouvir um barulho e ver que estavam abrindo as portas do lugar da festa.


— Importa sim. Não ia gostar de você se fechar pra mim por causa de algo mal explicado. Olha lá, abriram já o lugar. Ainda bem que como calouro eu nem pago. Vamos andando — Ele ficou atrás de mim me empurrando.


Eu tinha até esquecido que ele estava entrando na universidade para odonto. Acho que vai ser bem legal acabar esbarrando com ele por lá.



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Autor(a): leozevedo

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

Assim que entramos, recebi uma mensagem do Higor. Como eu pude esquecer. Ele havia comentado que também iria na festa. Acho que minha mente estava tão focada no Pedro que eu nem mesmo parei para pensar em como seria, para mim, os dois no mesmo ambiente. Ainda mais passando tão pouco tempo desde que eu fiquei com o Higor. Tirei um dia para nós dois ...


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