Fanfic: A Secretária Misteriosa *AyA*Ponny* | Tema: Ponny,AyA

Capítulo III

Anahí permaneceu sozinha, olhando pensativa para as estrelas, tentava suavizar as últimas sensações que Alfonso Herrera lhe havia propiciado. Não queria nem pensar em como seria encará-lo na manhã seguinte, sua preocupação era recompor-se e voltar para Rodrigo.

Ele sugeriu que deixassem o restaurante imediatamente, e Anahí não discutiu, ainda tinha os lábios quentes, e latejantes, enquanto os pensamentos tentavam compreender o que acontecia.

Somente quando se acomodaram no carro, com o barulho do motor afastando os fantasmas, foi que Anahí sentiu necessidade de falar.

- Eu sinto muito... Rodrigo, é melhor não nos vermos por um tempo.

- Por causa dela? Anahí, eu quero me casar é com você! Quer uma prova?

- Oh, Rodrigo... - Ela olhava para a pequena caixa de veludo azul em suas mãos, sem vontade de abri-la. - Não podemos nos casar, pode entender isso?

Rodrigo não acreditava no que ouvia. Nada no mundo tiraria da cabeça dele que Anahí estava magoada por causa da outra mulher.

Segundo compreendia, a maior prova daquilo era que ela, enciumada, flertara com um rapaz no restaurante. Não, seria ridículo aceitar uma recusa.

- Nós temos uma vida inteira pela frente, ma petite. Você verá que o casamento é a decisão mais sensata.

Sensata! Ele havia feito aquela observação depois de um rápido beijo, desprovido de qualquer emoção. Por que, afinal, Rodrigo não conseguia dizer algo romântico e sensual?

"Você beija como um anjo." Por que ele não falava aquilo, num murmúrio apaixonado, ao invés de discursar sobre a sensatez?

Anahí recusou o anel, mas Rodrigo insistiu, certo de que ela recobraria o juízo dentro em breve.

No dia seguinte, quando entrou no escritório, o coração de Anahí estava aos saltos. Mas, para sua surpresa, tudo parecia normal.

O chefe não dirigiu a ela nenhum olhar reprovador, acusando-a de corromper menores inocentes. As costumeiras palavras frias de trabalho, naquela manhã, foram como música para seus ouvidos.

Era como se a maneira de ver o mundo houvesse mudado. Não podia negar: era uma mulher cheia de vida, despertada por aquele homem frio, arrogante e... encantador!

Nos dias que se seguiram, tudo parecia deixá-la ansiosa. Anahí tinha percebido efetivamente o quanto a vida que levava obedecia a uma insípida rotina. Não entendia como, sem mais nem menos, um beijo pudera revelar todas as suas carências.

Mas o doloroso era ter que conviver com o demônio que a despertara. Depois de três anos trabalhando para Alfonso Herrera, já se acostumara a tratá-lo exatamente como ele a tratava... como uma calculadora ou um relatório ambulante.

Nunca, nunca ela o vira como homem.

Mas a situação se tornava delicada. Após aquela noite, sempre que Alfonso entreabria os lábios para pedir-lhe algo, Anahí recordava-se do calor deles sobre sua boca, os dedos longos explorando-lhe a pele.

Aquelas recordações tornavam impossível tratá-lo com a mesma indiferença dos anos anteriores.

Rodrigo telefonava-lhe com freqüência da Nova Caledônia, pressionando-a a dar uma resposta positiva quanto ao casamento. Era em momentos como aquele que Anahí sentia o peso do tempo que não parava, a insegurança de não se realizar como mulher.

Quem era Anahí, afinal?

Esposa, depois viúva, mãe, secretária, uma vitoriosa na vida? Sempre havia desempenhado um papel para os outros... mas o que era para si mesma?

A resposta parecia cada vez mais distante. Qualquer que fosse a solução, uma certeza se afirmava: por mais tentadora que fosse a segurança do matrimônio, não poderia se casar com Rodrigo.