Fanfic: A Secretária Misteriosa *AyA*Ponny* | Tema: Ponny,AyA

- Vamos, mamãe, abra!

Anahí desembrulhou o presente. No último aniversário os meninos tinham lhe dado um vaso de cerâmica que haviam feito na escola. Era em momentos como aquele que gostaria de estar ao lado de René, compartilhando a alegria que os filhos proporcionavam.

Mas ele quase não havia convivido com os meninos, pois sofrera um acidente de carro, falecendo algumas semanas depois, sem ter recobrado a consciência. Na época, os bebês ainda não tinham completado um mês de vida.

Com o passar dos anos, a ferida aberta pela morte do marido, embora aos poucos se transformasse em cicatriz, ainda doía muito. Era triste que René não pudesse ver os filhos crescendo à sua imagem.

Aliás, uma dupla imagem, com os mesmos cabelos e olhos escuros e a mesma capacidade de amar.

Gabriel era o mais parecido com o pai: alegre, inteligente e aventureiro.

Nate, embora tão inteligente quanto o irmão, era mais quieto, pensativo, porém não menos peralta.

- Queridos... são lindos! - Anahí estava maravilhada com o par de brincos de cerâmica, duas pequenas flores azuis.

- Grand-pere nos ajudou. Sem o vovô, o dinheiro não daria!

- O melhor presente de aniversário que eu já ganhei!

Raul tinha preparado um bolo, mas eles só o comeriam à noite, antes de Anahí sair com Rodrigo.

Olhando espantada para o relógio, apressou os filhos, pois os gêmeos também estavam atrasados para a escola. Beijou-os e despediu-se rapidamente, porque, se não corresse, perderia a hora.

- Au revoir, maman! - gritaram, para em seguida, ainda em francês, e voltaram a discutir sobre quem iria ocupar a janela do ônibus.

Era impressionante a facilidade com que as crianças falavam dois idiomas, mudando rapidamente do inglês para o francês, ou vice-versa, sem confundir palavras.

Raul acostumara os meninos desde bebês à língua francesa, mas sabia que, assim que começassem a freqüentar a escola, perderiam grande parte da fluência, o que de fato estava acontecendo.

Ainda pensando nos filhos, Anahí enfrentou as duas conduções que a levavam ao escritório todas as manhãs.

René se espantaria se pudesse ver a situação em que deixara a família.

O acidente fatal ocorrera em Los Angeles, nos Estados Unidos, e, como a companhia de seguros havia conseguido provar que ele tinha bebido, Anahí precisou arcar com quase todas as despesas de hospital.

Gastara as últimas economias pagando a viagem para Los Angeles, bem como a acomodação dela e dos gêmeos. Sua situação não podia ser de maior sofrimento.

Raul conhecera a nora na sala de espera do hospital, os gêmeos choravam e ela mal conseguia se manter acordada. Ele não via o filho René há muitos anos, desde a morte da esposa, na Nova Caledônia. Cansado da vida em família, Raul conquistara a liberdade voltando à marinha.

Sentia-se culpado por ter abandonado o filho, que na época nem tinha completado dezoito anos. Talvez pudesse reparar o erro ajudando Anahí e os netos.

Infelizmente, não possuía economias para auxiliar sua nova família, e, por isso, para pagar todas as dívidas se viram obrigados a vender a casa e o carro.

Raul voltou com a nora e as crianças para a Nova Zelândia e, no início, fez alguns biscates e serviços temporários, tentando ganhar algum dinheiro. Mas o ferimento na perna esquerda costumava incomodá-lo, impedindo-o de conseguir um emprego melhor.

Anahí achava injusto que o sogro se sacrificasse tanto e, assim que os filhos completaram dois anos, decidiu voltar ao trabalho. Se quisesse, Raul poderia cuidar da casa e dos meninos.

Antes da gravidez, ela tinha sido secretária executiva. Na época ganhava bem, principalmente com lucrativos serviços extras.

A situação econômica da família, aos poucos, melhorava, mas somente com o atual emprego de Anahí a vida deles havia começado a se estabilizar. Depois de muita luta tinha conseguido um empréstimo e comprado a casa em que moravam. Dentro de alguns meses liquidaria a dívida e, então, poderia até comprar um carro.