Fanfic: Sonho x Realidade | Tema: Romance, amizade, escolar, drama

Ao chegarmos fiquei parada em frente ao enorme edifício, boquiaberta, completamente diferente do que eu havia imaginado, seu tamanho ocupava a esquina inteira.

Aproximei-me das paredes de vidro e fitei o interior, muito luxuoso e com pessoas de aparência refinada, uma realidade bem distante da minha... Ao pensar em adentrar ali fiquei angustiada, senti meu estômago se contrair, costumo não me sentir muito à vontade em lugares assim, recordo-me de como fiquei quando fomos ao casamento da minha tia Sheila, o convite dizia trajes formais, embora a festa não fosse grande o suficiente se comparada com a de um ator famoso por aí, devo admitir que minha tia extravasou.

Em uma igreja católica, gigantesca e com 300 convidados, além de família, amigos, colegas de trabalho e etc... Minha mãe ficou super contente em poder se vestir para a festa, mas fiquei muito desanimada, usei um vestido de cor azul escuro acima dos joelhos, com uma sapatilha preta e uma echarpe da mesma cor nos ombros, meu desconforto era tamanho que nem sequer senti fome para me acabar com aquelas delícias de festa.

Lembrar dessas coisas não está me ajudando...

 Júnior notando minha angustia tocou gentilmente meu ombro— Não precisa se preocupar, vamos. — disse pegando-me pelo braço e me guiando até a entrada.

Em momentos normais eu me afastaria rapidamente deste toque repentino, mas com meu nervosismo apertei com força o braço que me guiava, logo depois vejo um sorriso aparecendo em seu rosto— Isso não tem graça nenhuma. — admiti insatisfeita.

—Tem sim, não sabia que ficaria tão nervosa com isso. — exclamou divertido.

No curto caminho até a entrada olhei para as paredes de vidro e vi nosso reflexo, parecíamos um casal, comigo apertando seu braço direito utilizando meus dois, algumas garotas que estavam um pouco a nossa frente entrando ficaram nos reparando, provavelmente estavam de olho em Júnior, mas isso não me incomodou, senti-me caminhando para a porta do abismo— O que você quer fazer?— indagou pacientemente devido a minha notável ansiedade.

O que eu quero fazer? Estou pensando nisso, a fome que eu senti durante o caminho até aqui me abandonou, minha vontade era de dar meia volta e ir embora, ou talvez mudar o destino, indo comer um cachorro quente no parque seria perfeito para mim, o encarei, tentando pensar no que fazer já que estávamos parados em frente à porta, com ele esperando minha resposta, olhei novamente lá para dentro.

Eu preciso superar muitas coisas, e uma delas é minha aversão a essa realidade.

Eu tenho consciência que se depender de mim não precisarei frequentar lugares assim, mas dependendo de minhas escolhas, empregos, amizades, terei de lidar com isso, querendo ou não. — Vamos dar uma olhada, quero experimentar os doces.

— Tudo bem. — sorriu.

Demos um passo e a porta automática se abriu, era bem extenso, com prateleiras de diversos tipos de coisas possíveis, pães de diferentes formas, sabores, recheios, do outro lado geladeiras chamativas expondo todas suas iguarias açucaradas, também haviam várias mesas espalhadas com cardápios a disposição, Júnior nos encaminhou até uma mesa ao lado das paredes de vidro com plena visão para fora, olhando ao redor não pude deixar de notar as vestes das pessoas, inconscientemente reparei em minhas roupas.... Eu deveria ter me vestido melhor. Um garçom aproximou-se com um gentil sorriso no rosto— Bom dia.

— Bom dia. — respondeu Júnior rapidamente.

— Bom dia... — minha voz saiu fraca, quase como um sussurro. Eu notei que ele me avaliou dos pés da cabeça, provavelmente está pensando o que eu faço aqui vestida tão desleixadamente assim.

Tsk... Droga, está decidido! Não deixarei isso me incomodar.

— Já estão prontos para fazer o pedido? — perguntou educadamente.

Peguei o cardápio sobre a mesa de vidro e dei uma olhada na sessão das massas, mas o que?

Acho que não consegui disfarçar minha feição de espanto, esses preços são um absurdo, um croissant de queijo no valor de onze e cinquenta, uma mini empada de frango custa nove reais, eles só podem estar de brincadeira, olhei para o garçom a espera e lancei um olhar de desaprovação, em seguida olhei para Júnior, que apoiava seus cotovelos sobre a mesa e seu queixo sobre as mãos, rindo divertido para mim. Ele está brincando comigo.

Ele sabia qual seria minha reação e propositalmente trouxe-me até aqui, não passa de mais um idiota. — Eu quero uma empada de palmito e um suco de laranja. — falei para o garçom que balançou sua cabeça concordando.

— Você gosta mesmo de suco de laranja, Erika— sorriu— Eu vou querer um sanduiche natural de peito de peru, e... — pausou pensativo— Um suco de melão.

— Como desejarem, logo os pedidos serão entregues. — afirmou o jovem garçom afastando-se logo em seguida.

Encarei Júnior séria e visivelmente desgostosa— Você fez de propósito, não é?

— Mais ou menos— riu divertido— Eu desconfiei que não gostaria desse lugar. — admitiu.

— Então porque me trouxe aqui? Se queria me desagradar não precisava ir tão longe com essa história toda de encontro... — talvez esse cara seja tão panaca quanto Diego.

— Não é assim, Erika. Este lugar realmente tem os melhores chocolates da cidade— suspirou passando a mão em seu cabelo.

Ele tem esse costume frequente. Estou até decorando seus padrões pouco a pouco.

— Bom, que seja. Mas não pretendo passar muito tempo aqui. — o alertei deixando claro minha decisão.

— Devo admitir que eu também não gosto muito deste lugar.

— Então por quê? —questionei indiferente.

— Eu disse que minha ex-namorada me trouxe aqui —suspirou—E eu queria que você provasse do melhor, é por isso.

— Deveria superar isso então— se não gosta não deveria ter me trazido aqui—Aceite seu passado, todas experiências são bem vindas quando nos fazem amadurecer. Pelo menos penso assim quando se trata de mim.

Ele me fitou incrédulo por um minuto, logo em seguida soltou uma leve risada— Você fala como uma mulher de idade que já viveu muito— admitiu— Fico imaginando o porquê sendo que temos a mesma idade.

— Quem sabe. — falei com desdém na intenção de mudar o assunto.

Passados 7 minutos contados nosso pedido chegou, o garçom desculpou-se pela demora e se retirou, Júnior começou a beber seu suco e eu fiz o mesmo, que por sinal estava uma delícia, logo em seguida devorei minha empada, também estava ótimo, embora fosse tão pequena. Ele havia partido seu sanduíche em dois, ao ver que eu já tinha terminado me ofereceu a outra metade, que eu me neguei a pegar é claro, disfarçando já que ainda continuava com fome, quando Júnior terminou nos direcionamos a tão esperada sessão de doces, havia coisas tão lindas e bem confeitadas que pareciam de mentira, cupcakes, bombons, cheesecake, mousses, flans, muitas coisas que só de olhar me deram água na boca. — O que vai pegar? — perguntou Júnior tirando-me do transe em que me encontrava.

— Uma trufa, um mousse de morango e... — meus olhos passaram rapidamente por todas as vitrines— Um cupcake de nutella.

Eu amo nutella!

— Eu vou pegar um mousse de limão. —sorriu pegando o item na geladeira.

Depois de pegar tudo que eu queria fui até o caixa para pagar, onde uma mulher loira, de aparentemente 20 e poucos anos atendia, ela é linda, ao ver que me aproximava sorriu deixando a mostra seus dentes perfeitos— Olá. — falou docemente.

— Oi, vou pagar por estes junto com meu pedido anterior.

— Sim, espere um minuto.

Enquanto ela digitava alguma coisa no computador olhei para onde tinha deixado Júnior e ele não estava lá, procurei em volta desconcertada e o vi lá fora aparentemente a minha espera com o potinho de mousse de limão em mãos. Ele saiu sem pagar?

— Senhorita sua conta está quitada. — exclamou a jovem atrás de mim.

— Como assim, foi paga?

— O rapaz que estava a acompanhando fez uma reserva de 250 em crédito noite passada.

— Isso é sério? — questionei surpresa.

— Sim. — afirmou educadamente.

Eu não posso acreditar, eu disse a ele que pagaria minhas próprias coisas e ele fez essa reserva ontem de noite, e não comentou nada. Despedi-me da atendente loira e fui até a saída, em um desespero para sentir o ar livre, como se aqui dentro estivesse sufocada, quando parei ao lado dele o encarando ele estava rindo— Porque fez isso sem me avisar?

— Eu a convidei, é minha obrigação pagar a conta. E também você comeu bem menos do que eu esperava. — brincou.

— Olha só Júnior... — antes de terminar minha frase sinto alguém esbarrando em mim.

Quando me viro para olhar tenho uma surpresa desagradável— Sinto muito. —desculpou-se a mulher de altura mediana, cabelos longos platinados e olhos verdes com corpo de modelo, e ao seu lado...

— Diego? — indagou Júnior.

— E aí, Júnior, Erika. — sorriu.

— Você os conhece? — perguntou a mulher nos olhando dos pés a cabeça.

— Estudamos na mesma escola. — falou colocando seu braço por sobre ombros da mulher, um ato claro de dizer que estão juntos. Que ridículo esse cara...

Então é essa mulher com quem ele se encontra as escondidas do pai? Mas porque, ela me aparenta ser uma pessoa com o mesmo tipo de vida deles, de repente Diego lança um olhar indecifrável em minha direção, sinto um arrepio percorrer meu corpo. — Prazer em conhecê-los. — disse a mulher.

— Igualmente— exclamou Júnior com um sorriso.

Eles se despediram e entraram na Lua de Mel, quando a porta automática se fechou pude ver suas costas enquanto caminhavam para longe, parecem um casal perfeito, como esses dos contos de fadas— Esse cara não presta mesmo, olha a mulher que está com ele. — criticou.

— O que tem ela? — pergunto curiosa, afinal não vejo defeitos à mostra, pelo menos sua aparência se parece com de uma Barbie.

Eu nunca fui o tipo que se deixa levar por aparências, mas sei admitir quando encontro casos acima da média, assim como Diego— Ela claramente é mais velha. — suspirou tocando seu cabelo.

Então é por isso que ele a esconde do pai? Talvez eu pergunte a ele...

Droga! Estou me esquecendo do fato de que ele me viu aqui com Júnior, sendo que ele me perguntou o que eu faria e não o respondi.

Mas pensando bem, eu tenho o livre arbítrio de sair com quem eu quiser, afinal não temos um relacionamento que exija explicações quanto a isso, ele sai com quem quer, posso fazer o mesmo.

Olhei para meu pacote, perfeitamente embrulhado guardando o que comprei, mal posso esperar para comer. — Vamos? — perguntou Júnior pegando-me novamente pelo braço.

— Vamos— sorri me afastando— Mas desta vez vou caminhar sem me apoiar em você.

[...]