Fanfic: |Por Você[Finalizada]| Com Você - Adaptada | Tema: Vondy

 — Claro que não, e eu acho que é justo contar a você. Mas podemos nos sentar primeiro?

 Talvez, se nos sentássemos, pudéssemos nos livrar dessa sensação de confronto entre nós duas.

 Belinda assentiu com a cabeça, e caminhamos para o sofá. Sentei-me de frente para ela, com minhas pernas cruzadas debaixo de mim.

 — Bem. Ele, hã... ele explicou sobre como, hã... fez você se apaixonar por ele e, depois, dormiu com sua melhor amiga. Ele disse que era tudo um jogo. O que faz sentido agora, quero dizer, o tanto que você sabia sobre como ele fazia isso com as mulheres. – Belinda tinha sido a pessoa que me contara sobre os jogos mentais de Christopher.

 — Sim. Falei com base em experiência própria.

 Sua voz tinha perdido um pouco da alegria habitual, mas nada parecia indicar que conversar sobre isso seria doloroso ou desagradável.

 Seu jeito à vontade me ajudou a seguir em frente:

 — E ele me falou sobre o bebê.

 Eu vi seu peito subir e descer antes que ela respondesse.

 — O que ele lhe contou?

 — Que você não sabia quem era o pai, então ele assumiu o bebê como sendo dele. Então você não seria desonrada, desgraçada ou o que seja. E que fez isso porque se sentia responsável pela situação.

 Mesmo que nenhuma dessas informações fosse nova para Belinda, pois ela tinha vivido isso, afinal de contas, uma parte de mim se sentia culpada por compartilhar coisas que Christopher tinha me falado em confiança.

 Outra parte de mim, uma parte maior, queria saber mais sobre o passado turbulento de Christopher, e, como não conseguia tirar nada dele, a chegada inesperada de Belinda trouxe uma oportunidade para conseguir mais informações, e eu não iria desperdiçar.

 — Humm. Bem, isso meio que abrange tudo. – Ela bateu uma longa unha pintada de cor pêssego em seu joelho enquanto processava tudo. — Christopher é um bobo. Ele não deveria se sentir responsável por nada. Eu era uma mulher adulta. E posso assumir minhas ações. Ele não se sente mais assim, não é?

 — Ah, eu acho que sim...

 Eu não achava, tinha certeza de que se sentia assim. Essa era a razão pela qual ele se mantinha tão fechado, a razão pela qual tinha sido tão difícil para ele deixar me aproximar. Por causa de sua mãe, de seu terapeuta ou por qualquer motivo, ele tinha sido condicionado a acreditar que era incapaz de se importar por alguém, e as coisas horríveis que ele tinha feito para as pessoas como Belinda, essas eram a sua prova. Ele podia manipular a vida de sua amiga, levá-la a agir de forma tão imprudente a ponto de ficar gravida de um desconhecido e, em seguida, perder a criança – essas eram as provas de que Christopher era uma pessoa desprezível. Porque nenhuma pessoa decente faria isso.

 Mas, para mim, o fato de que Christopher estivesse tão traumatizado com as situações em que tinha colocado Belinda era justamente uma evidencia contrária, uma evidencia de que ele podia sentir, sim, para se arrepender de seus atos. Isso não mostrava crueldade, mostrava humanidade.

 Belinda revirou os olhos.