Fanfic:  O Homem do Gás *(vondy)*

Uma hora depois...

Blanca estava sentada numa cadeira de balanço na sala, enquanto chupava os dentes da chapa, esperando Dulce que não chegava. Não gostava de chupar os dentes, só fazia quando estava ansiosa. E logo cuspiu no chão... Hoje era dia de ir ao médico, coisa que ela adorava por certo. Seus dias estavam contados, mas ela só não morria porque era ruim. Não ia deixar “Ardilla Cremosa” para nenhuma dessas suas filhas ingratas. Cuspiu mais uma vez no chão e murmurou com impaciência:

- Ai meu Deus essa menina que não chega!

Dulce vinha buscá-la para lhe levar ao posto de saúde. Depois de 9 meses que tinha esperado na fila de atendimento, ela havia conseguido uma consulta com a médica  do posto. Que horror era ser pobre, meu Jesus!

- Mãeeeeeeeee....to entrando... – ouviu a voz de gralha de Dulce ao pé do portão.

E foi se levantando se segurando na estante para conseguir ficar em pé. Sua crise de reumatismo estava piorando. E ao vê-la cruzar a porta, Blanca lhe disse:

- Nossa Dulce pensei que não era hoje..já ia tomar meu captopril!

- Sem dramas mãe...

- Aproveitando o embalo... Trouxe o carnê das casas Bahia???

- Claro né...tá tudo na minha bolsa. Cadê o cartão do posto?

Blanca a ignorou.

- E o meu dinheiro que você tá devendo???

Dulce negou com a cabeça, impaciente.

- Estou bem mãe, obrigada, to com saúde...

- Ah filha, desculpa, mas você sabe as coisas não tão fáceis... O Ardilla Cremosa tá perdendo a fama...
- Como??? – perguntou Dulce surpresa.

- Sim minha filha. Não sei que acontece, eu acho que aquela vadia da Carminha fez um trabalho...nem mosca entra mais no Ardilla. – disse ela com tristeza. - Mas o pastor da igreja me cobrou 2 mil reais pra quebrar a maldição... - Dulce olhava pra mãe incrédula. - Estou indo pra sessão Descarrego. Você também devia ir pra se livrar do encosto do teu marido...

Dulce gargalhou.

- Acho que não precisa não... – e ela continuou rindo como uma idio*ta quando o Homem do Gás novamente lhe veio ao pensamento.

- Do que você tá falando? – Blanca ergueu uma sobrancelha, em sinal de desconfiança.

- Nada não. E Clau, cadê???

As duas trancaram a casa e foram caminhando até o ponto de ônibus mais próximo.

- Dulce, sei não, essa menina com esse emprego na boate...sai as 8 da noite e só volta de manhã... Não to gostando muito desse trabalho. Mesmo o dinheiro sendo bom...  Ela já comprou até uma mobilette à vista...vai receber segunda...

Dulce olhou de esguelha pra mãe, e suspirou. Como sua mãe podia ser tão astuta para algumas coisas e ser tão mongol para outras?

- Sabe, Claudia não tem namorado, fico preocupada...tenho medo de que vire sapata..

“Nem se preocupe mãe, aquilo gosta mais de pica que nos 2 juntas...”, Dulce pensou enquanto dava um sorrisinho de canto de boca.

- Não mãe, ela não gosta de mulher...

- Por que você tem tanta certeza? Eu nunca vi ela com homem...to com medo dela morrer donzela...

Dulce não agüentou e soltou uma risada. Blanca a ignorou ainda preocupada com a filha do meio.

- Olha a hora vai dar! 8 horas e nada dela...  – bufou. – Dulce, me diz o que se faz numa boate a noite até de manhã?

- Depende mãe...ela trabalha onde???

- Naquele antro das “Pirikitas Voadoras”...

Dulce arregalou os olhos. Pirikitas Voadoras era o maior cabaré de Acapulco...só freqüentava quem tinha muito dinheiro, maioria de gringos. Claudia realmente ia morrer virgem... Bom, só se sua irmã desse o cú pra dizer que era virgem. Nesse caso era crível.

- Mãe me dá logo seu cartão para marcar a fisioterapia...deixa eu ver como tá... - pegando no rosto da mãe, quando elas pararam no ponto de ônibus. Dulce observou  o rosto de sua mãe e sorriu...: - Melhorou muito já...

Devido ao derrame Blanca sofrera, a seqüela dele foi paralisia facial do lado esquerdo. Porém por mais torta que a boca fosse, a língua continuava afiada como sempre.

E Blanca arregalou os olhos, quando Dulce lhe deu um beijo na testa. Nunca ela fizera isso na vida. E franziu a testa desconfiada.

- Dulce, to te notando diferente hoje. Até parece que eu te tratei bem hoje para que me desse um beijo na testa. – Dulce franziu a testa; - Sei não...você ta estranha... Nunca te vi feliz assim, com um brilhos nos olhos...pele boa... Isso quer dizer que... você e o pulguento do seu marido se acertaram?

- Não mãe, aquele traste só atrasa minha vida...to mais pra pedir o divorcio..

- Mas filha uma mulher casada não pode ficar sem sexo...

- Eu sei mãe, mas eu tenho nojo dele... Sei lá...eu olho pro Poncho e vejo minha lápide nele. Parece que tem ANTRO DE DST’s escrito na testa dele. Não suporto mais nem ouvir a voz dele! E pelo o amor de Deus, ele come o bairro inteiro!

- Você acha que não tem salvação esse casamento?

- Definitivamente não...

- Eu falo porque eu e seu pai era um fogo só todo dia, a gente sabe...

- Como se eu não lembrasse desse fato... – e jogou o cabelo para trás suspirando. – Vocês não respeitavam nem as próprias filhas... Mas eu to bem, te juro...
 
- Alias to vendo...pra quem anda sem dar você ta até alegrinha..

- Lá vem o busão! Não esqueça de mostrar sua Carteirinha de Idosa...

Dulce e Blanca foram para a ponta da calçada e deram com a mão para o ônibus.  Mas antes que elas pudessem subir, Claudia vinha descendo. As duas então estacaram em seus cantos, e perderam o ônibus.

- Vai pir*anhaaaaaaaaaaaaa! - ouvia uma voz gritar de dentro do busão.

- Eu pago 3 real no boq*ueteeeeeeeeeeee! – gritou outro.

Claudia virou o dedo e gritou.

- Essa bu*ceta aqui é de ouro, meu reyyyyyyyyyyyyyyy...!

Quando Claudia se volta estava Dulce e Blanca na parada, chocadas com a cena...
Dulce sabia que desde pequena que sua irmã seria put*a. Aos nove anos foi pega numa cabana de lençol com 3 garotos...  Aos 13 no WC da escola pagando boquete pro amigo...e assim por diante. Claudia tinha um currículo extenso.

- Oi Irmã querida...  – chegou em Dulce abraçando-a e beijando-a. - Mamis... – e sorriu pra sua mãe, quem ainda estava de queixo caído.

Claudia tinha a cara que tinha bebido a noite toda.

comentemm...*

plies