Fanfic:  O Homem do Gás *(vondy)*

Dulce ia seguindo para casa de Maite. E aquele Homem lhe veio a mente outra vez. O viu há poucas horas, mas já estava sentindo falta dele. Tragou a saliva, olhando para o outro lado da calçada. Fechou os olhos com força tirando essa ideia estúpida da cabeça. Não, não iria se desviar da casa de Maite para passar na frente da Anaconda’s gás! Repetiu isso cinco vezes silenciosamente. Mas como suas pernas não tinham ouvidos, ela não a escutaram. Atravessaram a calçada e seguiram para a outra rua, se desviando do seu caminho.

Lembrou-se daquela voz que lhe atendera. Lembrou-se de como aquela mulher tinha dito “Chris”. Quem era essa tal de Michelle? Seria só uma empregada ou seria algo mais?

Não sabia, nem queria saber...mesmo que no fundo a curiosidade estivesse lhe corroendo. Avistou o letreiro e viu o Slogan da cobra enrolada em um bujão de gás.

Anaconda’s Gás, o combustível da sua vida.
 
Conseguiu ler no letreiro.

E passando pelo outro lado da calçada, viu uma loira na porta...com uma minissaia e um top vermelho, somente cobrindo os seios fartos. Ficou parada atrás de um trator observando, vendo como não dava nem pra competir. Michelle era linda! Conversava com outros homens, mas não parecia oferecida, nem fácil, estava normal, amigável até. Quando de repente uma moto parou. Dulce viu Christopri e respirou fundo, sentindo como algo nascia dentro de si. Era sempre assim quando o via.

Viu como ele estacionava a moto na frente da loja enquanto tirava o capacete e descia da moto. Viu também o tamanho do sorriso de Michelle ao vê-lo. E se ela já era bonita séria, sorrindo ela conseguia ser mil vezes mais.

Ele mal desceu da moto e Michelle foi correndo pular no pescoço dele. E para sua consternação, Christopri a abraçou como se ela fosse a coisa mais preciosa do mundo...assim como ela tinha feito com ela mesmo naquela cozinha. Soltou um muxoxo ao ver como ele rodava com ela no ar.
O mundo de Dulce acabou. Aquela era a namorada dele! Maldito mentiroso! Sentiu a raiva brotar dentro de si, e sentiu mais raiva ainda ao se dar conta da realidade. A realidade que ela não era nada dele, e que não tinha o direito de cobrar nada, quando ela era a casada dos dois. Mas mesmo assim não evitou sentir como seus olhos se enchiam de lágrimas, assim como seu coração se enchia de decepção. Olhou mais uma vez como ela entrava de mãos dadas com Michelle e saiu para casa de Maite com as idéias confusas.

Não ia comentar nada com ninguém sobre isso porque ela era a errada da historia. O que podia cobrar dele se ela era que era a vadia desse conto? Por mais que ele gostasse do sexo com ela, jamais deixaria sua namorada para ficar com a mulher que tava traindo o marido...

Dulce havia chegando na simples casa de Maite, porém limpa. O chão da casa dava pra comer...tudo muito arrumado. Edvan era um homem de verdade que trabalhava na lotação, que ajudava a pagar os compromissos da casa e ainda ajudava Maite com as crianças, com os filhos dela, que nem seus eram.

E apesar de tudo isso, Michelle não saía da sua cabeça. Estava com medo, muito medo de perder o que não era dela...

Maite se encontrava deitada com um saco de mercado cheio de gelo, vendo Rota 22, ..quando escutou uma voz conhecida:

- OH DE CASAAAAAA!!! TO ENTRANDO...

O rosto de Maite se iluminou ao ouvir a voz de Dulce, sua amiga fiel...

- Entra amiga! Suzi abra a porta pra sua tia!

Maite tinha dois filhos, Suziclene de 8 anos e Bergleno de quatro. Filhos de pai distintos. O primeiro, um cara que tinha passado a noite bêbada, depois de uma farra. Suzi tinha puxado a família do pai, um negão que Maite se envolveu. Suzi tinha a cor de jambo, porém os cabelos lisos como os da mãe. Era esguia pelo forte desnutrimento que passou quando Maite era uma pedinte de rua que vivia batendo de porta em porta antes de encontrar Dulce e sua solidariedade. Bergleno, era o contrário. Era um loiro dos olhos azuis. Um programa que fez com um gringo em uma noite de fome. O menino era esperto e inteligente, era Europeu. Nasceu com lábio leporino, mas uma prima de Dulce conseguiu a cirurgia no SUS e tinha ficado quase perfeito, menos por uma cicatriz em cruzando até o nariz. Maite tinha dado seu maior presente para Dulce batizar seu filho... Bergleno e Suziclene eram como se fossem os filhos que ela não teve, e os amava demais.

Suzi foi correndo até a porta, virou a chave e abriu a porta. Dulce abriu o sorriso ao ver a menina.

- Entra tia!

- Nossa Suzi como você tá linda!

A menina sorriu estendeu a mão para pegar a dela.
 
- Bença Madinha! – disse levando a mão de Dulce aos lábios, beijando-a.

- Deus de abençoe, preciosa. – e retribuiu beijando a mão dela. - Trouxe um chiclete da Barbie pra você. E um pirulito do Tiririca para Leninho. – disse enquanto se abaixava para abraçá-la.

A menina pegou os doces e saiu correndo encontrar o irmão. Dulce chegou na sala e viu Maite sentada no sofá com o gelo na boca.

- Mai amiga, essa menina cresceu demais!

- Nem me fale... – disse entre dentes. - Já imagino ela querendo namorar...

- Não Cumadi, ela só tem 8 anos, vai demorar ainda.

- Você que pensa, já tem pêlo na periquita.

- Jesus!!!

Maite tentou sorrir, e Dulce riu ao ver como ela estava parecendo com sua mãe rindo com a boca torta. Sentou no sofá do lado e baixou um pouco o volume da TV de 14 polegadas de Maite.

- Então, me conta como está? Cortei o maior dobrado hoje sem você!

- Ai menina, veja... – Maite falou tirando o saco plástico, descobrindo o rosto.

- Nossa pensei que quando você disse que ta parecendo com o Kiko, tava brincando. Com certeza mais uma semana de molho!

- Nem me fala... – Maite colocou outra vez o gelo. - Nem posso malinar com Edvan, o pobre ta só na punheta...

Dulce riu alto.

- Você não presta, mesmo ein?! – e riu de novo. – Então, ta tudo bem?

Maite ficou observando a amiga, desconfiada.

- Fala logo o que você quer dizer! Desembucha

comentem...

plies*