Fanfics Brasil - Capítulo 18 - Revelações amor repentino

Fanfic: amor repentino | Tema: portirroni


Capítulo: Capítulo 18 - Revelações

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Estavam abaixadas atrás da mesa de madeira grossa evitando sequer respirar para não serem pegas. Maite sentia seu coração palpitar tanto pelo que aconteceu momentos atrás quanto pela surpresa inesperada. Anahi tentava manter a calma e prestar atenção em cada movimento que escutava dentro da sala. Ouviram-se passos entrando na sala apressadamente e num segundo a luz foi acesa.


- Apague essa luz! – uma voz feminina soou exasperada – Quer que alguém nos veja aqui?


No mesmo instante a luz foi apagada.


- Não, é claro que não. – uma voz grossa masculina então foi ouvida – No escurinho é mais gostoso mesmo. Vem cá, vem.


“Eu conheço essa voz.” – Anahi pensou tentando identificar quem seria.


- Aqui não, Frederick!


“E essa também!” – a loira tinha a expressão fechada e os olhos arregalados se dando conta de quem estava ali.


- Por que não? Eu adoraria te comer bem aqui no escritório do otário do seu marido. – ouviram-se barulhos de beijos longos suspiros.


- Fred, aqui não! – alguns passos se aproximaram da mesa fazendo com que as intrusas se enrijecessem no lugar mal conseguindo respirar.


A sala era pouco iluminada pela luz que entrava pelas janelas de vidro atrás da mesa. Apenas sombras podiam ser vistas, mas era possível identificar quem quer que estivesse ali apenas forçando um pouco as vistas.


- Tudo bem, tudo bem. – o homem suspirou – Você conseguiu realizar a última transferência?


- Sim. Todo o dinheiro está indo para a minha conta na Suíça.


- Nossa conta!


- É claro! Nossa.


- E o Marco não tem desconfiado de nada?


- Ele é ocupado demais pra desconfiar de alguma coisa. Vive para o trabalho. Ele tem verdadeira obsessão por aquela empresa e tudo que envolve ela.


- E isso é ótimo pra nós. Ele faz todo o trabalho sujo e nós ficamos com toda a grana. – o homem soltou uma risada.


- É, mas não pense você que ele é idiota. Ele sabe muito bem pra onde esse dinheiro está indo. Não foi fácil convencê-lo a colocar tudo em uma conta no meu nome. Ele tem a senha bancária e acompanha todas as transações que são feitas.


- Isso não vai valer de nada daqui um tempo. Nós só precisamos de mais algumas remessas para deixar aquela conta gorda o suficiente e dar o fora daqui. – ouviu-se o homem se aproximar – E aí você muda as senhas da conta no banco e bloqueia o acesso do seu marido. – um baque na mesa foi sentido quando a mulher foi pressionada contra ela – E então seremos só eu e você. –mais barulhos de beijos e suspiros – Só nós dois curtindo na Europa com o dinheiro que o seu maridinho está desviando da Portila´s Corporation.


- E eu não vejo a hora disso acontecer! Não agüento mais viver com esse imbecil do Marco. – a mulher suspirou.


- Não se preocupe, minha querida. Enquanto isso eu vou tratando de fazer o que ele não faz por você, que é te deixar bem feliz e satisfeita!


- Então faça isso, mas não agora. Onde estão as cópias dos recibos das últimas transferências?


- Estão aqui. – barulhos de papéis sendo manuseados foram ouvidos – Pra que você ainda precisa disso? O dinheiro já não está indo direto para a conta em seu nome?!


- Eu preciso ter algo contra o Marco. Tenho guardadas todas as cópias de recibos das transações que ele vem fazendo desde que começou a tirar o dinheiro da empresa e também desde quando as transferências começaram a ser feitas direto para a conta na Suíça. Eu preciso estar protegida contra ele porque caso ele descubra não poderá fazer nada contra mim, uma vez que todas as transações são feitas por ele. Eu sou apenas a esposa enganada que nunca soube qual a procedência de todo esse dinheiro. – disse com ironia.


Risos e mais estalos de beijos foram ouvidos.


- Você é esperta, muito esperta... – a voz grossa do homem soou carregada de luxúria – E isso me enche de tesão!


Leves gemidos e suspiros foram ouvidos, mas logo interrompidos pela voz ofegante da mulher.


- Já chega! Eu já disse que aqui não. É pra isso que eu pago uma fortuna naquele motel de luxo pra te ver quase todos os dias da semana!


- Você paga, mas é muito bem recompensada por isso. – mais risos e um tapa estalado foi ouvido junto com um gritinho abafado da mulher.


- Vamos, vamos sair daqui antes que alguém dê por nossa falta.


- Você não vai mesmo me deixar realizar o meu fetiche de te pegar bem gostoso aqui na mesa do otário do meu chefe?


- Não seja ridículo, Frederick. Os assuntos mal resolvidos que você tem com o meu marido não são problema meu! Agora vamos.


Quando se ouviram passos saindo em direção à porta, Ánahi levantou a cabeça sobre a mesa numa altura segura, tentando confirmar as suas suspeitas de quem estava ali. Assim que a porta foi aberta pôde ver sob a luz que vinha de fora os rostos conhecidos que saíam daquela sala.


- Eu sabia! – a loira levantou-se exasperada quando a porta foi fechada.


- Eu preciso de uma dose dupla de tequila! – Maite levantou trêmula com a mão na testa.


- Eu não sei se começo a rir ou se vou agora mesmo matar todos eles!


- Eles quem, Anahi?


- Maite, você não reconheceu as vozes dos dois que estavam aqui na sala?


- Eu estava preocupada demais tentando não respirar pra analisar de quem eram aquelas vozes!


- Todos juntos me dando um golpe! – sorriu sem humor – Eu não sei quem é o mais sujo dessa história toda.


- Você conseguiu reconhecer quem estava aqui?


- Sim, eu já desconfiava pelas vozes, mas quando eles saíram pude ver de quem se tratava. A minha cunhadinha Rachel e Frederick Griffin, aparentemente o seu amante.


- O Fred Griffin do Financeiro? – Maite arregalou os olhos – O estagiário do Marco?


- Ele mesmo!


- Espera, a mulher do Marco está traindo ele com o estagiário sarado do setor Financeiro e os dois estão dando um golpe em cima do golpe que ele está dando na empresa? Eu estou... chocada!


- Não mais que eu, Maite. Eu não sei se eu acho graça pelo chifre que o Marco está levando ou se eu mando matar um por um!


- Pare de falar em matar, credo! Nem brinca com uma coisa dessas, Anahi! O que tivermos que fazer será feito dentro da lei.


- Eles agem fora da lei comigo e eu preciso agir dentro dela com eles. – sorriu em negação.


- Hey! Para com isso! – puxou o rosto da loira entre suas mãos – Você não é como eles, Any. Você é honesta, você é uma pessoa boa com um coração maravilhoso. Na hora certa eles terão o que merecem.


- É... – suspirou – Vem, vamos embora. Com essas novas informações eu preciso pensar em outra maneira de acabar com essa quadrilha!


- Não vai continuar procurando as provas?


- Não. Aqui não vamos encontrar nada. Agora o que nós precisamos será um pouco mais difícil de conseguir. – disse saindo em direção à porta.


Maite a seguiu. Quando Anahi pôs a mão na maçaneta virou-se num rompante batendo a mão na cabeça como se lembrasse de algo.


- A lanterna! – disse voltando-se para trás e esbarrando em Maite.


A morena assustou-se e se agarrou nos braços de Anahi tentando não cair, mas se desequilibrou e puxou a loira consigo fazendo com que as duas caíssem no chão.


- Ai! – Maite gemeu – Ai, meu Deus!


- Ai céus, Maite! – Anahi ralhou – Você está bem?


- Acho que sim.


- Acha? – perguntou encarando a morena deitada sobre si.


- Quando você sair de cima de mim eu vou saber.


- Oh! Me desculpe. – disse fazendo menção em levantar, mas logo foi impedida pela morena.


- Não! Fique. – disse segurando-a pelos ombros – Assim está bom. – sorriu sugestiva.


Anahi a encarou com uma sobrancelha levantada.


- Você está impossível, senhorita Perroni! – sorriu negando com a cabeça – O que colocaram na sua bebida?


- Na bebida nada. Isso é tudo culpa sua, Anahi!


- Minha? Por que minha?


- Quem mandou você me mostrar o que é bom?! – sorriu maliciosa mordendo o lábio inferior.


Nesse instante a porta foi novamente aberta. Elas deram um salto ficando sentadas uma ao lado da outra no chão. A porta foi fechada com força e um pequeno corpinho dentro de um vestido vermelho rosado com coraçõezinhos pretos espalhados por todo ele foi visto sorrindo com as pequenas mãozinhas na boca.


- Shhh! – fez sinal com o dedo na boca, pedindo silêncio para as duas no chão.


Anahi e Maite se entreolharam assustadas sem entender.


- Emma! – a voz da babá foi ouvida do lado de fora – Emma! Cadê você, menina?!


Assim que a voz foi ouvida ao longe a criança começou a gargalhar.


- Você também está brincando, titia?


Perguntou para a loira que se levantava com dificuldade.


- Brincando?


- É! De se esconder. – sussurrou.


- Oh! Sim. – arregalou os olhos revezando entre Maite que se levantava e a pequena que a olhava esperando uma resposta – Sim, eu e a tia Maite estamos brincando de esconde-esconde também. – sorriu.


- Eu sempre ganho. A Jenny nunca me acha. – disse com um sorriso sapeca no rosto.


- E você nos achou. Perdemos o jogo. – Anahi disse se aproximando e pegando-a no colo – Você é muito esperta, mocinha!


- Mas esse nem é o melhor esconderijo, tia Any. Vocês não sabem se esconder.


- Pensei que fosse um esconderijo secreto. – a loira fingiu desapontamento.


- E é, mas você não pode ficar aí no chão sentada, tem que se esconder direito.


Maite observava a interação com um sorriso largo no rosto. Não sabia se achava mais fofo o jeito sapeca e inteligente da jovenzinha ou o brilho nos olhos e o sorriso bobo nos lábios de Anahi.


- Vou te contar um segredo. – sussurrou se aproximando da tia – O melhor lugar é ali atrás da mesa do papai. Ninguém me acha ali. – sorriu com as mãozinhas na boca.


- Oh, sim. É claro. – sorriu para ela e para Maite que as observava – Então esse fica sendo o nosso segredo, promete? Não pode dizer a ninguém que eu e a tia Maite sabemos desse esconderijo. Vai ser o nosso lugar secreto. Está bem?


- Está bem. Prometo!


- Agora vamos. – disse colocando a menina no chão.


Antes de sair voltou até a mesa e guardou a lanterna em sua bolsa para logo deixarem o local.


Assim que voltaram ao salão Jenny as interceptou ofegante.


- Aí está você!


- Eu ganhei de novo! – a criança sorriu animada.


- Emma, eu disse que não era pra brincar de esconder hoje! – a babá disse aflita.


- Essa festa ta muito chata! Eu nunca posso brincar de nada. E não tem nenhuma amiguinha aqui pra brincar comigo. – a pequena cruzou os braços e fez um bico emburrada.


 Anahi abaixou para falar com a pequena.


- Não fique assim, meu bem. Depois você pede a sua mãe para te levar ao parque para brincar com seus amiguinhos.


- A mamãe nunca me leva. Só a Jenny que vai comigo às vezes. Mas ela não é legal mais porque tem um tempão que não vamos ao parque!


A loira encarou a babá que a fitava como se dissesse que não tinha culpa.


- Então vamos fazer assim, na semana que vem nós iremos ao parque. Eu vou te levar pra fazer um piquenique.


- Mesmo? – a pequena sorriu com os olhinhos brilhando.


- Sim! Só eu e você. Vai ser um dia das mocinhas.


- A tia Maite não pode ir também? Ela já é uma mocinha, não é?


Anahi olhou a morena como se esperasse uma confirmação que logo foi atendida com um aceno positivo de cabeça.


- Sim, claro. A tia Maite também é uma mocinha. Então iremos todas juntas ao parque.


- O dia das mocinhas! – a criança gritou com os braços levantados.


- Sim! – Anahi confirmou e logo acolheu a pequena num abraço apertado – Agora a tia Any precisa ir.


- Mas já? Eu ainda não mostrei os outros esconderijos. – sussurrou com as mãos na orelha da loira.


- Ah... Outro dia você me mostra. Não podemos ir em todos hoje para não ficar suspeito. – sussurrou de volta piscando para a criança.


- Oh, é verdade. – concordou com a cabeça.


- Então me dê um beijo aqui. – virou a bochecha e logo recebeu um beijo estalado da pequena.


- Tia Maite, por favor. – virou-se para a morena e estendeu os bracinhos.


Maite logo entendeu o recado e a pegou no colo. Emma aproximou-se do ouvido da morena  e cochichou algo que deixou uma expressão surpresa em Maite, que logo ficou corada e sorrindo sem jeito.


- Ah, sim... – disse baixinho para a pequena – Eu acho que sim.


- Então... – Emma voltou a se aproximar do ouvido de Maite e continuou a cochichar sob os olhares curiosos e atentos de Anahi – Promete?


- Sim. Eu prometo, Emma.


- Ótimo! Então tchau, tia Maite. – disse depositando um beijo na bochecha da loira.


- Tchau, lindinha. – devolveu o beijo e logo passou a criança para o colo da babá.


- O que é que as duas estão cochichando aí, hein? – Anahi questionou.


- É segredo, tia. – disse séria.


- Ah, mas mal se conheceram e já estão de segredinhos e me deixando de fora?


Emma sorriu com as mãozinhas na boca ao ver Maite dando uma piscadela para ela.


- Agora vamos, Emma. Já passou da hora de você ir dormir! – a babá repreendeu.


- Eu não quero dormir agora. Coloca no desenho da princesa bailarina, Jenny!


- Ta bom, lá no seu quarto eu coloco. Agora vamos. – disse saindo com a menina nos braços que acenava para as duas que a observavam com um largo sorriso em seus rostos.


- E nós também já estamos de partida. – Anahi disse saindo dali.


 


***


 


- Vamos parar em algum lugar para comer algo? Eu preciso relaxar um pouco.


Anahi dizia já dentro do carro percorrendo as ruas de New York.


- Sim, vamos. – Maite assentiu.


- Onde quer ir?


- Eu não sei. Onde você escolher pra mim está bom.


- Ora, vamos! Me diga um lugar que você goste de ir?


- Eu não sei se os lugares que eu costumo ir são do seu agrado, Any. – a morena a encarou franzindo o cenho.


- Então me diga onde você costuma ir para descobrirmos.


- Bom, tem uma cafeteria não muito longe daqui a qual eu costumo ir. É simples, mas bem aconchegante e servem uma torta de pêssego deliciosa lá.


- Então vamos lá. Qual o nome do lugar?


- Peppe’s Cafe.


- William, siga para o Peppe’s Cafe. – a loira disse sorrindo.


- Pois não, senhora.


Era quase meia noite quando o Audi preto estacionou em frente à cafeteria.


- William, não iremos demorar. Está tudo certo em sua casa? – Anahi disse antes de sair do carro.


- Não se preocupe, senhora. Eu já avisei em casa que hoje chegaria tarde.


- Ok, se precisar ir me avise pelo celular.


- Sim, senhora. Não se incomode. Aproveite a sua noite com a senhorita Maite. Eu estarei aqui esperando.


- Certo. – sorriu – Use o cartão que deixo com você e vá comer alguma coisa.


- Eu estou bem, senhora. Não se preocupe. – o homem sorriu gentil.


Assim que saíram do carro uma brisa fria soprou sobre elas.


- Está esfriando. – Maite disse entrando apressada na cafeteria.


- Já estamos no outono. Logo o inverno rigoroso de New York chegará. – Anahi disse a seguindo.


- Boa noite, Peppe! – a morena cumprimentou o senhor de cabelos grisalhos que estava no grande balcão.


- Menina, Maite. – sorriu amável – Como vai?


- Bem, Peppe. – segurou suas mãos – E o senhor?


- Velho e cansado, mas bem.


- O que é isso, Peppe? O senhor está ótimo!


- E a senhorita com frio. Que mãos geladas!


- Sim, acho que preciso daquele café caprichado que só o senhor sabe fazer.


- É pra já!


- Na verdade eu preciso de dois cafés. Um para mim e outro para minha amiga aqui.


- Olá, boa noite! – Anahi sorriu simpática.


- Boa noite, senhorita. Eu acho que te conheço de algum lugar. – o senhor disse fitando a loira.


- Talvez conheça, Peppe. Ela é bem famosa, sabe? – a morena sorriu a encarando.


- Mas que honra, uma pessoa famosa em minha humilde cafeteria!


- Oh, imagine, senhor Peppe. Eu não sou famosa. – Anahi sorriu sem jeito.


- Mas o seu rosto não me é estranho.


- Na verdade ela é uma empresária muito bem sucedida, Peppe. – Maite cochichou.


- Mas é claro! Você é Anahi Portila, não é?


- Sim. – a loira  parecia confusa.


- Filha do grande Michael Augustus Portila!


- Exato. – sorriu.


- O seu pai costumava vir aqui em minha cafeteria todos os domingos à tarde. Eu ficava surpreso que um homem como ele viesse aqui no meu estabelecimento tão simples. Mas ele era um homem simples e uma excelente pessoa.


Anahi o fitava surpresa.


- O meu pai costumava vir aqui? Nossa! – sorriu emocionada – Eu nunca soube disso.


- Ele costumava vir sozinho. Sentava naquela mesa ali no canto – disse apontando para uma mesa no fundo do estabelecimento – com o seu jornal de domingo e ficava por algumas horas. Sempre fazia o mesmo pedido: Café especial e torta de amoras. Conversamos algumas vezes. Ele foi um grande homem.


Anahi tinha um sorriso fraco nos lábios e seus olhos brilhavam marejados pela emoção.


- Ah... – Maite observava a situação sem jeito – Então acho que vamos de dois cafés especiais e duas tortas. O que acha, Anahi?


- Sim, pode ser.


- Qual o sabor da sua torta, senhorita Portila? – o senhor indagou.


- Só Anahi, está bem? – o senhor assentiu com um sorriso – Eu acho que vou experimentar a torta de amoras. Meu pai sempre foi um homem de bom gosto. – sorriu.


- Então dois cafés especiais e duas tortas, de amora para a senhorita, digo, você, e uma de pêssego para a menina Maite.


- Isso! O bom de freqüentar o mesmo lugar há anos é que o dono já sabe todos os seus gostos. – a morena sorriu para Peppe que assentiu.


- E se eu não estiver enganado devo levar o pedido de vocês até o sofazinho lá em cima, certo?


- Certo! – Maite concordou.


Haviam poucas pessoas na cafeteria. Alguns casais, alguns grupos de amigos. No andar de cima havia um salão aconchegante com pequenos sofás agrupados de quatro em quatro com pequenas mesinhas no centro espalhados por todo o lugar. As grandes janelas de vidro davam uma vista agradável para as ruas movimentadas da cidade. Apenas dois casais estavam ali no segundo piso daquele prédio, sentados em dois dos sofás próximos à escada.


- Você sabia disso? – Anahi perguntou assim que se acomodaram em um dos sofás no canto mais aconchegante do local.


- Disso o que? – Maite a fitou confusa sentando-se ao seu lado.


- Do meu pai.


- Oh, não. Eu nunca soube. – abaixou as vistas – Me desculpe. Se preferir podemos ir embora.


- Não. Não é isso. Eu só... – sorriu fraco – É engraçado saber de algo assim tanto tempo depois que ele morreu. É incrível como as pessoas sempre se lembram de como ele foi um grande homem. Um bom homem.


- Eu imagino que seu pai tenha sido uma excelente pessoa. Eu posso ver isso por você. Foi ele quem te criou e te educou, então com certeza foi uma boa pessoa.


- Às vezes eu fico pensando se ele deu mais atenção pra mim do que pro Marco. Nós recebemos a mesma educação, desde que nossa mãe morreu o nosso pai nos criou com o mesmo afeto, mas o Marco sempre foi tão diferente de mim e do nosso pai. Ele sempre foi muito apegado à nossa mãe. Eu me lembro quando ela faleceu. Eu tinha 10 anos e o Marco ainda era um adolescente. Foi difícil pra ele aceitar, mas ele começou a se dedicar aos estudos e se encaminhar para os negócios da família. O papai sempre apoiou ele e incentivou. Pensava que isso o ajudaria a superar a morte da nossa mãe. Talvez ele não tenha superado de todo, talvez seja por isso que ele é assim.


- Não tente encontrar respostas, Anahi. As pessoas são como são por algum motivo, mas elas sempre têm escolhas. Por pior que a vida tenha sido conosco, nós sempre podemos escolher quem queremos ser e o que faremos de nossa vida. É claro que nem sempre acontece como queremos, mas isso não muda o fato de que a escolha de ser quem somos é sempre nossa.


- Com licença. – Peppe chegava com os pedidos em uma bandeja – Dois cafés especiais e duas tortas no capricho.


- Humm... o cheiro está delicioso, Peppe. – Maite sorriu largo.


- Eu espero que o sabor também esteja. – disse depositando os cafés e os pratos na mesinha no centro – Bom apetite, senhoritas. Qualquer coisa é só chamar.


- Obrigada, Peppe.


- Obrigada. – Anahi soltou um sorriso gentil para o senhor que logo saiu dali.


- Isso é muito bom! – Maite disse assim que colocou o primeiro pedaço de torta na boca.


Anahi fez o mesmo e sentiu o gosto adocicado e levemente azedo em sua língua. Suspirou olhando para o prato em sua frente e sorriu fraco.


- É bem do gosto dele mesmo.


- O que? – Maite a fitou.


- A torta. É simples, mas tem um sabor delicioso. É doce, porém levemente cítrica, o que faz quebrar um pouco o sabor do açucarado. Ele também não era muito fã de doces, assim como eu. – sorriu nostálgica.


Maite a encarou com um nó na garganta ao ver o quão emotiva Anahi havia ficado por estar ali revivendo as memórias do pai. Começou a se questionar se tinha sido uma boa idéia levá-la ali. Mas ela não poderia saber. Tratou de pensar em algum assunto para mudar o rumo da conversa. Era estranho ver uma mulher como ela daquela forma, era estranho ver o seu lado frágil e sentimental. Mas era bom ao mesmo tempo, pois ela sabia que Anahi não se abria assim com mais ninguém. Ela sabia que provavelmente era a única que havia conseguido alcançar tão longe no coração daquela mulher.


- Então quer dizer que você dá um cartão de crédito para os seus empregados? A riqueza dessa mulher não tem limites! – sorriu tentando deixá-la mais animada.


A loira sorriu.


- Eu não dou um cartão para todos os meus empregados, apenas o William tem um. Eu deixo um cartão com ele porque é mais fácil para os momentos em que preciso dos seus serviços escusos. – sorriu encarando a morena.


- E que tipo de serviços você solicita o seu motorista, posso saber?


- Nada demais. – disse levando outro pedaço de torta à boca – Compra de materiais simples que às vezes preciso, tipo veneno de rato para colocar no café dos meus inimigos, dardos envenenados de longo alcance, chaves mestra para invadir casas alheias, sacos pretos para esconder os corpos, essas coisas...


Maite gargalhou.


- Eu não duvido que você seja capaz.


- Não seja boba! – soltou uma risada – Eu deixo um cartão de crédito com o William, primeiro porque muitas vezes ele precisa me esperar por muito tempo quando me leva em alguns lugares, principalmente quando é à trabalho. Então ele pode ir comer, tomar um café ou algo do tipo enquanto me espera. E segundo porque às vezes eu realmente preciso que ele compre algumas coisas para mim, nada ilícito ou ilegal! Peço para ele ir ao mercado ou em alguma loja buscar alguma encomenda minha. Então ele usa esse mesmo cartão para pagar tudo o que eu preciso.


- Ah, sim. Entendi.


 


***


 


- Maite... – Anahi suspirava pesado enquanto recebia os beijos da morena em seu colo – Maite, pare com isso! Alguém pode chegar.


Maite estava sentada de frente para Anahi. Havia se passado cerca de uma hora desde que elas chegaram ali. A cafeteria já estava vazia e o sofá aconchegante e a pouca luz iluminando o local pareciam bastante convidativos para um casal apaixonado namorar. Após algumas conversas amenas e a morena se aconchegar nos braços de sua chefe alegando sentir frio, Maite acabou indo parar em seu colo agarrando a loira freneticamente.


- Ninguém vai chegar, Anahi. Já está tarde, só tem a gente aqui! – disse enquanto distribuía beijos desesperados pelo pescoço da loira.


Anahi respirava com dificuldade, sentindo o calor subir pelo seu corpo junto com os arrepios causados pelos beijos molhados que recebia.


- Você não pode fazer isso comigo!


- Eu não estou quebrando as suas regras. Nós estamos apenas... namorando um pouquinho. – disse com um sorriso carregado de malícia sobre os lábios da loira – Ou isso também não pode?


- Pode. – suspirou pesado – Mas não assim...


- Assim como?


- Maite...


- Bom, garanto que não vou fazer nada demais. Estou apenas te beijando. Se você se garante também não há o que temer.


Maite tomou os lábios de Anahi novamente, mas dessa vez num beijo calmo e intenso. Passeou sua língua na boca da mulher à sua frente deixando claras as suas intenções. Estava decidida a provocá-la o quanto fosse preciso para fazê-la desistir daquela idéia.


Anahi tentava se concentrar para não avançar mais do que havia prometido que não avançaria, mas com Maite em sua frente a beijando daquela forma e vez ou outra se movimentando vagarosamente em seu colo estava difícil, quase impossível resistir. Apertou com força cravando as unhas nas coxas da morena quando recebeu uma mordida leve em sua orelha, o que fez Maite suspirar quase num gemido. Aquilo era demais, mais do que ela podia agüentar. Os gemidos de Maite poderiam tirar do sério o mais puro ser humano da face da terra.


- Maite...


- Sim? – sussurrou em seu ouvido.


- Como estão aqueles contratos que eu mandei você analisar?


A morena parou por alguns segundos sem entender o porquê daquela conversa naquele momento. Foi então que ela percebeu a tática de sua chefe e não deixaria ela vencer tão facilmente assim.


- Estão todos avaliados e aprovados em sua mesa, senhorita Portila. – sussurrou em seu ouvido começando a se mover lentamente em seu colo.


Anahi engoliu seco e arfou, logo recebendo os lábios macios da morena sobre os seus para mais um beijo intenso e sem pressa.


- E a sua mãe como vai? – perguntou quase sem voz.


- Ela está muito bem, obrigada. – respondeu sobre os lábios da loira sem desfazer o contato.


Maite mordeu o lábio inferior de Anahi e o puxou para si olhando em seus olhos que faiscavam desejo.


- Ela disse que quer te conhecer. – sorriu inocentemente e logo voltou a beijá-la.


Anahi apertou a cintura da morena tentando fazê-la parar de se movimentar em seu colo. Foi inútil. A loira sentia os músculos de suas pernas doerem de tanto apertá-las uma contra a outra. Não conseguiria resistir por muito mais tempo.


- Isso... Isso é ótimo. – respirava pesado recebendo mais beijos molhados por todo o seu pescoço – Nós podemos... podemos marcar um jantar, ou um almoço. – dizia com dificuldade tentando se concentrar – E aí você... nós... eu e você e sua mãe... nós... – não conseguia terminar a frase.


- Sim. – Maite disse calmamente – Vamos combinar qualquer dia.


- Amanhã! – Anahi finalmente disse – Um almoço na minha casa amanhã.


Maite parou imediatamente e a fitou séria.


- Você está falando sério?


- Sim! Por que não? Uma hora ou outra eu teria que conhecer a minha futura sogra, não acha?


- Anahi, você... É sério? Quer dizer, eu não sei. Bem...


- Está marcado! Diga à sua mãe que amanhã eu espero vocês na minha casa para o almoço. O William irá buscar vocês. E eu não aceito um não como resposta!


 


 


 


 


 



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Autor(a): naiara_

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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- E então ele disse que adoraria me levar para conhecer a casa de campo dele. Imagina que romântico seria um fim de semana em uma casa de campo só nós dois! Daisy estava animada naquela manhã de domingo. Contava com largo sorriso nos lábios sobre o jantar com o seu pretendente. - Isso é muito bom, mãe. – Maite re ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 147



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  • maite_portilla Postado em 07/07/2017 - 20:37:12

    Cade?? Continua por favor, eu amo essa historia <3

  • ccamposm Postado em 09/02/2017 - 13:39:20

    Cadeeeee

  • Furacao Maite Postado em 01/02/2017 - 23:12:37

    nossaaaaaaaaaaolha quem voltoooou

  • ccamposm Postado em 09/01/2017 - 21:32:17

    Terminar? :(

  • ccamposm Postado em 09/01/2017 - 21:31:56

    MEU DEUS ALELUIA

  • Kah Postado em 06/01/2017 - 22:20:42

    Mulher, já estava chorosa por ter um historia tão linda sem final haha

  • Valéria_Traumadinha Postado em 06/01/2017 - 20:06:39

    Terminar? Que papo é esse???

  • Postado em 05/01/2017 - 20:57:56

    Voltoooou! Que bom posta muito rsrs

  • ccamposm Postado em 01/01/2017 - 01:27:11

    saudades de ler as páginas de uma das melhores fanfics do meu otp que eu já li na vida.. voltaaaaaaa

  • ccamposm Postado em 01/01/2017 - 01:26:16

    feliz 2017!!


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