Fanfics Brasil - Capítulo 20 - Impaciente amor repentino

Fanfic: amor repentino | Tema: portirroni


Capítulo: Capítulo 20 - Impaciente

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            Havia quase uma semana que descobrimos sobre o que realmente estava acontecendo de errado na empresa e desde então a Anahi andava tensa e irritada. No almoço de domingo passado foi a última vez que a vi sorrir sincera e serena. Desde a segunda, quando retornamos ao trabalho, ela está uma pilha de nervos, principalmente após a reunião com o setor financeiro. A Anahi não é do tipo que consegue disfarçar o seu descontentamento com algo. Ela realmente estava muito irritada e soltou farpas a todo o momento, quase que diretamente direcionadas ao Frederick e ao Marco. Em alguns momentos eu precisei intervir para que ela não despejasse toda a situação ali mesmo na reunião.


Já estamos na sexta-feira e o humor dela ainda não melhorou. Eu nem me atrevi a tentar qualquer aproximação durante esse tempo. Tudo o que ela faz é pensar em alguma maneira de acabar com a quadrilha, como ela tem chamado desde então. Todos que mantiveram contato com ela durante essa semana provaram um pouco do fel do mau humor da senhorita Portila. Nem eu passei despercebida. Recebi algumas grosserias gratuitas em alguns momentos de impaciência dela. O problema é que nem assim eu deixei de desejar essa mulher, muito pelo contrário. Ver ela com toda essa fúria só me fez ansiar ainda mais por ela. Perdi a conta de quantas vezes durante esses dias eu me peguei fantasiando com ela descarregando toda essa raiva em mim, na cama. Eu não sei o que tem acontecido comigo, devo ter desenvolvido alguma espécie de masoquismo direcionado a ela. Tudo que envolve essa mulher me faz perder o controle e ela nem ao menos parece notar o quanto me perturba.


Estou aqui mais uma vez, de muitas nessa semana, admirando a mulher que trabalha concentrada na mesa à frente. Devo ter decorado cada linha que desenha o seu rosto, o seu corpo, cada expressão que ela faz com cada emoção que expressa. Eu já não sei mais o que fazer, não tenho mais controle sobre mim e sobre o que eu sinto. Minha cabeça lateja a mesma coisa todos os dias: O quanto eu a quero, o quanto eu quero resolver essa situação e acertar a nossa relação, mas eu não vejo uma solução no momento. Não posso tomar nenhuma atitude antes de ter minha independência profissional. Eu não sei se conseguiria manter um relacionamento com ela sendo alvo de especulações de pessoas próximas e da imprensa sensacionalista que vasculha a vida dos nomes mais privilegiados dessa cidade. Muito menos agora que ela voltou a estampar capas de tablóides com sua nova imagem de empresária bem sucedida. Na terça-feira um site de negócios publicou uma matéria sobre ela, sobre a sua carreira nos negócios e como chegou até aqui. É claro que não deixaram de citar sobre a vida boêmia que ela levava antes de assumir os negócios da família e sobre como ela tem uma vida badalada mesmo depois de se tornar uma das publicitárias mais bem renomadas do país. E é claro que a vida pessoal não ficou de fora. Especulações sobre a sua sexualidade não assumida, mas quase óbvia, ocuparam várias linhas da matéria. Não pude deixar de me incomodar com a parte em que dizia que ela era sempre vista muito bem acompanhada por lindas mulheres. Por sorte ela sempre foi muito discreta e a única coisa que poderiam afirmar com certeza é que ela sempre esteve rodeada de amigas muito íntimas. No fim da postagem não deixaram de notar que havia algum tempo que ela não era vista nas festas mais badaladas da cidade e um questionamento que me fez gelar o coração estava escrito nas últimas linhas: “Será que uma das solteiras mais ricas e cobiçadas da cidade encontrou alguém? Será que Anahi Portila enfim teve seu coração preenchido por um amor? Se for isso, em breve iremos descobrir.”


Isso só provou que a vida dela voltou a ficar no foco das mídias. Depois daquele discurso no evento em Miami recebemos muitos e-mails e telefonemas solicitando entrevistas e participações em programas de TV. E isso é totalmente compreensível, afinal a vida dela é interessantíssima e daria uma boa audiência. Uma mulher bastante jovem à frente de uma das empresas publicitárias mais importantes do país, que sempre levou uma vida desregrada e de repente muda totalmente seus hábitos para assumir os negócios da família a pedido do pai em fase terminal é uma história no mínimo intrigante. Além de tudo ela é linda. Tem esse porte de mulher poderosa, essa pose que intimida e essa elegância que encanta qualquer um. É óbvio que todos ficariam muito interessados em saber mais sobre a vida dela. Nesse momento não seria nada bom se soubessem que a assistente de Anahi Portila está mantendo uma relação íntima com ela. Eu não estou errada em querer esperar até que eu me estabeleça profissionalmente para assumir um relacionamento com ela, estou?


- Maite?! – me assustei com aquela voz firme me chamando.


- Sim? – olhei para ela que me fitava séria.


- Não está me ouvindo? Estou falando coisas importantes com você sobre a pauta da reunião na semana que vem e você não presta atenção! – disse ríspida.


- Me desculpe, eu me distraí.


- Pois trate de voltar à realidade! Temos trabalho por aqui.


É normal desejar sexualmente alguém que está sendo totalmente grosseira com você? Eu não sei, mas é exatamente nisso que eu penso cada vez que ela me olha desse jeito, com essa raiva toda. Esse celibato forçado só pode estar me deixando louca!


 


***


O dia amanheceu entre nuvens nessa manhã de sábado. O sol brilhava fracamente no céu e a temperatura estava um pouco fria, mas ainda assim era um dia agradável para um piquenique. Hoje iríamos ao parque com a Emma, como a Anahi havia prometido. Eu estava animada, talvez a minha chefe melhorasse um pouco o humor. Eu pude notar o quanto a relação entre aquela garotinha e a Anahi era linda. Elas se davam muito bem e a loira de olhos azuis se derretia pela pequena. Era bonito de se ver.


Minha mãe tinha combinado um passeio com o doutor bonitão, eu nem a vi hoje, saiu logo cedo. Parece que as coisas estão indo bem entre eles. Estou terminando de me arrumar quando ouço meu celular tocar. Era ela.


- Oi. – disse tímida esperando pra saber qual o humor dela hoje.


- Oi. Está pronta? Já to aqui na frente te esperando.


Parece que o temperamento dela melhorou.


- Sim, já estou saindo, só um minuto.


Dei uma última olhada no espelho e saí ao encontro dela.


- Bom dia. – sorri para ela assim que entrei no carro.


- Bom dia. – ela retribuiu o sorriso animada.


- Eu pensei que o William viria me buscar.


- O William foi buscar a Emma e a babá. – disse me fitando com um sorriso bobo nos lábios.


- O que foi?


- O que?


- Por que está me olhando assim? E rindo...


- Nada. – tentou prender um sorriso – Você está muito bonita hoje. Aliás, você é sempre linda todos os dias, mas hoje está mais.


- Eu pensei que não me notasse durante a semana. – disse séria – Você esteve num mau humor terrível nesses últimos dias.


- Isso é algo impossível de acontecer, Maite.


- Isso o que?


- Não notar você. Eu sempre noto. Posso não dizer nada, mas eu sempre reparo em cada detalhe seu, todos os dias, desde que você entrou em minha sala pela primeira vez eu reservo alguns minutos do meu dia para admirar e apreciar a sua beleza.


Será que ela sempre vai ter esse poder de me deixar desconcertada com essas palavras que ela diz? Eu senti minhas bochechas queimarem e um misto de vergonha e vaidade tomou conta de mim ao mesmo tempo.


- Podemos ir? – sorri sem jeito.


- Só depois que você me cumprimentar decentemente. – disse se aproximando e selando nossos lábios enquanto segurava minha nuca com leve força.


Era a primeira vez desde o domingo passado que eu sentia o toque dela em mim e a única coisa que consegui pensar foi em como eu queria mais. Muito mais.


 


O Central Park no outono era maravilhoso. A paisagem alaranjada pelas folhas secas caídas ao chão era uma pintura para os olhos. Eu sempre adorei esse lugar, em todas as estações do ano, em cada uma há o seu charme particular. Mas o outono com certeza era a minha estação preferida para visitar um dos lugares mais belos de New York.


Nos sentamos na grama verde tomada pelas folhas caídas e fizemos uma típica reunião para um piquenique. Toalha quadriculada forrada no chão, uma cesta com várias guloseimas e a descontração pairando em todos ali.


Emma estava animadíssima com o passeio. Levou algumas de suas bonecas preferidas e fez com que Anahi e eu brincássemos com ela. O melhor de tudo era ver o largo sorriso que tomava conta da minha chefe. Era visível o carinho e afeto que ela sentia por aquela criança, que retribuía na mesma intensidade toda aquela afeição.


- Olha, tia! Um gatinho. – Emma sorriu animada ao ver o bichano de pêlos brancos e pomposos se aproximando.


- Félix, venha aqui! – uma jovem garotinha de aparentemente uns 6 anos de idade veio correndo em nossa direção – Me desculpem, ele escapou de mim e veio correndo pra cá. – a menina disse sem jeito.


- Acho que ele quer um biscoito. – Emma disse alisando o bicho que não tirava os olhos da comida sobre a toalha.


Em poucos instantes Emma se juntou à menina e ao gato, correndo para todos os lados brincando pelo parque sob a supervisão da babá Jenny. Os olhos atentos de Anahi pousavam com ternura sobre a pequena que gargalhava alegremente.


- Você fica uma graça quando está perto da Emma. – eu disse observando o sorriso nos lábios da mulher ao meu lado.


- Eu tenho amor por ela. – ela disse sem deixar de observar a garotinha – A Emma é uma criança incrível. Inteligente, esperta, é amorosa e muito carinhosa. Eu não sei como pode ter pais tão repugnantes como os que ela tem e ainda ser essa criança maravilhosa.


- Ela ainda tem em si a inocência de uma criança. – eu disse observado a pequena – Tomara que quando crescer não perca essa essência.


- Tomara.


- Você reparou no nome do gato? Me fez lembrar uma história que eu comecei a ouvir uma semana atrás... – sorri maldosa.


- Você deu ouvidos ao que o Eric falou?


- Eu fiquei curiosa pra saber sobre essa história do gato Félix.


- Não teve nada demais, foi só um gato que eu tive na infância.


- E o que aconteceu com esse gato? – provoquei.


- O Félix era um gato preto, era lindo. Tinha pêlos brilhosos e macios, eu adorava ele. Quando eu tinha uns 8 anos eu tinha uma babá, a Mercedes. Eu gostava dela, apesar de não gostar do fato de ainda ter uma babá. Eu a perturbava muito na tentativa de fazê-la ir embora. As crianças da minha idade não tinham mais babás, era vergonhoso pra mim. Mas como a minha mãe já estava doente, achavam necessário. Eu me lembro que a Mercedes detestava gatos, ainda mais gatos pretos. Ela tinha medo, era uma mexicana religiosa e dizia que gatos eram animais malditos, que é o único animal que não é citado nenhuma vez sequer na bíblia. – achamos graça e demos algumas risadas daquilo – Na época eu não tinha noção de que era a crença dela e não me importava em respeitar. Uma vez, em uma das minhas tentativas de fazê-la desistir de ser minha babá e ir embora, eu armei uma pegadinha e joguei o Félix em cima dela. O gato se assustou e mordeu o pulso dela. Ela não foi ao médico para cuidar do ferimento, ficou mais preocupada com as questões da crença dela. Então ela mesma tratou da ferida e fez alguns rituais de purificação. Um tempo depois ela ficou muito doente e teve que ser internada. Descobrimos que ela teve uma hemorragia no fígado causada por um parasita e a transmissão acontece através de mordida ou arranhadura de gatos contaminados. Ela quase morreu. – sorriu fraco – Eu me senti tão culpada e desde então eu nunca mais perturbei ou tratei mal a Mercedes. Ela ficou comigo até os meus 15 anos, quando decidiu voltar para o México.


- Nossa! Que história. – eu disse surpresa – E o que aconteceu com o Félix?


- Ele morreu atropelado um tempo depois que mordeu a Mercedes.


- Agora eu sei o porquê da sua preocupação comigo quando aquele gatinho me mordeu. Não entendia por que fez questão que eu fizesse tantos exames e tomasse tantos cuidados.


- Agora já sabe que é necessário. – sorriu pra mim.


- Me conte mais histórias sobre a sua infância? O Eric me deixou curiosa.


- Pelo visto você gostou do meu primo, não é? – me fitou séria.


- Ele é bem legal.


- Posso te passar o número dele se quiser.


- Você é sempre tão possessiva assim? – eu prendi um sorriso.


Anahi nada disse e voltou a olhar para frente.


- Não se lembra do que eu te disse na festa? – me aproximei e disse baixinho – Eu estou perdida de amores pela minha chefe.


- Está é? – ela disse tentando permanecer séria.


- Estou.


- A sua chefe é uma mulher de sorte então.


- Eu acho que eu sou a mais sortuda nessa história. Não é todo mundo que tem a chance de conhecer as várias e incríveis faces de Anahi Portila . Ela é uma mulher adorável. Seria difícil não me apaixonar.


Ela me fitou com brilho nos olhos e um leve sorriso nos lábios. Eu sorri para ela e me perdi naquele momento. Não sei por quanto tempo ficamos ali, apenas nos olhando, dizendo tudo sem nada dizer.


- Ai, que sede! – Emma voltou apressada e se sentou ao nosso lado, nos fazendo dispersar daquele momento.


- Aqui tem suco, Emma. – Anahi disse abrindo a cesta – Quer de uva ou de laranja?


- Uva!


- Está gostando de brincar com a sua nova amiguinha? – eu disse vendo a pequena retirar os cabelos grudados pelo suor do rosto.


- Sim, a Lizzie é muito legal. O gato dela é muito preguiçoso, não gosta de correr pra brincar com a gente. – disse tomando o suco que Any lhe deu.


- Gatos geralmente gostam de ficar parados, Emma. – Any sorriu – Eles preferem brincar quietos em um só lugar e gostam de receber carinhos.


- Humm... – a pequena observou o gatinho mais a frente no colo da garotinha recebendo afagos – Cachorrinhos são mais legais. Vou pedir ao papai um cachorro de aniversário. Eu estava pensando em pedir um gato, mas um cachorro vai ser melhor. O que você acha, tia?


- Eu acho legal, Emma. Cachorros são bem legais. – sorriu.


- A Lizzie perguntou se vocês são minhas mamães. – Emma disse naturalmente enquanto mordiscava um biscoito confeitado – Ela tem duas mamães.


- É mesmo? - Any perguntou surpresa – E o que você disse a ela?


- Eu disse que não. Que eu tenho um papai e uma mamãe.


- Oh, sim.


- Eu disse que vocês são minhas titias e são um casal bem bonito.


Eu senti meu rosto corar. Como uma criança daquela idade já sabia agir tão naturalmente com aquela situação e eu não? Vergonhoso, eu sei.


- E quem foi que disse que nós somos um casal, Emma? – Any questionou curiosa.


- Papai disse pra mamãe que você estava tendo um caso com a tia Maite. Eu ouvi ele dizer um dia. Aí eu perguntei pra Jenny o que é ter um caso, ela disse que é quando uma pessoa namora a outra.


Eu e Any encarávamos a criança à nossa frente sem saber o que dizer. Ela continuou comendo o seu lanche sem se importar com o assunto e assim que terminou voltou correndo para brincar com sua nova amiga.


- Aquele dia na festa quando ela cochichou no meu ouvido foi para perguntar se eu era sua namorada. – enfim eu consegui dizer algo.


- E o que você disse?


- Eu disse que sim.


A loira sorriu e balançou negativamente a cabeça.


- Sim?


- Não oficialmente, mas podemos considerar que sim. – eu disse a fitando – Ela me fez prometer que eu vou ser uma boa namorada pra você.


Any sorriu largo e voltou a observar a criança à frente.


- É incrível como uma criança de 5 anos pode ser tão inteligente e ter respeito pelas pessoas como muitos adultos não têm.


- A Emma é uma criança linda mesmo. E adorável. Acho que ela puxou os seus genes da família.


Sorrimos com ternura admirando a pequena.


Estávamos tendo um dia maravilhoso e tranqüilo. Fomos almoçar em um restaurante próximo e pela tarde retornamos ao parque para aproveitar mais daqueles momentos agradáveis. Eu observava Any que levou Emma para comprar algodão doce próximo dali. Eu não me cansava de ver como as duas se davam bem e tinham uma relação bonita. Mais um lado inimaginável daquela mulher. A sua relação adorável com crianças. Me lembrei do que o William disse sobre como ela é amável com os filhos dele. Ela é de fato uma mulher encantadora. Sim, seria impossível eu não me apaixonar.


Eu tinha um sorriso bobo no rosto quando passei de admirada para intrigada quando a vi atender seu celular enquanto retornava para onde eu estava. Sua expressão passou de leve para fechada e carregada. Parecia irritada e respondia com rispidez a pessoa do outro lado da linha.


Assim que finalizou a ligação ela veio até mim e sentou-se séria ao meu lado.


- Precisamos ir. – disse sem ânimo.


- Aconteceu alguma coisa?


- Aconteceu que alguém não teve competência para fazer o seu trabalho e agora eu tenho que resolver. Preciso ir até a empresa para enviar uns arquivos para o Diretor do R.H.


Suspirei em desânimo.


- Tudo bem. Nós tivemos um ótimo dia, só teremos que terminar mais cedo. – eu disse tentando confortá-la.


Anahi nada disse e começou a juntar as coisas na cesta. Nos despedimos de Emma e da babá. A pequena se entristeceu por ter que ir para casa sem ir comer a pizza que Any havia prometido para mais tarde. A loira comprometeu-se a levá-la um outro dia e assegurou que a deixaria comer o quanto ela quisesse, fazendo Jenny prometer que não diria nada à sua mãe. Só assim pudemos nos despedir e convencer Emma a ir para casa.


*** 


Depois de um dia ótimo tinha que acontecer alguma coisa para estragar. Ainda não posso acreditar que estamos indo para a empresa em pleno fim do dia de um sábado. Logo agora que ela estava bem, que tinha conseguido relaxar um pouco.


Estamos a caminho em seu carro e ela não disse uma palavra desde que entramos nele. Aquela expressão séria e raivosa voltou ao seu rosto. Suspirei sentada no banco do carona olhando pela janela. Depois de um dia agradável voltamos à estaca zero.


 


- Boa tarde, senhorita Portila. – Evan, o porteiro, disse assim que adentramos as dependências da empresa.


- Boa tarde. – Ela disse secamente.


- Algum problema? – o rapaz questionou confuso. Não era comum ela aparecer por ali nos fins de semana.


Anahi nada respondeu e passou rapidamente em direção ao elevador.


- Só um imprevisto, Evan, nada demais. – tratei de tranqüilizar o jovem.


Ele assentiu e voltou ao seu posto.


Caminhei depressa para alcançá-la no elevador e logo subimos até a sala da Diretoria Executiva.


O prédio não estava totalmente vazio. Algumas pessoas em alguns departamentos trabalhavam aos sábados e às vezes até domingos para dar conta do serviço, mesmo não sendo obrigados a manter suas atividades dentro da empresa nos fins de semana. Sustentar uma organização desse porte não era uma tarefa fácil.


 


Ela estava ali, novamente concentrada em seu trabalho, encarando seriamente a tela do computador. A mesma cena que eu via todos os dias da semana, com a diferença que agora ela estava com aparência despojada, mas de qualquer maneira incrivelmente atraente. Logo a expressão em seu rosto mudou de séria para furiosa quando seu celular começou a tocar.


- Fala... – ela disse secamente – Será que dá pra esperar? Estou abrindo os arquivos... Esse problema não é meu, Grey! Por que não ligou antes? Hoje é sábado se você não percebeu... Não interessa! Eu estava tendo um dia agradável, um dia de descanso e por incompetência sua eu to tendo que fazer o trabalho alheio... Eu te pago pra isso, pra fazer a porra do seu trabalho, não me interessa como e muito menos se a culpa não é sua de não ter feito ainda... Eu só vou te avisar essa vez, que essa seja a única e última vez que isso acontece porque eu não vou mais tolerar incompetência com as suas obrigações. Isso é responsabilidade sua e você recebe muito bem pra isso! Eu quero esses relatórios na minha mesa na segunda-feira de manhã. E Grey, o seu emprego está dependendo disso.


Ela finalizou a ligação e eu podia ver uma veia em seu pescoço saltar. Seu rosto estava vermelho e a raiva que ela sentia era perceptível a quilômetros de distância. Eu permaneci em silêncio até sentir ela se acalmar aos poucos.


Depois que terminou o que fazia, ela desligou o computador e apoiou os cotovelos sobre a mesa. Levou as mãos até as têmporas e começou uma massagem lenta. Essa era uma cena que tinha se tornado muito comum nos últimos dias.


- Está tudo bem? – eu disse calmamente me aproximando.


- Está. Eu acho que só preciso de umas férias. – disse apoiando as mãos cruzadas sob o queixo e suspirando fundo.


- E por que não tira uns dias de folga? Vá descansar um pouco. – sugeri enquanto me apoiava ao seu lado, me recostando na mesa.


- Se comigo aqui todos os dias ainda acontece esse tipo de coisa, imagina se eu tirar uns dias de folga... – sorriu sem vontade – Quando eu voltar vai estar tudo de cabeça pra baixo e bem capaz de não ter restado nada nos cofres da empresa.


- Não é para tanto. Alguns dias de afastamento não seriam um problema. Precisa pensar um pouco em você também, no seu bem estar.


- Depois que eu resolver esse problema com o setor financeiro eu vejo isso. Por enquanto eu não conseguiria descansar sabendo que há uma quadrilha de ratos querendo fazer festa com o dinheiro da empresa.


Suspirei em desistência sabendo que seria inútil tentar convencê-la do contrário. Me levantei e me posicionei atrás dela e percebi seu corpo ficar em estado de alerta. Levei as mãos até seus ombros rígidos pela tensão e comecei uma massagem despretensiosa.


- Você anda tão estressada e sobrecarregada. – disse movendo meus dedos por sua nuca – Tão tensa... Tem sido até grosseira às vezes.


- Me desculpe por isso. Por descontar meus problemas em você. – ela disse com uma voz já mais suave.


- Tudo bem, eu não achei de todo ruim.


- Não?


- Não. Você me fez desenvolver alguns desejos incomuns, coisas que eu jamais apreciei em alguém com quem eu me envolvesse intimamente eu passei a apreciar em você. – disse sem desfazer o contato das minhas mãos em seu pescoço e ombros.


- O que, por exemplo?


- Eu não suporto grosseria gratuita, mas ver você assim durante esses dias, às vezes tão furiosa, me fez querer tirar toda essa tensão de você. Me fez ter vontade de te fazer descarregar toda essa raiva acumulada em mim, mas não com palavras.


- Como então? – eu pude sentir um sorriso se formando em seu rosto.


- Ver você assim, tão brava desse jeito, me fez imaginar o quão rude você pode ser... na cama. – me aproximei sussurrando as últimas palavras em seu ouvido.


Nesse momento eu senti que ela parou de respirar. Os pêlos da sua nuca se arrepiaram sob minhas mãos e logo em seguida eu ouvi um longo suspiro.


- Desde quando vem desenvolvendo essas características masoquistas, senhorita Perroni?


- Desde quando você me mostrou o que é sentir prazer de verdade, senhorita Portila. – eu disse com o queixo ainda apoiado em seu ombro.


Ela levantou-se calmamente e virou-se para mim, com aqueles olhos intensos fixos nos meus e um leve e sarcástico sorriso nos lábios.


- Eu sinto lhe desapontar, senhorita, mas eu não compartilho desses desejos sádicos.


- Não importa. – eu disse entrelaçando meus braços em seu pescoço – Eu só quero sentir você. Tão forte como você quiser ou suave como quiser. Eu só quero te sentir...


- Eu não sei o que eu faço com você, Maite. – ela disse revezando o olhar entre minha boca e meus olhos – Você tem me provocado de todas as maneiras possíveis. Mas eu tenho ponderado uma possibilidade futura e coloquei ela acima dos meus desejos. Só que você está abusando da minha capacidade de resistir.


- Então não resista. Eu já disse que sou sua. Já prometi que serei uma boa namorada, não oficialmente ainda, mas quero ser. Quanto a isso você não precisa temer porque eu quero ser sua, de todas as formas possíveis. E nesse momento eu só quero que você me faça sua.


Ela tomou meus lábios num beijo impaciente e eu pude sentir suas mãos apertarem meu corpo como há muito eu gostaria de sentir. Sua língua invadiu a minha boca me provocando suavemente, me dizendo o que ela pretendia. Sua boca se afastou da minha e num segundo alcançou o meu pescoço. Senti meu corpo estremecer quando ela deslizou a língua até a minha orelha e começou a sussurrar.


- Eu vou te fazer minha e vou descontar em você tudo que me fez passar nas vezes em que me provocou. Mas não aqui. – disse por fim depositando um beijo em meu rosto e se afastando.


Eu continuei ali, parada observando ela se afastar. Tentando me recompor. Não sabia se eu estava feliz com a possibilidade do fim do celibato ou se estava receosa com uma possível vingança. A única certeza que eu tinha era que estava louca pra sentir o que quer que ela fosse fazer comigo.


- Janta comigo hoje, senhorita Perroni?


- Sim. – eu disse respirando fundo e voltando a mim – Aonde iremos?


- Em minha casa. – ela sorriu sugestiva – Vou te deixar em casa e o William passará para te buscar mais tarde. 


***


Eu estava sentada à mesa ao lado direito dela. O jantar estava delicioso, o vinho uma maravilha, mas depois da terceira taça não pude mais raciocinar sobre qualquer coisa que fosse. O único sentimento que tomava conta de mim nesse momento era impaciência. Ela me olha com desejo desde que entrei pela porta de sua casa. Um sorriso cínico se forma em seus lábios cada vez que ela fixa seu olhar em mim. Eu não consigo olhá-la por mais de 3 segundos sem imaginar ela me tocando, me despindo, tomando o meu corpo da maneira que bem entender. Tomo mais um gole do líquido avermelhado em minha taça. Um longo gole, preciso me acalmar. Ela não parece ter pressa. Pelo contrário, parece paciente até demais. Será que faz parte da tortura que sofrerei por tê-la provocado tantas vezes? Eu não sei, só sei que está funcionando.


- O jantar estava bom? – ela perguntou assim que retiraram a louça da mesa.


- Sim. Muito bom.


- Está séria.


- Talvez impaciente.


- Por que a pressa? Temos uma longa noite pela frente, senhorita Perroni.


- Temos? – questionei esperançosa.


Ela apenas sorriu e tomou um gole do vinho que ainda havia em sua taça.


- Sobremesa?


- Acho que podemos pular essa parte.


- Acho que não. Hoje me deu uma vontade de comer doce.


Debochada! Pensei. Talvez se eu mergulhasse em uma banheira de chocolate você me... Tudo bem. Respirei fundo mais uma vez. É claro que não seria tão fácil assim.


Ela comia o Petit Gateau em sua frente tão calmamente que eu ficava nervosa só de ver. Levava a colher à boca e me fitava dissimulada. Me despia com aquele olhar e logo voltava sua atenção ao doce novamente.


Longos minutos mais tarde eu estava enfim subindo a elegante escadaria de sua casa em direção ao seu quarto. Sua casa era realmente linda. Assim que adentramos o cômodo que eu mais almejei estar desde que cheguei ouvi a porta ser trancada. Meu coração palpitava tão fortemente como se fosse a primeira vez que eu me entregaria a ela.


A luz permaneceu apagada, apenas os abajures iluminavam fracamente o local. Senti suas mãos suaves tocarem as minhas costas e apertarem meus ombros. Ela aproximou seus lábios do meu ouvido e sussurrou calmamente.


- Você só sai daqui depois que gozar no mínimo 5 vezes pra mim.


 


 


 


 


 


 



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Autor(a): naiara_

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Suspirei. Aquela voz no meu ouvido sussurrando aquela frase fez meu corpo estremecer. Eu poderia alcançar uma das 5 vezes só com aquilo, mas ela não me permitiria. Realmente não seria tão fácil assim. Ela correu as mãos pelo meu vestido, me despindo sem pressa. Me sentindo. - Você sabe por que 5 vezes, Maite? – d ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 147



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  • maite_portilla Postado em 07/07/2017 - 20:37:12

    Cade?? Continua por favor, eu amo essa historia <3

  • ccamposm Postado em 09/02/2017 - 13:39:20

    Cadeeeee

  • Furacao Maite Postado em 01/02/2017 - 23:12:37

    nossaaaaaaaaaaolha quem voltoooou

  • ccamposm Postado em 09/01/2017 - 21:32:17

    Terminar? :(

  • ccamposm Postado em 09/01/2017 - 21:31:56

    MEU DEUS ALELUIA

  • Kah Postado em 06/01/2017 - 22:20:42

    Mulher, já estava chorosa por ter um historia tão linda sem final haha

  • Valéria_Traumadinha Postado em 06/01/2017 - 20:06:39

    Terminar? Que papo é esse???

  • Postado em 05/01/2017 - 20:57:56

    Voltoooou! Que bom posta muito rsrs

  • ccamposm Postado em 01/01/2017 - 01:27:11

    saudades de ler as páginas de uma das melhores fanfics do meu otp que eu já li na vida.. voltaaaaaaa

  • ccamposm Postado em 01/01/2017 - 01:26:16

    feliz 2017!!


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