Fanfic: amor repentino | Tema: portirroni
- Obrigada por me receber. – a mulher disse assim que adentrou a casa.
- O que essa mulher ta fazendo aqui, filha? – Daisy questionou irritada.
- Vejo que meu nome já virou história por aqui.
- Fala logo o que você quer e não abusa da minha paciência, Dulce! – Maite soltou exasperada passando pela ruiva.
- Eu vim em paz. Não vim aqui com a intenção de causar nenhuma situação desconfortável.
- Acho difícil você se superar. – Maite disse estendendo a mão, sinalizando para que ela se sentasse no sofá.
Dulce respirou fundo e sentou-se no sofá ao lado de onde Maite já estava acomodada.
- Eu vou deixar vocês a sós. – Daisy disse a contragosto – Não vou me dar ao trabalho de lhe oferecer nada porque eu não sou obrigada e creio que a sua visita será rápida. – encarou a mulher com um sorriso forçado nos lábios.
- Eu estou bem, obrigada. – Dulce sorriu sem graça.
- Ótimo. Estou aqui na cozinha caso precise de mim, filha. – disse saindo – Estarei aqui cortando alguns legumes com uma faca bem afiada!
- E então? – Maite fez sinal para que Dulce prosseguisse.
- Bem, eu não sei por onde começar. – a ruiva apertou os dedos. Parecia nervosa.
- Comece explicando por que você agarrou a minha... – fez uma pausa – A Anahi daquela forma?
- Eu fiz de propósito. A Anahi não teve culpa de nada.
- Obviamente. Você não iria até o trabalho dela com a intenção de agarrá-la simplesmente porque sentiu saudades.
- Não precisa se alterar. – sorriu.
- Eu já disse pra você não abusar da minha paciência, Dulce. Eu já fui educada demais recebendo você aqui.
- Ok... – disse em rendição – Eu vim para explicar o que aconteceu. Não para causar mais confusões. Bem, como eu disse, eu planejei tudo aquilo. Eu vim de uma turnê pela Europa com a intenção de abrir uma casa de shows aqui em New York. Eu cansei de rodar o mundo sem ter lugar fixo em lugar algum. Cansei de viver rodeada de pessoas vazias, cansei de me sentir vazia.
- Eu não estou interessada na história da sua vida. Se quiser alguém pra desabafar procure um analista. Seja breve.
A ruiva suspirou e assentiu.
- Eu conheço a Any há muitos anos. Desde a sua adolescência. Nós já viajamos por esse mundo juntas até ela largar essa vida e se tornar uma mulher responsável. Nós já vivemos muita coisa juntas. – sorriu nostálgica – O fato é que eu sempre amei a Any. Sempre fui apaixonada por ela desde que a conheci. Eu largaria tudo e me casaria com ela a qualquer momento se ela quisesse. O problema é que ela nunca se prendeu a ninguém. Nunca foi de uma só. E eu sempre respeitei isso. Nós tínhamos uma espécie de amizade colorida, sabe? – seus olhos marejados deixavam claro o quanto aquele assunto mexia com ela – Sempre ficávamos juntas quando nos víamos, mas nunca passou disso. Eu não a culpo, ela nunca me deu esperanças de viver um relacionamento com ela. Ela nunca se abriu assim para ninguém. Até você chegar na vida dela. Eu conheço a Anahi há quase dez anos e eu nunca a vi assim por ninguém. Você conseguiu o que metade das mulheres que já passaram pela vida dela tentaram e não conseguiram. Conquistar o seu coração.
Maite sentiu um aperto em seu peito ao ouvir aquilo.
- Você foi a grande felizarda! A escolhida. A única que conseguiu quebrar todas as barreiras daquele coração fechado. – sorriu sem humor – Eu esperei por ela por tanto tempo, por todo esse tempo. – lágrimas já escorriam pelo seu rosto – Esperei pelo dia que ela se cansasse de viver sozinha, sem nenhum compromisso, e notasse que eu sempre estive ali esperando por ela. Mas ela não me viu. Não me notou porque seu coração já tinha sido preenchido.
Maite a encarava confusa e sem reação.
- Enfim... – suspirou passando as mãos pelo rosto, enxugando as lágrimas – Isso não vem ao caso agora. – sorriu – Eu vim aqui porque eu vi o quanto a Any estava sofrendo. Sofrendo sim por sua causa, mas também pelo que eu causei. Eu fui até a casa dela naquele mesmo dia, fui me declarar. Falar do meu amor e que agora o caminho estaria livre para nós duas, mas ela não quis me ouvir. Ela está cega de amores por você.
- Dulce... Por favor. Se você veio aqui só pra isso...
- Não foi por isso que eu vim. Eu sei que estou falando demais, mas essa situação é dolorosa pra mim.
- Pra você? – a morena disse sem paciência – Você causou tudo isso e agora vem dizer que a situação é dolorosa pra você?! Faça-me o favor, Dulce!
- É dolorosa pra mim sim! Eu fiz o que fiz por amor. Eu amo a Anahi e você não merece ela. Não merece o sentimento que ela tem por você! Você nunca deu valor à ela. Nunca quis assumir um relacionamento! E ela... meu amor, tão frágil... Ela nunca se entregou assim pra ninguém e quando o fez foi por alguém que não a merece!
- Eu não sou obrigada a ficar ouvindo esse tipo de coisa vinda de você, muito menos aqui na minha casa!
- Eu me alterei. Me desculpe. – respirou – O fato é que eu agarrei a Anahi de propósito sim. Eu me aproveitei da intimidade que sempre tivemos e me joguei pra cima dela. Eu fiz propostas indecentes para ela. Ela nunca me negou tão firmemente como fez naquele dia. – sorriu sem graça – Ela me negou e levou na brincadeira. Mas eu insisti. Me joguei nos braços dela e assim que ouvi você se aproximar do lado de fora eu a beijei. Beijei com todo o amor que eu sempre guardei aqui dentro de mim.
Maite a fitava com indignação no olhar.
- E você fez tudo isso com a única intenção de nos separar? Se deu a todo esse trabalho por um amor que diz que sente por ela?
- Eu amo ela! E não, não foi só por isso. Mas isso não vem ao caso. O fato é que ela não teve culpa.
- E você veio aqui me falar isso por quê? Como soube de tudo isso que estávamos vivendo se você estava fora do país?
- Isso não importa,Maite! O que importa é que eu vi como a Anahi ficou depois de tudo isso. Eu vi o estado em que ela ficou depois que vocês terminaram. Eu nunca a vi triste daquele jeito. Eu via o sofrimento em seu olhar. E o pior de tudo é que toda essa dor, todo o sentimento que ela tem é por uma pessoa que não merece ela. Não merece a pessoa maravilhosa que ela é.
- Cala a boca, Dulce! Não fala do que você não sabe!
- Você acha que a merece, Maite? Acha que merece tudo o que ela já fez por você? Tudo o que ela sente. Você seria capaz de corresponder à altura todo esse amor que ela nutre por você?
- Você não sabe de nada! – Maite se levantou raivosa – Você não sabe do que eu sinto e nem do que acontece então cala essa boca!
Dulce levantou-se em seguida tentando se manter calma.
- Eu sei o suficiente pra entender que você não a merece.
- Sai da minha casa! – Maite esbravejou – Sai daqui antes que eu faça o que já devia ter feito desde que eu entrei naquela sala e te vi nos braços dela.
- Nós não precisamos descer a esse nível, Maite. Eu vim aqui para, além de tudo, tornar essa luta justa. Eu amo a Anahi e não vou desistir dela. Eu vou lutar por ela e para que não houvesse pendências entre nós você devia saber de toda a verdade.
- Então me diga toda a verdade! O que realmente há por trás dessa história toda?
- A minha parte eu já fiz, Maite. Esses são caminhos por onde eu não quero e nem devo entrar. Eu só lhe digo uma coisa. Toma cuidado com o Marco, o irmão dela.
- O que tem ele? Me fala! O que é que você sabe? Foi ele que mandou você fazer isso, não foi?
- Eu fiz o que fiz por amor. Porque fui eu que sempre estive ao lado dela, esperando por ela. Não é justo você chegar assim do nada e tomar o que sempre foi meu por direito.
- Você é doente! – balançou a cabeça em negação – Você não pode estar no seu estado normal.
- Não é doença. É amor! É o mais puro e verdadeiro amor, coisa que você não sabe o que é porque nunca amou a Anahi de verdade e nunca vai amá-la como eu amo!
- Sai daqui. – num rompante a segurou pelos braços com força, deixando a marca de suas unhas cravadas na pele da mulher – Sai da minha casa agora!
- Você fica nervosa porque sabe que é verdade, Maite. – debochou enquanto era empurrada pela morena em direção à porta.
Maite a empurrou e a prensou com força na porta, fazendo com que Daisy viesse da cozinha às pressas com o barulho da pancada.
- Filha? – a senhora disse preocupada.
- Presta atenção! – Maite a encarava com fúria nos olhos, a segurando pelos ombros – Eu não vou deixar você fazer nenhum mal à Anahi. Nem você, nem o Marco e nem ninguém! Seja lá o que há por trás disso tudo, eu não vou permitir que ela se machuque ainda mais com essa história. Então se afasta dela com esse seu amor doentio porque se qualquer coisa acontecer à ela é comigo que você vai se entender.
- Que vença a melhor. – sorriu debochada.
- Vai embora e não se atreva a voltar!
A morena disse por fim expulsando a mulher dali.
- Filha, está tudo bem? – Daisy perguntou assim que Maite voltou para dentro.
- Sim, quer dizer, não sei. – disse respirando fundo.
- Ela te machucou?
- Não.
- É, eu vi que você deu um chega pra lá nela. Deu uns bons tapas? Podia ter me chamado pra te ajudar, a faca já estava lá prontinha pra ser usada.
- Mamãe! – a morena a repreendeu.
- Que foi? Eu não ia fazer nada, talvez um corte de cabelo novo. – sorriu maliciosa – Vadia a gente trata é assim. Nada que uma boa escalpelada não resolva.
- Só você pra me fazer rir numa hora dessas, mãe. – disse se jogando no sofá.
- O que ela disse? – sentou-se ao seu lado.
- Eu acabei de crer que essa mulher é louca.
- A cara dela não nega. Ela parece meio desequilibrada mesmo.
- Ela veio me dizer que fez tudo de propósito, que agarrou a Any com a intenção que eu visse para causar toda essa situação.
- No fim ela acabou conseguindo o que queria.
A morena suspirou pesado.
- Mas agora que ela contou toda a verdade – a senhora continuou – e você sabe que a Any não teve culpa, você vai dar uma chance à vocês duas?
- Não é tão simples assim, mãe.
- Por que não? Por que não procura a Anahi e conversa com ela e se acertam de uma vez?
- Mãe... – respirou hesitante – Isso envolve muito mais do que só nós duas.
- Sim, envolve uma vadia que quer roubar a mulher dos outros. Mas você não vai dar a Anahi de bandeja assim pra ela, vai?
- A Anahi já é bem grandinha, ela sabe o que faz. Se quiser ficar com essa DJ desequilibrada da cabeça a decisão é dela.
- Você não acha que está sendo dura demais?
- Eu tenho minhas razões.
- Está bem. Você também já é grandinha o suficiente pra tomar as suas próprias decisões. Mas só um conselho, filha. Não deixe de viver e buscar a sua felicidade por causa de orgulho ou medos bobos. A vida é uma só e ao contrário do que imaginamos enquanto jovens, ela passa tão lentamente quanto um piscar de olhos.
- Eu sei, mãe. Obrigada. – disse apertando as mãos da senhora com carinho.
- Agora vem me ajudar a terminar esse almoço de uma vez antes que apareça mais alguma visita indesejada. – disse se encaminhando para a cozinha.
- Eu preciso é dar um jeito de me mudar daqui. É incrível como qualquer pessoa encontra a minha casa, fica sabendo onde eu moro e vem me fazer uma visita surpresa a qualquer hora do dia. – acompanhou a mãe.
- Esse condomínio precisa é de um porteiro mais competente, isso sim.
***
Algumas semanas depois...
- Aqui estão as chaves. – Maite estendeu a mão e segurou o molho de chaves com um sorriso largo.
- Obrigada. – agradeceu ao corretor enquanto admirava o local.
Desde os últimos acontecimentos dramáticos em sua vida, Maite se afundou no trabalho. Dedicou todo o seu tempo e ocupou sua mente na realização de seu sonho. Finalmente a abertura de seu escritório estava mais próxima do que nunca. Conseguiu a locação de uma sala comercial em um ótimo ponto da cidade. Desde que assinou o contrato de aluguel, a sua casa virou um depósito de mobília. A ansiedade era tanta que ela não conseguiu esperar a entrega do imóvel para começar a comprar os móveis e artigos de decoração para o seu escritório. Em poucos dias ela já poderia começar a trabalhar, dando início à carreira que sempre sonhou.
- Então está tudo certo. Aqui está a sua via do contrato com a confirmação do pagamento dos seis meses adiantado. – o homem de terno a entregou os papéis – Qualquer problema ou dúvida você pode entrar em contato com a corretora.
- Perfeitamente. Obrigada.
- Eu que agradeço, senhorita Perroni. – disse estendendo a mão para a morena que retribuiu o gesto com animação.
- Mãe! – disse ao celular assim que o homem saiu – Já está tudo certo, mãe!
- Que bom, filha! – Daisy respondeu do outro lado da linha – Já pegou as chaves do lugar?
- Já sim! – respondeu com empolgação.
- Isso é ótimo. Em poucos dias você já poderá começar a trabalhar.
- Sim! O frete já passou aí para buscar os móveis?
- Sim, saíram daqui há uma meia hora.
- Ótimo. Já começo a ajeitar tudo hoje. Se tudo der certo semana que vem eu posso abrir as portas do escritório.
- Não seja afobada, Maite. Espere até domingo que eu e o Cris poderemos ir te ajudar.
- Eu posso começar hoje e no domingo terminamos de ajeitar tudo, mamãe.
- Você sempre tão ansiosa...
- Eu acho que já chegaram, mãe. – disse ao ouvir um caminhão parar em frente – Preciso desligar agora. Até mais tarde, beijo.
Antes de ouvir uma resposta da mãe a morena desligou a chamada e foi até a porta frontal receber os homens que traziam os móveis do seu escritório.
Maite estava tão empolgada com a arrumação que mal se deu conta da hora. Passou toda a tarde e início da noite tentando arrumar tudo da melhor forma. A pequena recepção à frente já tinha móveis fixos. Um balcão para uma secretária e poltronas confortáveis na sala de espera. Ela só precisava cuidar da decoração, mas isso ficaria para depois já que a sua atenção estava em sua sala no cômodo logo atrás. Cuidou de colocar os móveis de modo que ornassem naquele espaço que não era muito grande. Sua mesa, as poltronas, a estante e armários. Com a ajuda dos encarregados do frete ela colocou tudo em seu devido lugar, mas depois que eles foram embora ela passou um bom tempo empurrando os móveis daqui e dali para que tudo ficasse perfeito.
Assustou-se quando seu celular começou a tocar em sua bolsa.
- Oi, mãe. – atendeu.
- Filha, você ainda está aí no escritório? – a senhora disse preocupada.
- Sim, eu estava arrumando a minha sala. Você tem que ver, mãe! Ficou tão lindo!
- Maite, você já viu que horas são? Já passa da meia noite!
- Nossa! – disse olhando pela janela lateral – Eu fiquei tão entretida aqui que nem me dei conta do tempo.
- Vem logo pra casa, filha. No domingo a gente termina de arrumar tudo.
- Tudo bem, mãe. Eu só vou terminar de ajeitar algumas coisas aqui e já vou.
- Vem agora! Já ta muito tarde. E vê se pega um táxi, não venha de metrô a essa hora da noite.
- Ta bom, mãe! – disse finalizando a ligação.
Maite deu uma última olhada em tudo antes de sair. Sorriu feliz com a realização e por fim deixou o local. Trancava a grande porta de madeira escura do lado de fora quando foi surpreendida por um homem mal encarado.
- A bolsa! – ele disse apontando um canivete para ela.
Maite não teve reação. Ficou paralisada encarando o homem à sua frente que parecia alterado demais para alguém em seu estado normal. O homem de touca fungava com a mesma freqüência que passava as costas da mão livre no nariz avermelhado. Olhava para todos os lados enquanto ameaçava a morena imóvel ali.
- Passa a bolsa logo! Anda, vagabunda!
Seu coração palpitava tão rapidamente que ela mal conseguia respirar. Suas mãos trêmulas foram até seu ombro e puxaram a alça de sua bolsa com cautela enquanto o homem observava atento aos seus movimentos.
Impaciente ele avançou para arrancar a bolsa dela fazendo com que ela soltasse um grito involuntário.
- Cala essa boca se não eu te mato! Não grita!
Nesse instante um homem que passava pelo outro lado da rua se atentou para o que acontecia ali e correu na direção dos dois.
- Hey! – gritou ao se aproximar – Larga ela!
O bandido se preparava para fugir com a bolsa quando o homem correu até ele e o segurou. Os dois travaram uma luta corporal enquanto o bandido tentava usar o canivete contra o homem. Num golpe de sorte o salvador conseguiu jogar a arma para longe junto da bolsa e o bandido foi golpeado com socos para logo em seguida fugir rapidamente dali.
- Você está bem? – o homem voltou-se para Maite que permanecia paralisada, em choque – Ele te machucou?
Assim que fixou o olhar na morena o homem a reconheceu.
- Maite? – disse fazendo-a voltar a si.
- Eu estou bem. Eu... Obrigada. – disse meio zonza para logo reconhecer o homem também – John? Ai, meu Deus! Obrigada, John! – o abraçou num ato de alívio.
- Calma, está tudo bem. – retribuiu o gesto.
- Se não fosse você aqui eu nem sei. Meu Deus eu... ele, aquele homem...
- Calma, calma. – disse se afastando para encará-la – Já passou, fica tranquila.
- Obrigada.
- Você não devia andar por aí sozinha a essa hora.
- Eu já estava indo pra casa.
- Eu te acompanho. Meu carro está logo ali, vamos?
- Sim, obrigada.
- Eu estava saindo do plantão no hospital e resolvi parar para comer algo. – disse já no carro – Você deu sorte porque não é sempre que eu faço isso. – sorriu tentando descontraí-la – A minha fome salvou a pátria.
- Se não fosse você ali eu nem sei o que poderia ter acontecido. – suspirou.
- O importante é que está tudo bem. Você está bem. Só tome mais cuidado e não fique por aí sozinha até tarde da noite.
- Eu vou ter mais cuidado, pode deixar. – sorriu fraco.
Após alguns minutos chegaram à casa da morena.
- Está entregue. – o homem disse gentil.
- Obrigada, John. Eu nem sei como te agradecer.
- Não se preocupe. É o meu dever ajudar a salvar vidas, faço isso todos os dias. Hoje só foi um pouco fora do convencional. – sorriu.
- Obrigada mais uma vez. – sorriu para sair do carro quando foi impedida.
- Maite.– segurou em seu braço – É... eu sei que não é uma boa hora, eu... Bom, se você estiver bem e não tiver outro compromisso, você gostaria de jantar comigo amanhã?
A morena o encarou surpresa.
- Eu...
- Me desculpe. Eu não devia...
- Não, tudo bem. Eu estou te devendo um jantar mesmo.
- Não, olha, deixa para outro dia. Você acabou de passar por uma situação dessas e eu aqui te convidando para sair. Me desculpe.
- Tudo bem, John. Eu preciso te agradecer de alguma forma, não é? – sorriu de leve.
- Tudo bem mesmo? Então... amanhã às oito da noite?
- Sim. Pode ser.
- Ótimo. Eu passo aqui para te pegar.
- Está bem. Mas... John, será um jantar de amigos. Tudo bem?
- Sim, claro. – disse tentando disfarçar a decepção em seu rosto – Só amigos, não se preocupe.
***
No dia seguinte Maite se arrumava pensando se teria sido uma boa idéia mesmo ter aceitado o convite para jantar.
- Eu fico feliz que você está mais animada para sair novamente, filha. – Daisy dizia enquanto observava a loira se ajeitando em seu quarto.
- Eu não estou exatamente animada, mas foi uma forma que encontrei de agradecer ele por ter me salvado daquele bandido.
- Ele apareceu na hora certa. Parece aquelas cenas de filme. O mocinho salva a mocinha do bandido, olha que romântico!
- Você nem comece! Eu vou sair com ele como amiga e já avisei isso a ele.
- Eu só estou brincando, filha. É que já tem mais de um mês, quase dois, que você terminou tudo com a outra lá e desde então não se abre com ninguém. Pensei que pudesse estar se interessando por alguém de novo.
- Eu não tenho cabeça pra pensar nisso agora. Eu só quero me dedicar à minha vida profissional.
- Entendo. Mas se fosse o caso, assim... Seria possível você se interessar por ele? Eu não quero dizer ele em si, digo... Um homem.
- Eu não sei, mãe. Eu não quero pensar nisso agora.
- Você ainda gosta dela, não gosta?
- Mãe. – a repreendeu com o olhar.
- Cheguei, família! – ouviu-se a voz de Cris que entrava pela sala – Nossa! Aonde vai toda deusa assim? – disse ao entrar no quarto e se deparar com a morena.
- Ela está indo em um jantar a dois. – Daisy disse.
- Não me diga que...
- Não! Eu não voltei com ela.
- Como sabe que era isso que eu ia dizer?
- É só o que você sabe dizer, Cristian.
- Ela vai jantar com um homem que salvou ela de um assalto ontem.
- Como assim? Romance água com açúcar rolando e eu não to sabendo?!
- Você chama isso de água com açúcar? Ele salvou ela de um assalto como um príncipe salva a princesa e agora estão indo jantar. Não é romântico?
- Ih... Depois que começou a namorar o Doutor Bonitão dona Daisy anda toda melosa. – o moreno provocou.
- Não é como se fosse uma história de amor, é só o John. – Maite disse sem muita animação.
- John? Que John?
- O enfermeiro.
- Credo, Maite! Eu pensei que você já tinha enterrado esse defunto.
- Gente, eu não estou indo em um jantar romântico com a intenção de começar algo com ele. Eu já disse que é só um jantar de amigos, estou indo para agradecer pelo que ele fez por mim.
- Tudo bem, eu já entendi que você não quer se envolver com ninguém agora, filha, nem com um homem e nem com uma mulher. Não precisa se alterar.
- Essa daí é um caso perdido, dona Daisy. Ela não quer e nem vai se envolver com ninguém, não porque é homem ou mulher, mas porque não é a Anahi. A Maite não é hétero e nem homo, ela é Anahi-sexual.
A morena sentiu suas bochechas queimarem e seus olhos furiosos fitaram os dois que gargalhavam à sua frente.
- Está escrito na sua testa que você ainda gosta dela, Maite. Por que não admite logo e volta pra ela? – Cris questionou.
- Vocês não sabem de nada. – disse saindo em direção à sala.
- E precisa saber? – o moreno a seguiu junto de Daisy – Qualquer um que olhar pra você vai saber. Eu acho bom você voltar pra ela logo porque as notícias de que ela está solteira de novo já estão espalhadas nos sites de fofoca. A morena misteriosa nunca mais foi vista com ela, logo eles deduziram que o caso teve fim e a ‘senhorita arrasa corações’ está na pista de novo.
- Você ainda fica lendo essas fofocas, Cristian?
- É uma boa distração nos momentos de tédio.
- Se ela fica toda nervosa assim quando a gente fala dela é porque ainda gosta. – Daisy cochichou.
- Vão transar e me deixem em paz, vão!
- Eu vou mesmo. – a senhora disse – O Rob ta me esperando. Vamos, Cris.
- Eu também vou.
- Vai? – a morena indagou.
- Eu espero que sim. Estou saindo com alguém.
- Não me diga?! – Maite disse animada – Até que enfim saiu da fossa!
- É, digamos que sim. – sorriu malicioso.
- Eu fico feliz por você, meu amigo. – a morena o abraçou.
- Ai, eu também fico, meu filhinho postiço. – Daisy se juntou aos dois – Agora vamos porque quanto mais cedo eu chegar para o jantar, mais cedo eu vou ter a sobremesa, se é que me entendem.
- Mãe, acho que eu não preciso ouvir isso. Por favor.
- Vá se acostumando. Ele vai ser o seu papai, Maite. – Cris provocou.
- E o seu também, querido. – a senhora apertou as bochechas do moreno – Mas vamos com calma, um passo de cada vez.
- Droga, isso quer dizer que eu vou ser irmão daquele lindo do filho dele.
- Minha família não poderia ser mais estranha. – Maite os fitou.
- É muito amor envolvido. – Cris sorriu.
- Muito! – Daisy completou.
***
- Obrigado mais uma vez por ter vindo, Maite.
Estavam sentados em uma das mesas de um elegante restaurante da cidade. John era galante a todo o momento, mas respeitou a posição de amizade entre eles que Maite havia imposto.
- Não precisa agradecer, John. – sorriu simpática.
- Eu confesso que fiquei um pouco decepcionado com o posto de amigo no qual você me colocou. Vou respeitar isso, mas se me permitir eu gostaria de investir em você, quem sabe num futuro próximo. Podemos começar com uma amizade e quem sabe mais pra frente a gente...
- John... – a morena o cortou – Eu já te expliquei sobre isso.
- Eu sei, Maite. Eu entendo que talvez não seja um bom momento pra você, desde aquela vez não era um bom momento. Mas talvez esteja na hora de você se dar uma nova chance, não acha?
- A minha vida está muito confusa pra eu pensar nisso agora, John.
- Eu imagino que você terminou um relacionamento que foi importante pra você, certo?
- Sim.
- Eu posso te ajudar a esquecer isso então.
- Você não entende.
- Já faz muito tempo desde aquela vez que eu te liguei e você disse que não era um bom momento. Não acha que já está na hora de se abrir à novos relacionamentos?
- Naquele momento eu estava começando a me relacionar. Era uma situação complicada e não deu certo. E tudo acabou recentemente, eu ainda não me sinto bem para me envolver com quem quer que seja.
- Entendo. Mas e se fizermos como eu te disse? Podemos ser amigos agora e com o tempo posso tentar te conquistar.
- John, eu sou lésbica.
O homem se calou por um momento sem reação. Seus olhos levemente arregalados a fitaram em surpresa.
- Como disse?
- Eu... Eu gosto de mulheres, quer dizer, de uma mulher em especial, mas isso não vem ao caso agora. – disse sem jeito.
- Você... – sorriu sem humor – Você é... Quer dizer... Maite, não precisa me dizer isso só pra me dar um fora. Eu sei que eu sou um pouco insistente, mas eu vou entender se não me quiser mesmo.
- Essa é a verdade. Eu estava me relacionando com a Anahi, minha ex chefe. Mas não deu certo, nós terminamos, eu me demiti e agora estou aqui.
- É... – a encarava confuso – Entendo. Mas a Anahi? Anahi Portila, aquela ricaça?
- Ela mesma.
- Nossa. – sorriu sem graça – Não parecia que, bem... Caramba. – tomou um longo gole de água – Eu estou realmente surpreso.
- Imagino que sim.
- Maite, me perdoe então. Se eu soubesse, se você tivesse me dito antes eu não teria insistido tanto.
- Tudo bem, nem eu mesma sabia. – sorriu de leve.
- Acho que agora vai ser mais fácil me conformar. Quem seria páreo para Anahi Portila , não é mesmo? – disse tentando relaxar o clima.
- Nós não somos mais...
- Sim, é claro. Mas você... Bom, isso não é da minha conta.
- Pode dizer. Acho que vai ser bom eu desabafar um pouco sobre isso.
- Você ainda gosta dela, não gosta?
- Eu...
Antes que Maite pudesse terminar a frase seus olhos se fixaram na porta de entrada. Seu coração gelou e seu corpo estremeceu com a figura que acabava de entrar ao restaurante. A mulher que ela mais desejava, mas a que menos queria ver estava ali.
- Droga. – sussurrou a si mesma – Não pode ser.
Autor(a): naiara_
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
- Maite? – John chamava a mulher em sua frente que mantinha o olhar fixo em um ponto ao longe – Maite, ainda está aí? - Sim. Eu... – disse voltando a si – Eu me distraí. - Está tudo bem? De repente parece que viu um fantasma. - Não, é só uma sombra do passado. John a encarava confuso, mas pr ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 147
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maite_portilla Postado em 07/07/2017 - 20:37:12
Cade?? Continua por favor, eu amo essa historia <3
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ccamposm Postado em 09/02/2017 - 13:39:20
Cadeeeee
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Furacao Maite Postado em 01/02/2017 - 23:12:37
nossaaaaaaaaaaolha quem voltoooou
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ccamposm Postado em 09/01/2017 - 21:32:17
Terminar? :(
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ccamposm Postado em 09/01/2017 - 21:31:56
MEU DEUS ALELUIA
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Kah Postado em 06/01/2017 - 22:20:42
Mulher, já estava chorosa por ter um historia tão linda sem final haha
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Valéria_Traumadinha Postado em 06/01/2017 - 20:06:39
Terminar? Que papo é esse???
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Postado em 05/01/2017 - 20:57:56
Voltoooou! Que bom posta muito rsrs
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ccamposm Postado em 01/01/2017 - 01:27:11
saudades de ler as páginas de uma das melhores fanfics do meu otp que eu já li na vida.. voltaaaaaaa
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ccamposm Postado em 01/01/2017 - 01:26:16
feliz 2017!!