Fanfic: amor repentino | Tema: portirroni
Anahi encarava ainda sem reação o homem à sua frente. Sua boca entreaberta e seus olhos levemente arregalados demonstravam o seu estado de choque.
- A Dul está morta? – conseguiu dizer num fio de voz.
- Senhorita Portila, você conhecia a senhorita Salvinõn há muito tempo?
- Sim, eu... – olhava para o chão enquanto tentava assimilar a informação – Eu a conheço desde a adolescência.
Maite ainda estava parada no mesmo lugar. Observava o homem sem tirar os olhos de sua feição desconfiada. Estava tão chocada quanto Anahi, mas com um agravante. Ela sabia quem provavelmente foi o autor do crime.
- Qual foi a última vez que a viu, que teve contato com ela?
- Eu não sei, pouco mais de um mês talvez. – a loira caminhou até o sofá de sua sala e sentou-se. Suspirou fundo e passou as mãos visivelmente trêmulas pelos cabelos – Sente-se, por favor.
- Obrigado. – o homem de terno alinhado sentou-se no sofá ao lado, se dando conta da presença de Maite que permanecia imóvel em frente à porta – E a senhorita, quem é?
Maite saiu de seu transe e o fitou assustada.
- Maite, Maite Perroni. – se aproximou e sentou ao lado de Anahi.
- Conhecia a senhorita Savinõn? – o homem a fitou.
- Não, quer dizer, sim. Eu a conheci há pouco tempo atrás.
- E qual a sua relação com a senhorita Portila e com a senhorita Savinõn?
- O que? Como assim? – o nervosismo de Maite aumentava a cada pergunta.
- A Maite trabalhava pra mim. – Anahi interrompeu impaciente – Ela foi minha assistente e agora é uma... – fitou a morena de relance – uma amiga. Onde é que o senhor está querendo chegar?
- Veja bem, senhorita Portila, Dulce Maria Sovinõn foi assassinada na noite de ontem sem nenhum motivo aparente. Levou dois tiros quando saía de seu carro, estacionado em frente ao hotel em que estava hospedada aqui em New York. Testemunhas disseram que um homem numa moto se aproximou, efetuou os disparos e fugiu. Não houve assalto e nem alguma explicação lógica para a ocorrência do crime. Estou buscando respostas e qualquer pessoa que tenha ligação com ela poderá ajudar a encontrar o caminho certo para que eu chegue a uma solução.
- Eu fui amiga da Dulce, a Maite não. O tipo de relação que havia entre nós três não vai ajudar a solucionar um crime. – Anahi estava cada vez mais irritada.
- Houve algum tipo de relação entre vocês três?
- O que? – a loira o encarou indignada – A minha vida pessoal e as relações que mantenho nela não lhe dizem respeito, senhor detetive. Isso com certeza não ajudará na investigação.
- Eu não teria tanta certeza. Sabe, senhorita, a investigação do departamento de Polícia onde eu trabalho é bem eficiente. E a sua vida pessoal é bastante comentada pela mídia de New York, assim como a da senhorita Savinõn. Ela era uma DJ famosa. Não foi difícil notar a proximidade entre vocês.
- Eu já disse que éramos amigas desde a adolescência.
- Sim. E de uns tempos pra cá se tornou muito amiga da senhorita Perroni também. A mídia nos deixa bem informados. – sorriu irônico para a morena.
- O senhor está me dizendo que está baseando a sua investigação na análise de sites de fofoca?! – Anahi o fitou com uma sobrancelha arqueada.
- Eu estou dizendo que há fatos que ligam a senhorita à vítima e isso é inegável. Estando essas informações contidas em sites de fofocas ou não, não deixa de ser um fato. Se você era próxima da senhorita Dulce, pode ajudar. Sabe se ela tinha inimigos ou estava sendo ameaçada por alguém?
- Não, eu não sei de nada! – se levantou irritada – Eu não mantenho mais contato com ela já há um tempo.
- Desde a chegada dela aqui em New York, presumo. – se levantou em seguida.
Anahi passou as mãos pelos cabelos e suspirou. Caminhou até o bar em sua sala e se serviu da bebida mais forte que havia ali. Deu um longo gole e retornou até o detetive.
- A Dulce sempre foi uma ótima pessoa. – o encarou – Não tinha inimigos, se dava bem com todos. Eu não vejo motivos para que alguém quisesse matar ela dessa forma tão violenta.
- Está nervosa, senhorita Portila? – o detetive a fitou com os olhos semicerrados, analisando cada expressão em seu rosto.
- É claro que eu estou nervosa! Você chega em minha casa a essa hora e me diz que uma amiga de longos anos está morta. Eu não deveria estar?
- É claro. – assentiu desconfiado – Aconteceu algo para que vocês não mantivessem mais contato? Um desentendimento talvez?
- Eu não posso acreditar no que estou ouvindo. Eu sou suspeita agora, é isso?
- Eu não disse que é. Só quero saber o motivo do afastamento entre vocês. Amigas de longa data não perdem o contato assim de repente sem um forte motivo.
- Não interessa! São assuntos particulares, eu não tenho que lhe dar satisfações sobre com quem mantenho contato ou deixo de manter em minha vida.
- Anahi, se acalma. – Maite levantou e segurou o braço da loira com leve força.
- Não se esqueça que está falando com uma autoridade, senhorita.
- Autoridade... – sorriu debochada – Autoridade que investiga sites de fofoca!
- Vejo que a senhorita está muito abalada. Talvez necessite da presença de seu advogado para lhe auxiliar.
- Eu sou a advogada dela. – Maite se pronunciou – E de fato ela não precisa lhe dar esclarecimentos sem uma convocação formal para depor.
- Isso é ridículo! Eu não preciso de um advogado, não sou criminosa!
- Ninguém aqui está dizendo que é criminosa, senhorita Portila. Só preciso de informações. O seu depoimento pode ajudar a solucionar esse crime.
- Eu não sou criminosa, muito menos detetive para ajudar a solucionar crimes. Esse trabalho é seu! E vejo que vai muito mal no que faz. – sorriu sem vontade e deu um último gole na bebida em seu copo.
- Está bem, vejo que não é um bom momento. Vou deixar a senhorita em paz, por hora! Antes que eu lhe dê voz de prisão por desacato. Sua sorte é que estou com bastante paciência hoje.
- E a sua é que eu também estou, se não já teria enfiado a mão na sua cara. – sussurrou.
- Como disse?
- Nada, – Maite interveio – Ela só está abalada, senhor detetive. Dê um tempo para ela assimilar tudo isso.
- Sim, darei esse tempo. Mas eu volto.
***
- Eu não posso acreditar nisso! – Anahi desabou no sofá assim que o detetive saiu – A Dulce está morta e eu sou suspeita.
- Você não é suspeita, Any. – a morena sentou ao seu lado – Ele só está investigando. Você tinha uma ligação com ela, é normal que ele queira saber.
- É normal porra nenhuma, Maite! Ele me diz na maior cara de pau que investigou em sites de fofoca sobre a nossa vida. Como vou dar créditos à um detetive ridículo desses?
- Você está muito nervosa, se acalma. Quase foi presa por desacato.
- Isso não pode estar acontecendo. – seus olhos queimavam pelas lágrimas que insistia em evitar – De repente o mundo resolveu desabar na minha cabeça.
- Não fica assim. Tudo vai ser esclarecido, não precisa se preocupar.
- Não me preocupar... – balançou a cabeça em negação – Como não vou me preocupar, Maite? Olha só o que está acontecendo!
- Eu sei que é difícil, mas se estressar dessa forma não vai ajudar.
- E ficar calma também não! Essa sua tranqüilidade me irrita!
- Não venha descontar a sua raiva em mim porque eu também não tenho culpa dos seus problemas!
- Você não tem culpa, Maite. Você é boa parte deles!
- Eu não vou entrar nesse assunto. Se acalme e vá descansar. Você precisa estar bem para pensar direito em tudo o que está acontecendo.
- Eu não quero me acalmar! – soltou exasperada – Eu quero explodir tudo, eu quero sumir! Eu quero voltar no tempo, quando minha vida era tranquila, quando eu tinha apoio, quando eu tinha família pra me ajudar com os meus problemas! É difícil ser sozinha na vida.
- Você não está sozinha. Eu estou aqui.
- Não, você não está, Maite! Você me deixou, como todos que passaram pela minha vida. Você não...
Antes que Anahi terminasse de falar Maie levou as mãos em seu rosto e a puxou para si. Selou seus lábios nos dela e assim permaneceu por alguns segundos, esperando que ela se acalmasse. Sentiu a tensão da loira sumindo aos poucos e então deu início a um beijo suave.
Anahi segurou a nuca de Maite com força e aprofundou o beijo. Desceu uma mão pela lateral do corpo da morena e aproximou seus corpos. Maite suspirou, prendendo um gemido quando sentiu os dedos da loira apertarem sua cintura.
- Ok... – Maite se afastou soltando um longo suspiro – Melhor não começar o que não podemos terminar.
- Nós podemos sim. – sorriu com os olhos fechados encostando suas testas.
- Não podemos não. – sorriu de volta – Mais calma?
- Depende.
- Como depende? – afastou seu rosto para encará-la.
- Você me acalmou de um jeito, mas me empolgou de outro.
Maite abaixou a cabeça e prendeu os lábios num sorriso.
- Eu preciso ir. – se levantou rapidamente na tentativa de se manter firme.
- Não vai não. – a loira segurou em sua mão e levantou-se também – Fica?
- Eu não posso, Any.
- Eu não vou fazer nada. Só fica.
A morena a fitou sem jeito. Seu coração apertado gritando para que ela ficasse, mas sua razão lhe alertando que não devia.
- É melhor não. – abaixou a cabeça para não encarar aquele olhar que tanto a desestabilizava.
- Só até eu dormir. Eu não quero me sentir sozinha. Só por hoje...
Ela respirou fundo e num leve sorriso se deu por vencida.
Any dormia tranquilamente em sua cama. Ressonava nos braços de Mai, que passava os dedos levemente por seus cabelos. Os olhos marejados da morena denunciavam sua preocupação. Como ela queria permanecer ali para sempre, sem nada e nem ninguém para atrapalhar, sem nenhum impedimento. Como queria poder viver ao lado dessa mulher que tanto amava, viver esse amor que a fazia feliz como nunca havia sido na vida.
- Eu te amo, Anahi. – sussurrou – Eu te amo muito e vou lutar por você.
***
Alguns dias depois...
- Com licença, senhorita Maite.
- Sim. – a morena encarou Barbara que adentrava em seu escritório.
- Aquele senhor, William Robinson, está na recepção. Posso mandá-lo entrar?
- Sim, por favor, Barbara.
- É... – a ruiva a fitou sem jeito – Posso conversar um minuto com a senhorita?
- Claro. – estendeu a mão indicando que ela se sentasse na cadeira à frente.
- É que... – se ajeitou na poltrona desconfortavelmente – Bem, eu estou saindo com uma pessoa e eu não sei se devo.
- Como? – a morena a encarou confusa.
- Eu estou começando um relacionamento e está ficando sério. – começou a falar aflita – Vim lhe falar porque não sei se você aprovaria e eu preciso muito desse emprego e...
- Barbara, calma. Olha, a sua vida pessoal não me diz respeito. Você não precisa se explicar. Desde que cumpra com seus deveres aqui no escritório não há porque ter receio sobre a minha aprovação. Até porque eu nem tenho esse direito.
- Não, a senhora não está entendendo. – passou a mão pela nunca em nervosismo – É que... É que eu estou namorando o John. John Peterson, aquele seu amigo, cliente aqui do escritório.
Maite a encarou com os olhos arregalados sem saber o que dizer.
- Você e o John? – sorriu surpresa.
- Sim. Olha, se isso for um problema me diga que eu dou um jeito. Eu estou gostando dele, mas não posso ficar sem meu emprego. Não sei se seria antiético da minha parte me relacionar com um cliente do escritório onde eu trabalho e...
- Acalme-se, Barbara. – sorriu a tranqüilizando – Eu não me incomodo, não precisa se preocupar. Nós não escolhemos por quem nos apaixonamos, não é mesmo? Eu já estive em uma situação parecida, ou até mais complicada que essa, acredite. E se quiser um conselho, não deixe de viver a sua felicidade por medo de questões impostas pela sociedade.
- Nossa, que alívio. – sorriu soltando um suspiro pesado – Muito obrigada, senhorita Maite. Eu achei que você não iria aprovar.
- É a sua vida, eu não tenho que aprovar nada. Só desejo felicidades ao casal.
- Obrigada! Muito obrigada.
- Agora vá e peça ao William que entre, por favor.
- Sim, senhorita. – a jovem levantou-se apressada e saiu dali com um sorriso largo no rosto.
- Com licença. – o homem adentrou a sala com seu terno habitual.
- William! – a morena sorriu e levantou-se para apertar-lhe a mão – Que bom ver você. Como vai?
- Bem, muito bem agora. – sorriu de volta.
- Sente-se. – disse e sentou-se também – E a Abby, como está a recuperação?
- Ela está ótima! Já está em casa e se recuperando muito bem. A cirurgia foi um sucesso e ela recebeu bem o novo coração. Agora é só aguardar e fazer o acompanhamento para ver o progresso. O médico disse que ela tem 99% de chances de ter uma vida normal a partir de agora. – o brilho em seus olhos era contagiante.
- Que alegria, William! Eu fico muito feliz. A Abby é uma menina muito especial e você também, meu amigo. Vocês merecem essa felicidade em suas vidas.
- Obrigado, Maite. Eu e a Diana estamos tão aliviados. Depois de anos nessa luta tudo ficou bem. Quantas vezes achei que iríamos perder a nossa filha.
- Mas agora já está tudo bem. Só alegrias.
- Sim. – assentiu com um sorriso.
Após alguns segundos de silêncio Maite o encarou.
- Como a Any está?
- Ela tem andado um pouco nervosa nesses últimos dias. A morte da senhorita Dulce a deixou abalada.
- O detetive que está investigando o caso tem suspeitas. Não sei se ele acha que ela pode ter algum envolvimento no crime, mas foi até a casa dela no sábado e a encheu de perguntas. Até a mim ele fez insinuações.
- Você acha que ele desconfia de algo? Ou alguém...
- Não creio que ele tenha suspeitas concretas. Apenas insinuações até o momento. Sabe se ele procurou a Any novamente?
- Não. Tenho estado em constante alerta e não há nenhum sinal de polícia atrás dela. Nem aquele que a estava vigiando eu tenho visto mais.
- William, eu pensei em algo. Queria não estar certa e que fosse coisa da minha cabeça, mas eu temo que posso estar certa.
- Imagino que seja o mesmo que eu estou pensando desde que voltei ao trabalho e soube da morte da Dulce. Levei a senhorita Anahi ao velório na segunda-feira. Ela estava muito triste.
- Ela foi ao velório?
- Sim. Por que não iria?
- Por tudo que aconteceu no dia em que eu saí da empresa. A Anahi ainda acha que o nosso término se deu, em grande parte, pelo que a Dulce fez.
- Eu soube que o escândalo que ela fez na casa da senhorita Portila não foi nada discreto.
- Ela armou tudo para que nós terminássemos e depois veio me contar toda a verdade. Disse que fez aquilo só pra ficar com a Anahi.
- Acredito que, apesar de tudo, ela tinha certo carinho pela Dulce. Elas eram amigas há muito tempo, desde que eu comecei a trabalhar para os Portilas ela já era amiga da família.
- É, apesar de tudo a Anahi não guardaria rancor dela numa situação dessas. Muito menos desejaria a sua morte.
- Justamente. Mas eu não sei se o detetive que está investigando o caso pensaria o mesmo se soubesse desse caso. A primeira coisa que ele pensaria seria em crime passional.
- Eu pensei nisso também. Se ele souber dessa história nós teremos um problema para explicar toda essa situação.
- Não podemos chamar atenção nesse momento. O Marco ficará atento a toda essa movimentação. Ainda mais se as minhas suspeitas estiverem corretas.
- Se as suas suspeitas forem as mesmas que as minhas eu não quero nem pensar no que pode acontecer daqui pra frente.
- Você também acha que foi o Marco quem mandou matar a Dulce?
- Tenho quase certeza. Mas a pergunta é: por quê?
- O segurança que está ao seu auxílio, o Rogers, descobriu algo há um tempo. Eu achei melhor não te dizer nada para que você não se preocupasse, mas agora acho que não há mais motivos para esconder isso de você.
- O que foi, William? Já ta me deixando preocupada.
- O Rogers descobriu quem estava te seguindo. Era a Dulce.
- O que? Era a Dulce quem me seguia todo esse tempo?
- Sim. O Rogers te vigiava de longe e não demorou para notar que alguém seguia seus passos. Logo descobriu que era ela. Ele ajudou a colocá-la pra fora no dia que ela invadiu a casa da senhorita Anahi. Não teve dúvidas que era ela quem a seguia.
- Eu não posso acreditar. – o encarou espantada – Será que ela pretendia algo? Será que ela queria me matar?
- Eu não sei. Mas já podemos imaginar quem te mandava aquelas mensagens com ameaças.
- E eu achando que era alguém a mando do Marco.
- Não podemos descartar essa hipótese. Talvez o Marco se aproveitou da situação dela para instigá-la a te perseguir e com isso ele teria informações sem muito esforço.
- Sim, é claro. Ela mesma me disse para ter cuidado com o Marco quando foi em minha casa me contar toda a verdade. Mas por que ele mandaria matar ela? O que será que aconteceu para que chegasse a esse ponto?
- É isso que precisamos descobrir.
- Isso está cada vez mais complicado e mais perigoso. Céus! – levou as mãos até o rosto em nervosismo – Eu não agüento mais isso. Não agüento mais ver a Anahi sofrer e ter que me manter afastada dela, fingir que não me importo pra manter ela segura.
- Nós vamos resolver isso, Maite. Agora mais do que nunca eu tenho uma dívida eterna com a Anahi. Ela salvou a vida da minha filha, eu nunca poderei agradecer o suficiente. Mas tudo que eu puder fazer para vê-la bem e feliz eu farei.
- É o que eu mais quero. Vê-la bem e feliz. Ela tem estado tão frágil. – suspirou.
- Nós estamos trabalhando para isso. Eu andei observando a Susan nesses últimos dias. Ela continua se encontrando com o Marco. Aparentemente são apenas um casal de amantes.
- Temos que descobrir se a ligação dela com o Marco é apenas amorosa ou se ela é cúmplice dele. Nada me tira da cabeça que foi ela quem tirou aquelas fotos minhas e da Anahi na sala dela. Só pode ter sido a Susan, não há outra explicação.
- Por isso eu vim falar com você. Estou pensando em abordá-la diretamente. Colocá-la contra a parede e questionar sobre tudo isso.
- É arriscado. E se ela contar ao Marco que ele está sendo investigado? Não podemos brincar com ele, já vimos do que ele é capaz.
- Sim, eu sei, mas não há outra maneira. E eu tenho minhas táticas. Se a Susan não nos disser nada do que sabe sobre o Marco ela também não dirá nada a ele sobre nós.
- Tudo bem. Se você acha que deve, faça. Mas, por favor, tome muito cuidado, William. Tudo isso é muito perigoso.
- Não se preocupe, Maite. Desse jogo eu entendo.
- Eu confio em você. – assentiu – Mas agora vamos. Meu expediente já se encerrou. Eu preciso descansar a minha mente um pouco.
- Não me ofereço para levá-la em casa porque tenho serviço a fazer. – William disse se levantando.
- Algum trabalho a mando da senhorita Portila?
- Não exatamente a mando dela, mas para ela.
- Vai falar com a Susan agora?
- Sim. Não podemos perder mais tempo. A morte da Dulce só mostra que temos que nos apressar para resolver essa situação o mais rápido possível.
- Está certo. Tome cuidado.
- Não se preocupe. É pela Anahi.
***
- Mãe! – Maite gritou pela casa assim que chegou – Mãe, está em casa?
Depositou sua bolsa em cima do sofá e retirou os sapatos. Observou a casa toda escura, estranhando o silêncio. Adentrou em direção ao seu quarto e assim que levou a mão ao interruptor para acender a luz sentiu um impulso contra seu corpo. Um vulto escuro a agarrou e tapou sua boca. A segurou por trás com força, a prendendo contra seu corpo.
- É agora que eu te mato, sua vadia! – uma voz grossa rosnou em seu ouvido.
Maite tentava gritar a todo custo, mas só saíam barulhos abafados de sua boca. O desespero já tomava conta de si quando ela sentiu as mãos afrouxarem em seu corpo e ouviu as gargalhadas descontroladas que ela conhecia muito bem. Correu as mãos trêmulas pela parede e acendeu a luz, dando de cara com uma figura morena com o rosto avermelhado de tanto rir.
- Eu vou te matar, Cristian! – esbravejou enquanto o enchia de tapas.
- Ai, calma! – dizia em meio aos risos – Calma! Um sustinho de vez em quando é bom pra testar o coração.
- Testar o coração? Eu vou arrancar o seu agora mesmo! Seu doente! – continuou estapeando o amigo sem a menor leveza nas mãos.
- Pára, Baby! Foi só uma brincadeira. – tentava se desvencilhar dos tapas e prender o riso ao mesmo tempo.
- Você quase me mata do coração, Cris! – levou as mãos ao rosto suado pelo susto – Por Deus!
Maite caminhou até a cama e se sentou sentindo seu corpo ainda estremecer.
- Calma, meu amor. Me desculpa! – caminhou até ela e sentou-se ao seu lado, tentando a abraçar.
- Me desculpa nada! – desviou do abraço – Meu coração já tem passado por testes demais ultimamente. Não preciso de brincadeiras de mau gosto pra me perturbar ainda mais.
- Tudo bem, já passou. Não faço mais, prometo. – a apertou com força em seus braços.
- Cadê a mamãe?
- Dona Daisy foi comprar um vestido novo pro almoço de noivado com o Doutor Bonitão.
- Nossa, é verdade. Eu tinha me esquecido que esse almoço já é no domingo que vem.
- Sim. Ela está toda animada.
- E feliz. Eu também to feliz por ela, apesar da preocupação.
- Preocupação por quê?
- Não sei, acho que é muito cedo para casar. Eles se conhecem há tão pouco tempo. E eu nem conheço ele ainda!
- Deixa a dona Daisy ser feliz! Ela não é uma adolescente boba e deslumbrada, sabe bem o que faz. Além do mais eu conheço o Doutor Rob, ele é uma boa pessoa, pode confiar.
- Se você está dizendo... – se levantou e saiu em direção à cozinha – Onde está o seu carro? Não ta aí na frente de casa. Se tivesse teria evitado o meu susto porque eu saberia que era você.
- Saberia nada! – o moreno a seguiu – Você estava com tanto medo que mesmo se fosse um ursinho panda te pedindo um carinho você ainda teria se assustado.
- Idiota. – resmungou enquanto abria a geladeira.
- O meu carro está com a mamãe.
- O que? – a morena arregalou os olhos e o fitou – Você deixou a dona Daisy sair com seu carro?
- Sim, por que não? Ela sabe dirigir, tem habilitação e está em pleno gozo de suas faculdades mentais.
- Eu não teria tanta certeza disso.
- Pare de ser dramática. Ela só foi até o shopping, vai voltar logo. – disse sentando-se à mesa.
- Que fome! Você podia cozinhar pra mim, né?! – entrelaçou as mãos e sorriu largamente para o amigo.
- Ah, eu não! Não to com paciência pra cozinhar, já virei doméstica de marmanjo nesses últimos dias. Me deixa descansar um pouco.
- Como assim doméstica de marmanjo? Esse seu novo namorado misterioso ta morando com você, é?
- Não exatamente. Ele tem passado uns dias lá em casa e não sabe fazer nada. Eu que cozinho, lavo, passo e ainda tenho que dar conta na cama.
- Nossa! Virou uma dona de casa casada e nem me contou. – sentou-se à mesa e começou a preparar um sanduíche.
- Não virei nada. Estamos em fase de testes ainda, por isso não te contei.
- Mas me diz pelo menos quem é?!
- Não. Você não sabe quem é.
- Se eu não sei quem é por que não me diz o nome?
- Porque não.
- É o Jean Pierre, não é? – o fitou com um sorriso malicioso nos lábios.
- O que? Claro que não! Eu disse que não ia dar mais nenhuma chance àquele traste.
- Você não sabe mentir, Cris E eu já estava desconfiando faz tempo que era ele. Você nunca me escondeu nenhum romance seu e agora vem com essa conversa de que eu não sei quem é, que está em fase de testes. Confessa logo que é ele, vai!
- Ta, ta bom! É ele mesmo. Mas não é nada oficial ainda. Estamos sim em fase de testes. Ele vai ter que fazer por merecer.
- Eu sabia! – gargalhou – Você sempre foi apaixonado por ele, Baby C, não tinha como negar.
- Pior que é verdade. Mas eu disse a ele que só vou confiar nele outra vez quando ele assumir nosso relacionamento pra todo mundo. Até lá eu posso fazer o que bem entender da minha vida, inclusive ficar com quem eu quiser.
- Mas você não vai fazer isso porque eu sei que você ama ele.
- É, não vou. Mas um sustinho às vezes não faz mal, não é?!
- Engraçadinho. – revirou os olhos e mordeu o sanduíche em suas mãos.
- Mas me conta, e você e a Anahi, como estão?
- Não estamos. – disse com a boca cheia.
- Você desistiu mesmo dela?
- Não. É só que o momento não é bom pra gente.
- Hã? Que negócio é esse de momento?
- Não dá pra gente ficar juntas agora, Cris.
- E qual o impedimento? Você ta solteira, ela também. Se amam e têm um fogo uma pela outra que eu nunca vi! Vocês parem de fazer drama, hein.
- Não é drama, Cris. – limpou a boca com as costas da mão – Eu fui até a casa dela no sábado passado pra saber como ela estava por conta da cirurgia da filha do William. Ela é muito apegada à menina. Nós conversamos, nos beijamos e ela dormiu nos meus braços, mas não aconteceu nada demais. Eu só fiquei lá cuidando dela.
- Que amor! – bateu palminhas – Meu casal lindo está voltando.
- Não, não estamos. Eu só esperei ela dormir e vim embora. A deixei lá e saí sem me despedir. – pausou por alguns segundos – Ela deve estar me odiando agora.
- Eu hein! Que história complicada é essa de vocês, credo. Vocês mulheres são cheias de dramas. Ainda bem que eu gosto de homem.
- Olha quem fala! Todo cheio de drama aí com o Jean Pierre.
- É diferente. Nós temos nossos problemas, mas nem por isso ficamos nos evitando. Nos gostamos e não excluímos isso só porque temos nossos desentendimentos.
- Isso tudo se resume ao fato de vocês não conseguirem ficar sem sexo, né! É isso que você quer dizer.
- Também! – sorriu com malícia – Mas não é só isso. Nos gostamos e tentamos resolver nossos problemas juntos. É isso que você e a Anahi deveriam fazer.
- Já chega desse assunto, Cris. Eu não quero falar sobre isso.
- Ok. – levantou os braços em rendição.
- Sabe o que eu descobri? A Barbara, minha secretária, e o John estão namorando.
- O que? O John enfermeiro?
- Sim, ele mesmo.
- Não me diga! – a fitou surpreso.
- Sim, ela veio me contar hoje preocupada, achando que eu não iria permitir.
- Você deve dar é graças a Deus daquele encosto sair do seu pé!
- Não fala assim, ele é um cara legal.
- Ih, ta voltando atrás é? Vai dizer que ficou com ciúmes e se arrependeu de ter dado um fora nele.
- Não. Eu até disse a ele que sou lésbica pra ele perder as esperanças comigo de uma vez.
- E você é?
- Sou o que?
- Lésbica.
- Eu não sei. Quer dizer, eu estou amando uma mulher. Isso faz de mim uma lésbica?
- Não necessariamente.
- É tão difícil pensar quando se está perdida de amores por uma única pessoa. Eu amo a Anahi pelo que ela é, pela pessoa dela. Acho que se ela fosse um homem exatamente com ela é sendo mulher eu me apaixonaria da mesma forma.
- Talvez você seja bi, mas no momento está focada somente nela.
- Não sei, eu tenho estado tão perdida nesses sentimentos todos que não parei pra analisar a situação. Desde que comecei a me relacionar com ela eu não me interessei por mais ninguém, nem homem e nem mulher.
- Nem reparou ninguém? Uma olhadinha assim como quem não quer nada, tipo, nossa que pessoa bonita, interessante ou que corpo lindo...
- Não.
- Essa mulher só pode ter feito um feitiço pra você. Não tem outra explicação! Aquele chá que a gente tomou na casa dela, lembra? O seu foi coado com alguma calcinha dela, não tem condições. Você só pensa nela, só quer ela, tudo é ela!
- Cala a boca, Cris. – se levantou prendendo o riso.
- Eu to falando sério.
- Ridículo você! – encostou-se na pia e começou a lavar a louça suja ali.
- Mas eu tenho uma idéia pra você se descobrir.
- Lá vem ele. – disse sem desviar a atenção das louças.
- Sabe o que eu descobri?
- Não.
- A filha do seu futuro padrasto é lésbica.
- Nossa, sério? – fingiu tédio – E o que tem isso?
- O que tem é que ela é linda! E eu soube que ela ta vindo da Europa pro noivado do pai.
- Eu achei que ela não se desse bem com ele. Você disse uma vez que ela morava com a mãe na Europa desde que eles se separaram.
- Muito pelo contrário, eles têm um amor roxo entre si que dá gosto de ver. Ela visita ele aqui sempre que pode.
- Ta, mas o que eu tenho a ver com isso?
- Tem a ver que eu soube que ela viu fotos suas e te achou linda.
- O que? – largou as louças e virou-se para mirar o moreno na mesa – Como assim ela viu fotos minhas?
- Acho que dona Daisy que mostrou pela internet. Elas já estão amicíssimas, não sabia?
- Só eu que não sei de nada nessa casa?! Sou a única que não conhece o noivo da minha mãe, não sei como anda a relação e nem nada do que acontece.
- Ih, ataque de ciúmes agora não. Enfim, ela é linda e viu suas fotos e te achou linda também. Vocês vão se conhecer nesse noivado e aí quem sabe...
- E aí quem sabe o que, Cris? Qual parte do eu amo a Anahi que você não entendeu?
- Eu não to dizendo pra você ficar com ela, garota! Até porque serão irmãs agora, seria estranho pra família. – gargalhou – Eu to querendo dizer pra você flertar com ela. Quem sabe assim você entende melhor o que se passa com você aí dentro e descobre se é mesmo dessa fruta que você gosta.
- Eu não vou flertar com ninguém, Cris! Você só pode ter problema de cabeça. De onde saem essas idéias mirabolantes?
- Baby, ouça a voz da experiência!
- Ah, vai pra...
Antes que Maite pudesse terminar de dizer a campainha foi ouvida.
- Salvo pela campainha! – sorriu debochado.
A morena revirou os olhos e passou pelo amigo, indo em direção à porta.
- Já vai! – gritou ao ouvir o barulho ecoar pela casa novamente – Esse porteiro inútil não presta pra nada.
Abriu a porta irritada e a surpresa ficou visível em seu rosto quando viu de quem se tratava.
- Senhorita Perroni.
- Detetive Collins?
Autor(a): naiara_
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
- Boa noite, Susan. Ela abriu a porta e mirou o homem alto de terno em sua frente.- William? – o fitou surpresa. - Preciso conversar com você. Posso entrar? Susan o encarou por alguns instantes, com receio de recebê-lo. Por fim assentiu e lhe deu passagem. - Sugiro que faça uma reclamação sobre o porteiro do seu prédi ...
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maite_portilla Postado em 07/07/2017 - 20:37:12
Cade?? Continua por favor, eu amo essa historia <3
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ccamposm Postado em 09/02/2017 - 13:39:20
Cadeeeee
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Furacao Maite Postado em 01/02/2017 - 23:12:37
nossaaaaaaaaaaolha quem voltoooou
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ccamposm Postado em 09/01/2017 - 21:32:17
Terminar? :(
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ccamposm Postado em 09/01/2017 - 21:31:56
MEU DEUS ALELUIA
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Kah Postado em 06/01/2017 - 22:20:42
Mulher, já estava chorosa por ter um historia tão linda sem final haha
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Valéria_Traumadinha Postado em 06/01/2017 - 20:06:39
Terminar? Que papo é esse???
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Postado em 05/01/2017 - 20:57:56
Voltoooou! Que bom posta muito rsrs
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ccamposm Postado em 01/01/2017 - 01:27:11
saudades de ler as páginas de uma das melhores fanfics do meu otp que eu já li na vida.. voltaaaaaaa
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ccamposm Postado em 01/01/2017 - 01:26:16
feliz 2017!!