Fanfics Brasil - Capítulo 31 - Decepções amor repentino

Fanfic: amor repentino | Tema: portirroni


Capítulo: Capítulo 31 - Decepções

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Maite encarava a mulher em sua frente sem saber o que dizer. Retribuiu o gesto e a cumprimentou com um sorriso sem graça nos lábios.


- O prazer é meu, ah... – a fitou em dúvida.


- Jessyca. Sarah Coch, ao seu dispor. – disse sem tirar os olhos da morena.


- Apresentações feitas, agora vamos ao que interessa. – Robert se pronunciou – Eu ainda tenho um pedido a fazer.


Todos sorriram e se encaminharam para a grande sala de jantar.


O almoço foi servido na elegante mesa que estava rodeada de amigos e familiares.


- O que foi aquilo, hein? – Cris cochichou para Maite que estava sentada ao seu lado.


- Aquilo o que?


- Sua futura irmã quase te comeu com os olhos e ainda não parou de olhar pra você.


- Pára com isso, Cris. Não começa! – Maite o repreendeu.


- Um minuto de sua atenção, por favor! – Robert levantou-se de sua cadeira na ponta da mesa – Antes de iniciarmos esse almoço eu gostaria de dizer algumas palavras.


Todos se silenciaram e assentiram.


- Hoje é um dia muito especial para mim. – continuou – Desde que eu conheci a minha Daisy meus dias têm sido mais felizes. – ele a fitou com um sorriso carinhoso no rosto.


Um coro foi ouvido com uma sonora comoção dos que estavam ali presentes.


- Eu já não tinha mais esperanças de encontrar alguém que me completasse e que me fizesse sentir essa alegria de viver que hoje eu posso sentir novamente. E tudo isso graças à ela. Daisy apareceu em minha vida como um anjo bom para me trazer alegria e paz. – os olhos de Daisy já se enchiam de lágrimas – E desde então eu tenho cada dia mais certeza de que quero que esse anjo permaneça em minha vida até os meus últimos dias. Por isso estou aqui hoje para pedir oficialmente que você, Daisy, – pegou em suas mãos a fazendo se levantar também – seja a minha mulher, companheira, amante, o meu anjo, por toda a minha vida. – disse a olhando nos olhos – Daisy Perry Perroni, você aceita se casar comigo?


- Sim, eu aceito! – disse com um sorriso largo, deixando uma lágrima escorrer pelo seu rosto.


Todos aplaudiram a até alguns vivas foram ouvidos. Ainda sob os aplausos, Robert beijou a aliança que já havia colocado no dedo de sua futura esposa e a abraçou em seguida.


 


Após o almoço todos permaneceram na casa em confraternização. Cris, Daisy, Robert, Alfonso e Jessyca engataram uma conversa animada na sala.


- Agora você tem que tirar o Perroni e colocar Coch no lugar. – Robert disse para Daisy com humor.


- Daisy Perry Walker. Até que soa bem. – a senhora disse.


- Soa muito melhor que Perroni! – o homem retrucou.


- Não diga isso, a Maite também é Perroni. Sobrenome do pai dela.


- Não foi a minha intenção. – Robert se desculpou.


- Falando nisso, onde é que está a minha filha?


- Eu vi ela saindo para o jardim. Deve ter ido tomar um ar. – Cristian respondeu fitando Jessy.


Ouvindo isso, a mulher aproveitou a distração de todos ali para ir à procura de Maite. Caminhou pelo jardim, a encontrando em um dos bancos de madeira mais afastados.


- Não está gostando da festa? – perguntou se aproximando.


Maite que estava distraída em seus pensamentos a fitou e sorriu sem jeito.


- Não, não é isso. É só que essas demonstrações de afeto tem me deixado um pouco emotiva ultimamente.


- Posso me sentar? – disse indicando ao lado da morena.


- Sim, claro. – Maite afastou-se dando espaço.


- Está com medo de perder a sua mãe para o meu pai ou para a minha família? – brincou.


- Não, imagina. – sorriu – Acredito que todos vamos nos dar muito bem, não haverá perdas.


- Sim, eu espero que todos nós possamos nos dar muito bem.


Maite assentiu com um sorriso.


- Você é mais linda ainda pessoalmente.


A morena encarou sem jeito e preferiu não dizer nada.


- Me desculpe, é que a sua mãe me mostrou algumas fotos. Nós ficamos bem amigas.


- É, eu soube.


- Maite, –Jessy  fez uma pausa soltando o ar de seus pulmões em nervosismo – olha, eu sei que isso pode parecer loucura, mas eu estou completamente apaixonada por você.


- Como? – Maite engoliu seco.


- Eu sei que a gente acabou de se conhecer e pior, vamos ser irmãs, nossos pais estão prestes a se casar. Mas eu não sei explicar, desde que eu vi suas fotos e sua mãe me falou de você eu não sei... Você tem um encanto que me faz perder o raciocínio. Hoje quando te vi pessoalmente pela primeira vez foi como se um mundo perfeito se abrisse pra mim. Eu posso estar enlouquecendo, não sei, mas é a melhor coisa que eu já senti na vida.


- Olha, Jessyca, eu nem sei o que dizer. Eu... –Maite estava realmente sem fala.


- Não precisa dizer nada. Só me desculpa.


- Não precisa se desculpar, você não fez nada demais, é só...


- Me desculpa por isso.


Jessyca cortou a fala de Maite e selou seus lábios. A mulher levou as mãos até a nuca da morena  que se mantinha imóvel, sem saber o que fazer.


Depois de alguns segundos Maite voltou a si e se afastou, tirando as mãos de Jessy de seu pescoço.


- Me desculpa, Maite. Eu não sei o que me deu, eu...


- Não faça mais isso! – ela disse impaciente.


- Perdão. Eu realmente estou apaixonada e agora acho que fiquei louca também. Eu não tinha essa intenção, Maite, mas ver você assim tão perto, como eu venho sonhando desde que te vi por aquelas fotos... Me descontrolei, me perdoe.


- Tudo bem, Jessyca. Só não faça mais isso, por favor.


- Desculpa... – abaixou a cabeça derrotada – Você é hétero, né? Eu me precipitei.


- A questão não é essa. A questão é que você não pode sair beijando alguém assim só porque deu vontade.


- Eu não sei o que me deu. Me desculpa mesmo! É que eu nunca senti nada assim tão forte.


- Olha, Jessyca, tudo bem. Vamos esquecer isso, está bem?


- Eu posso prometer qualquer coisa, mas não posso esquecer esse beijo, Maite. Nem se eu quisesse eu poderia.


A morena suspirou buscando palavras para sair daquela situação.


- Eu posso pelo menos tentar? –Jessy quebrou o silêncio.


- Tentar?


- É, tentar te conquistar. Quem sabe você acaba gostando...


- Jessyca, não é nada disso. Eu não posso ter nada com você simplesmente porque eu já amo outra pessoa.


A mulher a fitou e dessa vez ela que ficou sem palavras.


- Meu coração já pertence a outra pessoa. Nem se eu quisesse eu não conseguiria tentar algo. Me desculpe.


- Eu é que peço desculpas, Maite. – disse sem jeito – É que eu pensei que você estivesse solteira, o Cristian me disse que...


- O Cristian, é claro! Eu vou matar aquele safado!


- Não, por favor, não briga com ele! Eu é que fiquei insistindo pra saber sobre você, ele não tem culpa de nada. Só me disse que você estava oficialmente solteira. Eu não tinha entendido muito bem, mas vejo que você não está exatamente sozinha, né?


- É um caso complicado. Oficialmente eu estou solteira, mas é uma situação muito complexa pra explicar.


- Eu entendo. Ninguém manda no coração, não é?!


- É...


- Quando você me desculpar, podemos tentar ser amigas?


- Eu já te desculpei, Jessyca. – disse séria.


- Eu vou entender que somos amigas então.


- Podemos ser sim. – deixou um leve sorriso escapar.


- Posso fazer um pedido de amiga então?


- Se eu puder atender a esse pedido, sim.


- Se você ficar disponível promete que vai me dar prioridade pra eu tentar te conquistar?


Maite sorriu balançando a cabeça em negativo.


- Isso se você quiser tentar algo com uma mulher, é claro. – Jessyca a olhou com expectativa.


- Vamos focar na amizade, está bem? – Maite achou melhor que ela não soubesse de nada por enquanto, deixando esse detalhe de sua vida omitido.


- Claro, tudo bem. Todo grande amor se inicia com uma bela amizade, não é mesmo? – sorriu brincalhona.


- Vamos voltar para a festa antes que dêem por nossa falta. – preferiu não respondê-la e se levantou para voltar ao salão da casa.


 


***


 


A semana seguiu rapidamente. Era noite de quinta-feira e Daisy se ocupava com os preparativos do seu casamento com a ajuda solícita de Jessyca, que fez questão de permanecer na cidade até o casamento do pai. Aproveitou a aproximação com sua futura madrasta para se aproximar de Maite, não poupando investidas sempre que podia.


- Você pretende se casar um dia, Maite? – Jessy perguntou enquanto as três analisavam revistas de casamento na sala da casa da morena.


- Eu? Eu não sei. – sorriu – Quem sabe um dia...


- Pena que se você resolver se casar não vai poder ser na igreja, né, filha.


- Ah, não? E por que, dona Daisy? – Jessy questionou curiosa.


Maite fuzilou a mãe com os olhos.


- Porque não é permitido casamento gay na igreja.


- Mãe! – a morena a repreendeu.


Jessyca a fitou com os olhos brilhando e um sorriso brincava em seus lábios.


- Mas o que importa é o amor, não é? Não importa se o casamento é na igreja, na praia ou no cartório. Se houver amor, é lindo em qualquer circunstância. – disse mirando Maite que fingia não prestar atenção na conversa.


- Isso é verdade! Eu e seu pai não podemos nos casar na igreja porque o Rob é divorciado. Mas nos amamos e o casamento na praia vai ser lindo!


- Papai aceitou se casar na praia?


- Aceitou! – Daisy disse batendo palminhas de alegria.


- E vai ser em qual praia?


- Isso ainda não decidimos. Mas já estou pensando em tudo para um casamento na praia. Decoração, vestido...


- Vai ser lindo, Daisy! Eu tenho algumas sugestões de lugares, conheço algumas praias lindas que seriam o cenário perfeito!


- Isso é ótimo! Você vai ser a minha organizadora perfeita então.


- Dá licença, eu vou atender o celular. – Maite disse assim que ouviu o seu aparelho tocar no chão ao seu lado.


A morena foi até seu quarto para atender a chamada de William, para que pudessem conversar mais à vontade.


- Oi, William.


Boa noite, Maite.


- Boa noite. Tem alguma novidade?


Eu acabei de ligar para a Susan para saber se ela decidiu colaborar, o prazo acabou hoje.


- E então?


Ela permaneceu irredutível. – Maite suspirou pesado – Disse que não pode e nem vai dizer nada, mas me implorou para que eu não dissesse nada à Anahi. O que você acha? Eu a entrego ou espero mais um tempo?


- Eu acho melhor não esperar mais, William. Se a Susan está mesmo ajudando o Marco, é perigoso para a Anahi que ela permaneça na empresa tão próxima à tudo. Enquanto ela trabalha com a Anahi ela tem acesso a muitas coisas e pode prejudicá-la ainda mais.


Você tem razão. Quanto mais tempo se passar, mais o Marco vai armar contra a Anahi.


- Mas não conte tudo, por favor. Conte apenas que descobriu que a Susan tem um caso com o Marco. A Anahi é inteligente e vai fazer suas deduções. Ela não pode saber que estamos investigando e nem que a Susan pode ser cúmplice do Marco em mais crimes do que ela imagina.


Fique tranquila, só direi o necessário.


- Está bem. Me mantenha informada e cuide dela, por favor.


Eu estou cuidando, Maite. Nós estamos!


 


***


 


No primeiro horário daquela manhã de sexta-feira Anahi caminhava a passos firmes em direção à sua sala. Os poucos que se atreviam a cumprimentá-la eram respondidos com um aceno de cabeça. A expressão em seu rosto não estava das melhores.


O barulho do seu salto se aproximando de sua sala fez sua secretária estremecer em sua cadeira. Susan levantou os olhos para a mulher em sua frente e sentiu seu coração palpitar em seu peito. Os óculos escuros em seu rosto denunciavam o seu estado de humor.


- Susan, na minha sala agora. – disse entrando rapidamente pela porta de sua sala.


A mulher respirou fundo e se levantou vagarosamente. Sentia-se como se estivesse se encaminhando para o abate, e o seu carrasco lhe cortaria a cabeça sem piedade.


- Pois não, Srta. Portilla? – ela parou de frente para a loira sentada à sua mesa.


Anahi  a encarou por alguns segundos a fuzilando com os olhos que já não tinham mais os óculos para esconder a sua feição raivosa.


- Sente-se, Susan. – estendeu a mão indicando que a mulher se sentasse na cadeira à frente.


- Obrigada. – disse num fio de voz e se acomodou.


- Susan, você sabe que o cargo que ocupa aqui dentro desta empresa é de extrema responsabilidade e confiança, não sabe? – sua voz saía suave, num tom cortante.


- Sim, eu sei, Srta.


- E sabe também que não misturamos trabalho com a vida pessoal e, portanto, eu não tenho nada a ver com o que você faz fora daqui.


- Sim, Srta. – Susan dizia nervosa e impaciente, já sabendo do que aquela conversa se tratava.


- Mas, uma vez que você mesma mistura a sua vida pessoal com o seu trabalho, e se tratando esse trabalho do andamento da minha empresa, consequentemente eu sou obrigada a intervir.


A mulher nada disse. Manteve os olhos abaixados, temendo encarar sua chefe.


- Susan, obviamente você já deve imaginar o porquê dessa conversa. – pausou respirando fundo antes de continuar – Eu devo dizer que a primeira coisa que eu senti foi decepção. Eu sempre confiei em você, afinal, você trabalha aqui há muitos anos e nunca houve uma queixa sequer ao seu respeito. O meu pai confiava em você, Susan, e me disse antes de partir que eu poderia confiar também. Mas agora eu vejo que ele estava errado ao seu respeito.


Uma lágrima escorreu pelo rosto de Susan que permanecia calada e imóvel, ainda sem encarar Anahi.


- Agora não é hora para chorar. Você fez uma escolha e não acredito que esteja arrependida, ou está?


Depois de alguns segundos a mulher balançou a cabeça negativamente.


- Eu faria tudo de novo se fosse preciso. – disse enfim colocando os olhos em Anahi.


- Imagino que sim. Eu sei bem o quanto uma paixão é capaz de cegar as pessoas. Eu particularmente gostaria de ser imune a esse sentimento, mas aparentemente ninguém é. As pessoas são capazes de cometer loucuras quando estão apaixonadas. Até serem cúmplices de um crime, por exemplo.


Anahi a fitava acusadora, esperando que Susan reagisse.


- Você, além de amante do meu irmão, é cúmplice dele aqui dentro da empresa, Susan? – perguntou direta.


- Eu não compactuo com o Marco nos assuntos dele, se é isso que quer saber. – a encarou séria.


- Nos assuntos dele... – sorriu irônica – Isso seria cômico se não fosse trágico, Susan. Você está me dizendo então que se tornou amante dele apenas por “amor”? – fez aspas com os dedos enquanto a encarava com uma sobrancelha arqueada.


- Sim. – disse enxugando o rosto com uma das mãos.


- Eu poderia dizer que a quadrilha que está roubando a minha empresa está aumentando o número de membros, mas como não tenho provas e não quero sofrer um processo por calúnia e difamação, vou aceitar a sua resposta.


- Pense como quiser, Srta.


- A convivência com o meu irmão está te deixando muito abusada, Susan. Pensa que porque ele também é dono da empresa eu não posso te demitir? Acha mesmo que ele vai te proteger?


- Eu não acho nada, Srta. Faça como achar melhor.


- Está certo. Mesmo que você seja apenas amante dele e não cúmplice, eu não posso permitir que continue trabalhando para mim, Susan. Esse é um cargo de confiança e isso é o que você perdeu totalmente comigo. Eu não confio mais em você e não posso permitir que a amante de uma pessoa como o Marco trabalhe diretamente para mim. Se você se sujeita a ser amante de um homem casado por “amor”, posso entender que se sujeitará a qualquer coisa, inclusive colaborar com os seus atos.


- Eu sei que não estou em posição de protestar pelo que está me dizendo, mas você não sabe de nada, menina. A minha dignidade pode estar manchada, mas o meu caráter continua intacto. Você ainda vai se arrepender por isso.


- Isso foi uma ameaça? – Anahi a fitou incrédula – Eu devo me preocupar com uma possível retaliação da quadrilha? Faça-me o favor, Susan! Você já é uma mulher de meia idade, deveria estar satisfeita por eu apenas demitir você e não jogar tudo isso na cara do Marco e da esposa dele. A sua sorte é que a Rachel também não vale nada, eu até estou achando engraçado tudo isso. – gargalhou sarcástica – Vocês todos não valem nada! Se merecem mesmo.


- Não diga o que não sabe, Anahi!


- Resolveu me enfrentar agora? Ótimo porque essa sua cara de coitada já estava me irritando! Assuma os seus atos como mulher, Susan.


- Estou assumindo! Eu estou aqui diante de você assumindo que eu tenho um caso sim com o seu irmão e você não tem nada a ver com a minha vida. Eu não sou obrigada a ouvir os seus desaforos sempre que você estiver irritada! Garota mimada! Acha que tudo sempre tem que ser do seu jeito, como você quer e quando quer. Você não sabe nada sobre mim e sobre a minha vida, Anahi. Mas eu não a culpo. – sorriu sem humor – No seu lugar qualquer um estaria irritado. Ser passada pra trás pelo próprio irmão deve realmente ser revoltante. Mas você está cega de ódio, Anahi. Não é só a paixão que cega, o ódio também. Você não vai conseguir resolver os seus problemas enquanto deixar a raiva falar mais alto sempre. Raciocine, Anahi. Raciocine! Eu tenho certeza que seria isso que o seu querido pai te diria.


- Cala essa boca! – a loira se levantou furiosa, espalmando as mãos sobre a mesa com força – Lava essa boca antes de falar do meu pai, sua vagabunda!


Susan engoliu seco e respirou fundo para em seguida se levantar também.


- Você vai se arrepender por estar falando comigo desse jeito, Anahi. – disse com o semblante entristecido.


- Quem vai se arrepender é você! Quando eu tiver provas para incriminar todos vocês, esteja certa que seu nome estará incluído na lista dessa quadrilha e você vai pagar caro por apoiar o meu irmão em toda essa sujeira, Susan. Agora pegue suas coisas, vá até o RH assinar a sua demissão e suma daqui!


- Muito bem. – a mulher deu as costas e assim que alcançou a maçaneta foi interrompida por Anahi.


- Ah, e se tiver alguma queixa a fazer para o meu irmão, faça fora daqui! Eu não quero essa quadrilha conspirando contra mim aqui dentro da minha empresa, aí já seria demais, não é?! – sorriu debochada para a mulher que a encarou, assentiu e saiu sem nada dizer.


Anahi se jogou em sua cadeira e soltou um suspiro pesado, ficando por algum tempo ali, pensando no que havia acontecido. Após alguns minutos levou as mãos ao rosto e como num estalo pegou o telefone em sua mesa, discando dois dígitos.


- Anahi falando. – disse assim que foi atendida do outro lado da linha – A Susan já assinou a demissão?


Sim, Srta. Portila. – responderam do setor de RH.


- Ótimo. Eu preciso de uma secretária nova urgentemente. Alguém com experiência, por favor.


Sim, Srta. Vamos providenciar. E quanto à assistente para ocupar o lugar da Srta. Perroni?


Anahi suspirou e parou pensativa por alguns segundos.


- Não será necessário. Eu não quero que ninguém ocupe o lugar da Srta. Perroni no momento.


Perfeitamente.


- Agilize a contratação da nova secretária, eu preciso de alguém no máximo até a semana que vem.


Faremos isso imediatamente, Srta. Mais alguma coisa?


- Avise na recepção que eu vou sair agora e volto após o almoço. Peça para a Lucy receber as minhas ligações e anotar todos os recados.


Sim, senhora.


- Obrigada. – disse por fim terminando a ligação.


 


Anahi vagava pela cidade sem destino certo. Precisava espairecer e dirigir sempre a acalmava. O fim do outono já se aproximava e o inverno começava a dar os seus sinais.


A Loira estacionou o seu carro em uma rua não tão movimentada quanto o centro de New York e observou os grandes letreiros de um estabelecimento pelo qual ela mantinha um carinho especial. Resolveu descer do carro e ir até o local. O vento frio que soprava lá fora foi abafado pelo calor aconchegante assim que ela entrou. O cheiro de café e tortas invadiu suas narinas lhe trazendo uma sensação nostálgica. Um leve sorriso involuntário abrandou sua expressão.


- Bom dia, Srta. – o senhor rechonchudo sorriu assim que a reconheceu – Srta. Anahi Portila, que surpresa ter a senhora por aqui!


- Por favor, senhor Peppe. Não é necessário tanta formalidade. Apenas Anahi, está bem?


- Como preferir. – assentiu com um sorriso – Há quanto tempo não a vejo.


- Pois é, eu confesso que estive evitando vir aqui por algum tempo. Muitas lembranças. – ela o fitou sem jeito.


- Eu entendo.


- Mas eu não quero que isso seja algo que me impeça de vir aqui comer uma de suas maravilhosas tortas e tomar o melhor café de New York.


- Oh, é pra já! Um café expresso e uma torta de amoras, certo?


- Sim, por favor.


- Sai em um minuto.


- Eu vou esperar ali na mesa onde o senhor disse que ele costumava se sentar sempre.


- É claro, o senhor Michael. – sorriu saudoso.


Anahi assentiu e caminhou até a mesa em um canto aconchegante onde se sentou. Distraiu-se observando a movimentação por ali. Pela manhã o fluxo de clientes parecia ser mais intenso, pessoas saindo e entrando a todo o momento para tomar um café da manhã especial.


Em poucos instantes Peppe levou seu pedido com o sorriso e a simpatia de sempre.


- Bom apetite!


- Obrigada. – Anahi retribuiu o sorriso para o senhor que logo saiu para atender as pessoas que chegavam.


A loira se deixou invadir pelo misto de sensações que aquele momento a causava. Memórias não vividas causadas pelas lembranças de seu pai aqueciam seu coração. Sentia-se bem só de saber que o homem mais importante de sua vida vivenciou bons momentos exatamente ali onde ela estava agora.


Saboreava sua torta calmamente. Logo sua mente tratou de lhe lembrar das memórias que ela mesma vivenciou. Um momento vivido ali naquela cafeteria acabou buscando várias outras lembranças as quais ela não queria pensar. Balançou sua cabeça negativamente tentando se livrar daqueles pensamentos e voltou sua atenção para o café em sua frente. Tomou o copo térmico nas mãos e deu um gole fixando seus olhos na entrada da cafeteria. Um gemido escapou de sua boca quando sentiu o líquido quente abrasar sua língua com o susto que tomou. Forçou as vistas como se quisesse ter certeza de que era ela e sentiu seu estômago gelar quando confirmou que sim. Era ela e estava acompanhada.


Anahi observou as duas mulheres se sentarem numa mesa afastada, que lhe dava total visão de tudo o que acontecia. Elas sorriam descontraídas e pareciam até animadas.


 


- É verdade, Mai! – Jessy dizia aos risos – O papai é um eterno romântico e brega. Eu vou ter que ficar de olho nos preparativos para o casamento porque tenho certeza que ele vai querer fazer da festa um evento cheio de cafonices.


- Ah, então ele e a minha mãe são o par perfeito! – Maite disse achando graça também – Eu tenho certeza que ela vai adorar tudo o que o seu pai fizer.


- Eu vou cuidar de tudo pessoalmente para que ela adore mesmo. Vai ficar tudo perfeito!


- Eu fico feliz por você gostar da minha mãe assim, Jessy. – a morena a fitou – Isso deixa ela mais tranquila, sabe? Ver que as famílias estão se dando bem.


- A dona Daisy é adorável, Mai. Eu que fico feliz pelo papai ter encontrado uma mulher como ela. Depois de tanto tempo separado da minha mãe ele merece ser feliz de novo.


- Eu sinto o mesmo em relação ao seu pai. Eu confesso que no início fiquei meio receosa, eu não conhecia ele e tudo foi tão rápido. Mas a família de vocês é muito especial, agora eu estou tranquila em dividir a minha mãe.


- Ah, e você vai dividir sim porque já considero a Daisy como uma segunda mãe!


- Vai com calma que eu ainda sou a primogênita, ok?!


- Não se preocupe que eu não quero tomar o lugar de ninguém. – disse aos risos – Na verdade eu gostaria de assumir um lugarzinho no coração dessa minha nova família, mais especificamente no seu.


Maite sentiu suas bochechas queimarem sob o olhar intenso de Jessy. Sorriu sem jeito e desviou o olhar tentando disfarçar o acanhamento, fixando seus olhos em um ponto específico do local. Seu sorriso sumiu de seu rosto dando lugar a uma feição preocupada. Ela estava ali.


- Me desculpe. – Jessy disse fazendo-a voltar a si – Eu não quis te deixar constrangida. Saiu sem querer.


- Ah... Tudo bem. – Maite disse revezando seu olhar entre a mulher à sua frente e a outra que a observava a poucos metros dali.


- É mais forte do que eu. Você me encanta de um jeito que eu não sei explicar, Mai. Desde que eu te vi nas fotos eu senti algo diferente. Depois que te conheci eu tive a confirmação da mulher encantadora que você é e agora não consigo mais evitar. Quando dou por mim já estou aqui me declarando pra você.


- Jessy, eu...


- Eu sei, eu sei. Você ama outra pessoa, você me disse. – sorriu sem humor.


- É uma situação bem complicada, mas é o que eu sinto e eu não tenho como mudar isso.


- Eu entendo. Mas se você precisar esquecer ou, sei lá... Nada como um novo amor para curar um velho.


- Você não existe! – Maite sorriu sem jeito.


- Isso foi brega, né? Eu sei. Falo do meu pai, mas acho que puxei ele. Eu sou uma eterna romântica brega e louca apaixonada pela mulher que em breve será minha futura irmã. Isso é digno de um romance de Shakespeare. Drama, romance, tragédia...


 


Anahi permanecia ali observando as duas mais à frente, que nesse momento já degustavam seus pedidos. Maite vez ou outra a fitava tentando esboçar um sorriso, mas o olhar nada amistoso da Loira a fazia desistir de tentar qualquer cumprimento.


Após alguns minutos naquela situação a morena se levantou e foi em direção à mesa onde Anahi estava.


- Oi. – sorriu sem graça assim que se aproximou – Como você está?


- Não tão bem quanto você, mas bem. – Anahi a fitou com ironia.


- Aquela é a...


- Não se preocupe. Você não precisa me explicar nada,Maite. – disse se levantando e a encarando nos olhos – Eu já estou de saída.


Anahi passou por ela e saiu caminhando firme e calmamente. Maite continuou imóvel a observando passar pelo caixa e depois sair pela porta da cafeteria sem olhar para trás.


- Nossa! – Jessy disse assim que a morena retornou à mesa – O que foi isso aqui agora?


- Isso o que?


- Toda essa tensão entre você e a sua amiga.


Maite deu de ombros fingindo não entender e nada disse.


- Espera. – ela a encarou – Não me diga que essa é a... Não! Essa é a minha rival?


Maite sorriu com os olhos fixos em seu prato à mesa.


- Caramba! Agora eu entendo... – sorriu desanimada – Depois do que sua mãe disse ontem sobre casamento gay na igreja eu tive esperanças, mas acabei de perdê-las de novo. Eu tenho uma forte concorrente e... droga! Isso vai ser mais difícil do que eu pensei.


- Do que é que você está falando aí? – a morena sorriu a fitando confusa.


- Do seu caso complicado! Essa que saiu daqui agora é a pessoa que tem o seu coração, não é? Eu vou ter que melhorar as minhas técnicas de sedução pra ficar à altura da minha rival.


Maite gargalhou.


- Ai, Jessy, só você pra me fazer rir nesse momento.


- Você está rindo? Isso não é engraçado, Maite. Eu nunca estive em uma disputa por uma mulher antes, isso não é do meu feitio. E quando eu resolvo entrar na briga eu tenho logo de cara uma rival como ela?!


- Isso não é uma disputa, Jessy, e você sabe disso.


- Tudo bem, eu estava só brincando, tentando te animar de novo. Me desculpe. – sorriu sem graça.


- Não, eu é que peço desculpas. Você não tem nada a ver com essa situação e eu estou aqui te chateando com os meus problemas.


- Não se preocupe. Tudo que vem de você é adorável, até o seu mau humor repentino é fofo.


Maite sorriu sem jeito sentindo seu rosto corar novamente.


- E quando fica envergonhada é mais fofa ainda.


- Pare de me cantar, você está me deixando sem graça.


- Eu não posso deixar de fazer isso, é inevitável. É quase impossível não te desejar, Maite.


- Jessy, – a morena fez uma pausa num suspiro – Nós nos conhecemos há menos de uma semana e desde então ficamos bem próximas. Você é uma pessoa incrível, é linda e atraente e confesso que, se eu não estivesse nessa situação no momento, seria interessante tentar algo com você.


- Eu te perturbei a semana inteira mesmo. – sorriu sem jeito – Te visitei em sua casa, descobri onde você trabalha, descobri sobre a sua vida, seus amores...


- Você não me perturbou, eu gosto de você e da sua amizade, mas não mais que isso. Você conquistou o meu carinho durante esses poucos dias e isso foi muito bom, sabe? Eu estou feliz por estarmos criando esses laços, afinal seremos uma só família muito em breve. E o meu sentimento em relação à você é realmente como de uma irmã. Uma irmã que eu nunca tive, entende?


- Eu entendo. – suspirou derrotada – Cheguei em sua vida no momento errado.


- Talvez isso. Ou talvez não, eu não sei. Eu nunca senti por outra pessoa nada parecido com o que eu sinto por ela. Ela despertou algo em mim que eu não conhecia e esse sentimento foi ficando mais forte e mais intenso e tudo o que eu quero hoje é poder viver isso sem me preocupar com nada e nem ninguém.


- Ela foi sua primeira?


- Sim.


- Ta explicado. – ela sorriu irônica – Quando nos descobrimos sempre pensamos que a primeira vai ser o nosso amor eterno.


- Olha, eu não tenho experiência nesse assunto, mas acho que os sentimentos estão acima disso. Ninguém ama a outra pessoa por ela ser negra ou branca, rica ou pobre, homem ou mulher. Simplesmente ama-se. Eu demorei um pouco para entender isso e compreender o que se passava comigo, mas eu finalmente percebi que o que eu sinto é o que importa e eu não preciso me encaixar em nenhum rótulo por ter um gosto diferente ou ser diferente do que uma maioria dita ser o normal. Eu a amo e isso basta para que eu queira viver esse sentimento. Eu não sei se vai ser eterno ou não e sinceramente não me importo com isso. Eu quero viver esse amor enquanto ele durar, dure ele uma vida inteira ou apenas um dia.


- Nossa! Isso foi... Intenso. – a fitou surpresa – E muito bonito também. Mesmo que tenha acabado de partir o meu coração, mas foi bem bonito.


Maite sorriu sem jeito sentindo suas bochechas queimando novamente.


- Só me explica uma coisa. Se esse sentimento é tão forte assim, por que não estão juntas?


- É uma situação complicada, eu não posso explicar. Ela nem sabe que eu a amo. – sorriu sem humor.


- Então por que não diz a ela?


- É tudo o que penso quase que 24 horas do meu dia. Minha vontade é jogar tudo pro alto e correr pra ela e dizer que a amo, mas...


- Mas...?


- Eu não posso ainda.


- Tudo bem, vejo que essa situação complicada é um motivo bem forte para que você não fique com ela nesse momento. Mas se me permite um conselho de futura irmã e amiga, não deixe que nada atrapalhe esse sentimento que você tem por ela. É tão difícil encontrar alguém assim, que desperte esse sentimento tão bonito em nós. Se você encontrou, não deixe se perder. Seja lá o que for que esteja atrapalhando vocês, esqueça tudo e vá atrás dela, diga que a ama e viva sentimento. Por amor vale a pena. – disse por fim soltando uma piscadela para a morena em sua frente.


- Obrigada, Jessy. Eu vou pensar nisso sim.


- E pense logo porque se você demorar demais eu roubo você dela!


- Está bem! – sorriu – Mas agora vamos porque eu ainda preciso ir para o escritório.


- Vamos. Eu te dou uma carona.


 


***


 


- Lucy, algum recado pra mim? – Anahi parou na recepção assim que retornou à empresa.


- Sim, Srta. Alguns recados e ligações. Eu anotei tudo aqui e...


- Certo, me acompanhe, por favor. – A loira a interrompeu.


- Perdão, Srta., mas não posso deixar a recepção sozinha. – a jovem a fitou receosa.


- É verdade. – fez uma pausa por alguns instantes como se pensasse em algo – Arrume suas coisas, limpe o balcão e me espere aqui.


Lucy a encarou surpresa enquanto observava a sua chefe retornar em direção à portaria do prédio. Arrumava suas coisas já sentindo seus olhos marejados.


- Lucy? – uma senhora com uniforme do serviço de limpeza que passava por ali foi até a jovem – O que aconteceu? Por que está arrumando suas coisas? Ela te demitiu?


- Eu não sei. – disse sentindo suas mãos tremerem – Eu não fiz nada, ela só chegou aqui e me perguntou sobre os recados que anotei pra ela e aí ela me mandou acompanhá-la. Daí eu disse que não podia deixar a recepção sozinha e aí ela me mandou arrumar tudo e pegar minhas coisas.


- Eu não acredito que ela te demitiu só porque você não podia ir com ela! Essa mulher está um demônio ultimamente. – a senhora cochichava – De manhã foi a Susan, agora você?! A Susan que trabalhava aqui há tantos anos, desde a época do Seu Michael. Ela deve que ta com o bicho no corpo, só pode!


- Tudo bem, não se preocupe. A empresa é dela, se ela quer me demitir eu não posso fazer nada.


- Ela não pode ficar fazendo isso só porque tem vontade. Ela devia ter mais respeito com os seus funcionários.


- Nós não sabemos o motivo dela ter demitido a Susan, não vamos julgar. – a jovem dizia tentando conter as lágrimas que queriam sair.


- Mas e você? Que motivo ela tem pra te demitir?


- Demitir? – Anahi chegou até a recepção novamente, fazendo com que as duas mulheres arregalassem os olhos e se calassem no mesmo instante.


- Não... Não é nada não, Srta. Estávamos falando da Susan. – Lucy disse com dificuldade.


- Eu não quero saber de fofocas aqui dentro. – a loira repreendeu – Muito menos quero ouvir o nome da Susan ou qualquer coisa sobre esse assunto rodando por aqui.


- Sim, Srta. – as duas responderam em coro.


- Agora, Lucy, me acompanhe, por favor. Você vai ser a minha secretária a partir de hoje.


Lucy a encarou surpresa.


- Sério? – perguntou com um largo sorriso no rosto.


- Eu não estou no meu melhor humor para brincadeiras hoje, Lucy.


- Sim, Srta. – a jovem assentiu se contendo rapidamente.


- Pronto. – um rapaz franzino chegou levemente ofegante até elas – Eu consegui esse paletó, ficou um pouco grande, mas acho que vai servir só por hoje.


- Ótimo, Evan. Pode assumir o posto da Lucy. A partir de hoje você vai trabalhar na recepção. – a loira disse sob os olhares surpresos das mulheres ali presentes.


- Sim, Srta. Eu fico muito agradecido pela confiança, prometo que não vou decepcionar.


- Continue trabalhando com honestidade e dedicação e eu lhe garanto que também não me decepcionarei com você Evan. – o rapaz assentiu orgulhoso – Agora trate de arrumar roupas adequadas para o seu novo cargo. A partir de segunda-feira eu quero você alinhado como um recepcionista de uma grande empresa deve ser.


- Sim, Srta., pode deixar.


- Agora, Lucy, me acompanhe. E vocês voltem ao trabalho!


Anahi disse por fim e caminhou a passos largos pelo saguão até o elevador, sendo acompanhada por sua nova secretária.


 


- Lucy, ligue para o RH e peça para cancelarem a contratação de uma nova secretária e solicite a contratação de um novo porteiro para ficar no lugar do Evan. – Anahi disse assim que chegaram em frente a sua sala.


- Sim, Srta.


- E peça também para prepararem toda a papelada em relação à troca de cargo de você e do Evan. E assim que tudo estiver pronto que eles informem para que vocês dois passem no setor para assinar. Quero tudo resolvido ainda hoje.


- Perfeitamente, Srta.


- Ótimo. Qualquer dúvida, estarei aqui em minha sala. E seja bem vinda! – a loira dizia séria, mas com simpatia.


- Muito obrigada, Srta. Anahi. Eu fico muito feliz pela promoção e espero atendê-la com eficiência.


- Faça seu trabalho bem e tudo ficará bem, Lucy. Apenas não me decepcione. – disse e virou-se para entrar em sua sala – Apenas não me decepcione, porque é só isso que eu tenho tido ultimamente. Decepções. – sussurrou para si mesma a ultima frase, fechando a porta atrás de si.


 


Anahi tentava se concentrar no trabalho naquela tarde, mas seus pensamentos não a deixavam. Todos os acontecimentos daquele dia estavam transtornando a sua mente. Susan, Marco, Maite...


Aqueles três nomes não paravam de martelar em sua cabeça e um em especial a deixava mais que perturbada. Ver Maite  mais cedo com outra mulher a pegou de surpresa. Não era como das outras vezes que ela a viu com o enfermeiro. Dessa vez ela se sentiu duplamente decepcionada pela morena. Estar com outra mulher queria dizer que ela já tinha seguido em frente e a esquecido, tinha jogado tudo o que viveram no lixo como se não tivesse tido a menor importância para ela. E o pior, Maite levou a sua nova companhia para um lugar que significava tanto para Anahi. O lugar onde ela guardava emoções pelo seu pai. Se não fosse por Maite talvez ela jamais tivesse descoberto aquele lugar. Tinha se tornado importante para Anahi por meio dela e ela já estava com outra lá, como se a loira tivesse sido apenas mais alguém sem importância em sua vida.


Estava perdida em seus pensamentos quando foi interrompida pela porta se abrindo sem cerimônia.


- Minha querida irmã. – Marco sorria com o cinismo habitual.


- O que você quer aqui? Já não te ensinei a pedir para ser anunciado ou pelo menos bater antes de entrar?


- Me desculpe, Srta. – Lucy saiu de trás do homem com um olhar preocupado – Ele passou direto, não tive chances de anunciá-lo.


- Tudo bem, Lucy. Vá se acostumando porque meu irmão é assim. A educação que recebeu ele jogou no lixo. Pode ir. – disse sem tirar os olhos do homem.


A jovem assentiu e logo deixou a sala.


- Secretária nova? – perguntou enquanto se sentava na cadeira à frente.


- É, aquela já não me era mais útil. – devolveu o sorriso cínico.


- Por que demitiu a Susan, Anahi?


- Esse é um assunto que não te interessa, Marco.


- Interessa sim! A empresa também é minha. Será que eu tenho que te lembrar disso sempre? Eu tenho direito de saber das mudanças que você faz por aqui.


- Não interessa, Marco. Ela foi demitida porque eu decidi assim. Coloquei a Lucy no seu lugar e o Evan na recepção porque eu sou a Presidente dessa empresa e decidi que é melhor assim.


- Você age de forma leviana. Se esquece que essa empresa tem outros acionistas além de nós dois.


- A mísera porcentagem que pertence aos outros acionistas não lhes dá direito de ter poder sobre a gestão da empresa.


- Mas eu tenho 43% das ações e tenho esse direito! Não se esqueça que você só tem a maior parte porque é a Presidente da empresa. Caso outra pessoa tome o seu lugar na Presidência receberá a porcentagem que lhe é de direito.


- E quem poderia tomar o meu lugar, Marco? – o fitou já com raiva nos olhos – Você? – sorriu debochada – Por favor, eu tenho mais o que fazer.


- Você se acha a melhor só porque o papai te deixou no poder. Eu não sei como isso foi permitido porque você não sabia nada da empresa, nunca se interessou. O velho já estava alucinado por causa da doença, não deveriam ter deixado uma garota mimada como você assumir a empresa. Você que passou a vida curtindo e gastando rios de dinheiro às custas do nosso trabalho. Porque eu sim trabalhei desde a adolescência ao lado do nosso pai, e mesmo assim ele te escolheu. Velho insano.


- Cala a boca, Marco! – Anahi explodiu – Será que hoje todo mundo tirou o dia para desrespeitar a memória do meu pai? Cala essa sua boca imunda! Você não tem o direito de falar assim dele!


- Você o defende só porque ele te deixou na melhor. – Marco sorria com ironia a todo o tempo – Queria ver se fosse o contrário, se ele tivesse me deixado na Presidência e você tivesse ficado à míngua. Será que assim todo esse amor e essa idolatria que você tem por ele permaneceriam?


- Você não tem vergonha na sua cara, Marco! À míngua? Você é dono da empresa, dono da segunda maior parte das ações! Tem uma vida de luxo e sustenta essa pose junto com a sua mulher que faz questão de manter esse padrão. Você tem a coragem de dizer que isso é pouco?


- Não é pouco, não reclamo do que eu ganho aqui. É mais que suficiente!


- É claro que é. – o fitou raivosa lembrando dos desfalques.


- Mas um homem bem sucedido precisa de mais que dinheiro e status. Poder. Poder é importante, irmãzinha. Você não vê como todo mundo aqui treme só de ouvir o seu nome?! A poderosa Anahi Portila, dona e Presidente da Portila’s Corporation. Falam como se você fosse a única dona e como se fosse a única a manter as coisas funcionando por aqui.


- O meu nome não se fez da noite para o dia, Marco. Se eu consegui esse respeito foi porque conquistei. E fiz isso honestamente, sem precisar passar por cima de ninguém para conseguir. E tudo isso em honra ao que meu pai construiu e não por satisfação pessoal.


- Você acha que o Michael era um santo, não é? Acha que ele construiu esse império apenas com o esforço do trabalho dele. Não seja tão iludida, minha irmã. Você já está velha demais para ser tão inocente assim.


- Eu já disse pra calar essa boca! Não fala dele assim, o meu pai não era um mau caráter feito você!


- Pois fique sabendo que o seu pai, o seu paizinho tão amado e honrado fez muitas coisas desonestas para alcançar o sucesso! – Marco disse já não tendo mais controle sobre suas palavras – Em tempos de crise, por exemplo, eu mesmo cuidei de sonegar impostos a mando dele! A mando do homem que você sempre achou um santo. O Michael nunca foi esse modelo de caráter e honestidade que você fantasiou a vida inteira, Anahi!


- Isso é mentira! É mentira! – as lágrimas já escorriam descontroladamente pelo seu rosto.


- É verdade sim, minha irmã! Eu sinto dizer, mas é a mais pura verdade. Aliás, eu não sinto nada!


- Cala essa boca! – Anahi se levantou num rompante e partiu pra cima de Marco que se levantou em defesa – Cala essa boca, maldito!


- Você está perdendo o controle, irmãzinha? – dizia enquanto tentava segurar os braços da loira que o estapeava – A que ponto chegou, Anahi E tudo isso só para defender aquele velho que nem existe mais.


- Não fala assim do meu pai! – ela berrava no rosto do irmão – Você é um bandido, mentiroso! Você tem inveja de mim, sempre teve! Você tem inveja porque o meu pai me colocou na Presidência e não você. Ele fez isso porque sabia que você é um mau caráter!


- Se eu sou um mau caráter é culpa dele! Ele foi o meu exemplo, só estou seguindo os seus passos.


- É mentira! É mentira! – ela se afastou levando as mãos aos cabelos em desespero.


Seu choro sofrido era audível por quase todo o andar do prédio.


- Srta.? – Lucy adentrou a sala assustada – Está tudo bem?


- Está sim, querida. – Marco encarou a jovem – Ela só acabou de ter um choque de realidade. Vá buscar um pouco de água para minha irmã.


- Sim, senhor. – Lucy saiu apressada.


- Eu vou acabar com você, Marco! Eu não vou sossegar um dia sequer da minha vida enquanto eu não te colocar na cadeia!


- Na cadeia? Mas eu não fiz nada, que provas que você tem contra mim? Do que serei acusado? Eu vou ter que pagar pelos crimes que o nosso papai me mandou cometer? Isso não seria justo. – o sarcasmo em sua voz foi cortante.


Num ato de fúria Anahi se aproximou e sem pensar duas vezes levou a mão em punho fechado com toda sua força ao rosto do irmão.


Marco afastou-se com o susto, levando a mão à boca onde o soco tinha acertado. Olhou para Anahi com os olhos arregalados e em seguida para os seus dedos sujos de sangue.


- Isso foi pelo meu pai! – ela disse o encarando com ira no olhar – Nunca mais, nunca mais ouse desrespeitar a memória dele e nem dizer essas coisas sujas ao seu respeito. Você não tem moral pra isso, Marco. Você é um bandido e vai pagar pelos seus crimes, mais cedo ou mais tarde.


- Aqui está a água... – Lucy entrou com uma bandeja com o copo d’água em mãos.


- Eu estou de saída e não volto mais hoje, Lucy. – Anahi a interrompeu – Cuide de tudo por aqui e principalmente para que esse lixo que se diz meu irmão não pise mais na minha sala.


Marco a fitava tenso enquanto a observava sair pela porta como um furacão.


- Isso... – sorriu com ironia e sussurrou a si mesmo – Perca o controle, irmãzinha. Enquanto você perde o controle eu assumo o poder.


 


***


 


- Barbara, ligue para o senhor Andrew Fields e veja se consegue marcar uma reunião com ele na segunda-feira. – Maite dizia para sua secretária – Diga que é para acertar os detalhes do caso dele antes da audiência. Quanto mais breve acertarmos tudo, melhor.


- Está bem. – a moça respondeu anotando em sua agenda.


Nesse instante o zumbido abafado do celular de Maite foi ouvido. Ela o procurou em cima da mesa, em seguida, se lembrando de que o aparelho estava em sua bolsa, a vasculhou a procura do objeto que vibrava sem parar. Assim que o achou e viu o nome do contato atendeu às pressas.


- William, como vai? Alguma novidade? – ela disse com certa animação.


Maite, tenho sim algumas novidades, mas eu liguei por outro motivo.


- Sim?


A Anahi... Ela... – ele suspirou na linha deixando Maite aflita – A Anahi sofreu um acidente de carro. Ela está no hospital.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 



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Autor(a): naiara_

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

 era como se eu estivesse sonhando. Eu me sentia leve. Meu corpo estava leve, minha mente também. Minha visão embaçada foi se abrindo e pude identificar um lugar conhecido. Me enchi de paz ao me dar conta de que eu estava no lago de minha propriedade em Hamptons, na casa de verão onde minha família costumava ir nos tempos em que tudo e ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 147



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  • maite_portilla Postado em 07/07/2017 - 20:37:12

    Cade?? Continua por favor, eu amo essa historia <3

  • ccamposm Postado em 09/02/2017 - 13:39:20

    Cadeeeee

  • Furacao Maite Postado em 01/02/2017 - 23:12:37

    nossaaaaaaaaaaolha quem voltoooou

  • ccamposm Postado em 09/01/2017 - 21:32:17

    Terminar? :(

  • ccamposm Postado em 09/01/2017 - 21:31:56

    MEU DEUS ALELUIA

  • Kah Postado em 06/01/2017 - 22:20:42

    Mulher, já estava chorosa por ter um historia tão linda sem final haha

  • Valéria_Traumadinha Postado em 06/01/2017 - 20:06:39

    Terminar? Que papo é esse???

  • Postado em 05/01/2017 - 20:57:56

    Voltoooou! Que bom posta muito rsrs

  • ccamposm Postado em 01/01/2017 - 01:27:11

    saudades de ler as páginas de uma das melhores fanfics do meu otp que eu já li na vida.. voltaaaaaaa

  • ccamposm Postado em 01/01/2017 - 01:26:16

    feliz 2017!!


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