Fanfic: amor repentino | Tema: portirroni
-Bom dia!
Maite disse abrindo as cortinas da janela de seu quarto.Cris estava largado em sua cama, num sono profundo quando foi surpreendido pela amiga que puxou a coberta sobre ele.
- Vamos, meu bem. Veja o maravilhoso café da manhã que preparei pra você. – ela disse animada colocando a bandeja sobre a cama.
O moreno apenas virou-se de bruços, colocando o travesseiro sobre a cabeça e resmungando coisas incompreensíveis.
- Cris... – a morena se posicionou em cima dele, retirando o travesseiro e enchendo sua bochecha de beijos carinhosos – Vamos, querido... Levante! Nós tivemos uma noite maravilhosa, tão romântica. Eu não sabia que você era bom de cama desse jeito, nossa!
- O que? – o homem saltou na cama e sentou-se com os olhos arregalados, fazendo Maite cair para o lado.
- Ah, Baby C... Sua performance sexual é incrível! –Maite continuou – Se eu soubesse antes já teria tentado te converter a mais tempo. – disse com um sorrisinho nos lábios, piscando repetidas vezes para o amigo.
- Você nem brinca com isso, hein! Ta louca? Vai dar uma de Anahi Portila agora que se aproveita de pessoas bêbadas?
Maite gargalhou ao seu lado.
- Você tinha que ver a sua cara agora, Cris! – disse se jogando na cama rindo sem parar.
- Maite, isso não tem graça! Eu quase morri do coração agora. Isso é jeito de acordar um amigo com ressaca? – disse massageando suas têmporas.
- Me desculpe, eu não resisti. – disse tomando fôlego, tentando controlar o riso.
- Ridícula!
- Seria tão ruim assim transar comigo?
- Meu bem, seria ruim transar com uma mulher. Qualquer mulher. Mas com você seria mil vezes pior. Você é como uma irmã pra mim. Que nojo! Não quero nem pensar nessa possibilidade! – disse se levantando em direção ao banheiro do quarto.
A morena sorriu balançando a cabeça em negação.
- Realmente, – disse tomando um gole de suco – seria muito estranho.
- Muito estranho! – o moreno disse aparecendo na porta vestindo apenas uma cueca.
- Se bem que você fica muito sexy com essa cueca boxer branca... – a morena disse fingindo um olhar malicioso sobre o amigo.
- Ih... Eu hein. Acordou no cio hoje? – Cristian se encaminhou até a cama, sentando-se ao lado de Maite – Você também fica muito sexy com essa camisola de seda, nem por isso eu fico te tarando, minha querida.
A morena gargalhou enquanto mastigava a torrada em sua boca, fazendo-a engasgar.
- Vai me matar de rir! – disse entre tossidas.
- Eu tenho cara de palhaça? Você que ta toda animadinha hoje... – disse fitando a mulher enquanto bebericava seu café – Isso tudo só porque viu a Anahi ontem? Gente, essa mulher é uma coisa mesmo, hein. Ela te pegou de jeito na festa, foi?
Maite o encarou séria, perdendo o humor assim que Cristian tocou no nome de sua chefe.
- Ninguém me pegou coisa nenhuma. Você bebeu demais ontem, não viu nada.
- Sei... – disse encarando a amiga, desconfiado.
- Falando nisso, onde você esteve durante toda a festa? Você saiu atrás do seu bofe e sumiu. Logo depois eu vi ele com a Anahi, estavam dançando, animadíssimos por sinal. E você só me aparece no fim da festa, trocando as pernas de tão bêbado.
- Eu fui atrás daquele safado. – o moreno ficou sério de repente.
- E aí? – Maite questionou.
- E aí que o cara de pau me pediu pra manter distância. Pra fingirmos que somos meros conhecidos. Ele não quer ser visto comigo aqui na cidade dele. Aquela bicha dos infernos! – praguejou.
Maite arqueou uma sobrancelha, assustada.
- Ok, agora você vai me contar essa história direitinho. Eu não to entendendo mais nada...
- Eu não quero falar sobre isso agora, Baby M. – disse enfiando um pãozinho de mel na boca.
- Não tem que querer, vai falar sim. Você estava num estado deplorável ontem, Cris. E pelo que vejo foi por causa desse Jean Pierre aí. Vai me contar tudinho, desde o começo!
- Ta bom, ta bom! – disse suspirando enquanto se ajeitava na cama – Eu conheci o Jean Pierre em Milão no ano passado. Lembra que fui em uma conferência na Itália, por conta do hospital?
- Sim...
- Pois é. Em uma das maravilhosas noites italianas, estávamos em um restaurante. Eu e outros médicos que foram comigo. Jean estava lá, numa mesa próxima com alguns amigos. Ele ficou me olhando o tempo todo, cheio de sorrisos, jogando charme pra mim. Safado!
Maite sorriu leve.
- Bom, depois dali eu e mais dois amigos médicos fomos pra uma boate animadíssima! E lá estava ele de novo. Os dois que estavam comigo foram dançar com algumas moças e eu fiquei no bar. Daí ele chegou em mim. Pagou uma bebida, começamos a conversar e naquela mesma noite eu fui parar na cama dele, num hotel luxuosíssimo da cidade.
- Ok, poupe-me dos detalhes. Pode pular essa parte. – a morena disse com ironia.
- Mas você quer que eu pule a melhor parte? Que eu ia contar da sua virilidade na cama e...
- Não precisa. Não precisa! Eu imagino... Aliás, não quero nem imaginar!
O moreno gargalhou.
- Mas é claro que eu não ia te contar. Não sou de ficar falando de minhas intimidades, nem pra você que é minha melhor amiga.
- Nossa, que bom! Fico realmente muito feliz por isso. – disse fingindo estar aliviada.
- Ha-ha-ha... Agora cala a boca e me deixa terminar. Bom, depois disso nós passamos a nos encontrar todos os dias. Foram momentos muito bons. Lá ele parecia outra pessoa. Super à vontade e seguro de si. Nós saíamos sempre, ele me levava em vários lugares bacanas. Me pareceu ser muito rico. – Maite fingiu uma expressão de espanto – Fomos passear no iate dele uma vez. – Cris soltou um suspiro – Foi bem romântico...
Maite prendeu o riso, tentando não deixar o amigo desconfortável.
- Mas e depois, o que aconteceu?
- Eu fiquei lá por três semanas, o tempo que durou a conferência e os cursos. E durante esse tempo foi tudo maravilhoso. Depois que voltei pra cá nós continuamos nos falando sempre. Ele me ligava, trocávamos mensagens. Logo depois ele foi para Paris. Ele vive viajando, não fica muito tempo em um lugar só.
- Nossa, muito rico mesmo! Ele trabalha com o que? Com viagens? – Maite debochou.
- Ele não trabalha. A família dele é rica. Bom, parece que o pai dele é muito rico. Dono de muitas empresas do ramo imobiliário em várias partes do mundo. A mãe dele é falecida. Ela era de uma família inglesa tradicional e muito rica. Faleceu quando ele tinha 20 anos. Ela deixou todos os seus bens pra ele. Uma fortuna em bens e dinheiro. Na época em que ela faleceu, ele cursava Direito porque o pai o obrigava, mas ele nunca gostou. Depois da morte dela ele abandonou tudo e sumiu no mundo. E desde então vive viajando.
- Nossa! Que história...
- Pois é.
- E ele contou isso tudo pra você? Se abriu assim?
- Sim. Nós ficamos muito próximos. Mantivemos uma relação muito boa, não só na cama. – disse com um sorriso malicioso.
- Ta, mas o que deu errado então? Você me disse que ele é bissexual. Ele tava cheio de amores pra cima da Anahi ontem.
- Ta com ciúmes?
- Não! Só quero entender isso tudo. Você acaba de me dizer que teve um romance com ele. A Anahi me disse que eles são amigos de longa data, que não tinha nada com ele, mas ficaram o tempo todo juntos. Depois você me aparece podre de bêbado, aparentemente por causa dele... Ele te falou alguma coisa? Sobre ele e a Anahi?
Cris gargalhou.
- Você está morta de ciúmes, Maite! Admita!
- Cris, quer parar?! Eu só quero saber que história é essa. Ta tudo muito confuso.
- E para você quando não está confuso? – disse debochado.
A morena revirou os olhos.
- Ontem eu fui atrás dele pra tirar essa história a limpo. – o moreno continuou – Nós mantivemos um relacionamento à distância, pelo menos eu acreditava que tínhamos um relacionamento. Ele me disse que logo viria para New York, já tinha me prometido algumas vezes antes, mas sempre inventava algo, dizia que não deu. Até naquela festa, que ele me mandou os convites dizendo que iria estar lá. Que eu devia ir pra gente se encontrar, mas ele não foi mais uma vez. Liguei pra ele depois, ele disse que não deu pra sair de Londres, me enrolou e mais uma vez eu acreditei. Ele falou que assim que viesse me ligaria pra nos vermos. Eu sabia que o aniversário dele tava chegando. Liguei perguntando se ele não viria, eu queria dar o presente pessoalmente. Ele ficou de me confirmar e não o fez. Ontem mandei várias mensagens, tentei ligar, mas ele não me atendeu. E aí resolvi sair com você pra me distrair e eis que aconteceu tudo aquilo.
- Tudo aquilo o que? Você me contou toda a parte bonita do romance. Quero saber onde tudo deu errado.
- Quando fui conversar com ele, perguntar o porquê dele não ter me dito que viria e nem me respondido durante o dia todo, ele foi super grosseiro. Disse que aqui não poderíamos manter intimidade em público, que não poderiam saber nem que tínhamos uma amizade, muito menos um relacionamento. Eu o questionei, o pressionei, mas ele disse que depois me ligaria para conversarmos. Que o pai dele era um homem importante na cidade e que se soubessem de nós e a história chegasse até ele seria um problema. Ele foi grosseiro e indiferente.
- Que imbecil! Eu sabia que esse cara era um idiota, eu senti assim que o vi! – Maite soltou indignada.
- Ah, Baby M, por favor! Você está assim porque está morrendo de ciúmes dele com a Anahi!
- Eu já disse que não estou! Que saco, Cris! – a morena disse se levantando exasperada – Quem deveria estar é você, que teve um romance com ele. Eu não tenho nada com a Anahi, não tenho motivos pra ter ciúmes!
- Uh... Nervosinha. Se diz que não está, tudo bem. Melhor pra você, não é? – disse sarcástico – Mas eu não teria ciúmes de uma mulher que está louca pela minha melhor amiga!
Maite bufou com raiva, saindo do quarto.
Cristian pegou a bandeja em cima da cama e foi até a cozinha, onde Maite estava.
- Mas me diz, quem é aquele cara que estava com você ontem? Não fui com a cara dele... – o moreno disse com uma expressão de desgosto, depositando a bandeja sobre a mesa.
- Ele é o enfermeiro que cuidou da minha mão quando eu fui mordida pelo gatinho.
- Humm...
- “Humm” o que, Cris? – disse enquanto lavava algumas louças na pia da cozinha – Você mal se agüentava nas pernas ontem. Não estava em condições de avaliar alguém naquele estado. E você deveria ficar agradecido, pois ele quem me ajudou a trazer você até aqui. Te carregou todo cheio de vômito até aqui dentro de casa.
- Que? Vômito?
- Sim. Tive que te empurrar debaixo do chuveiro frio ontem à noite e ele me ajudou.
- Você deixou aquele... aquela coisinha me ver pelado?
- Ele não te viu pelado. Só tirei a sua roupa depois que ele foi embora. Sorte a sua que sempre tem roupas suas aqui. As suas roupas de ontem estavam um lamento.
- Eca! Que bom que você me ama e cuidou de mim. – o moreno se aproximou, abraçando Camila por trás e beijando seu rosto.
- É, mas se eu fosse você ficaria mais preocupado com o seu carro.
- O que tem meu carro? – disse se afastando com os olhos arregalados –Maite, você não fez nenhuma barbeiragem não, né? Bateu em alguém? Meu carro! Meu carrinho lindo! O que você fez com ele?
- Eu sei dirigir e muito bem, ok?! O problema não é fora, é dentro.
- Como assim?
- Você vomitou no seu carro todo, Baby C! Uma nojeira... – disse aos risos.
- Ah, não! – o moreno colocou as mãos sobre o rosto, suspirando triste.
***
- Boa tarde, senhorita Anahi. – Ivone cumprimentou com um leve sorriso.
- Boa tarde.
Anahi disse seca ao descer até a cozinha de sua casa pela primeira vez naquele domingo.
- Deseja algo para comer. Posso pedir pra Berenice preparar um café caprichado.
- Não precisa, obrigada, Ivone. – disse abrindo a geladeira e pegando um potinho de iogurte.
- A senhora deseja algo para o almoço, dona Anahi? – a cozinheira perguntou.
- Não, Nice. – pegou uma colher na gaveta do enorme armário da cozinha – Estou sem fome, obrigada. Ivone, leve um remédio para dor de cabeça até meu quarto, por favor.
- Pois não, senhorita.
Anahi saiu, desanimada como entrou, e subiu para o seu quarto novamente.
- Poxa, logo hoje que eu ia fazer uma moqueca de peixe à brasileira daquelas... – Nice disse cabisbaixa.
- Ela não me parece muito bem. – Ivone disse enquanto enchia uma jarra com água para levar até Anahi.
- Ultimamente ela tem voltado das festas assim, né. Toda cabisbaixa... – disse apoiando os cotovelos no balcão central da cozinha – Não está que nem antes, que era só animação, saía pras festas e sempre tinha uma companhia pra trazer pra casa...
- Berenice! – Ivone disse em tom de repreensão.
- O que? Só estou falando a verdade. Ela era mais alegre. De uns tempos pra cá, tem dias que ta numa alegria só, outros dias está toda tristinha.
- Verdade. – Ivone suspirou.
- Isso só pode ser uma coisa. – Nice sorriu.
- O que?
- Ta apaixonada!
- Será? – Ivone questionou.
- Só pode ser. Nem quando a Dulce veio aqui dessa última vez ela ficou muito animada. Deve ter outra nessa história. E essa fisgou o coração dela de jeito.
- Eu não sei, mas se for isso ela deve estar gostando mesmo. Nunca vi ela assim por ninguém.
- Ai, tomara que seja uma boa moça. Ela é tão sozinha. Precisa arranjar uma namorada logo, pra fazer companhia.
- Ela não é sozinha. Ela tem muitos amigos, vive saindo, indo a festas. Sempre trazia alguém pra casa. De uns tempos pra cá que ela não tem trazido ninguém, a não ser a Dulce dessa última vez.
- Mas eu não estou falando desse tipo de companhia. To falando de alguém pra ficar junto, pra dividir os problemas e as alegrias. Alguém que seja companheira. Estou falando de alguém para amar, Ivone.
A governanta a fitou pensativa e logo saiu em direção ao quarto da patroa.
“Eu sou muito idiota! Meu Deus como fui burra! Sempre soube que esse negócio de se apaixonar não dá certo, a essa altura do campeonato me deixei levar assim?!”
Anahi estava sentada em sua cama, recostada na cabeceira. As cortinas estavam fechadas, deixando o quarto escuro. A TV na parede em frente sua cama estava ligada em um programa qualquer, o qual ela não prestava atenção.
“Mas é claro que isso não daria certo. Obviamente ela só estava curiosa. Talvez não tenha gostado da experiência. Mas não foi o que pareceu quando estava entregue a mim. Ela correspondeu a cada toque meu, cada beijo. Não é possível que não tenha gostado! Droga! Agora estou eu aqui, parecendo uma adolescente que acabou de perder a virgindade. Como eu odeio sentir isso! Provavelmente ela passou a noite nos braços daquele enfermeirozinho ridículo e eu aqui, morrendo de ressaca e pensando nela. Trouxa! Isso que você é Anahi Uma trouxa!”
Ouviu-se três batidas na porta e logo Ivone apareceu com uma bandeja em mãos.
- Com licença. – disse indo até a mesinha de cabeceira, deixando a bandeja com a jarra de água e o remédio.
- Obrigada, Ivone. – a loira disse enchendo o copo com a água e tomando a cápsula amarela goela abaixo.
- Precisa de mais alguma coisa, senhorita?
- Não, Ivone. Pode ir. Aliás, eu não estou para ninguém. Não vou atender nenhuma ligação e muito menos visitas. Ok?
- Sim, senhorita. Vou avisar ao porteiro Ramirez e aos outros funcionários.
- Obrigada.
O sol estava se pondo e Anahi não havia saído da cama. Estava dormindo, jogada na cama com seu pijama branco de bolinhas pretas que mal lhe cobria a bunda. Assustou-se com a vibração de seu celular sobre a mesinha ao lado.
- Mas que inferno! Por que eu não coloquei essa porra no silencioso?! – esbravejou ao pegar o celular e desligar a chamada sem ao menos ver quem era.
Logo começou a vibrar novamente e ela pôde ver a foto de Jean Pierre na tela. Pensou em não atender, mas sabia que seria pior se não atendesse. Ele poderia ir até sua casa. A idéia a fez atender no mesmo instante.
- Você não cansa de me encher o saco não? – disse seca ao atender.
- Mas vejo que está com um belo humor hoje!
- Jean, eu realmente não estou com paciência. Dá pra falar o que você quer de uma vez?
- Só queria saber como está. Grossa! Ontem deixei você aí num estado lastimável. Não liguei mais cedo já imaginando que estaria numa ressaca horrorosa. Mas já são quase 6 da tarde. Ainda não curou a dor de cotovelo não?
- Vai tomar no seu cu, Jean Pierre! Eu estou ótima, não percebeu? Vai encher o saco de outro. – disse finalizando a ligação – Só o que me faltava! Gente dando conta da minha vida amorosa agora. Pro inferno todo mundo! – sussurrou enquanto se ajeitava na cama novamente – Jean Pierre, o enfermeirozinho e Maite também! Todo mundo pro inferno!
A loira rolou algumas vezes na cama tentando retornar ao sono, mas não conseguiu. Bufou raivosa e acabou se levantando. Desceu até a grande sala de estar ainda de pijamas, com pantufas de coelhinhos nos pés. Sentiu seu estômago roncar e foi até a cozinha, encontrando lá Berenice que preparava o jantar.
- Boa noite, dona Evellyn. Deseja alguma coisa?
- Eu to com fome, mas não quero nada muito pesado, Nice. – disse abrindo a geladeira para pegar água.
- Estou preparando o jantar. Peixe e salada.
- Humm... Não! – fez uma cara enjoada – Meu estômago não está muito bom para peixe hoje. Podem jantar só você e a Ivone. Depois me prepare um sanduíche leve, por favor.
- Sim, senhora.
- Onde está, Ivone?
- Ela foi ali em casa tomar banho, mas já está voltando.
- Tudo bem. Quando ela voltar, peça para ela levar o sanduíche até meu escritório, por favor.
- Sim, senhora. Mais alguma coisa?
- Não, Nice. Obrigada.
A loira estava sentada em sua poltrona em seu escritório, analisando alguns relatórios quando seu celular começou a vibrar novamente.
- Se for o Jean Pierre de novo vou mandar ele... – se interrompeu ao olhar para a tela – William! Boa noite. Aconteceu alguma coisa?
- Boa noite, senhora. Infelizmente sim. Creio que não poderei atendê-la amanhã, minha filha passou mal hoje o dia todo. Irei acompanhá-la ao hospital com a minha esposa.
- Oh, céus! – Anahi entristeceu sua feição – Mas como ela está? O que ela sentiu?
- Aquelas crises de sempre, senhora. Vamos levá-la para a internação novamente. Para tomar a medicação até que melhore.
- Oh, sim. Tudo bem, William. Não se preocupe. Vá tranqüilo e qualquer coisa me ligue, pode me ligar a qualquer hora. Caso o hospital não libere a internação me avise que eu irei até lá para liberar.
- Sim, senhora. Muito obrigado! Boa noite.
- Boa noite, William. Mande um beijo meu para a pequena Abby e para o Júnior também. E um abraço na senhora Robinson. Boa noite.
Anahi terminou a ligação preocupada. Estava pensativa ainda com o celular na mão, quando ouviu três batidas na porta.
- Com licença, senhorita.
Ivone entrou com uma bandeja novamente, com o sanduíche e um copo de suco, depositando-a sobre a grande mesa de madeira em frente à Anahi.
- O William me ligou. A Abby teve outra crise por isso ele não virá amanhã.
Ivone entristeceu-se rapidamente ao ouvir a notícia.
- Oh, Deus! A pequena Abby... – disse pondo as mãos sobre o peito.
- Tão nova e já com tantos problemas de saúde. Isso é tão triste. – a loira suspirou.
- Uma criança com 7 anos não merecia passar por isso.
- Ninguém merece, Ivone. Mas é a vida. Às vezes ela não é muito justa.
***
- Droga! To atrasada.
Maite corria pela casa de um lado para o outro, tentando se arrumar para ir ao trabalho naquela manhã de segunda-feira. Correu até seu quarto onde pegou sua bolsa e sua pasta.
- William já deve estar me esperando. Eu demoro e ele nem reclama, tadinho.
A morena saiu apressada. Trancou a porta e correu até a frente de sua casa. Antes de chegar ao pequeno portão branco de madeira ela desacelerou. Seu coração palpitou em descompasso ao ver o Porsche na cor marrom parado ali em frente. Andou devagar tentando imaginar o porquê. Caminhou a passos lentos, parando em frente à porta do carro. Esperou alguns segundos até que o vidro escuro começou a baixar.
- Eu não tenho o dia todo, Maite! – a voz áspera de Anahi soou lá de dentro.
A morena logo abriu a porta e se acomodou, muito desconfortavelmente.
- Onde está o William?
- Bom dia pra você também, senhorita Perroni. Eu vou muito bem, obrigada. Fico feliz que esteja bem também. – a loira disse séria com ironia.
- Me desculpe. Bom dia. Isso é tão... incomum que fiquei surpresa. – disse sem jeito.
- Realmente muitas coisas que vêm acontecendo ultimamente estão fora do comum.
Maite a fitou sem ousar questionar do que ela falava.
- O William teve um problema familiar. Não irá trabalhar hoje. – disse ainda sem olhar para a morena.
- Algo grave?
- Nada que ele não possa cuidar.
O caminho até a empresa foi silencioso. Anahi não olhou para Maite uma vez sequer. E não tirou os óculos escuros até chegar em sua sala. Maite, que a seguia logo atrás, olhou para Susan assim que chegaram ao hall da secretária, que a encarou com aquela expressão como se dissesse “hoje é dia...”.
- Maite, atualize minha agenda para essa semana. – Anahi disse assim que adentraram sua sala – Depois eu preciso que veja com o setor jurídico como anda o caso daquele ex-funcionário que está nos processando. Verifique se ele realmente tem suporte legal para entrar com essa ação. O setor jurídico dessa empresa às vezes é irritantemente lento.
- Sim, senhorita. – Maite disse ajeitando-se em sua mesa – Mais alguma coisa?
- Sim. Você tem até o fim dessa semana para me entregar a análise dos relatórios financeiros. Não posso perder mais tempo com isso.
- Tudo bem.
- Susan, – a loira chamou sua secretária ao telefone – me traga um café, por favor.
Todos os sinais de que ela não estava em um bom dia estavam ali, mas ela não havia falado nada, não havia tocado no assunto da festa. Era como se nada tivesse acontecido. Maite a observava de canto de olho, apreensiva.
“Ela deve estar esperando a primeira oportunidade pra jogar tudo na minha cara. Pra me atacar verbalmente sem que eu tenha chances de me defender. Ela com certeza não está num bom dia, bom humor então, nem se fala. Mas age normalmente, como se o problema não fosse comigo. Talvez não seja. Talvez ela seja extremamente ética a ponto de não misturar os assuntos pessoais com o trabalho. Ou talvez ela realmente não esteja dando a mínima. Simplesmente aceitou o fato de que eu a disse que não sou gay e desistiu. Será? – suspirou – Que seja. Melhor assim.”
Susan adentrou a sala com a bandeja em mãos. Deixou o café na mesa de Anahi que nada disse. Continuou seriamente concentrada na tela de seu computador.
- Anahi... – Maite chamou e não obteve sinal de resposta – Eu recebi um e-mail do Conselho de Publicidade pedindo confirmação da empresa no evento anual de corporações publicitárias do país. Acontecerá no mês que vem, em Miami.
Anahi a encarou por alguns segundos.
- Droga! Tinha me esquecido completamente desse evento. – disse passando as mãos pelo cabelo – Confirme. Não tenho alternativas. Se não formos perderemos pontos com o Conselho e a visibilidade de sermos uma das maiores empresas publicitárias do país. Ser referência às vezes tem suas desvantagens.
- Devo confirmar a sua presença ou enviará um representante?
- Esse é um dos compromissos desgastantes e enfadonhos o qual infelizmente eu não posso mandar ninguém no meu lugar. Confirme reserva para duas pessoas. Depois avise ao Frank, do Marketing, as datas e toda a programação. Ele sempre adora ir a esses eventos.
Maite assentiu e passou o dia mergulhada em seu trabalho. Tudo parecia normal. As poucas palavras que Anahi trocou com ela foram estritamente profissionais.
- Bom, acho que por hoje é só. – Maite disse levantando-se para ajeitar suas coisas – Precisa de mais alguma coisa?
- Não. Pode ir. – Anahi disse concentrada na papelada em cima de sua mesa.
Maite pegou suas coisas e foi em direção à porta.
- Boa noite. – disse antes de sair.
- Boa noite. – Anahi respondeu ainda sem olhar para ela.
“Droga! – a loira pensou – Esqueci que o William não veio hoje. Eu poderia levá-la em casa, mas tenho muito trabalho aqui ainda. E se ela quiser que chame um táxi, ou melhor, chame o enfermeirozinho para lhe buscar. É... com certeza ela fará isso...”
Maite saiu a passos lentos, pensativa.
“Ela não está dando a mínima. Realmente eu fiz a coisa certa em acabar com isso antes que começasse. Há dois dias atrás ela praticamente se declarou pra mim. Hoje finge que mal me conhece. Se bem que ela foi me buscar em casa. Poderia ter me deixado vir de táxi, mas foi pessoalmente me buscar em seu carro. Será que ela está só me ignorando? Ela mal olhou pra mim hoje. Arrogante! Como eu poderia gostar de uma mulher assim? Simplesmente age como quer e depois finge que nada aconteceu. Talvez ela realmente seja o que todo mundo aqui diz. Coração de gelo. Anahi coração de gelo Portila. Essa mulher não tem sentimentos, vive por seus próprios caprichos. Nada mais.”
Assim que chegou em frente o elevador, enquanto aguardava na porta houve uma queda de energia. As luzes se apagaram, deixando o andar e todo o prédio completamente às escuras.
- Eu não acredito! – Anahi esbravejou batendo as mãos na mesa.
Levantou-se e olhou pela enorme janela de vidro às suas costas, observando que tudo ao redor continuava claro. Pegou o telefone em sua mesa e tentou ligar para a portaria, mas estava mudo.
- Mas que inferno que nada dá certo hoje! Só aqui que essa merda de energia caiu!
Arrumou suas coisas e saiu pisando alto, se valendo da luz que vinha dos prédios vizinhos para enxergar. Chegou à porta do elevador se deparando com Maite encostada na parede de braços cruzados.
- Não me diga que está fazendo um mantra para a energia voltar? – disse com sarcasmo.
Maite a fitou sem humor.
- Eu não sei você, mas eu não estou afim de descer 25 andares pelas escadas escuras da saída de emergência. To esperando um pouco pra ver se a energia volta. – disse suspirando.
- Nas escadas têm as luzes de emergência. Não seja preguiçosa.
Anahi disse, logo saindo em direção à porta da escadaria de emergência.
Maite bufou olhando em seu relógio. Já passava das oito da noite.
- Não posso esperar aqui a vida toda. – correu os olhos pelo andar do prédio completamente vazio – Acho melhor ir pelas escadas.
Saiu apressada e logo encontrou Anahi alguns degraus abaixo.
- Vejo que cansou de esperar. Seu mantra não deu certo?
- Pois é, nada tem dado muito certo na minha vida ultimamente.
- Posso imaginar.
Após dez minutos estavam paradas na base de uma das curvas da escada, se apoiando nas paredes. Transpiravam e arfavam de cansaço.
- Céus! O fim dessa escada não chega nunca? – Anahi suspirou passando a mão pela nuca suada.
- Não seja preguiçosa, Anahi. São apenas 25 andares! –Maite arfou.
A morena colocou suas coisas no chão e tirou o blazer que já a sufocava. Aquele gesto fez com que seu perfume exalasse indo de encontro à Anahi, que aspirou extasiada. Maite abaixou-se de costas para a loira, lhe dando uma visão privilegiada de seus atributos apertados na saia preta que ela usava.
“Esse cheiro... Esse corpo... Que inferno de mulher é essa, meu Deus! Eu poderia beijar ela toda agora. Arrancar essas roupas e fazer ela gozar aqui mesmo. Mostrar pra ela que mulher nenhuma é hétero quando se trata de Anahi Portila! – disse analisando a morena sem o menor pudor – Mas o que é que eu estou pensando? Pare com isso, controle-se! Essa mulher me tira do sério.”
- O que foi? – Maite voltou a fitar a loira depois que ajeitou suas coisas nas mãos.
- Nada. Vamos logo antes que... você me deixe louca. – sussurrou a última frase a si mesma e voltou a descer apressadamente.
- Antes que o que? – Maite a seguiu.
- Nada, Maite! Nada.
Após mais dez minutos chegaram ao saguão vazio e pouco iluminado.
- Vamos, eu te dou uma carona. – Anahi disse se encaminhando até a portaria.
- Não precisa, eu pego um táxi.
A loira a olhou por uns instantes com a sobrancelha arqueada, mas não protestou.
- Ok. – disse e foi até o porteiro – Evan, pegue o meu carro no estacionamento, por favor. – disse estendendo a mão com as chaves para o rapaz.
O jovem a olhou incrédulo e com um largo sorriso no rosto.
- Acredito que tenha uma lanterna que o ajude a chegar até lá nessa escuridão.
- Sim, senhora. – pegou uma lanterna na gaveta de sua guarita e saiu apressado – Caralho! – sussurrou enquanto caminhava a passos largos – Acho que essa vai ser minha única chance na vida de dirigir um Porsche!
Maite estava mais a frente com o celular na orelha tentando ligar para algum taxista, mas sem sucesso.
- Droga! – suspirou.
- O que foi? – Anahi disse se aproximando – Não conseguiu nenhum táxi?
- Não me atendem nesse número da companhia de táxis.
- Por que não liga para o seu amigo enfermeiro? Acho que ele ficaria feliz em te levar para casa.
A morena a encarou raivosa, mas nada disse, voltando a discar para o mesmo número.
- Que saco! – esbravejou novamente ao não ser atendida.
- Acho que não irão te atender. Deveria ligar para o enfermeiro. – Anahi provocou mais uma vez.
- É eu acho que vou ligar mesmo, Anahi! – a morena já tinha perdido a paciência.
- Isso mesmo, ligue. Nada como um homem para suprir suas necessidades. – disse sem tirar o sorriso sarcástico do rosto.
- O que quer dizer com isso?
- Exatamente isso. Se uma mulher não pode te dar o que você quer, que seja um homem.
- Você é tão... – disse raivosa.
- Tão...? Tão o que? Diga, pode dizer, Maite. Já não estamos mais no expediente de trabalho.
- Você é ridícula, Anahi! Não sabe de nada.
- O que eu sei é que você me diz que eu “saio” com muitas pessoas – disse fazendo aspas com os dedos no ar – mas pelo que pude ver você também não fica para trás. Mal saiu dos meus braços e já estava aos beijos com aquele enfermeiro.
- Eu não to acreditando nisso! – Maite sorria nervosa.
- Não se preocupe, senhorita. – a loira se aproximou – Eu já entendi o recado. Você não é gay e eu não falto com o respeito com meus funcionários. Eu te daria uma carona e somente isso. Mas vejo que no seu caso só um homem pode lhe ajudar.
Anahi tinha seu rosto tão próximo do de Maite quanto podia. A lmorena não se afastou, a encarando com fúria no olhar.
- Como você pode falar uma coisa idiota dessas, Anahi?!
- Ligue para ele. Aposto que ele ficará muito feliz em te atender.
- E se eu ligar? Você continua não tendo nada a ver com isso e nem com a minha vida!
- Ótimo! Ligue. Chame ele. Mas eu duvido que ele seja capaz de te fazer sentir metade do que eu fiz. – Anahi agarrou a cintura de Maite e apertou-a contra si com força – Duvido que ele saiba onde exatamente lhe tocar. – encostou seus lábios na orelha da morena, depositando um beijo leve – Duvido que ele saiba metade do que eu sei sobre você. – escorregou seus lábios pelo pescoço de Maite, que sentiu arrepiar-se até onde não devia.
- Anahi... – Maite disse num tom arrastado.
- Sim, eu sei, Maite. – a loira a interrompeu – Você não é gay. Eu sei e você sabe. – suas mãos pressionavam com força a cintura da morena enquanto ela subia a boca pelo seu queixo, deixando seus lábios a milímetros de distância. – Mas diga isso ao seu corpo quando ele reage a mim.
Anahi a olhou diretamente nos olhos que faiscavam raiva e desejo. Sentia sua respiração entrecortada e seu peito saltava, tamanha aflição. Fitou os lábios de Maite por alguns segundos, que por sua vez fechou os olhos já esperando o que viria a seguir.
- Mas não se preocupe, senhorita Perroni. – Anahi disse se afastando ao observar o seu carro se aproximando – Eu não vou mais incomodar. – com um sorriso irônico nos lábios ela piscou para a morena e saiu.
Maite estava imóvel, sem reação. Apenas observou a loira ir até seu carro, já estacionado na frente do prédio, e partir dali.
- Eu te odeio.Anahi Portila ! Te odeio!
Autor(a): naiara_
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Maite chegou em casa com raiva nos olhos, batendo com força todas as portas por onde passava. - Quem ela pensa que é pra ficar fazendo esse tipo de jogo comigo?! – esbravejou enquanto ia de um lado para o outro. Foi até a cozinha onde serviu-se de água gelada. Tinha as mãos trêmulas, tamanha raiva que sentia. Apertou a ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 147
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maite_portilla Postado em 07/07/2017 - 20:37:12
Cade?? Continua por favor, eu amo essa historia <3
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ccamposm Postado em 09/02/2017 - 13:39:20
Cadeeeee
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Furacao Maite Postado em 01/02/2017 - 23:12:37
nossaaaaaaaaaaolha quem voltoooou
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ccamposm Postado em 09/01/2017 - 21:32:17
Terminar? :(
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ccamposm Postado em 09/01/2017 - 21:31:56
MEU DEUS ALELUIA
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Kah Postado em 06/01/2017 - 22:20:42
Mulher, já estava chorosa por ter um historia tão linda sem final haha
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Valéria_Traumadinha Postado em 06/01/2017 - 20:06:39
Terminar? Que papo é esse???
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Postado em 05/01/2017 - 20:57:56
Voltoooou! Que bom posta muito rsrs
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ccamposm Postado em 01/01/2017 - 01:27:11
saudades de ler as páginas de uma das melhores fanfics do meu otp que eu já li na vida.. voltaaaaaaa
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ccamposm Postado em 01/01/2017 - 01:26:16
feliz 2017!!