Fanfic: amor repentino | Tema: portirroni
Maite chegou em casa com raiva nos olhos, batendo com força todas as portas por onde passava.
- Quem ela pensa que é pra ficar fazendo esse tipo de jogo comigo?! – esbravejou enquanto ia de um lado para o outro.
Foi até a cozinha onde serviu-se de água gelada. Tinha as mãos trêmulas, tamanha raiva que sentia. Apertou a nuca enquanto bebia a água do copo em suas mãos. Estava tensa.
- Ela é Anahi Portila... – suspirou – Mas se ela ta achando que pode ficar me provocando e me perturbando dessa forma ela está muito enganada! Eu não sou qualquer mulher que ela pega, faz o que quer e depois deixa assim nesse estado.
“Que estado?” – pensou.
Sentiu seu corpo estremecer ao se lembrar da loira tão próxima a ela, das mãos sobre seu corpo, a apertando com força.
“Essa mulher é um inferno! Ela sabe o que fazer e como fazer, e usa isso a seu favor. Sabe exatamente aonde ir. Onde tocar. Onde beijar... Tudo o que ela faz, o mínimo que faz, consegue me deixar tão... Perturbada! Como ela consegue me deixar assim? O cheiro dela é tão gostoso. O beijo. Tudo nela é bom! Isso é impossível!”
- Céus! – disse balançando a cabeça em negação – Eu preciso de um banho. Gelado!
***
Na grande sala de sua casa, Anahi estava sentada no sofá. Tinha em uma mão um copo com um líquido alaranjado dentro, o qual bebericava com calma. Na outra mão o celular, que já discava para um número conhecido.
- Portaria da empresa Portila´s Corporation, boa noite. – a voz soou do outro lado da linha.
- Evan?
- Pois não, senhora? – o rapaz respondeu, já identificando a voz.
- A energia voltou?
- Ainda não, senhora. Liguei para a empresa de manutenção, mas disseram que só atendem durante o horário diurno de expediente.
- Por favor, ligue novamente e diga que amanhã eu estarei na empresa às 8 da manhã em ponto e quero que tudo esteja funcionando, caso contrário passarei este serviço para a concorrência.
- Sim, senhora. Farei isso agora mesmo.
Houve um silêncio constrangedor por alguns instantes. O rapaz aguardava enquanto ouvia a respiração pesada de sua chefe do outro lado da linha.
- Mais alguma coisa, senhora?
- Sabe se a Maite conseguiu algum táxi para ir para casa?
- Sim. Ela me pediu o número de algum taxista e eu chamei para ela.
- E você conhece esse taxista o qual chamou?
- Sim, senhora. É gente de minha confiança.
- Ótimo! Obrigada, Evan. Boa noite.
- Boa noite, senhora.
Anahi terminou de beber a dose de seu Black Label num gole só.
- Com licença, senhorita. – Ivone adentrou a sala – Vai jantar hoje?
- Sim, Ivone. Hoje eu estou com muita fome! Vou tomar um banho e já desço.
A governanta assentiu e caminhou de volta à cozinha, enquanto Anahi subia as escadas até seu quarto.
Estava imersa na banheira com água morna. Sais de banho deixavam o delicioso perfume exalar pelo banheiro da loira, enquanto ela relaxava.
“Se ela pensa que vou cair aos pés dela toda vez que ficamos nessa situação, ela está muito enganada. Foi ótimo ver a frustração em seu rosto quando saí de lá. Ela estava tão entregue a mim... Tão irresistivelmente entregue! Sua boca pronta pra receber meu beijo. E como eu queria, nossa, como queria! É tão difícil resistir à Maite, céus! Por quê? O que essa mulher faz comigo que me deixa assim? Não tenho o menor controle quando reparo nela, em seu corpo, seu perfume... E isso porque eu estava com raiva dela! Mal falei com ela o dia inteiro, mal olhei para ela. Não poderia deixar transparecer minha fraqueza diante dela. Consegui fingir não me importar durante todo o dia, pra no fim fazer aquele papel ridículo! Droga. Espero que ela não tenha percebido que eu estava... com ciúmes? Não, eu não estava com ciúmes. Eu só... Eu cheguei primeiro! Aquele cara não tinha nada que se meter. Idiota!”
- Meu Deus, quando foi que eu me tornei tão... tão ridícula assim? – sussurrou – O que é que você está fazendo comigo, Maite? O que? – suspirou mergulhando a cabeça dentro da água.
***
Naquela manhã de terça-feira, Maite saía às pressas novamente. Ao chegar à porta um medo súbito percorreu sua espinha.
“Espero que o William já tenha voltado.” – pensou.
Suspirou antes de abrir a porta e logo sorriu ao sair e ver o Sonata preto parado ali em frente.
- Bom dia, William! – disse sorrindo ao ver o homem de terno preto abrir a porta para ela.
- Bom dia, senhorita. – cumprimentou com um sorriso discreto.
- Como você me fez falta, William! – disse assim que o carro deu partida.
- Sinto muito, senhorita Perroni. Tive um problema familiar que me impediu de vir ao trabalho ontem. – suspirou – Conseguiu um táxi para levá-la e trazê-la?
- Digamos que pela manhã eu consegui uma carona. E à noite tomei um táxi.
- Que bom, senhorita. Espero que tenha corrido tudo bem na minha ausência.
- Não tão bem quanto eu gostaria, mas no fim deu tudo certo.
- Algum problema por causa da minha falta, senhorita? – William perguntou receoso.
- Não. Fique tranqüilo. É que não é uma situação muito confortável pegar carona com a chefe.
William arregalou os olhos e a mirou pelo retrovisor.
- A senhora Portila veio buscá-la?
Maite pôde perceber a surpresa nos olhos do homem à frente.
- Sim. – disse sem jeito – Por favor, William, quando não puder vir mande um substituto, sim? – disse em tom de brincadeira.
- Vejo que não teve problemas com a locomoção, senhorita. – brincou no mesmo tom que a morena.
- Oh, não! William, você não tem noção de como às vezes pode ser irritante depender dessa mulher.
- Acho que tenho um pouco de noção sim.
- É claro, você também trabalha para ela.
Os dois sorriram.
- Mas me diga, conseguiu resolver o problema com sua família? Foi algo grave? Espero que não. – disse fitando o homem.
- Já está tudo sob controle, senhorita. Não se preocupe.
- Que bom, William. – sorriu – Sua chefe não reclamou quando você disse que faltaria?
- Não, senhorita. Ela compreendeu e me liberou.
Ao perceber a expressão intrigada de Maite, o homem de terno que a observava pelo retrovisor resolveu explicá-la.
- A senhorita Portila é uma boa mulher. Ela só está um pouco mal acostumada a ter tudo o que quer, quando e como quer. Sempre que algo foge do seu controle ela fica um pouco... contrariada, digamos.
- Ela fica insuportável, você quer dizer, não é? Ela quer ter controle até sobre o que não está sob o seu poder.
William soltou uma risada leve.
- Seja paciente e verá que dentro dela há muitas coisas boas, senhorita.
Maite o encarou com uma sobrancelha arqueada sem entender o que ele queria dizer com aquilo.
“Como assim? Ai, meu Deus! Será que ele sabe de alguma coisa? Será que ele viu alguma situação entre a gente? Céus!”
Maite corou com aquele pensamento. Pensou em questionar onde ele queria chegar com aquela conversa, mas acabavam de estacionar em frente a entrada do enorme prédio da empresa.
- Tenha um bom dia, senhorita.
- Obrigada, William. Bom dia.
Ao chegar no hall de entrada para sua sala, Maite parou na mesa de Susan por alguns instantes.
- Como estão as coisas hoje, Susan? – perguntou num sussurro.
- Aparentemente bem, senhorita.
- Ela entrou com ou sem os óculos?
- Sem.
- Já pediu café?
- Ainda não. – Susan sorriu de leve percebendo a preocupação da morena.
Maite soltou um suspiro tentando aliviar a tensão e entrou na sala. Encontrou Anahi ao telefone e logo sentiu o peso daqueles olhos verdes intensos sobre ela.
- Fico feliz que tenha gostado da campanha, senhor prefeito. – a loira dizia ao telefone sem o menor humor – Mas é claro, podemos fechar por mais quanto tempo o senhor desejar... Sim, concordo. A cidade tem progredido desde que o senhor tomou posse nesse governo. Nada mais justo que mostrar isso à população... Fico lisonjeada, senhor. Nós fazemos o possível para entregar um excelente trabalho aos nossos clientes. Sendo um cliente tão importante quanto o senhor, obviamente teria que ser um trabalho impecável. – Anahi revirava os olhos, tediosa – Eu agradeço, senhor... Ótimo, ótimo. Até breve então. Passar bem.
A loiraa suspirou assim que desligou o telefone em sua mesa.
- Bom dia. – Maite disse secamente já acomodada em sua cadeira.
- Bom dia, Maite. –Anahi mudou seu tom e sua habitual expressão irônica apareceu em seu rosto – Dormiu bem essa noite?
- Muito bem, obrigada. – a morena devolveu com o mesmo tom de ironia.
- Não demorou para encontrar um táxi ontem, demorou?
Maitea encarou irritada.
- Não. Foi até bem rápido.
- Que ótimo!
A manhã passou tranquilamente. O humor de Anahi estava dos melhores, provavelmente percebendo a irritação de Maite. Ela sabia que havia mexido com sua assistente. Observava a lmorena a todo instante com um sorriso irônico nos lábios.
“Se ela fosse indiferente à tudo isso não se importaria. Mas eu posso ver o quão irritada ela está. Mal me olha, mal fala comigo. Ótimo! Se ela quer assim, assim será.”
A loira deixou um sorriso escapar com aqueles pensamentos. No instante seguinte o celular de Maite começou a tocar. Anahi pôde perceber uma expressão de surpresa ao ver a morena olhar para a tela do aparelho vibrando em sua mão.
- Alô?
- Oi, boa tarde, senhorita. Como vai?
- Olá, enfermeiro John! Boa tarde. – ao perceber que estava sendo observada fez questão de entoar o nome do homem do outro lado da linha em alto e bom som – Estou bem, e você?
- Estou ótimo. Melhor agora.
- Que bom! – disse com um sorriso de ironia nos lábios.
Anahi não olhava para ela, mas prestava atenção em toda a conversa.
- Você deve estar no trabalho agora. Não quero te atrapalhar.
- Imagina! Você não atrapalha, John.
Ouviu-se uma risada satisfeita ao telefone que fez com que Anahi revirasse os olhos ao escutar.
- Bom, estou te ligando para saber se você gostaria de sair para jantar comigo essa noite.
- Jantar hoje à noite? Seria ótimo! Que horas?
- Poderia ser às 20h? Eu passo em sua casa para te buscar.
- Ótimo. Combinado então.
- Até mais tarde.
- Até.
Maite observou sua chefe por alguns instantes. Não notou nenhuma reação. Ela continuava concentrada no computador à sua frente.
- Estou indo almoçar. – a loira levantou-se séria – Volto mais tarde.
- Sim, senhorita. – Maite respondeu observando cada movimento seu.
“Está séria agora. Não parece ter o mesmo bom humor de antes. – a loira pensou ao ver sua chefe sair – Essa ligação veio em boa hora. Serviu para tirar aquele sorrisinho de ironia dela. Se ela pensa que vai ficar sempre por cima está enganada. Por cima... Acho que ela gosta de ficar sempre por cima.” – sorriu maliciosa com aquele pensamento.
- Mas o que é que eu estou pensando? – sussurrou balançando a cabeça em negação – Concentre-se no trabalho, Maite. No trabalho!
Mais tarde, Maite estava concentrada em papéis à sua mesa, quando assustou-se ao se deparar com a figura em sua frente. Marco entrou na sala sem pedir licença.
- Boa tarde!
- Boa tarde, senhor Portila.
- Onde está sua chefe?
- Ela foi almoçar. Volta mais tarde. – Maite o fitava.
- Eu preciso que ela assine a aprovação desse orçamento, – estendeu alguns papéis para a loira – já que agora a senhora Diretora Executiva faz questão de analisar tudo minuciosamente. – disse irônico.
- A senhorita Portila só está fazendo o que é correto, senhor.
- Mas é claro. E você está ao seu lado, apoiando-a como boa e fiel funcionária que é.
Maite assentiu com leve um sorriso, sem deixar de encarar o homem à sua frente.
- Cumprindo todas as ordens, sempre ao seu lado por onde ela vai, até onde não deveria estar, como nas reuniões do Conselho, por exemplo.
- Eu sou paga para isso, senhor. Sou funcionária da senhorita Portila. Onde ela achar que devo estar, eu estarei.
- Sim, é claro que estará. Uma funcionária exemplar como você, obviamente fará de tudo para agradar a sua chefe. Quem sabe isso lhe ajudará a assumir um cargo mais alto aqui dentro.
- Não estou entendendo onde o senhor quer chegar com essa conversa. – já percebia-se irritação na voz de Maite.
- Sabe, Maite, as pessoas comentam o quanto a Anahi é uma boa chefe para você. Sempre juntas, em reuniões, jantares de negócios. Você é a única aqui dentro que tem o privilégio de ter um motorista particular para atendê-la, sabia? Com esse tratamento diferenciado, te tratando de forma tão gentil, como não trata nenhum outro funcionário, as pessoas acabam estranhando essa relação de vocês.
Maite engoliu seco ao ouvir aquelas insinuações.
- E conhecendo bem a minha irmã, tenho quase certeza que ela não te daria esse tratamento especial sem ter bons motivos para isso.
- Sim, ela tem bons motivos, senhor Portila. – Maite se levantou ajeitando sua postura – Ela precisa dos meus serviços. Como o senhor mesmo disse, eu sou uma funcionária exemplar, modéstia à parte. Ela me contratou para servi-la e só faço o meu trabalho da forma como ela acha melhor. Como dona e Diretora Executiva desta empresa, creio que a senhorita Portila toma as decisões da melhor maneira possível e conduz muito bem esta Organização.
- A Anahi é muito esperta. – Marco tinha um sorriso sarcástico no rosto, mas podia-se observar raiva em seus olhos – Se eu tivesse uma assistente como você, é claro que faria questão de aproveitá-la de todas as maneiras possíveis.
Maite arregalou os olhos e o fitou raivosa.
- Eu realmente espero que o senhor não esteja fazendo o tipo de insinuação que eu imagino que esteja. O senhor pode ser dono de parte desta empresa, mas não tem o direito de me faltar com o respeito!
No mesmo instante a porta da sala foi aberta.
- À que devo a honra, Marco?
Anahi adentrou a sala analisando a tensão que pairava no ambiente.
- Só vim deixar esse orçamento para a sua aprovação, minha querida senhora Diretora Executiva.
- Ótimo. Deixe com Maite que mais tarde eu analiso. – disse se ajeitando em sua mesa.
Marco observava as duas, fitando-as com um sorriso nos lábios, enquanto Maite o encarava com raiva no olhar
- Mais alguma coisa, senhor Diretor Financeiro? – a loira o fitou impaciente.
- Não, não. Obrigada. – disse saindo da sala.
Maite sentou-se novamente colocando os cotovelos sobre a mesa e as mãos sobre o rosto. Suspirou pesado, chamando a atenção de Anahi.
- Maite? Está tudo bem?
A morena não respondeu, causando preocupação na loira.
- Maite? O que aconteceu?
Anahi levantou de sua mesa e caminhou até a morena ao perceber que ela chorava. Apoiou-se na mesa e segurou em suas mãos, revelando seu rosto molhado pelas lágrimas.
- Por que está chorando? –Anahi assustou-se ao vê-la daquela forma – Foi o Marco? Ele te disse alguma coisa?
Maite não conseguia encará-la. Tinha os olhos baixos enquanto Anahi segurava o seu rosto.
- O que aquele desgraçado fez, Maite? Me diga! Está me deixando aflita.
- Não foi nada, Anahi. Está tudo bem. – disse tirando as mãos de sua chefe e abaixando a cabeça novamente.
- Como nada? Você está chorando!
- O senhor Portila... ele... – a morena não conseguia dizer.
- O que ele fez, Maite? – Anahi tinha preocupação no olhar.
- Ele fez insinuações sobre... Sobre mim e você. Sobre a nossa relação. Disse que você está se aproveitando de mim e eu me aproveitando da sua posição aqui para melhorar de cargo aqui dentro.
- Eu não acredito! – Anahi levantou-se exasperada – Aquele filho da... mãe! Com que direito esse infeliz vem aqui te ofender dessa forma? Eu vou matar esse idiota!
- Não, Anahi, não fala nada com ele. Ele disse que as pessoas aqui dentro, os funcionários, comentam que você me trata diferente dos outros. Ele apenas disse o que todo mundo acha.
- O que todo mundo acha porra nenhuma! Não interessa o que todos acham! A empresa é minha! Você é minha e eu te trato da maneira como eu achar melhor. E ninguém tem nada a ver com isso!
Maite olhou para ela com uma sobrancelha arqueada e a encarou. Ao perceber o que tinha dito, Anahi se retratou.
- Minha funcionária, Maite. Eu que mando aqui e se alguém estiver insatisfeito com a forma como eu trato ou deixo de tratar alguém, que procure outro lugar para trabalhar! Mas eu vou falar com ele agora mesmo! Ele não tem esse direito de te ofender dessa maneira. Insinuar que você é uma... Uma aproveitadora barata.
- Não, Anahi! – Maite levantou-se e tentou acalmá-la – Não precisa. Não vá se aborrecer por minha causa. O Marco só está tentando te irritar, tentando te abalar de todas as formas que pode para poder desviar a sua atenção.
- Maite, ele não só te ofendeu como me ofendeu também. Ele insinuou que eu estou me aproveitando da minha posição de chefe para ter algo com você que é minha funcionária. Aquele idiota! Eu não posso acreditar que um ser desprezível como aquele possa ter nascido dos mesmos pais que eu! – disse passando as mãos sobre os cabelos.
- Calma, Anahi. Eu realmente não acredito nisso. – a morena a encarou sem jeito.
- Nisso o que, Maite?
- Que você seja capaz de se aproveitar pelo fato de ser minha chefe para... bem, você sabe.
- E eu não seria mesmo! Se eu tomei qualquer atitude com você, Maite, foi porque eu realmente me interessei por você. Eu... enfim.
A tensão já se instalava novamente no ambiente quando Maite quebrou o silêncio.
- Eu... eu acho que vou almoçar agora. Preciso tomar um ar.
- Sim, vá.
Pegou sua bolsa e ao se encaminhar para a porta Maite olhou para Anahi que já estava em sua mesa com uma irritação visível.
- Anahi...
- Sim?
- Por favor, não vá falar nada com ele. Ele terá o que merece na hora certa.
- Tudo bem, Maite. Eu vou tentar me acalmar.
A morena sorriu se despedindo e logo saiu dali.
***
No fim do expediente Maite ajeitava suas coisas para sair.
- Vai ficar até mais tarde de novo? – perguntou à sua chefe, levantando-se para sair.
- Sim. Não pude ficar ontem por causa dos problemas com a energia, então ficarei hoje. Agora mais do que nunca eu preciso acabar com essa palhaçada do meu irmão. – disse passando as mãos pela nuca – E o mais rápido possível!
Maite observava a loira em sua mesa, que mantinha os olhos fechados enquanto massageava a nuca tensionada. Soltando alguns gemidos baixos a cada movimento que fazia. A morena a admirava atentamente, correndo os olhos pelo seu pescoço e descendo até o decote de sua blusa que tinha um botão aberto, dando uma bela visão do seu busto sobre o tecido branco.
- Posso ficar para ajudar. – disse voltando a si.
- Não precisa, Maite. – a loira se ajeitou na poltrona – Você não tem um compromisso hoje? – a encarou com os olhos semicerrados.
- Tenho, mas posso desmarcar. Eu, tanto quanto você, tenho motivos para querer o senhor Portila fora daqui o mais depressa possível.
Anahi soltou um leve sorriso.
- Depois não me culpe por estar trabalhando demais.
- Não se preocupe, senhorita. Será um prazer ajudá-la com isso.
- Ótimo então. Vou ligar para o porteiro. Preciso de um favorzinho dele.
Maite a encarou confusa enquanto a loira discava do telefone em sua mesa.
- Evan, por favor, venha até minha sala. E traga todas as chaves de todas as salas do primeiro andar.
Não esperou resposta e desligou o telefone.
- O que está aprontando? – Maite perguntou curiosa.
- Vou fazer uma coisa que eu já devia ter feito há muito tempo.
A morena continuava fitando-a sem entender.
- Não vai ligar para o seu enfermeiro para desmarcar o jantar?
- Que indelicadeza de sua parte prestar atenção na conversa dos outros, senhorita Portila.
- Eu não sou surda, Maite. Você estava ao meu lado e conversava em alto e bom som com o senhor enfermeiro John. – sorriu irônica.
A morena não pôde conter o riso. Logo ouviu-se batidas na porta e um rapaz franzino com uniforme impecavelmente alinhado ao corpo adentrou a sala.
- Com licença, senhora Portila.
- Entre, Evan. Preciso de um grande favor seu.
- Pois não, senhora. Em que posso ajudar.
- Preciso que encontre no seu molho de chaves a chave da porta da sala da Diretoria Financeira. Quero que abra essa sala para mim.
- Isso é fácil senhora. Todas as chaves têm a numeração correspondente à sala. Num instante eu acho para a senhora.
- Obrigada, Evan. Vamos até lá.
Os três se encaminharam para a sala de Marco. A empresa já estava vazia. O expediente termina às 18h e já era quase 19h da noite.
Num instante Evan encontrou a chave e abriu a porta com um sorriso de satisfação no rosto.
- Obrigada, Evan.
- Por nada, senhora.
- Mas esse ainda não era o favor que eu queria de você.
- Não? – o rapaz olhou curioso.
- Não. Abrir a sala foi uma ordem. O favor que eu preciso é que você não diga isso a ninguém. Não comente, não insinue e nem pense no que aconteceu aqui hoje. Ok?
- Sim, senhora! Não direi nada a ninguém. Pode ficar tranqüila.
- Ótimo! – disse sorrindo – Ah, Evan...
- Sim?
- Alguém por um acaso já te pediu um favor parecido à você? Para abrir a minha sala ou alguma outra sala do prédio?
- Não, senhora. Nunca.
A loira assentiu.
- Eu espero que você saiba que isso é totalmente inadmissível. Ninguém, absolutamente ninguém pode abrir a sala de outro funcionário sem a permissão do dono da sala. Nem em horário de expediente muito menos fora dele.
- Sim, senhora. Perfeitamente. – o rapaz a encarava com nervosismo.
- Eu, como dona da empresa, tenho esse direito, uma vez que tudo o que há aqui dentro pertence a mim. Espero que isso esteja claro para você.
- Claro, muito claro, senhora.
- Muito bem. Pode ir, Evan. E obrigada mais uma vez.
- Disponha, senhora.
O rapaz saiu apressado e as duas entraram na sala.
- Seu poder de persuasão às vezes me assusta. – Maite disse sorrindo.
- Na posição em que me encontro isso é necessário e muito útil às vezes.
- Tadinho do Evan. Estava mais pálido que vela ouvindo você falar.
As duas gargalharam por alguns instantes.
- O que exatamente está procurando aqui? – Maite questionou.
- Alguma prova, documento, cópia, relatório, qualquer coisa que me ajude a provar que o meu irmão é um ladrão sem escrúpulos. – disse soltando toda a raiva que havia em si.
Maite a fitou por um momento.
- O que foi?
- Nada. – disse sem jeito – Você fala dele com tanta raiva...
- E não era para ter raiva, Maite? O meu próprio irmão, que também é dono da empresa que o nosso pai fundou e cuidou por toda a vida, está tentando se dar bem às nossas custas. Roubando dos nossos cofres às custas do trabalho de todos aqui. Das pessoas que todos os dias levantam cedo para vir dar vida à essa empresa. Alguns aqui que trabalham tanto quanto ou até mais que ele sem receber um terço do que ele recebe continuam fazendo o seu serviço honestamente e esse infeliz, que teve tudo do bom e do melhor a vida toda, vem querer se aproveitar. É para ter muita raiva sim!
- Tudo bem, calma. – Maite tentou acalmá-la – Vamos dar um jeito nisso.
- Você é tão pacientemente calma que me irrita, Maite.
- E você é tão irritantemente impaciente que me incomoda, Anahi!
As duas se fitaram visivelmente irritadas.
- Não vai avisar o seu enfermeiro que não comparecerá ao encontro? – Anahi provocou.
- Ele não é o meu enfermeiro e não era um encontro.
- Ainda dá tempo de ir. Se quiser... – a loira disse irônica.
- Não, senhorita. Eu me propus a ajudá-la e vou.
Maite pegou seu celular e discou para o número de John.
- Boa noite, John.
- Boa noite, M aite. Tudo certo para mais tarde?
- Foi por isso que liguei. Infelizmente eu não vou poder ir ao jantar hoje, John.
- Sério? – ela pôde sentir o desapontamento em sua voz – Por quê? O que houve?
- Eu tive um imprevisto aqui no trabalho, – disse encarando Anahi que fingia não prestar atenção na conversa – terei que ficar até mais tarde hoje.
- Ah, sim. Tudo bem então.
- Me desculpe.
- Tudo bem. Podemos marcar para outro dia?
- Sim, claro. Eu te aviso quando for melhor para mim.
- Está bem.
- Até breve então.
- Até. Boa noite. Beijo.
- Boa noite, John.
- Como esse cara é ridículo. – Anahi sussurrou enquanto mexia em papéis num armário da sala.
- O que disse?
- Eu? Nada. Só estava pensando alto aqui.
A morena a encarou com os olhos semicerrados.
Um tempo mais tarde Anahi se jogou no pequeno sofá que havia ali, suspirando raivosa.
- Droga! Ele é muito esperto. É claro que não guardaria nada aqui na empresa. Se tiver alguma prova dos desfalques com certeza está em seu computador ou em sua casa, guardada a sete chaves.
- Provavelmente... – Maite concordou – No fim, ficamos aqui até essa hora à toa – disse sentando-se ao seu lado no sofá.
- Arrependida de não ter ido ao seu encontro?
- Talvez. Seria bem mais agradável estar jantando do que analisando toda essa papelada pra nada.
- Duvido que um jantar com aquele conquistador barato fosse mais interessante que a minha companhia. – sorriu sugestiva.
- Você tem um ego enorme, senhorita Portila. Já te disseram isso?
- Posso dizer que já ouvi esse elogio algumas vezes.
- Inacreditável... – Maite sorriu balançando a cabeça em negação.
- Mas é claro que você nunca saberia que a minha companhia é melhor, uma vez que eu já te convidei para jantar e você prontamente negou. Já o convite do seu enfermeiro aceitou sem pensar duas vezes.
- E isso te incomoda, senhorita minha chefe?
- A mim? De maneira alguma, Maite. Você é livre para fazer suas escolhas. Sendo elas boas ou ruins...
- E qual seria uma boa escolha, Anahi? – a morena a encarou com um sorriso nos lábios.
- Diga-me você, Maite. Qual seria uma boa escolha para você?
- Eu não sei... – disse se aproximando – Talvez uma noite de trabalho exaustivo com a minha chefe seria bem... interessante. – sussurrou aproximando seus lábios dos da loira.
- Trabalho exaustivo? – Anahi sorriu a encarando.
- Sim. – Maite levou sua mão até a nunca de Anahi e com delicadeza puxou-a contra si, encostando os lábios em sua orelha – Talvez o que você e eu estejamos precisando é de uma noite relaxante de muito trabalho.
Anahi já suspirava pesado com a proximidade de Maite. Sentia seu corpo se arrepiar a cada sussurro da morena.
- O que está fazendo, morena? – Anahi sussurrou, mordendo o lábio inferior num sorriso.
- Eu? – disse distribuindo beijos molhados pelo pescoço da loira – Eu estou... – Aproximou seus lábios dos dela e capturou sua boca num beijo ardente.
Maite beijou sua chefe descarregando todo o desejo que havia dentro de si, para logo afastar-se mordendo o lábio inferior da loira e puxando com certa força.
- Me vingando de você! – disse se afastando e dando uma piscadela para Anahi.
A loira sorriu em negação.
- É sério isso?
Maite sorriu vitoriosa e logo saiu dali. Foi até sua sala e pegou suas coisas o mais rápido que pôde para fugir o quanto antes. Não queria esperar para ver a reação de sua chefe diante daquela ousadia.
No caminho até o elevador encontrou com Anahi que voltava até sua sala.
- Até amanhã, senhorita Portila. – sorriu com ironia.
Anahi a fitou incrédula e sorriu.
- Até amanhã, senhorita Perroni.
***
- Me desculpe tê-lo feito esperar tanto, William. – Maite disse já no carro a caminho de casa.
- Tudo bem, senhorita. Não se preocupe. Muito trabalho hoje?
- Ah... sim. – a morena disse sem jeito – Muito!
- Entendo. – o homem disse sorrindo.
- Você conhece a sua chefe, não é?! – disse tentando parecer irritada.
- Ainda irritada com ela, senhorita?
- Irritada? Talvez um pouco.
- A senhorita Portila é uma boa mulher. Dê uma chance pra ela te mostrar isso.
Maite o encarou surpresa.
- Como disse, William? – tentou se fingir de desentendida.
O homem sorriu.
- Ontem eu estava com a minha filha no hospital, por isso não pude vir ao trabalho.
- Nossa, William! Mas o que ela tem? Ela já está bem? – disse preocupada.
- Está melhor. Ela tem um problema no coração. Precisa de um transplante. Às vezes ela tem umas crises, sabe? É o coração avisando que pode parar a qualquer momento. E então temos que levá-la para o hospital para tentar controlar a crise e amenizar a situação até conseguir um transplante para ela.
Maite tinha os olhos marejados ao ver a expressão de tristeza de William ao falar sobre aquilo.
- Sinto muito, William.
O homem assentiu.
- Eu trabalho há seis anos para a família Portila. Minha filha Abby tem sete anos. Desde que começou a ter esse problema a senhorita Portila nos ajudou e nos apoiou. Eu comecei a ter problemas no meu trabalho e ela percebeu. Ao invés de me mandar embora ou me dar uma bronca, perguntou o que estava acontecendo. Eu lhe contei tudo e implorei para que ela não me demitisse, pois precisava do dinheiro para cuidar de Abby. Assim que soube ela contratou os melhores médicos e pagou o melhor hospital para o tratamento da minha filha. Acho que se não fosse por isso ela não teria sobrevivido até hoje.
Maite fitava o homem totalmente surpresa.
- Nós estamos nessa luta há três anos. E ela sempre nos ajudou. Vai à todas as festas de aniversários dos meus filhos e os enche de presentes. O pequeno Júnior adora ela, assim como a Abby. Minha esposa também é muito grata por tudo que ela fez por nós.
- Nossa, William. Não sei nem o que dizer. – Maite ainda estava sem reação.
- A senhorita Portila tem um coração muito bom. São poucas as pessoas que despertam o lado sensível dela. Ela não deixa qualquer pessoa adentrar em sua vida. Se ela baixou a guarda para você é porque ela sente algo de bom, senhorita.
Maite corou diante do olhar de William pelo retrovisor e se limitou a concordar levemente com a cabeça.
A morena entrou em casa ainda surpresa com o que soube sobre a vida de William e principalmente com as revelações sobre Anahi. Mal teve tempo de descansar sua bolsa sobre o sofá da sala quando ouviu sua campainha tocar.
- Ah, não... Visita a essa hora? – suspirou encaminhando-se para atender.
Assim que abriu a porta seus olhos se arregalaram encarando a figura à sua frente.
- Você?
Autor(a): naiara_
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- Maite Perroni... – o homem muito bem apessoado disse sorrindo – Boa noite! - O que faz aqui? – Maite não ficou nem um pouco feliz com a visita. Jean arqueou uma sobrancelha mirando a morena com bom humor. - Eu poderia conversar com você um instante? Se não for incômodo... - Você vai me desculpar, mas é um inc&oci ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 147
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maite_portilla Postado em 07/07/2017 - 20:37:12
Cade?? Continua por favor, eu amo essa historia <3
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ccamposm Postado em 09/02/2017 - 13:39:20
Cadeeeee
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Furacao Maite Postado em 01/02/2017 - 23:12:37
nossaaaaaaaaaaolha quem voltoooou
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ccamposm Postado em 09/01/2017 - 21:32:17
Terminar? :(
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ccamposm Postado em 09/01/2017 - 21:31:56
MEU DEUS ALELUIA
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Kah Postado em 06/01/2017 - 22:20:42
Mulher, já estava chorosa por ter um historia tão linda sem final haha
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Valéria_Traumadinha Postado em 06/01/2017 - 20:06:39
Terminar? Que papo é esse???
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Postado em 05/01/2017 - 20:57:56
Voltoooou! Que bom posta muito rsrs
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ccamposm Postado em 01/01/2017 - 01:27:11
saudades de ler as páginas de uma das melhores fanfics do meu otp que eu já li na vida.. voltaaaaaaa
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ccamposm Postado em 01/01/2017 - 01:26:16
feliz 2017!!