Fanfic: 23 e outros anos. | Tema: Série Original

u realmente estava muito feliz por ter me formado na faculdade. Não. Eu não estou feliz porque era o sonho da minha vida, porque esse era o curso dos meus sonhos e todas aquelas babaquices que se ouve de um recém-formado... Eu estava muito feliz porque iria sair da cidade e como bônus me livraria da minha mãe, meus irmãos e de todo o meu passado conturbado. Nova vida. Nova cidade. Aí você pensa: “nossa, ela deve ter arranjado um bom emprego!” ou “nossa, ela vai para uma cidade grande!”. Mais uma vez negativo. Eu, na verdade, estava saindo da cidade grande. Saindo de toda aquela agitação para me dedicar ao meu ofício cujo qual eu evitei pensar a vida toda, eu iria passar o resto dos meus dias como professora de Simlish em uma escola de ensino médio de uma cidade remota da província de Nipping, chamada Burano, bem afastada da capital do reino de Arendelle, tudo o que eu sonhei para a minha vida. Só que não. O meu desejo de me afastar da minha família era o meu verdadeiro sonho e quando soube do concurso para professores de nível universitário, me esforcei o suficiente para conseguir passar.

Eu não queria levar nem as minhas roupas, realmente estava encarando Burano como a sacada da minha vida. Eu simplesmente coloquei algumas poucas peças em malas, as joguei no fundo do meu Picanto azul bebê, aproveitei que eram cinco horas da manha e todos estavam dormindo (para não ter que fingir uma despedida) e praticamente fugi para a nova vida – eu gostaria de dizer que parti para a nova vida, mas pareceu mais uma fuga.

Cheguei ao posto de gasolina da entrada de Burano quase no meio da tarde, a viagem tinha sido longa e no caminho eu malmente conseguia parar para não ter que encontrar algo que adiasse minha nova vida. Eu abasteci e dali do alto eu pude ver toda a cidade descendo montanha abaixo. Em Burano eram duas coisas no mesmo local: as montanhas, com neve e tudo no topo e a praia com uma areia escura e uma quantidade de conchas que poderia ser vista de uma distância considerável. As casas pareciam simples, em toda a cidade se via apenas cinco ou seis prédios, geralmente imóveis de cor neutra – talvez para combinar tanto com o clima frio, quanto com o clima praiano- não sabia qual era a sensação térmica, mas enquanto abastecia eu sentia um ar um pouco seco e de temperatura que não passava dos quinze graus, fazia sol e era possível ver também uma quantidade absurda de verde, se comparada com as áreas da capital. Muitas árvores nos parques e nas ruas, carros populares e bicicletas. Dali eu não via nenhum shopping ou centro comercial, talvez porque só era possível observar a parte de cima das construções... Parei a observação quando um cachorro desgovernado se atirou sobre mim, eu não podia pensar e tentar me defender ao mesmo tempo, não sabia quais eram as intenções dele.

- ALGUÉM POR FAVOR, TIRE ESTE ANIMAL DE CIMA DE MIM!

- Perdão. Peço perdão! Chopin desça da moça. Agora, Chopin!

O cachorro acatou as ordens de um rapaz de no máximo 16 anos, cabelos loiros de surfista, forte para sua idade, mas ainda assim com um rosto angelical, olhos cor de mel e uma boca rosada que se repuxava em um sorriso sem graça para mim.

- Olha dona, perdão pelo meu cachorro. Ele machucou a senhora?

- Não, ele só poderia ter me matado. Vocês não tem controle sobre seus animais aqui? Que tipo de lugar é este?

O garoto me olhou com certa indignação e confusão.

- Este lugar é Burano, somos do interior, mas não somos caipiras descontrolados não, senhora. Já pedi desculpas, espero que fique bem, se eu puder fazer algo pela dona, meu nome é Joshua Lemon, trabalho na mecânica do Fat, pode me procurar por lá.